Gêmeas siamesas: a difícil decisãoentrar 1xbetum pai entre tentar salvar uma das filhas ou deixar as duas morrerem:entrar 1xbet
Foi uma mudança difícil, que obrigou a família a abandonar uma vida prósperaentrar 1xbetseu país para viverentrar 1xbetabrigos e dependerentrar 1xbetdoaçõesentrar 1xbetcomida.
As meninas agora estão bem, mas elas têm um futuro sombrio à espera.
O coraçãoentrar 1xbetMarieme é frágil, tão frágil que ela pode morrer.
Se ela morrer,entrar 1xbetirmã, Ndeye, mais forte que ela, também morrerá.
Hoje elas crescem juntas, mas o pai precisará tomar uma decisão extremamente difícil.
Ele deverá permitir que os cirurgiões as separem, pondoentrar 1xbetrisco a vidaentrar 1xbetambas, sobretudoentrar 1xbetMarieme?
Ou deixará que elas morram juntas?
O nascimento
Em Dacar, capital do Senegal, Ibrahima tinha uma vida confortável.
Responsável por projetos bem-sucedidos, ele trabalhava organizando férias e eventos na região para turistas franceses e britânicos.
Tinha duas filhas adolescentesentrar 1xbetseu primeiro casamento e,entrar 1xbet2015,entrar 1xbetsegunda mulher engravidou.
"Os exames mostravam uma menina. Só uma", disse Ibrahima.
Mesmo quandoentrar 1xbetmulher entrouentrar 1xbettrabalhoentrar 1xbetparto, três semanas antes, houve a recomendaçãoentrar 1xbetuma cesárea por precaução,entrar 1xbetrazãoentrar 1xbetseu ventre estar muito grande.
Ainda assim, não se esperava nada fora do normal.
"Eu ia acenar para minha mulher por detrás do vidro, dizendo que tudo ia ficar bem", relata.
"Os médicos levaram a bebê rapidamente, dizendo que estava tudo bem."
Eram 2h e, como os demais, Ibrahima estava esgotado, ainda com seu trajeentrar 1xbettrabalho.
Na verdade, ele deveria ter passado na Bélgica para receber um prêmio da Brussels Airlines por organizar um tour beneficenteentrar 1xbetbicicleta.
Aliviado, saiu do hospital para respirar o ar úmido da noite. Recostou-se na parede e agradeceu a Deus por tudo ter corrido bem com o parto.
Enquanto orava, recebeu uma mensagem que dizia que deveria retornar para se encontrar com Lamine Cissé, especialistaentrar 1xbetobstetrícia e ginecologia.
Ibrahima conhecia bem o médico: ele havia participado do partoentrar 1xbetsuas outras filhas.
Mas dessa vez seu semblante estava fechado.
"Ele falar para me sentar e me disse: 'precisamos falar das gêmeas'."
"Gêmeas?"
A cabeçaentrar 1xbetIbrahima começou a dar voltas.
Os exames não haviam detectado gêmeas. Teria havido uma trocaentrar 1xbetbebês?
Meia hora mais tarde, quando Ibrahima começava a aceitar a notícia, passou a receber mais informações.
"Diga-me, o que está errado com as gêmeas?", perguntou calmamente.
"Estão unidas", afirmou Cissé.
Foi nesse momento,entrar 1xbet18entrar 1xbetmaioentrar 1xbet2016, que ele soube que a vida da família mudaria para sempreentrar 1xbetum jeito completamente inesperado.
Fé para continuar a vida
"Não conseguia compreender. Estavaentrar 1xbetsilêncio, tentando entender como não haviam notado isso."
"Estava irritado com as pessoas que haviam feito os exames. Mal conseguia falar, só chorava, chutava as coisas e sentia raivaentrar 1xbetDeus."
Às 5h, o médico levou Ibrahima para conhecer as meninas.
"Esperava que fosse algo simples e que pudessem separá-las facilmente."
Ele se recordaentrar 1xbetter entrado no quarto com um mistoentrar 1xbetnervosismo e curiosidade.
"Elas estavam sendo pesadasentrar 1xbetuma balança, por isso o primeiro que vi foram seus rostos me olhando. Logo depois vi os braços unidos. Eram pequeninas, pesavam 3,8 kg."
"Não conseguia entender como elas eram. Esperava quatro pés, mas tinham dois."
Ele ficou paralisado, e Lamine Cissé deixou seu papelentrar 1xbetmédico um poucoentrar 1xbetlado e passou a ser seu conselheiro.
Ao ver o desesperoentrar 1xbetIbrahima, o obstetra lhe lembrouentrar 1xbetsua fé como muçulmano sufi.
"O sufismo é uma corrente do Islã que coloca bastante ênfaseentrar 1xbetser uma boa pessoa com mente aberta", explica Ibrahima.
E foi essa fé que o preparou para atravessar esse momento, disse Cissé. As más experiências estão aí para aprendermos com elas.
Ainda assim, Ibrahima não conseguia pararentrar 1xbetchorar.
Então, Cissé lhe disse: "Se continuar se comportando assim, como será a vida das meninas? O que acontecerá com elas se você é frágil?"
Ele aconselhou Ibrahima a tomar um banho, lavar o rosto, secar as lágrimas e retornar.
O médico tinha mais uma coisa a dizer: "Este é o desafioentrar 1xbetsua vida, e tementrar 1xbetestar pronto para ele".
O desafio
Assim, Ibrahima começou uma nova vida.
Inundado por um amor imenso pelas filhas,entrar 1xbetmissão era protegê-las. Marieme estava doente: desidratada e com problemas para respirar.
Tinhaentrar 1xbetbuscar alternativas rapidamente. A equipe médica estava confusa e insegura. O riscoentrar 1xbetmorte era muito alto.
Ibrahima voltou correndo paraentrar 1xbetcasa, buscou algumas roupas e se preparou para levar suas filhas a um hospital infantil local.
Lá, elas foram conectadas a diversas máquinas e a um respirador.
Além das dificuldades médicas, Ibrahima deveria enfrentar um novo problema: o Senegal é um país bastante supersticioso, e a notícia do estranho nascimento já havia corrido.
"As meninas estavaentrar 1xbetum lugar onde qualquer um poderia vê-las. Escutei até uma estranha falando que tinha tirado uma foto", relata o pai.
Furioso, ele exigiu ver a foto, arrancou o telefone das mãos da pessoa e o levou aos diretores do hospital.
"Foi como se eu tivesse sido golpeado na cabeça. Me dei conta do quanto elas necessitavamentrar 1xbetminha proteção. Nada me tranquilizava e eu quebrei o telefone, algo que não deveria ter feito, mas eu estava furioso."
Ele tinha razãoentrar 1xbetestar preocupado.
No Senegal, é problemática a forma como as comunidades veem pessoas com deficiência.
"Há muita ignorância. Alguns veem como um castigoentrar 1xbetDeus ou como produtoentrar 1xbetbruxaria. É uma visão generalizada, e é um tabu falar disso. Há inclusive sacrifícios", afirma Ibrahima.
"As pessoas não enxergam Marieme e Ndeye como gêmeas siamesas. Mas como um bebê com duas cabeças, o que faz com que suas vidas corram perigo."
Controle e proteção
Depois da reclamação, o hospital levou as gêmeas para um quarto seguro e distante da exposição pública.
Lá, as crianças começaram a crescer e ficou mais evidente como estavam se formando seus corpos.
Cada uma tinha um cérebro saudável, com coração e pulmões próprios.
Mas compartilhavam uma bexiga e um fígado. Cada uma tinha um estômago, mas estavam unidos. No total, tinham três rins.
Ambas podem controlar o braço unido, ainda que Ndeye, a menina mais forte, o usasse mais.
Logo Ibrahima se deu contaentrar 1xbetque não havia um plano para ajudá-las.
"Ninguém estava buscando especialistas. Só esperavam que elas morressem."
Decidiu, então, tomar as rédeas da situação. Em três semanas, voltaram para casa, onde a mãe delas se recuperava da cesárea.
Ela disse a amigos e vizinhos que a criança ainda estava no hospital.
Ibrahima voltou a trabalhar, mas não conseguia pararentrar 1xbetpensar no assunto. "Eu pesquisava sobre o temaentrar 1xbettodo meu tempo livre."
"Eu tinha um desafio - por respeito a elas não quero chamarentrar 1xbetproblema - e precisavaentrar 1xbetajuda."
Apoio às crianças e à família
Sendo uma pessoa organizada e capazentrar 1xbetfalar diversas línguas, Ibrahima começou a contatar hospitais um por um a fimentrar 1xbetdescobrir se era possível separar as filhas.
Conversou com instituiçõesentrar 1xbetpaíses como Bélgica, Alemanha, Zimbábue, Noruega, Suécia e Estados Unidos. A resposta sempre foi que não poderiam ajudar.
A última opção foi a França, apostando nos fortes vínculos do país com o Senegal.
A resposta foi dolorosa: ele não deveria buscar ajuda porque as meninas morreriam e não havia uma solução médica.
"Não posso explicar o quanto esse email me deixou triste", diz Ibrahima. "Esses médicos não tinham a curiosidade intelectual para se envolver porque era um caso muito complicado."
"Mas é nesses desafios que está a beleza da vida, onde podemos aprender e crescer. Você não imagina o quão mal esses médicos me deixaram. Eles destruíram qualquer possibilidadeentrar 1xbetesperança."
Inspiração
Não obstante, Marieme e Ndeye continuavam desafiando as expectativas.
Dia a dia se mostravam mais fortes, começavam a sorrir, balbuciar e desenvolver a motricidade com as mãos.
Desesperado, Ibrahima retomouentrar 1xbetpesquisa. Num certo dia, quando as filhas tinham poucos meses, encontrou inspiraçãoentrar 1xbetvídeo na internet sobre Abby e Brittany Hensel, duas irmãs siamesasentrar 1xbetMinnesota, nos EUA.
Unidasentrar 1xbetforma similar, elas têm agora maisentrar 1xbet20 anos, trabalham como professoras, dirigem e praticam esportes.
Foi uma descoberta incrível, provaentrar 1xbetque as siamesas não podem apenas sobreviver como também progredir.
Ibrahima assistiu ao vídeo diversas vezes, processando as implicações potenciais para suas filhas.
"Se algo me inspirou, foi esse documentário. Vi a determinação da família, como haviam protegido suas filhas e como lutaram por elas. Eu me disse: 'vou fazer isso por minhas filhas'."
Londres
Sua determinação o levou a um lugar: o hospital Great Ormond Street,entrar 1xbetLondres, que tem vasta experiência com siameses.
Ibrahima enviou as informações sobre suas filhas para o médico Paolo De Coppi.
"Ele leu e respondeu brevemente: 'Venha'."
Mas fazer a viagem não era algo simples. "Todos meus recursos financeiros haviam sido gastos com remédios, tratamento e consultas para as meninas. Tinha um planoentrar 1xbetsaúde do trabalho, mas não cobria essa situação", diz.
A ajuda chegou das mãos da primeira-dama do Senegal, Marieme Faye Sall, que havia ouvido falar da história das meninas por meioentrar 1xbetsua fundação beneficente Servir ao Senegal.
"Ela me contatou quase imediatamente oferecendo qualquer ajuda necessária. Eu estava tão agradecido que quando fomos dar nomes às meninas semanas depois, uma se chamaria Marieme."
Em janeiroentrar 1xbet2017, a família chegou ao Reino Unido e se encontrou com o cirurgião pediátrico De Coppi.
"Você não pode imaginar a esperança e o alívio que ele me deu no primeiro diaentrar 1xbetque conheceu minhas filhas."
Sem dinheiro nem casa, só com as crianças
Assim que começaram os procedimentos médicos, com scanner 3D e ultrassom, para avaliar se era possível separar as meninas, surgiram outros obstáculos para Ibrahima.
O dinheiro que a primeira-dama do Senegal dera para passagens e hotel acabou, e a família não tinha onde viverentrar 1xbetLondres.
Ibrahima teveentrar 1xbetdesistirentrar 1xbetseu trabalhoentrar 1xbetseu país, e assim a família perdeuentrar 1xbetfonteentrar 1xbetrenda.
Com o objetivoentrar 1xbetassegurar o bem-estarentrar 1xbetsuas filhas, decidiu pedir asilo no Reino Unido.
Foi uma decisão difícil: no Senegal, os filhos que teve no primeiro casamento dependiam economicamente dele.
Mas a mãe das gêmeas - a segunda mulherentrar 1xbetIbrahima - decidiu voltar ao Senegal para cuidarentrar 1xbetseu outro filho, deixando Ibrahima sozinho com as meninas.
Ele e as gêmeas se mudaram para um albergue ligado ao Ministério do Interior do Reino Unido no sulentrar 1xbetLondres.
"Não tinha trabalho, nem dinheiro, e tanto minhas filhas quanto meus filhos no Senegal não tinham lugar para viver. Ao me mudar para o Reino Unido, perdi minha carreira, minha casa, minha vida, meus amigos", lembra.
"Mas fiz isso por vontade própria, para dar uma vida a elas."
O futuro
Na primaveraentrar 1xbet2017, Ibrahima recebeu notícias do médico.
O coraçãoentrar 1xbetMarieme era muito frágil para resistir a uma cirurgia. Se tentassem separá-las, ela provavelmente morreria.
"Assim que eu soube disso, não quis prosseguir. Como eu poderia fazer essa escolha? Mas me lembroentrar 1xbetsentir tristeza por elas. Não por mim. Estava triste pelo futuro delas."
"O médico me disse que apoiaria no cuidado delas."
Cercaentrar 1xbetum ano depois,entrar 1xbetmarçoentrar 1xbet2018, Ibrahima e suas meninas se transferiram para Cardiff, no Paísentrar 1xbetGales (os solicitantesentrar 1xbetasilo podem ser trasladados para qualquer parte do Reino Unido).
Depoisentrar 1xbetreceberem permissão para ficar no país, agora eles vivem juntosentrar 1xbetum pequeno apartamento no centro da cidade.
Transitamentrar 1xbetônibus, tentando não chamar muita atenção.
Às vezes, quando alguns se dão contaentrar 1xbetcomo são as meninas, os seguem pela rua e começam a rezar, o que irrita Ibrahima.
Sua vidaentrar 1xbetCardiff é simples e alegre, ainda que um pouco solitária.
As meninas estão começando a falar e brincar com outras crianças.
Ainda não conseguem andar, mas talvez consigam fazer isso mais adiante.
Como a maioria das criançasentrar 1xbetdois anos, as duas gostamentrar 1xbetcantar, rir e ver TV.
Mas os médicos sabem que, a cada mês que passa, o coraçãoentrar 1xbetMarieme se torna mais frágil.
O dilema
Hoje, Ndeye é quem principalmente mantém a irmã viva.
Marieme recebe oxigênio do coraçãoentrar 1xbetNdeye e nutrientes atravésentrar 1xbetseus estômagos unidos.
Mas essa situação está sobrecarregando o coração e o corpoentrar 1xbetNdeye.
No ano passado, os médicos afirmaram a Ibrahima que se Marieme morrerentrar 1xbetrepente, será muito tarde para salvar Ndeye.
O dilema éticoentrar 1xbettorno deste caso está mudando e incita a pergunta: deveria tentar-se a separação para salvar Ndeye?
Mas isso é algo que Ibrahima não consegue imaginar.
Para ele, é uma espécieentrar 1xbetburaco negroentrar 1xbetque cada cenário possível põeentrar 1xbetrisco a vidaentrar 1xbetsuas filhas.
Seu consolo vementrar 1xbetcozinhar um guizado tradicional, cantar com uma pequena comunidade senegalesa que conheceuentrar 1xbetBristol eentrar 1xbetsua rotina diária: cuidar e passar o tempo com suas filhas.
Enquanto prepara o jantar, afirma: "Para ser honesto, a vida aqui é muito humilhante e instrutiva por não ter trabalho ou salário. Mas tratoentrar 1xbetaproveitar as circunstâncias para aprender a ser uma pessoa melhor. Preciso atravessar esse tempo difícil com dignidade. E saber,entrar 1xbetmeu coração, que fiz tudo possível para dar-lhes segurança e saúde. Quando me olho no espelho, preciso estarentrar 1xbetpaz. Mas não tenho controle algum da vida."
Ele afirma ter descoberto por meio das gêmeas o que é a vida. "Minhas filhas são guerreiras e o mundo precisa saber disso."
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