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‘Tomei seis tiros no rosto e sobrevivi’:jogo do aviãozinho pin up
*Aviso: este texto contém descrições que podem ser perturbadoras para alguns leitores
jogo do aviãozinho pin up Waleed Khan tinha apenas 12 anos quando terroristas atacaramjogo do aviãozinho pin upescola. Os ferimentos quase lhe custaram a vida, mas cinco anos depois, ele está determinado a honrar os colegas que ele perdeu. Leia o depoimento dele, hoje com 16 anos:
Quando eu entrei na nova escolajogo do aviãozinho pin upBirmingham, na Inglaterra, os outros alunos tinham muitas perguntas para mim.
"De onde você é? O que aconteceu com você? Como o seu rosto acabou assim?"
Por causa das minhas cicatrizes, o que aconteceu no Paquistão era algo que eu não podia esconder. E também não era algo que eu quisesse esconder.
As cicatrizes se estendem por todo o lado direito do meu rosto e no topo da minha boca. A princípio, elas realmente me afetaram - quando olhava no espelho, havia uma lembrança diária. Na escola, eu achava difícil ter que contar às pessoasjogo do aviãozinho pin upnovo ejogo do aviãozinho pin upnovo o que eram, então decidi contar a todos minha históriajogo do aviãozinho pin upuma vez. A escola convocou uma assembleia especial para mim.
Antesjogo do aviãozinho pin upcomeçar a falar, minhas mãos estavam úmidas e minhas pernas tremiam atrás do púlpito. Felizmente ele escondia o meu corpo, então a escola não me viu tremer. Foi a minha primeira vezjogo do aviãozinho pin upum palco novamentejogo do aviãozinho pin upmaisjogo do aviãozinho pin uptrês anos, desde o episódio.
Eu não escrevi o meu discurso com antecedência porque já sabia o que ia dizer. Quando comecei a falar, todos no salão ficaramjogo do aviãozinho pin upsilêncio, ouvindo atentamente. No começo eu não conseguia olhar para ninguém, mas depois vi que muitos alunos tinham lágrimas nos olhos. Professores disseram que nunca tinham visto seus alunos tão quietos.
Mesmo que eu estivesse apavorado e doesse reviver tudo, eu me forcei a subir no palco e compartilhar minha história - motivado pelo meu passado e pelos amigos que perdi.
Invasão do auditório
Quando acordei na manhãjogo do aviãozinho pin up16jogo do aviãozinho pin updezembrojogo do aviãozinho pin up2014, foi comojogo do aviãozinho pin upqualquer dia da semana: coloquei o uniforme da escola e encontrei meus amigos no estacionamento. Todas as manhãs antes da escola, sentávamos no refeitório para tomar o café da manhã juntos, geralmente discutindo sobre a partidajogo do aviãozinho pin upcríquete da noite anterior.
Depois íamos para a aula.
Nossa escolajogo do aviãozinho pin upPeshawar, no Paquistão, é o que chamamosjogo do aviãozinho pin upcolégio militar. Isso significava que o Exército administrava a escola e estávamos acostumados a ver soldados por lá. Então, não foi grande coisa quando um major veio nos dar uma palestra sobre primeiros socorros no auditório.
Toda a nossa escola era formada por alas: a ala da escola regular, uma ala universitária e uma ala infantil. Para esta palestra, a escola regular e a ala universitária puderam comparecer, o que significava que a sala estava cheiajogo do aviãozinho pin upalunosjogo do aviãozinho pin up11 a 18 anos.
Eu tinha 12 anos e era um dos representantes mais jovens que a ala da escola já teve - algo que deixava meus pais orgulhosos. Um dos meus privilégios era sentar-me no palco com o diretor e, neste dia, o major também. Dali eu conseguia ver os rostos dos outros alunos.
Estávamos na metade da palestra quando ouvi um estrondo ensurdecedor. Foi alto, mas nada fora do comum. Poderia facilmente ter sido uma broca do Exército. O riso e a tagarelice percorriam a sala com a perturbação da palestra. Foi só quando o barulho chegou mais perto que as coisas começaram a mudar.
Perguntei ao meu professor, que estava no palco comigo, se estava tudo bem. "Não se preocupe, não se preocupe, está tudo bem", ele me disse. Alguns alunos estavam preocupados, outros estavam brincando. Quando o barulho chegou ao máximo, o silêncio total caiu sobre o auditório.
Foi quando soube que algo estava errado. Os professores rapidamente trancaram todas as portas dentro e fora do auditório.
Um deles disse a todos para se abaixarem e se esconderem sob as cadeiras. Alguns mais jovens começaram a chorar. Eu fiquei sentado onde eu estava no palco, confuso demais para me mexer. Nunca tínhamos ouvido tiros tãojogo do aviãozinho pin upperto.
Em seguida, a porta foi aberta a chutes, e nosso auditório se tornou uma zonajogo do aviãozinho pin upguerra.
'Acerte os mais velhos na cabeça'
Não houve nenhuma pausa antes do início do tiroteio. Eles já entraram atirando. Um dos homens gritou: "Acerte os mais velhos na cabeça", tão alto que todos puderam ouvir. Foi quando percebi que ainda estava na minha cadeira - fiquei tão chocado que não consegui mover meu corpo para me esconder.
Eu estava apenas parado olhando para eles, mesmo quando um deles apontoujogo do aviãozinho pin uparma diretamente para mim.
Ele estava a dez metros quando o primeiro tiro atingiu meu rosto. Quando tudo o que sentia era a dor lancinante, meu rosto aberto e sangrando, mas ainda sem certezajogo do aviãozinho pin upque o que estava acontecendo era real. Tiros foram disparadosjogo do aviãozinho pin uptodas as direções.
Acertaram meus amigos na cabeça, nas mãos, nas pernas e no peito, bem na frente dos meus olhos. Do palco pude ver meus colegas morrendo, alguns instantaneamente, outros devagar.
Eu não conseguia aceitar que meus amigos estavam mortos, se minutos antes estávamos rindo e fofocando. É da dor mental extrema que mais me lembro. Eu estava completamente indefeso, e acho que isso me quebrou por dentro.
Deitado no palco, tentei desesperadamente rolar no chão sob as cadeiras. Foi quando me viram se mexer e atiraram no meu rostojogo do aviãozinho pin upnovo ejogo do aviãozinho pin upnovo. Eu perdi a contajogo do aviãozinho pin upquantas vezes.
A morte não parecia muito distante.
Eu não conseguia pararjogo do aviãozinho pin uppensar nos meus pais e nas promessas que fizjogo do aviãozinho pin upme tornar médico e dar uma vida melhor à nossa família. Eu sabia que nunca mais os veria novamente.
A sala então ficoujogo do aviãozinho pin upsilêncio, e os terroristas se concentraramjogo do aviãozinho pin upencontrar sobreviventes - cutucando pessoas com armas para ver se precisavam atirar nelas novamente. Quando eles se aproximaramjogo do aviãozinho pin upmim, me chutaram no peito e eu gritei. Olhando para o meu rosto desfigurado, só posso supor que eles decidiram me deixar morrer dolorosamente.
'Fiquei com os cadáveres e não com os pacientes'
Depois do que pareceram horas, eu os ouvi sair do auditório - na direção da ala das crianças.
Eu coloquei minha mão na frente da minha boca, para sentir o calor para verificar se eu ainda estava respirando. Estava. Eu sabia que estava perdendo muito sangue e o exterior do meu rosto agora parecia o interior dele. Masjogo do aviãozinho pin upalguma forma eu ainda podia ver. Eu podia ouvir. Minha mente ainda estava funcionando. Eu não estava mais com medo. Afinal, o que mais poderia acontecer comigo?
Quando tentei me levantar, não consegui. Minhas pernas não estavam fazendo o que eu disse a elas. Então comecei a engatinhar, a me arrastar para um lugar seguro. A cada avanço eu pensava que ia desmaiarjogo do aviãozinho pin updor, depois levava minha mão à boca novamente, para checar mais uma vez que ainda estava vivo. Eu disse para mim mesmo: "Ainda estou respirando. Até que parejogo do aviãozinho pin uprespirar, farei o meu melhor para continuar respirando".
Quando finalmente alguém das forçasjogo do aviãozinho pin upemergência do Exército me encontrou, eu estava quase inconsciente depoisjogo do aviãozinho pin upengatinhar por 30 metros. Metade do meu rosto simplesmente tinha ido embora, e eu nem percebi que tinha sido baleado na perna.
A única coisa que não me lembro daquele dia éjogo do aviãozinho pin upcomo cheguei ao hospital. Os terroristas destruíram tanto o meu rosto que, quando cheguei ao pronto-socorro, fiquei com os cadáveres e não com os pacientes.
Eu havia perdido tanto sangue que meu corpo ficou paralisado. Tentei falar, fazer qualquer tipojogo do aviãozinho pin upruído que lhes dissesse que eu estava vivo, mas nada sairia. Eu fiz tudo que podia para respirar profundamente, esperando que alguém me visse e me ajudasse. O sangue na minha boca começou a fazer bolhas.
Mais tarde, me disseram que uma enfermeira me encontrou entre os corpos. Eu tinha sido baleado no rosto seis vezes, uma vez na perna e uma vez na mão.
Eu sobrevivi ao segundo pior ataque terrorista no Paquistão até hoje, com quase 150 mortos - os atiradores que atacaram a minha escola eram do braço paquistanês do Taleban.
A maioria das vítimas eram crianças. Meus colegas que se tornariam políticos, engenheiros e médicos foram exterminadosjogo do aviãozinho pin upquestãojogo do aviãozinho pin upminutos.
1%jogo do aviãozinho pin upchancejogo do aviãozinho pin upsobrevivência
Passei os dois primeiros anos após o tiroteio amarrado a uma camajogo do aviãozinho pin uphospital, e mal estava presente. Eu saíjogo do aviãozinho pin upum coma apenas para entrar numa maratonajogo do aviãozinho pin upcirurgias. Meus pais disseram que eu tinha 1%jogo do aviãozinho pin upchancejogo do aviãozinho pin upsobrevivência.
Num dos momentos fugazesjogo do aviãozinho pin upque emergi do coma, perguntei pelo meu melhor amigo. Ele estava vivo? Ele estava bem? Quando eu poderia vê-lo?
Primeiro os médicos tiveram que tirar todas as balas e cartuchos do meu corpo. Então eles tiveram que começar a costurar meu rostojogo do aviãozinho pin upvolta,jogo do aviãozinho pin upmuitas operações diferentes. Meus dentes da frente foram arrancados e minha mandíbula estava completamente quebrada, então eles pegaram um osso da minha perna e me fizeram uma nova mandíbula com ele. Eles colocaram placasjogo do aviãozinho pin upmetal dentro da minha boca e criaram uma articulação - essa foi uma das maiores operações pelas quais eu passei.
Se eu estivesse sozinho com um telefone ou tablet, tentava desesperadamente procurar os nomes dos mortos, mas era sempre interrompido pelas enfermeiras ou pelos meus pais antesjogo do aviãozinho pin upencontrar a informação. Eles só queriam me protegerjogo do aviãozinho pin upmais dor - e eu não os culpo por isso.
Nos meses seguintes ao ataque, eu estava quebrado pela depressão e pelo trauma do que aconteceu, bem como pelos enormes danos físicosjogo do aviãozinho pin upmeu corpo.
Eu me senti quase à beira do suicídio. Eu rezei para que não fosse real, e que meus amigos ainda estivessem vivos, e eu chorava todos os dias lembrando do ataque.
Depoisjogo do aviãozinho pin upmuitas semanas, minha mãe se virou para mim e disse: "O que acontecerá se você chorar agora? Seus amigos voltarão? É melhor ficar saudável e voltar à vida novamente e fazer algo por eles para que todos possam se lembrar deles para sempre." Isso ficou comigo - eu tinha que ter um propósito para a minha vida.
Quando os médicos do Paquistão não puderam fazer mais por mim, a natureza complicada dos meus ferimentos levou-me ao Reino Unido para atendimento médico especializado. O Exército do Paquistão facilitou meu tratamento. Infelizmente, isso significava deixar minha mãe e minha irmã no Paquistão. Quando cheguei para minha primeira operação, dois anos após o ataque, meu pai e eu não conhecíamos ninguém no Reino Unido.
No começo, Inglaterra e Birmingham eram completamente estranhas para mim. Fiquei maravilhado com as pequenas coisas. A comunidade nos acolheu rapidamente, e agora Birmingham parece uma casa longejogo do aviãozinho pin upcasa.
Educação é onde vejo meu futuro
Tudo que eu realmente queria era voltar para a escola. Algumas pessoas acham isso difíciljogo do aviãozinho pin upentender. Eu sei que, logicamente, eu deveria me sentir mais inseguro ou tristejogo do aviãozinho pin upuma escola. Mas para mim é o oposto: a educação é onde vejo meu futuro.
A escolajogo do aviãozinho pin upBirmingham não me deixava tenso.
Eu às vezes ainda não consigo acreditar que todos os estudantes aqui no Reino Unido têm acesso a uma boa educação, paz e direitos humanos - coisas que nenhumjogo do aviãozinho pin upnós no Paquistão teria sonhado.
Os terroristas que entraram na minha escola naquele dia escolheram pegarjogo do aviãozinho pin uparmas e bombas, mas para combater o terrorismojogo do aviãozinho pin upmeu país, eu escolhi pegarjogo do aviãozinho pin uplivros e canetas. Acredito que não são armas que os terroristas temem, é educação.
Enquanto espero pela minha próxima cirurgia, vou para a escola. Estou estudando para os exames CGSE (siglajogo do aviãozinho pin upinglês para General Certificate of Secondary Education, uma espéciejogo do aviãozinho pin upexame aplicado no ensino médio, no Reino Unido). Também sou membro do Parlamento da Juventude do Reino Unido, para o qual fui eleito por alunosjogo do aviãozinho pin uptodas as escolasjogo do aviãozinho pin upBirmingham. Nós ouvimos as reivindicações levantadas pelos jovens da cidade, e uma vez por ano nós levamos essas questões para a Câmara dos Comuns.
Eu nunca tinha imaginado que falar sobre o que tinha acontecido comigo me permitiria sentir que estava fazendo a diferença. Eu estava preocupado que as pessoas pudessem dar risada e dizer "Por que alguém me ouviria?"
Após o incidente, eu perdi a fé na humanidade. Mas quando terminei a palestra, meus colegasjogo do aviãozinho pin upclasse estavam me abraçando e me mostrando muito respeito - um pouquinho da fé na humanidade voltou para mim naquele dia.
Desde aquele dia, fiz inúmeras palestras motivacionaisjogo do aviãozinho pin upescolas, universidades e empresasjogo do aviãozinho pin uptodo o Reino Unido. Minha última palestra foi para estudantes da Universidadejogo do aviãozinho pin upLondres.
Eu quero viver a vida, não só para mim, mas para todas as crianças que foram mortas naquele dia ejogo do aviãozinho pin upoutros ataques. Eu quero que as pessoas nunca esqueçam meus amigos e colegasjogo do aviãozinho pin upclasse; eles foram lá para estudar para o futuro, não para serem mortos. É bom ter amigosjogo do aviãozinho pin upnovo, mas os que perdi nunca saem do meu pensamento.
Depoimento a Hannah Price. Este artigo foi originalmente publicado pela BBC Three. Leia aqui a versão original,jogo do aviãozinho pin upinglês.
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