Médicos têmmelhor plataforma para jogar aviatorajudar pacientes também na hora da morte, diz enfermeira que perdeu filhomelhor plataforma para jogar aviator2 anos:melhor plataforma para jogar aviator

Crédito, Bruno Martin/Divulgação

Legenda da foto, Jessica esteve no Brasil para o festival inFinito, dedicado aos temasmelhor plataforma para jogar aviatorviver e morrer, e promoveu workshop

A inspiração da foto foi só uma das lições que ela diz ter aprendido desde a trágica perda, que mudou também a percepção que ela tinha sobre a própria profissão.

"A morte é horrível, sim, e machuca seu coração, é insuportável. Mas eu acho que falar sobre esta minha experiência com a morte só é possível porque quando ocorreu eu tive todas as ferramentas que eram necessárias para me curar. Eu me sinto quebrada, mas completa."

Hoje, alémmelhor plataforma para jogar aviatortrabalhar como enfermeira especializadamelhor plataforma para jogar aviatorcirurgias cardíacas, ela dá palestras e treinamentos para convencer profissionaismelhor plataforma para jogar aviatorsaúdemelhor plataforma para jogar aviatorque é preciso mais sensibilidade para ajudar o paciente e seus familiares também na horamelhor plataforma para jogar aviatorque ele está morrendo. Há algumas semanas, ela criou a organização Projeto 660,melhor plataforma para jogar aviatorreferência aos 660 dias que Mason viveu, para ajudar as pessoas a lidaremmelhor plataforma para jogar aviatormaneira mais saudável com a morte e, por isso, viverem melhor.

Crédito, bruno martin

Legenda da foto, Jessica mostra a foto que fez depois que Mason morreu durante palestramelhor plataforma para jogar aviatorSão Paulo, na qual tratou também da perda do filho

"Quando você estuda para ser um profissionalmelhor plataforma para jogar aviatorsaúde ninguém diz que você precisa ajudar a família a passar bem por uma experiênciamelhor plataforma para jogar aviatormorte. Ninguém estuda para se preparar para nenhuma morte, estudamos para salvar vidas."

O diamelhor plataforma para jogar aviatorque tudo mudou

Os gritos do marido foram a primeira coisa que Jessica ouviu quando acordou naquela manhãmelhor plataforma para jogar aviator31melhor plataforma para jogar aviatormarçomelhor plataforma para jogar aviator2016. "Acordei com os gritos do pai do Mason, desesperado, chamando meu nome. Jessica, Jessica, acorda, aconteceu um erro terrível", lembra. "Quando eu desci ele estava com o Mason no colo, coberto pelo próprio sangue", conta a mãe, emocionada.

Enfermeira experiente, ela diz que logo entendeu pela cena que a situação do bebê era provavelmente irreversível; fez, no entanto,melhor plataforma para jogar aviatortudo para salvá-lo. "Eu olhei para o meu filho e pensei: ele está morto, ninguém poderia sobreviver a um trauma como este. E meu próximo pensamento, imediato, foi imediatamente começar a tentar a reanimá-lo", diz.

Durante todo o caminho para levar Mason até o hospitalmelhor plataforma para jogar aviatorcaronamelhor plataforma para jogar aviatorum carro da polícia, ela tentou recuperar os batimentos cardíacos do menino com manobrasmelhor plataforma para jogar aviatorressuscitação cardiopulmonar e respiração boca a boca. "Mas no meu primeiro fôlego sobre ele, minha boca se encheumelhor plataforma para jogar aviatorsangue. Foi muito difícil."

Ela lembra que gritava muito quando entrou carregando o filho no colo na emergência do hospitalmelhor plataforma para jogar aviatorque ela mesmo trabalhava, pedindo socorro aos seus colegasmelhor plataforma para jogar aviatorequipe. "Eu gritava: meu bebê está morrendo, meu bebê está morrendo!"

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Na casa da famíliamelhor plataforma para jogar aviatorJessica existe até hoje o jardimmelhor plataforma para jogar aviatorhomenagem a Mason

"Quando encontrei a médica da emergência, a primeira coisa que eu disse a ela foi: meu bebê está morto". Mas,melhor plataforma para jogar aviatorvezmelhor plataforma para jogar aviatorconfirmar o diagnóstico da mãe e atestar o óbito, a médica ordenou que a equipe iniciasse os procedimentosmelhor plataforma para jogar aviatorressuscitação, o que, para Jessica, fez toda a diferença para que ela começasse a processar o que estava acontecendo.

"Minha cabeça sabia que ele ia morrer, mas meu coração estava implorando para aquilo não ser verdade. Quando uma pessoa que você ama muito está morrendo, nós precisamosmelhor plataforma para jogar aviatortempo para colocar a cabeça e o coração no mesmo tempo."

Para Jessica, o fatomelhor plataforma para jogar aviatoros médicos e enfermeiros serem seus amigosmelhor plataforma para jogar aviatortrabalho e demonstrarem amor por Mason durante o atendimento fez toda a diferença para que depois, embora a tristeza da perda nunca passe, ela pudesse se recuperar a pontomelhor plataforma para jogar aviatorconseguir prosseguir com a vida na ausência do filho. É uma das atitudes que ela define como o processomelhor plataforma para jogar aviator"orquestrar a morte"; pequenas ações que tornarão a experiência, ainda que muito triste, algo mais possívelmelhor plataforma para jogar aviatorlidar.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Jessica diz que, antes da morte do filho, lhe faltava se conectar com os pacientes

"Eles começaram a fazer a ressuscitação claramente tomados pela emoção", diz. "Vi que um enfermeiro estava chorandomelhor plataforma para jogar aviatorjoelhos. Uma técnicamelhor plataforma para jogar aviatorlaboratório estava tão nervosa que não conseguia chegar com a agulha perto do braçomelhor plataforma para jogar aviatorMason. E eu pensei: nossa, eu também estou assustada, eu também estou triste! Essas coisas que eles fizeram por mim foi uma total validaçãomelhor plataforma para jogar aviatorque eu tinha um filho que eu amava e todos amavam, e que ele estava morrendo. Mostrar emoção era o que eu precisava".

Jessica diz que, antes da morte do filho, faltava nela mesmo como enfermeira o hábitomelhor plataforma para jogar aviatorfirmar alguma conexão com os pacientes, especialmentemelhor plataforma para jogar aviatormomentos dramáticos como a morte. Quando um ente querido está morrendo, detalhes como um atendente que só olha para o celular ou as palavras friasmelhor plataforma para jogar aviatorum médico ficam marcadas para sempre, diz ela.

"Eu entrava na salamelhor plataforma para jogar aviatorcirurgia, preparava o paciente, e dali eu já ia para uma outra sala com um paciente morrendo, sem pensar muito. Como uma listamelhor plataforma para jogar aviatorprocedimentos a executar", diz. "Eu nem acho que é faltamelhor plataforma para jogar aviatorempatia dos profissionais, acho que é mais medo. Mas se você trabalha com isso e se permite estar inteiramente ali, vivendo o momento enquanto o pai se despedemelhor plataforma para jogar aviatoruma filha, você saberá como agir."

Os dois minutos mais dolorosos

Depoismelhor plataforma para jogar aviatoruma horamelhor plataforma para jogar aviatoratendimento a Mason, a médica comunicou a Jessica que eles seguiriam com a ressuscitação por mais dois minutos, e então parariam. "Foram os dois minutos mais dolorosos da minha vida. Então nesses dois minutos eu cantei a música do 'boa noite' no ouvido dele pela última vez. Eu o segurei-o no meu colo por quatro horas depois que ele morreu. Eu me permiti sentir tudo. E a coisa mais profunda que eu fiz foi tirar uma foto da mãomelhor plataforma para jogar aviatorMason sobre o meu peito".

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Muitas das tentativasmelhor plataforma para jogar aviatorJessicamelhor plataforma para jogar aviatorlidar com o luto causaram estranhamento na família

Melhorando a história do luto

Desde a mortemelhor plataforma para jogar aviatorMason, muitas das tentativasmelhor plataforma para jogar aviatorJessicamelhor plataforma para jogar aviatorlidar melhor com o luto causaram estranhamento na própria família. Como quando ela, por exemplo, decidiu convidar seus filhos, que à época tinham 5 e 6 anos, a decorar o caixão do bebê antesmelhor plataforma para jogar aviatorenterrá-lo.

"Havia cercamelhor plataforma para jogar aviator60 pessoas reunidas na minha casa quando Mason morreu, e eu cheguei da funerária com uma amiga carregando aquele caixão infantil. Minha família ficou furiosa: 'como você aparece aqui carregando um caixão? Você tem problemas?", diz. O caixão vazio ficou no quartomelhor plataforma para jogar aviatorJessica nos dias que antecederam o enterro, mas ela acha que a experiência ajudou as crianças a lidarem com a morte do irmão.

"Mostrei o caixão para as crianças, e elas disseram: nossa, que caixa bonita! Eu falei sim, nós vamos decorá-la, e é nela que seu irmão passará o resto do tempo. E eles começaram a pegar brinquedos para colocar lá dentro. E provavelmente foi uma das coisas mais terapêuticas que fizemos."

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A pedidomelhor plataforma para jogar aviatorJessica, os irmãosmelhor plataforma para jogar aviatorMason ajudaram a decorar caixão do irmão antes do enterro. "Foi uma das coisas mais terapêuticas"

Na casa da famíliamelhor plataforma para jogar aviatorJessica, por exemplo, existe até hoje o "jardimmelhor plataforma para jogar aviatorMason", feito por amigos e familiaresmelhor plataforma para jogar aviatorhomenagem ao bebê. Ela e o paimelhor plataforma para jogar aviatorMason se divorciaram, e ela hoje tem uma filhamelhor plataforma para jogar aviatornove meses com o namorado, que também é médico e já lidou com tragédias pessoais, alémmelhor plataforma para jogar aviatorentender a paixão da enfermeira pelo tema. "Quando voltei a namorar e a sairmelhor plataforma para jogar aviatorencontros, um dos meus requisitos era que fosse alguém que também tivesse sofrido", diz.

Jessica também criou um grupomelhor plataforma para jogar aviatormães que perderam filhos, e passou a colecionar históriasmelhor plataforma para jogar aviatorexperiênciasmelhor plataforma para jogar aviatormorte. Concluiu, a partir delas, que as que puderam viver o momento da morte com tranquilidade,melhor plataforma para jogar aviatorcontato físico com o ente querido, com tempo e privacidade adequados, conseguiram seguir com a vida apesar do luto.

A educadora defende que, quando um ente querido morre, é necessário que a família "esgote" todos os sentidosmelhor plataforma para jogar aviatorrelação ao ocorrido. "Deixe-o ver, cheirar, beijar a mão do filho pela última vez, ouvir o pânico da equipe médica tentando salvá-lo. E,melhor plataforma para jogar aviatorlonge, o mais importante é o toque. Deixem que o familiar sinta a temperatura do corpo daquela pessoa querida. É preciso entender que a morte é verdade para, um dia, sentir-se melhor", afirma.

Outra ferramenta muito importante ao alcance do profissionalmelhor plataforma para jogar aviatorsaúde é explicar profundamente tudo o que está acontecendomelhor plataforma para jogar aviatorcada etapa. "O coração do seu filho paroumelhor plataforma para jogar aviatorbater e estamos fazendo tudo o que podemos para que ele volte a bater. Ela está morrendo e estamos tentando salvá-la", exemplifica.

Embora seus treinamentos sejam bem recebidos por enfermeiros, pacientes, terapeutas e voluntários, Jessica diz que suas ideias ainda despertam muitas críticas, principalmentemelhor plataforma para jogar aviatormédicos mais experientes. O trabalho também é visto com ressalvas até mesmo entre membrosmelhor plataforma para jogar aviatorsua família.

"Quando meu pai soube que eu ia ao Brasil para fazer minha palestra ele disse 'poxa, você já fez todas aquelas coisas estranhas para o funeral do Mason, agora ainda vai contar isso para estranhos no mundo todo? Isso é tão constrangedor'", ri. "Mas eu já perdi o medomelhor plataforma para jogar aviatorser esquisita. Se eu puder ajudar uma pessoa ao menos a ter uma experiênciamelhor plataforma para jogar aviatormorte melhor, vou continuar com esse trabalho."

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