Chernobyl: como a União Soviética tentou esconder o maior acidente nuclear da história:melhor site de casino

"Nós nos informávamos por meio do 'inimigo' - a mídia ocidental, como a BBC - sobre o que estava acontecendo. Enquanto isso, muitos jovens e colegas universitários foram enviados para trabalhar na zona como voluntários, sendo expostos à radiação."

A URSS não conseguiu conter as notícias por muito tempo. "Não foi possível encobrir algo tão grande quanto isso. Os rumores começaram a se espalhar como água", diz Taranyuk.

Três décadas depois, ainda não sabemos a extensão total da tragédia ou quantas pessoas exatamente morrerammelhor site de casinocâncer oumelhor site de casinooutras doenças decorrentes - estima-se que sejam cercamelhor site de casino4 mil, mas este número pode ser maior.

Testemunhos, dados e históriasmelhor site de casinosobreviventes, juntamente com o trabalhomelhor site de casinopesquisadores, nos contam hoje como tudo aconteceu. Também permitiram recriar na televisão o dramamelhor site de casinoChernobylmelhor site de casinouma aclamada minissériemelhor site de casinoficçãomelhor site de casinomesmo nome que acabamelhor site de casinoestrear na HBO.

Mas vamos voltar aos fatos. O que exatamente aconteceumelhor site de casino26melhor site de casinoabrilmelhor site de casino1986 e como a antiga União Soviética tentou impedir que o mundo soubesse desse desastre?

Da negação à irresponsabilidade

Eram 5h da manhã quando Mikhail Gorbachev, o último líder da URSS, recebeu um telefonema. Ele foi informadomelhor site de casinoque havia ocorrido uma explosão na usina nuclearmelhor site de casinoChernobyl, mas, aparentemente, o reator estava intacto.

"Nas primeiras horas e até mesmo no dia seguinte ao acidente, não se sabia que o reator havia explodido e que havia acontecido uma enorme emissãomelhor site de casinomaterial nuclear na atmosfera", disse o próprio Gorbachev mais tarde.

O homem mais poderoso da URSS naquela época não viu necessidademelhor site de casinoacordar outros líderes políticos ou interromper seu fimmelhor site de casinosemana para realizar uma reuniãomelhor site de casinoemergência, explica o historiador ucraniano Serhii Plokhii no livro Chernobyl: the History of a Nuclear Catastrophe (Chernobyl: a Históriamelhor site de casinouma Catástrofe Nuclear, em tradução livre 2018).

Em vez disso, ele criou uma comissão do governo liderada por Boris Shcherbina, vice-presidente do conselhomelhor site de casinoministros, para investigar as causas da explosão. Enquanto isso, os cidadãos corriam perigo. Mas ninguém se atreveu a ordenar uma evacuação.

A primeira aproximaçãomelhor site de casinohelicóptero, cercamelhor site de casino24 horas após a explosão, mostrou a magnitude da catástrofe. "Quando eles desembarcaram, ainda não estavam prontos para aceitar o que havia ocorrido", diz o historiador.

O próprio Shcherbina escreveumelhor site de casinosuas memórias que tevemelhor site de casinose forçar a assimilar o que seus olhos viam.

"No começo, eles estavammelhor site de casinoestadomelhor site de casinochoque e negação, não queriam aceitar o que havia acontecido, não queriam se responsabilizar pelo que aconteceu", diz Plokhii, que também é diretor do Instituto Ucranianomelhor site de casinoPesquisa da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

"Houve uma negação por parte daqueles que trabalhavammelhor site de casinoChernobyl e, além disso, era muito difícil dizer o que estava acontecendo sem se colocarmelhor site de casinouma situação ainda mais perigosa."

Plokhii escrevemelhor site de casinoseu livro que "à medida que os níveismelhor site de casinoradiação aumentavam, as autoridades ficavam cada vez mais nervosas, mas não tinham o podermelhor site de casinodecidir pela evacuação". "O país levou 18 dias para falar sobre isso na televisão", acrescenta.

"A reação imediata foi esconder a tragédia e,melhor site de casinoseguida, tentar minimizar a quantidademelhor site de casinoinformação publicada", diz Adam Higginbotham, autormelhor site de casinoMidnight in Chernobyl (Meia-noitemelhor site de casinoChernobyl,melhor site de casinotradução livre, 2019), que reúne testemunhos sobre o desastre.

O escritor aponta que havia uma "dimensão psicológica" nessa negação inicial. "O evento foi tão catastrófico e a escala do desastre foi tal que nem mesmo especialistas bem treinados, que entendiam exatamente a energia nuclear, conseguiram assimilar o que estavam vendo", diz Higginbotham.

"É preciso entender que a escala do acidente era muito grande até mesmo para os soviéticos para não se deixar levar por estereótipos típicos sobre como funcionava a URSS. A história é mais complexa e complicada do que isso."

Armen Abagian, na época diretormelhor site de casinoum institutomelhor site de casinopesquisamelhor site de casinoenergia nuclear, disse a Shcherbina que a cidade tinhamelhor site de casinoser evacuada. "Falei para ele que havia crianças correndo pelas ruas, gente colocando a roupa para secar no varal. E a atmosfera estava radioativa", teria afirmado Abagian, segundo o historiador Serhii Plokhii.

Mas a URSS avaliou que a retirada não era necessária. Ninguém queria assumir a responsabilidademelhor site de casinoordenar uma evacuação e, assim, fazer um mea culpa. Mas, enquanto a comissão pensava sobre o que fazer, as pessoas começavam a deixar a cidade.

O governo soviético não queria que as más notícias se espalhassem tão rapidamente quanto a radiação. Por isso, cortou as redesmelhor site de casinotelefonia, e os engenheiros e funcionários da usina nuclear foram proibidosmelhor site de casinocompartilhar informações sobre o que aconteceu com seus amigos e familiares, explica Plokhii.

Não era a primeira vez que os soviéticos enfrentavam uma situação assim. "Houve um outro desastre nuclear (muito menor)melhor site de casinosetembromelhor site de casino1957,melhor site de casinoKyshtym, nos Montes Urais, mas não havia nenhuma informação sobre isso", diz Plokhii. "Manter o silêncio era um protocolo padrão na URSS."

"Os americanos encontraram alguns sinaismelhor site de casinoque houve uma explosão e contaminação no primeiro desastre, mas não disseram nada porque eles próprios desenvolviam grandes planos nucleares e não queriam criar alarde."

Higginbotham também cita o acidentemelhor site de casinoKyshtym, que os soviéticos conseguiram esconder com sucesso "Simplesmente adotaram a mesma abordagemmelhor site de casinoChernobyl, mas, neste caso, a fronteira era mais próxima do Ocidente e a contaminação e seu alcance foram muito maiores."

Como o mundo descobriu?

"Foram os suecos que detectaram primeiro que algo estava errado e,melhor site de casinoseguida, alguns britânicos que trabalhavammelhor site de casinooutra usina nuclear", diz Plokhii.

Higginbotham diz que os suecos começaram a perguntar às autoridades soviéticas se houve um acidente nuclear, "mas, mesmo naquele momento, eles continuaram negando que algo tivesse acontecido."

Na Suécia, altos níveismelhor site de casinoradiação foram detectados nos dias após o acidente cuja origem não tinha explicação.

"Autoridades europeis alertaram sobre o que estava acontecendo, e a URSS tevemelhor site de casinodivulgar informações. Revelaram mais e mais coisas, mas apenas pela pressão do Ocidente", concorda Plokhii, que acrescenta que o contexto da Guerra Fria é essencial para entender como os fatos se desenrolaram.

O historiador diz que a "insatisfação" daqueles que viviam na URSS naquela época também desempenhou um papel fundamental. As pessoas estavam se informando sobre os fatos por meio da mídia estrangeira emelhor site de casinorumores - alguns corretos e outros não - e não por seu próprio governo.

"Levou semanas, meses e até mesmo anos até que, gradualmente, a verdade emergisse,melhor site de casinoparte porque eles capturaram correspondentes estrangeiros baseadosmelhor site de casinoMoscou e os impedirammelhor site de casinosair da cidade e se aproximar da zona do acidente", diz Higginbotham.

"Muitos desses jornalistas começaram a publicar qualquer informação que recebiam, mesmo que fossem rumores." Nos Estados Unidos, o jornal New York Post chegou a dizer que 15 mil pessoas haviam morrido, exatamente o oposto do que o governo queria.

"Eles não queriam que a população tomasse precauções", diz Irena. "Foi irônico que nos informássemos pela mídia estrangeira."

Mas Higginbotham diz que a história contada sobre Chernobyl no Ocidente é muitas vezes incompleta e que "muitas coisas que foram escritas são baseadasmelhor site de casinoideias pré-concebidas sobre como era a vida na URSS", deixandomelhor site de casinolado a dimensão psicológica e humana daqueles que tomaram as decisões.

A quedamelhor site de casinoum império

"Chernobyl está frequentemente ligado a mudanças estratégicas na União Soviética e aos primórdios damelhor site de casinoabertura política, o princípiomelhor site de casinotudo estámelhor site de casinoChernobyl", explica Plokhii.

O historiador diz que queria escrever sobre a tragédia que fez partemelhor site de casinosua história pessoal. "Lembro-me do horror daqueles dias, não sabia o que ia acontecer e tentei reconstruir os fatos da melhor forma possível", diz Plokhii.

"A recontituição me fez concluir que houve realmente uma ligação direta entre Chernobyl e a queda da URSS."

"A maneira como a União Soviética entroumelhor site de casinocolapso não pode ser realmente entendida sem a históriamelhor site de casinoChernobyl."

Higginbotham considera que este foi um momento-chave "na desintegração da URSS, não só pelo custo econômico ou pela crescente desconfiança das instituições pelos soviéticos, mas também por causamelhor site de casinocomo isso mudou o próprio Gorbachev".

"O acidente revelou que Gorbachev corrompeu o império que havia herdado", diz ele.

"Mas a lição mais importante que Chernobyl nos deixa é o problemamelhor site de casinoconfiar demais na tecnologia - as pessoas acreditavam que um acidente daquela escala era impossível mesmo após ter ocorrido - e também que uma cultura que nega evidências científicas e é baseadamelhor site de casinomentiras e sigilo não é segura para ninguém."

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