A incrível dança do tangará, pássaro brasileiro que faz performance coletiva para conquistar fêmeas:betway paysafecard

No primeiro ato da dança, os machos se alinhambetway paysafecardfila indiana ao lado da fêmea. A seguir, o que está mais próximo dela faz um breve voo vertical, como um beija-flor. Por alguns instantes, o casal fica frente a frente. Enquanto isso, os demais machos caminham na fila indiana, ocupando o espaço aberto pelo primeiro.

Aindabetway paysafecardfrente para a fêmea, o macho do movimento inicial voabetway paysafecardmarcha ré, até chegar ao fim da fila, onde pousa. O segundo macho, então, repete o mesmo movimento que havia sido feito pelo primeiro. E assim sucessivamente,betway paysafecardmovimentos que vão ficando cada vez mais rápidos. Esse carrossel pode levarbetway paysafecard12 segundos até 7 minutos.

O ato final é composto por um voo suspenso mais longo do macho alfa, com batimento frenético das asas, acompanhadobetway paysafecardum som estridente e duradouro. A seguir, ele faz a mesma performancebetway paysafecardcostas e depois pousabetway paysafecardum galho levemente mais alto,betway paysafecardcostas para a fêmea.

Já os demais machos se afastam da fêmea, observando-a fixamente, com a cabeça abaixada, como se estivessem fazendo uma reverência.

No total, a dança coletiva apresenta cinco movimentos diferentes - toda sincronizada com uma vocalização, cujo som se parece com um "wah" e que pode ter o efeitobetway paysafecardexcitar a fêmea - segundo pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por causa desse ritual, os tangarás são popularmente conhecidos como tangarás-dançarinos.

"É um dos rituaisbetway paysafecardreprodução mais elaboradosbetway paysafecardespécies que temos no Brasil", explica Lilian Manica, professora do departamentobetway paysafecardZoologia da UFPR e membro da rede internacional Manakins Research Coordination Network - grupo que estuda espécies da família do tangará.

"É difícil explicarbetway paysafecardpalavras, porque é um comportamento muito diferente do que a gente já viu. A gente fica torcendo para os machos, torcendo para a fêmea gostar da apresentação. E fica com dó quando eles não conseguem", diz a bacharelbetway paysafecardbiologia Laura Schaedler, que fez mestrado na UFPR sobre os tangarás.

Por ser única, a dança foi um dos cortejosbetway paysafecardaves escolhidos para aparecer no primeiro episódio da série Our Planet, que estreoubetway paysafecardmarço na Netflix. "É uma complexa dançabetway paysafecardcortejo, capazbetway paysafecardentreter muito, porque os machos formam pequenas equipes, como artistasbetway paysafecardtrapézio", disse o apresentador da série, David Attenborough, depoisbetway paysafecardter sido questionado pela revista britânica TV Times sobre qual era seu momento favorito registrado nos episódios.

Equipesbetway paysafecarddança e canto

As equipesbetway paysafecarddança e canto são chamadasbetway paysafecard"corte" do macho alfa. Há apenas um protagonista e seu séquitobetway paysafecardsubordinados. Ou seja, é uma espécie com uma rígida divisão hierárquica.

"Alguns dos machos da corte, inclusive, podem passar a vida inteira na posição subalterna, sem nunca conseguir ocupar o papel principal. A maior parte dos indivíduos copula muito pouco ou quase nunca. Poucos indivíduos conquistam a maior parte das fêmeas", explica Laura Schaedler.

Esse comportamento limita o número machos que podem copular, o que parece contra-intuitivo do pontobetway paysafecardvista da reprodução da espécie.

"É uma questão muito intrigante para os cientistas. Uma hipótese para explicar porque alguns machos se submetem é que, ao dançarem por muito tempo na cortebetway paysafecardum macho alfa, eles teriam mais chancesbetway paysafecardassumir seu papel quando ele morrer", fala Laura.

Mas por que os machos subalternos não tentam criar suas próprias cortes? "É um mistério. Provavelmente, as fêmeas são muito detalhistas na escolha do parceiro". Assim, elas não visitariam uma corte qualquer, apenas aquelas que demonstram um bom desempenho "artístico".

Há outro comportamento dos tangarás machos que parece indicar que eles ensaiam antesbetway paysafecardse apresentarem para uma fêmea. A maior parte das danças ocorre apenas entre eles, sem a presençabetway paysafecarduma fêmea. Nesse aparente ensaio, um macho mais jovem desempenha o papel dela, ficando parado no galho, apenas observando os demais dançarem.

De certa forma, esse tangará jovem se parece com uma fêmea, já que seu corpo também é verde - a plumagem só fica azulada na vida adulta. O principal sinalbetway paysafecardque se tratabetway paysafecardum macho é a coroa alaranjada, já presente.

Mas os cientistas ainda não têm certeza se esse comportamento seria, realmente, um ensaio. "A gente não sabe se é para ensaiar ou para estabelecer uma hierarquia entre os machos", explica a professora e pesquisadora Lilian Manica.

As fêmeas dos tangarás, por outro lado, não têm um comportamentobetway paysafecardgrupo. "Entre elas, não existe nenhum tipobetway paysafecardcooperação. Inclusive a plumagem verde das fêmeas, bem contrastante com a azul, preto e laranja dos machos, pode ser um resultado do estilobetway paysafecardvida solitário delas. É uma formabetway paysafecardse camuflar para cuidar da prole", fala a pesquisadora Laura.

Apresentação solo e grand finale

Uma cortebetway paysafecardtangarás machos pode repetir a mesma dança, para a mesma fêmea, uma vez depois da outra. Às vezes, após uma primeira apresentação, a fêmea não emite nenhum sinal - nem sim, nem não. Então, o grupo pode recomeçar o carrossel,betway paysafecarduma nova tentativabetway paysafecardimpressioná-la.

Na primeira vez que Laura Schaedler assistiu ao ritualbetway paysafecardmeio à floresta, por exemplo, os machos executaram cercabetway paysafecardoito performances. No total, foram cercabetway paysafecard20 minutosbetway paysafecardapresentação. Não adiantou. A fêmea não ficou satisfeita e acabou abandonando o poleiro no meiobetway paysafecarduma das danças.

Segundo pesquisa publicadabetway paysafecardfevereiro deste ano no Journal of Ornithology, Lilian Manica e outros três pesquisadores identificaram que apenas umabetway paysafecardcada quatro apresentações coletivas resultabetway paysafecardum "sim" da fêmea. Nas demais, elas simplesmente vão embora.

"Essas exibições demonstram habilidades individuais e vigor, e geralmente requerem intensa atividade física, persistência e alto investimentobetway paysafecardenergia", diz o texto. São qualidades avaliadas pela fêmea durante a apresentação - os pesquisadores ainda não sabem, porém, quais são os critérios que ela levabetway paysafecardconsideração.

Já quando a fêmea sinaliza que está satisfeita com a apresentação, os machos subalternos a deixam a sós com o macho alfa. Este, então, passa a executar uma dança solo, com três passos diferentes, que culmina com uma rápida copulação.

Os tangarás-dançarinos habitam áreasbetway paysafecardMata Atlântica, do Brasil até a Argentina. Mas não é fácil presenciar uma dança-cortejo.

"É difícil presenciar um momento desses. Nas nossas pesquisas, nós identificamos previamente os poleiros onde os machos fazem a apresentação - que são fixos. E ficamos horas observando", explica Lilian Manica. Em média, os pesquisadores visualizaram uma apresentação a cada 16 horas.

Uma das regiões onde a dança pode ser observada - e onde o documentário Our Planet foi gravado - é a Reserva Natural Salto Morato,betway paysafecardGuaraqueçaba, Paraná, localizada dentro do maior remanescente contínuobetway paysafecardMata Atlântica no Brasil. O local, mantido pela Fundação Grupo Boticáriobetway paysafecardProteção à Natureza, é aberto à visitação.

No Paraná, o período reprodutivo do tangará-dançarino vaibetway paysafecardsetembro a janeiro. O melhor momento para tentar observar a apresentação é o mêsbetway paysafecardnovembro, no início da manhã.

"Toda vez que eu vejo a dança do tangará, parece que é a primeira vez,betway paysafecardtão impressionante que é. É um comportamento muito intenso, tantobetway paysafecardtermosbetway paysafecardmovimentos, comobetway paysafecardsons. As cores das aves também são muito chocantes. Você fica muito envolvido com aquilo que está assistindo", narra a professora Lilian.

"Embora o tangará-dançarino não seja uma espécie ameaçada, é preciso ter cuidado para preservar seu habitat, já quebetway paysafecardreprodução exige um comportamento muito complexo. É importante que as pessoas saibam que há essa espécie tão fascinante vivendo na floresta para se sensibilizarem mais para preservar aquele ambiente", considera Lilian Manica.

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