Doençaagen288 slotLyme: 'Vivi mesesagen288 slotdores insuportáveis até descobrir que um carrapato me passou um mal grave':agen288 slot

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Suzane teve que pararagen288 slotestudar por causa da doença

A doença foi descoberta na décadaagen288 slot70, na cidadeagen288 slotLyme,agen288 slotConnecticut, nos Estados Unidos. Ela costuma ter início com uma lesão na pele e, depois, pode causar sintomas semelhantes a uma virose, como dores na cabeça e febre. Posteriormente, o paciente pode ter manifestações na pele, nas articulações, no sistema nervoso ou no coração.

Suzane tinha uma rotina dedicada aos estudos. Ela cursava Biomedicina e também fazia curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pois sonhaagen288 slotconquistar uma vagaagen288 slotMedicina. Os problemasagen288 slotsaúde a fizeram pararagen288 slotestudar. "Estava totalmente prejudicada pela doença."

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O carrapato-estrela viveagen288 slotmamíferos como a capivara

Lyme

Um dos períodos mais complicados da doença, segundo Suzane, foi no fimagen288 slotdezembro. Na época, ela começou a ter dificuldades para andar. "Sentia uma dor muito forte na coluna e não conseguia sair da cama", diz. Desde então, tem períodosagen288 slotque consegue se locomover sozinha, com dificuldades, e outrosagen288 slotque precisaagen288 slotapoio para caminhar.

Cada vez mais debilitada, Suzane começou a pesquisar na internet sobre os sintomas que tinha. "Foi quando li sobre a Lyme. A princípio, pensei que não fosse o meu caso, porque vi que não havia nenhum registro da doençaagen288 slotRecife", diz.

Ela coletou sangue e enviou para o Hospital das Clínicas da Universidadeagen288 slotSão Paulo (USP), referênciaagen288 slotestudos sobre a doença no Brasil. "Em Recife não havia nenhum lugar que fizesse o exame", comenta a jovem.

O resultado chegou semanas depois. "Foi complicado, porque descobri a doença tardiamente. Os tratamentos são mais difíceis quando o diagnóstico é feito meses depois dos primeiros sintomas. Por conta dessa demora, minha doença se tornou crônica", pontua. Comoagen288 slottodos os casos descobertos no país, Suzane foi diagnosticada com a versão brasileira da Lyme.

No Brasil, a doença possui semelhanças com os casos do Hemisfério Norte. No entanto, há particularidades que a diferenciam. Por isso, especialistas denominam a mazela como Borreliose brasileira, Síndrome Baggio-Yoshinari ou Lyme brasileira. Em geral, os tratamentos costumam ser semelhantes.

Pioneiro nos estudos sobre Lyme no Brasil, o reumatologista Natalino Yoshinari explica que os sintomas e o modo como a doença pode ser transmitida estão entre as diferenças dos casos encontrados no Brasil ouagen288 slotoutras regiões, como na Europa e na América do Norte.

Segundo Yoshinari, a borrelia burgdorferi, bactéria responsável por transmitir a Lyme, está concentrada, principalmente, no carrapato-estrela, da espécie Amblyomma cajennense, no Brasil. Em regiões como o Hemisfério Norte, a bactéria está presenteagen288 slotoutras diferentes espécies do parasita.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Suzane antesagen288 slotcontrair a doença

A bactéria possui distinções conforme o carrapato responsável por transmiti-la e tambémagen288 slotacordo com o clima e aspectos ecológicosagen288 slotcada região, apontam estudos. Yoshinari ressalta que, possivelmente, menosagen288 slot5% das pessoas picadas pelo parasita desenvolvem a doença.

Nos Estados Unidos, são diagnosticados cercaagen288 slot30 mil novos casosagen288 slotLyme por ano. No Brasil, não há estimativas sobre a doença.

A picada do carrapato

Após receber o diagnóstico da doença, Suzane passou a se perguntar sobre o momentoagen288 slotque foi picada pelo parasita. "Depois que conheci outras pessoas que também têm Lyme, percebi que é muito comum que não saibam o momento exatoagen288 slotque foram picadas pelo carrapato", diz.

Suzane conta que chegou à conclusãoagen288 slotque, possivelmente, foi picadaagen288 slotmeados do ano passado, enquanto estava a caminho do curso que fazia. "Lembroagen288 slotalgo estar me incomodando, dentro da minha roupa. Eu olhava e não encontrava o que era. Como eu estava com pressa, porque antes vivia correndo, não encontrei nada", detalha.

Ela acredita ter sido picada no glúteo. "Na época, surgiu uma pequena lesão, mas não pensei que pudesse ser algo grave."

"Hoje, entendo que uma forte gripe que tive no fimagen288 slotsetembro era o início dos sintomas da doença", completa.

A estudante afirma desconhecer a origem do carrapato que a atacou. "Uma das possibilidades é que ele estava no tapete que colocoagen288 slotfrente à porta do meu apartamento, porque sempre passam cachorros por ali. Mas não tenho certeza", declara.

Crédito, Insects Unlocked Project

Legenda da foto, A doençaagen288 slotLyme é causada por uma bactéria transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense)

Os carrapatos que transmitem a Lyme no Hemisfério Norte são encontrados, comumente,agen288 slotanimais silvestres como veados, ursos e roedores. Desta forma, a pessoa contrai a infecção, na maioria dos casos, quando adentra áreasagen288 slotmata.

No Brasil, conforme Yoshinari, os parasitas contaminados com a bactéria já foram identificadosagen288 slotcães, bovinos, cavalos, capivaras, pequenos marsupiais e roedores. "Por aqui, a enfermidade é mais perigosaagen288 slottermosagen288 slotriscoagen288 slotcontaminação, pois tanto animais silvestres como domésticos podem ser reservatórios da bactéria", pontua o especialista.

Para se prevenir da doença, o médico orienta o usoagen288 slotcarrapaticidasagen288 slotanimais domésticos e a utilizaçãoagen288 slotrepelentes antesagen288 slotadentrar áreasagen288 slotmata. Caso o paciente note a picada do carrapato e possíveis problemasagen288 slotsaúde ocasionados por ela, a orientação é que busque atendimento médico imediatamente.

O tratamento

Logo que foi diagnosticada com Lyme, Suzane deu início ao tratamento com antibióticos. Por 28 dias, a jovem foi ao hospital para tomar as medicações - por via oral e intravenosa. Ela diz que parte do tratamento foi custeado pelo planoagen288 slotsaúde. "Gastei cercaagen288 slotR$ 200 a mais, com vitaminas."

Suzane comenta que teve pouca melhoraagen288 slotseu quadroagen288 slotsaúde após o tratamento. "Ainda sinto muitas dores no corpo, não consigo andar normalmente e me sinto exausta", conta a estudante. Ela continua fazendo usoagen288 slotantibiótico oral.

A terapia antibiótica é o tratamento adotado contra a doença no Brasil. Ela está disponível no Sistema Únicoagen288 slotSaúde (SUS). "Mas não há um serviço especializadoagen288 slotatender esses pacientes", ressalta o reumatologista Leandro Prado, que estuda a Lyme no Brasil.

Prado afirma que os tratamentos com antibióticos costumam trazer bons resultados e são raros os casosagen288 slotque os sintomas da doença retornam.

"Esses tratamentos são semelhantes aos recomendados por entidades internacionais, seguindo a literatura médica. O grande problema no Brasil é a desinformação sobre a doença. Por isso, muitos pacientes não são tratados na fase aguda", afirma Prado.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Suzane e o namorado

Por considerar que não conseguirá se curar da doença somente com antibióticos, por tê-la descobertoagen288 slotperíodo considerado tardio, Suzane planeja ir à Alemanha para se tratar. "Pelos relatos que li, é o lugaragen288 slotque há o melhor tratamento. Há outros países que também possuem alternativas, mas muitos dos relatosagen288 slotcura estão na Alemanha, nos quais a Lyme não voltou", afirma.

O tratamento que ela planeja fazer na Alemanha envolve procedimentos alternativos. "Lá existem exames aprofundados para investigar cada casoagen288 slotLyme. Eles usam uma combinaçãoagen288 slotantibióticos e tratamentos alternativos com ozonioterapia [no Brasil pode ser realizado apenasagen288 slotcaráter experimental] e vitaminas. Depois, fortalecem o sistema imunológico do paciente para que o corpo possa eliminar o que restou da bactéria", detalha.

Especialistas brasileiros não recomendam a buscaagen288 slottratamentos alternativos contra a doença, pois alegam que não há comprovação cientifica. "Não são procedimentos terapêuticos adotados por pesquisadores sérios. Gastam uma fortuna e não há certezaagen288 slotmelhoras", diz Yoshinari.

Apesaragen288 slotsaber que especialistas são contra os tratamentos alternativos, Suzane mantém o desejoagen288 slotpassar pelos procedimentos na Alemanha. "Penso que seja a única alternativa que me resta."

Ela avalia que precisaráagen288 slotR$ 140 mil para o tratamento no exterior - valor que inclui estada por quatro semanas e medicamentos por seis meses. Para conseguir o recurso, a jovem abriu uma "vaquinha online". Até o momento, conseguiu apenas R$ 3 mil. Caso não atinja o valor, ela não descarta outras medidas. "Pensoagen288 slotfazer um empréstimo ou algo assim, pois não tenho esse dinheiro."

A vida depois da doença

Hoje, o maior sonhoagen288 slotSuzane é se curar da doença e não sentir mais dores constantes. A jovem define a Lyme como "a sensaçãoagen288 slotviver no limite".

Nos últimos meses, um dos principais companheiros da jovem tem sido o namorado dela, o universitário Lucas Mafra. Ele a acompanhou nas internações e a levou diariamente ao hospital para fazer o tratamento. "Tentei dar o máximoagen288 slotconforto para ela, porque para mim foi terrível ver alguém que amo definhar e parar a vida por não ter forças", lamenta o rapaz, que namora a estudante há dois anos.

Em meio aos dias que considera os mais difíceisagen288 slotsua vida, Suzane mantém os sonhos para o futuro. "Quero voltar a estudar, porque sempre foi algo que gostei muito. Espero que um dia consiga realizar o meu sonhoagen288 slotser médica, para ajudar outras pessoas", diz.

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