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Com pânicosite de aposta fogueteHIV e doenças, jovens evitam sexo e ficam obcecados por exames: 'Faço todo mês':site de aposta foguete
"Elas marcam a consulta e chegam com as inúmeras dúvidas,site de aposta foguetegeral sem nenhuma queixa ou sintoma", conta.
Segundo o infectologista Alexandre Naime, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp),site de aposta fogueteBotucatu (SP), os casossite de aposta foguetepessoas com frequentes pensamentos sobre ISTs, mesmo com exames e médicos confirmando que não há infecção, aumentaram. Para ele, o principal motivo para isso são as informações difundidas na internet.
"As pessoas estão muito mais informadas. Hoje, há algumas situações com as quais elas não se preocupavam antes, por conta das divulgações sobre diversos assuntos nas redes sociais. Por isso, o médico deve informar o paciente e deixá-lo bem tranquilo quando uma possível contaminação por alguma IST for totalmente excluída", diz.
O preservativo rompeu
A vida sexual da advogada Maria*,site de aposta foguete25 anos, foi interrompida há seis meses, desde que ela começou a pensar com frequência na possibilidadesite de aposta fogueteter alguma IST. "Não consigo me relacionar com ninguém desde então", diz.
Tudo mudou quando o preservativosite de aposta fogueteum parceiro se rompeu durante o sexo.
Ela diz ter questionado o rapaz, com quem saía havia alguns meses, se ele havia feito examessite de aposta fogueteISTs recentemente.
"Ele ficou ofendido e disse que não tinha nenhuma doença. Eu orientei que ele fizesse os exames, mas ele se negou. Isso me deixou muito assustada", conta.
No dia seguinte, a advogada procurou um infectologista, passou a receber acompanhamento e deu início a exames frequentes.
"Comecei a sentir diversos sintomas. Passei a ficar preocupada, ansiosa e não consegui esquecer aquele episódio", diz.
Por conta própria, fez exames semanais nos quatro primeiros meses.
"Sempre tive parceiros fixos, usei preservativo, mas nunca deixeisite de aposta foguetefazer examessite de aposta fogueteISTs, ao menos uma vez por ano. É uma preocupação que sempre fez parte da minha rotina", comenta.
"Mas agora se tornou algo preocupante. Coloquei na minha cabeça que me infectei com HIV. Procurei grupossite de aposta foguetepessoas que vivem com o vírus e,site de aposta foguetemuitos momentos, realmente acredito que tenho HIV. Penso que todos os exames que fiz podem estar errados, mesmo tendo sido feitossite de aposta foguetelaboratório diferentes", diz
Nos três primeiros meses após o rompimento do preservativo, a advogada recebeu apoio da infectologista que a atendeu. "Ela pedia os examessite de aposta foguetetodas as ISTs, uma vez por mês", conta. Ainda assim, Maria frequentemente fazia testes por conta própria. "Fiz diversos testes rápidossite de aposta fogueteHIV (cujos resultados saemsite de aposta fogueteuma hora),site de aposta fogueteclínicas particulares, uma vez por semana."
Logo que passaram os 90 dias após a exposiçãosite de aposta fogueterisco - período no qual, segundo especialistas, o HIV ou outras ISTs podem se manifestar -, a infectologista disse a Maria que ela não havia contraído nenhuma infecção e deu alta médica para a paciente. O medo, porém, permanece.
"Ainda faço exames particulares com frequência. Todos deram negativo, mas o temor continua."
A advogada comenta que os pensamentos frequentes sobre possíveis ISTs a têm prejudicado muito.
"Passei a tomar remédios para ansiedade. Além disso, gasto dinheiro fazendo exames", detalha.
Ela e o rapaz com quem saiu há seis meses não se viram mais. "Na última vezsite de aposta fogueteque conversamos, ele me disse que sou neurótica", diz.
"Hoje, acredito que nunca mais vou conseguir manter relações sem preservativos. Com o susto que passei, comecei a pesquisar muita coisa e vi que muitas mulheres se infectam com o vírus por meiosite de aposta foguetemaridos e namorados. Isso me fez ficar mais atenta", declara.
'É uma paranoia'
Juliano é designer, profissão que não está entre aquelas nas quais há riscosite de aposta fogueteexposição ocupacional ao HIV e outras ISTs – como, por exemplo, profissionais da saúde. Ele afirma que não se expõe a situações nas quais possa contrair alguma infecção sexualmente transmissível.
"Comecei a descobrir a minha sexualidade na adolescência. Me relacionava com outros rapazes. Tive a minha primeira relação sexual aos 16. Sempre usava preservativo e não tinha paranoias sobre infecções sexuais", relata.
Segundo ele, os temores frequentes sobre ISTs tiveram início aos 24 anos. "Eu tive uma pneumonia muito forte. Fui ao hospital, a médica me perguntou se eu era gay. Quando confirmei, ela respondeu: 'você está com HIV'. Ela disse isso sem sequer ter feito exames. Eu desmaiei na hora. A minha vida mudou a partir daquele dia", conta.
Ao receber alta, Juliano fez inúmeros exames que deram negativo para o vírus. "Desenvolvi insônia crônica, até hoje durmo à basesite de aposta fogueteremédios. Havia fasessite de aposta fogueteque eu não saíasite de aposta foguetecasa. Fiquei anos sem me encontrar com ninguém", relata.
Hoje, mesmo sem qualquer situaçãosite de aposta fogueterisco, ele faz exames mensais para atestar que não foi infectado. "Tenho informações sobre ISTs, sei como são transmitidas, mas me sinto, muitas vezes, como se tivesse contraído algo. É uma paranoia. Preciso fazer exames para ficar aliviado."
No Brasil, estima-se que 866 mil pessoas vivem com o HIV, conforme o Ministério da Saúde. Desde os primeiros casos descobertos, nos anos 80, o vírus costuma ser associado a homens gays.
"Por conta do que ela me disse, passei a pensar que estou fadado a ter HIV por ser gay. É como se isso fosse um carma por ser homossexual", diz Juliano.
Para especialistas, relacionar o HIV unicamente a homens que fazem sexo com outros homens é erro e preconceito – o númerosite de aposta foguetemulheres infectadas têm crescido anualmente, por exemplo.
Hoje é possível que uma pessoa com o HIV tenha qualidadesite de aposta foguetevida por meiosite de aposta foguetetratamentos com antirretrovirais que fazem com que o vírus se torne indetectável - quando a presença dele no sangue é extremamente baixa e a chancesite de aposta foguetetransmissão se torna quase nula. Os medicamentos são disponibilizados pelo Sistema Únicosite de aposta fogueteSaúde (SUS).
Juliano afirma que sabe disso, mas que tem a sensaçãosite de aposta fogueteque morrerásite de aposta foguetepoucos meses caso contraia o vírus. "Já liguei para a minha mãe e para a minha irmã para dizer que eu iria morrer, porque eu estava com HIV, mesmo com exames negativos. É algo fora do normal", explica.
Durante seis anos, o designer optou por não ter relações sexuais por causa do medo. Ainda assim, ele continuou fazendo testes rápidos - cujos resultados saemsite de aposta fogueteuma hora - todos os meses. "Era uma situação absurda. Qualquer coisa que acontecia comigo, como uma pinta no braço ou dorsite de aposta foguetegarganta, logo pensava que era HIV. Fazia o exame e dava negativo. Mas depois o medo voltava."
Há dois anos, ele decidiu retomar a vida sexual. "A minha primeira relação, depois desses anos, foi boa. Usamos preservativo. Mas logo que terminamos, os pensamentos sobre ISTs continuaram me preocupando e fui fazer exames dias depois", diz.
No ano passado, ele deu início à terapia PrEP, sigla para profilaxia pré-exposição. Disponível no SUS desde o fimsite de aposta foguete2017, a medicação tem o objetivosite de aposta fogueteimpedir a multiplicação do HIV nas célulassite de aposta foguetedefesa do organismo,site de aposta foguetecasosite de aposta foguetecontaminação. A medida é uma tentativasite de aposta foguetefrear o crescimentosite de aposta fogueteinfecções pelo vírus - ela não previne outras ISTs.
Para conseguir a PrEP, destinada a grupossite de aposta foguetevulnerabilidade, como profissionais do sexo e casais sorodiferentes - quando apenas um deles possui HIV -, o designer revela que tevesite de aposta fogueteconversar insistentemente com servidoressite de aposta fogueteum postosite de aposta foguetesaúde.
"Disseram que eu não poderia tomar, porque não faço parte da população-chave, por não vivenciar situaçõessite de aposta fogueteriscosite de aposta fogueteinfecção e não ter, na época, uma vida sexual ativa. Mas eu insisti e disse que precisava do medicamento para que pudesse ter uma vida sexual saudável, sem tantos temores. Por fim, eles permitiram que eu tomasse o remédio."
Mas mesmo com a PrEP e hoje tendo parceiro fixo, Juliano faz examessite de aposta fogueteHIV todos os meses, além dos trimestrais que fazem parte do tratamento. Ele procura diferentes unidadessite de aposta foguetesaúde para conseguir os testes.
"Ainda me bate paranoia e eu preciso fazer os exames. Saiosite de aposta foguetebuscasite de aposta foguetepostossite de aposta foguetesaúde onde não tenho cadastro,site de aposta fogueteSão Paulo. Todos os meses é a mesma procura. Sempre recorro a locaissite de aposta fogueteque não saibam que eu uso a PrEP, porque senão me orientariam a fazer somente os exames trimestrais", revela.
Trauma após infecção com o parceiro
A universitária Fernanda conta que o ginecologista que a acompanha avalia que ela deveria fazer examessite de aposta fogueteISTs a cada seis meses, pois ela não passa por situaçõessite de aposta fogueteriscosite de aposta fogueteinfecção. No entanto, ela insiste para fazer os testes a cada três ou quatro meses.
"Ele solicita esses exames sempre que eu peço, pois sabe que somente me acalmo ao ver os resultados negativos", relata.
A busca por frequentes examessite de aposta fogueteISTs tornou-se parte da vida da jovem há pouco maissite de aposta fogueteum ano, logo após ela descobrir que havia contraído herpes genital do primeiro namorado.
"Essa infecção me trouxe muitas feridas na vulva. Foi uma experiência muito traumática. Fiz o tratamento indicado e a situação melhorou. Mas como não há cura para herpes, faço acompanhamento frequente", declara.
Logo após a descoberta da infecção, a estudante começou a pensar com frequência que também poderia ter contraído outras ISTs.
"Penso dia e noite sobre isso. Faço exames e dá negativo para todas as infecções. Mas o medo nunca cessou. Desde que recebi aquele diagnósticosite de aposta fogueteherpes, não há um diasite de aposta fogueteque não acorde pensando que estou com alguma doença."
Os especialistas explicam que, para que uma pessoa tenha uma vida sexual saudável, é fundamental que seja feita a prevenção adequada, por meio do usosite de aposta foguetepreservativo -site de aposta foguetecasosite de aposta foguetediferentes parceiros -, examessite de aposta fogueterotina a cada seis meses e consultas médicas periódicas.
Os temores referentes a ISTs se tornam problemas quando o indivíduo deixasite de aposta fogueteacreditar nos exames e passa a fazê-los com frequência, mesmo sem vivenciar qualquer risco, e não confia maissite de aposta foguetemédicos que descartam a possibilidadesite de aposta fogueteuma infecção. A situação costuma trazer dificuldades para a vida sexual da pessoa.
É o casosite de aposta fogueteFernanda. "Inúmeras vezes me pego pensando, no meio da relação sexual, se estou tendo contato com alguma doença, mesmo usando preservativo", diz.
Periodicamente, a jovemsite de aposta fogueteCampinas (SP) faz exames para verificar se contraiu ISTs como HIV, sífilis, hepatites virais B e C ou Papilomavírus Humano (HPV). "Tenho medo absurdosite de aposta foguetequalquer tiposite de aposta fogueteIST."
Ela conta que chegou a se desesperar e perder o controle ao não conseguir marcar uma consulta médica.
"A carteirinha do meu planosite de aposta foguetesaúde foi negada. Eu desabei, comecei a chorar na mesa da secretária e gritei: 'Preciso fazer meus exames', no meiosite de aposta fogueteum consultório lotado", relata. Horas depois, foi atendida pelo ginecologista, que solicitou os exames.
Ajuda médica
Os casossite de aposta foguetepessoas com pensamentos constantes sobre ISTs costumam ser encaminhados a psiquiatras. O diagnóstico pode variar conforme a situação vivida pela pessoa e a análise do médico. Os tratamentos costumam ser feitos por meiosite de aposta foguetepsicoterapia e medicamentos.
Fernanda foi diagnosticada com hipocondria severa - transtorno no qual o paciente tem medo constantesite de aposta fogueteestar doente ou desenvolver uma doença grave - e ansiedade.
"Faço usosite de aposta fogueteantidepressivos. Isso tem me ajudado muito e fez com que as minhas crisessite de aposta fogueteansiedade diminuíssem. Mas os pensamentos sobre ISTs ainda existem", diz.
Maria e Juliano também foram diagnosticados com ansiedade, fazem acompanhamento com psiquiatras e tomam medicamentos para lidar com o transtorno.
"Os pensamentos continuam. Mas observei que eles não são mais constantes como antes, desde que comecei a psicoterapia", diz Juliano, que também foi diagnosticado com depressão.
Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdadesite de aposta fogueteMedicina da Universidadesite de aposta fogueteSão Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileirasite de aposta foguetePsiquiatria (ABP), os pensamentos intrusivos e sem fundamentos sobre ISTs podem ser,site de aposta foguetemuitos casos, característicassite de aposta fogueteum Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) com focosite de aposta fogueterelacionamentos sexuais.
"As obsessões são pensamentos que não saem da cabeça da pessoa. Mesmo que ela queira, não consegue se esquivar. Quem tem esses pensamentos relacionados a ISTs não está fora da realidade e não é uma pessoa psicótica. Pelo contrário, sabe que aquelas ideias não procedem, porque os exames confirmaram que não houve infecção. Porém, os pensamentos persistem, apesar das evidências contrárias", detalha.
'Espero que esses pensamentos passem logo'
Maria, Fernanda e Juliano possuemsite de aposta foguetecomum o desejosite de aposta foguetelevar uma vida sexual saudável e sem preocupações desnecessárias sobre as ISTs.
"Eu acredito que, com o tempo, continuando o tratamento psicoterápico, possa melhorar esses pensamentos. Não é normal alguém ter esse medo todos os dias. Tenho certezasite de aposta fogueteque a minha vida seria mais leve se esses pensamentos não existissem. Eles me trazem um estresse absurdo diariamente", diz Fernanda.
Para Maria, o medo se tornou seu maior problema.
"É importante se prevenir, mas não ficar com esses pensamentos sempre. Sinceramente, não sei quando vou entender que não fui infectada durante a minha última relação sexual. E será que não fui mesmo? Espero que esses pensamentos passem logo", comenta a advogada.
"É surreal a forma como esse medo pode prejudicar a vidasite de aposta foguetealguém. E por mais que eu queira e busque os tratamentos adequados, não existe uma formasite de aposta foguetegarantir que eu nunca mais terei esses pensamentos", diz Juliano.
*Nomes alterados a pedido dos entrevistados, para preservar suas identidades.
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