O que é Candida auris, o perigoso fungo resistente a medicamentos que se espalha pelo mundo:bet esportes com
O fungo era muito difícilbet esportes comidentificar porque ninguém sabia direito o que estava procurando. "Me chamaram para que os ajudasse a entender como e por que ele estava se espalhando", diz Rhodes.
O fungo não estava se espalhando apenas pelo hospitalbet esportes comLondres, mas pelo mundo.
O que é o Candida auris
O Candida auris é uma espéciebet esportes comfungo que cresce como levedura e foi identificado pela primeira vez há uma década.
"Não sabemos qual abet esportes comorigem, mas ele foi descrito pela primeira vezbet esportes com2009, ao ser isolado após ter sido encontrado no canal auditivobet esportes comum paciente na Coreia do Sul", explica a especialista.
Alguns anos mais tarde, ele apareceu no Japão e começaram a surgir surtos na Índia, na África do Sul, na Venezuela, na Colômbia, nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Espanha.
O nome do micro-organismo é parecido com o fungo Candida albicans, um dos principais causadoresbet esportes comcandidíase, pois ambos são do mesmo gênero (Candida) mas são espécies bem diferentes. A candidíase por C. albicans é uma doença comum que pode afetar a pele, as unhas e órgãos genitais, e é fácilbet esportes comtratar.
Já a infecção pelo Candida auris é resistente a medicamentos e pode ser fatal, explica à BBC Brasil o infecctologista Arnaldo Lopes Colombo, professor da Unifesp e especialistabet esportes comcontaminação com fungos.
Segundo o infectologista, é possível ser colonizadobet esportes comforma passageira pelo C. auris na pele ou na mucosa sem ter problemas. O fungo apresenta risco real se contaminar a corrente sanguínea.
Para a pessoa ser infectada, é preciso que tenha sofrido procedimentos invasivos (como cirurgias, usobet esportes comcatéter venoso central) ou tenha o sistema imunológico comprometido. Pacientes internadosbet esportes comunidadesbet esportes comterapia intensiva por longos períodos e com uso préviobet esportes comantibióticos ou antifúngicos também são considerados grupobet esportes comrisco para a contaminação.
Algumas pesquisas apontam um índicebet esportes commortalidadebet esportes com59% para infecções com C. auris, segundo o médico André Mário Doi, patologista do setorbet esportes commicrobiologia do Hospital Albert Einstein e autorbet esportes comestudos sobre a espécie.
Um fungo resistente
Janiel Nett, professora assistente do Departamentobet esportes comMedicina e Microbiologia Médica e Imunológica da Universidadebet esportes comWinsconsin, nos EUA, disse à BBC Mundo que diferentes variantes do fungo começaram a aparecerbet esportes comquatro continentes ao mesmo tempo.
"Uma aparição assim simultânea não tem precedente", afirma Rhodes, do Imperial College,bet esportes comLondres. "E o que mais nos preocupa é que todas as variantes mostraram uma forte resistência aos remédios."
Colombo explica que isso é resultado do processo evolutivo do fungo. "O Candida auris sofreu um processobet esportes comespecialização. Nasceubet esportes comuma épocabet esportes comque há muito usobet esportes comsubstâncias antimicrobianas, muitos antifúngicos, e nesse ambientebet esportes compressão seletiva a espécie se torna resistente", explica o infectologista da Unifesp.
O processo é bem parecido com obet esportes comsurgimentobet esportes combactérias resistentes a antibióticos. Os antifúngicos matam quase todos os fungos, mas alguns sobrevivem – justamente os que possuem mutações que os tornam resistentes ao veneno. Estes se reproduzem, e as gerações seguintes herdam os genes que tornaram os antepassados resistentes. A espécie vai, assim, se tornando cada vez mais resistente a medicamentos.
Nett explica que maisbet esportes com90% das infecções causadas pelo C. auris são resistentes ao menos a um medicamento, enquanto 30% são resistentes a dois ou mais remédios.
O hospitalbet esportes comLondres onde Rhodes identificou o fungobet esportes com2015 acabou conseguindo erradicá-lo, mas não foi fácil.
Uma das principais "habilidades" adquiridas pelo C. auris é abet esportes compersistir no ambiente inanimado, ou seja, ficar vivo fora do corpo humano. "Ele contamina o ambiente hospitalar e fica vivo por semanas", diz Colombo.
O fungo também consegue sobreviver na boca e na pelebet esportes compessoas que já foram tratadas: a pessoa é curada da infecção na corrente sanguínea, mas o fungo sobrevive superficialmente por dias.
Segundo a Anvisa, o modo exatobet esportes comtransmissão não é conhecido. "Evidências iniciais sugerem que o organismo pode se disseminarbet esportes comambientes médicos por contato com superfícies ou equipamentos contaminados, oubet esportes compessoa para pessoa", afirma a agência.
No entanto, a experiência durante os surtos registrados aponta que o fungo pode "contaminar substancialmente o ambientebet esportes comquartosbet esportes comdoentes colonizados ou infectados."
"A transmissão diretamentebet esportes comartigos e equipamentosbet esportes comassistência ao paciente (tais como estetoscópios, termômetros, esfigmomanômetros, entre outros) é um risco particular, porém isso não impede a transmissão através das mãos dos profissionaisbet esportes comsaúde e as necessidadesbet esportes comhigiene das mãos devem ser rigorosamente respeitadas."
Os Estados Unidos tiveram um totalbet esportes com537 casosbet esportes comCandida auris, a maioriabet esportes comhospitais. Segundo o CDC (Centrobet esportes comControlebet esportes comDoenças dos EUA), quase metade dos pacientes que contraíram o fungo morrerambet esportes comnoventa dias.
Embora o fungo seja um potencial problemabet esportes comsaúde pública, Rhodes diz que as pessoas não devem se preocuparbet esportes comexcesso.
Chegando perto
Em 2017, a Anvisa (Agência Nacionalbet esportes comVigilância Sanitária) emitiu um comunicadobet esportes comrisco relatando surtosbet esportes comC. aurisbet esportes comserviçosbet esportes comsaúde da América Latina, descrevendo o fungo como uma ameaça à saúde global.
Segundo a Anvisa, o primeiro surto na América Latina foi detectadobet esportes comMaracaibo, na Venezuela,bet esportes com2013, afetando 18 pacientes - 13 deles bebês.
O país teve outros casos, alguns que não chegaram a ser oficialmente registrados, segundo Jaime Torres, chefe da seçãobet esportes comdoenças infecciosas do Institutobet esportes comMedicina Tropical da Universidade Central da Venezuela.
"Não creio que vamos ter uma epidemiabet esportes comC. auris na Venezuela, mas cremos que ele pode causar infecçãobet esportes compacientes que já estão doentes", disse Torres à BBC Mundo.
Não existe nenhum caso confirmadobet esportes cominfecção no Brasil até agora. Mas como o fungo é difícilbet esportes comidentificar, isso não quer dizer que ele não tenha entrado no país.
"Com a globalização e o fato da doença sobreviver muito tempobet esportes comsuperfícies inanimadas, o risco da doença chegar ao Brasil é grande", alerta Alberto Colombo.
E a maioria dos laboratórios do país – e do continente – não está preparada para identificá-lo.
"Temos um sistemabet esportes comvigilância muito preparado para detectar surtosbet esportes combactérias e vírus, mas não temos o mesmo sistema para detecçãobet esportes comfungos", afirma Colombo. "O sistemabet esportes comsaúde, tanto público quanto privado, com raras exceções, não têm condiçõesbet esportes comidentificar corretamente o fungo."
Uma pesquisa publicadabet esportes com2017 por Alessandro Pasqualotto, da Santa Casabet esportes comMisericórdiabet esportes comPorto Alegre, analisou 130 laboratóriosbet esportes comcentros médicosbet esportes comreferência na América Latina e descobriu que só 10% deles têm capacidadebet esportes comdetecçãobet esportes comdoenças invasivasbet esportes comfungosbet esportes comacordo com padrões europeus.
Segundo a Anvisa, o surtobet esportes com2016bet esportes comCartagena, na Colômbia, é um exemplobet esportes comcomo o micro-organismo é difícilbet esportes comidentificar. Cinco casosbet esportes cominfecção foram identificados como três fungos diferentes até um método mais modernobet esportes comanálise diagnosticar o patógeno corretamente como C. auris.
"É por isso que a Anvisa recomenda que,bet esportes comcasobet esportes comdúvida, as amostras sejam enviadas para os laboratóriosbet esportes comreferência", diz o patologista André Mário Doi.
Atualmente a maioria dos hospitais e laboratórios aptos a fazer o diagnóstico está na região sudeste, mas a Unifesp fez uma parceria com o Hospital Universitáriobet esportes comRoraima para fazer uma vigilância da possível entrada do fungo no país.
"É preciso discutir a norma técnica da Anvisa para que o sistemabet esportes comsaúde esteja preparado, e criar um sistemabet esportes comvigilância, pelo menos nos hospitais-sentinela – os que são referênciabet esportes comcada região", diz Colombo.
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