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'Meu filho matou a irmã a sangue frio aos 13 anos': como é ser mãeroleta de escolha onlineum sociopata:roleta de escolha online
O interesse, no entanto, não é só acadêmico. Aos 13 anos, o filhoroleta de escolha onlineCharity, Paris, esfaqueou Ella, a irmãzinharoleta de escolha online4 anos, até a morte. O menino foi preso e cumpre pena desde 2007, mas pode ficar na cadeia até os 50 anosroleta de escolha onlineidade.
A mais recente tragédia na vidaroleta de escolha onlineCharity a obrigou a lidar com perguntas dolorosas: como a mãe pode entender que seu filho é um sociopata? É possível sentir amor incondicionalroleta de escolha onlineuma situação tão terrível?
O início dessa história
Quando ainda estava na faculdade, Charity descobriu que, para ela, viver sem usar drogas não era fácil.
"Eu era infeliz. Todo mundo ficava me dizendo 'Se você ficar sóbria,roleta de escolha onlinevida vai melhorar muito'. Mas não melhoravaroleta de escolha onlinejeito nenhum! Porque toda a dor que eu estava encobrindo com as drogas vinha à tona."
Depoisroleta de escolha onlineficar "careta" e infeliz por quase um ano, Charity se deu três meses para tomar uma decisão.
"Eu sei que é um pensamento adolescente, mas decidi que, se não conseguisse encontrar a felicidade até lá, acabou. Chegaroleta de escolha onlineviver essa vida."
Foi então que Charity descobriu que estava grávida, "e isso mudou tudo".
"Acho que nunca amei alguém tão intensamente quanto aquela criança crescendoroleta de escolha onlinemim."
Paris nasceuroleta de escolha online10roleta de escolha onlineoutubroroleta de escolha online1993, 16 dias antesroleta de escolha onlineCharity completar 20 anos.
Charity batizou o bebê com o nome do príncipe grego Páris, da Ilíada,roleta de escolha onlineHomero.
Nem tudo melhorou da noite para o dia, mas ser mãe a motivou a levar uma vida melhor.
Nove anos mais, ela engravidou novamente. Desta vez, teve uma menina, Ella.
Ella era um bebê que não dava muito trabalho. "A maior diferença entre eles era que Paris era mais introvertido e tímido, enquanto Ella era uma pimentinha, muito levada! Era extrovertida, teimosa e determinada", conta Charity.
As duas crianças se davam bem. "Paris parecia realmente amar muito Ella. E Ella adorava Paris."
'Sem motivo para preocupação'
"Paris era um bom menino, muito calmo na maior parte do tempo. Tinha horas que dava trabalho, como toda criança, mas não posso dizer que fosse algo que me causasse grande preocupação."
"Quer dizer, olhando para trás, algumas coisas que ele fez poderiam ter sido sinaisroleta de escolha onlinealerta, mas na hora que acontecem você pensa: 'Tudo bem, é coisaroleta de escolha onlinecriança'."
A vida da família não era nenhum marroleta de escolha onlinerosas.
Charity conseguiu ficar longe das drogas por muitos anos, mas não escapou totalmente do vício.
Durante seis meses, quando o menino tinha 12 anos e a filha, 3, ela teve uma recaída com cocaína.
"Foi um período muito difícil mesmo. Eu não deixavaroleta de escolha onlinecuidar das crianças, mas obviamente estava com problemas e vivia alterada. Paris assumiu a responsabilidade e passou a cuidar maisroleta de escolha onlineElla."
Charity diz que ainda desempenhava seu papelroleta de escolha onlinemãe, mas que foi difícil para o filho perceber que os pais são "falíveis, humanos e cometem erros". "Acho que foi muito doloroso para Paris."
Tempos difíceis
As crianças pareciam se dar bem, mas um incidente na fazenda da mãeroleta de escolha onlineCharity mostrou um lado diferenteroleta de escolha onlineParis.
Os dois brincavam do ladoroleta de escolha onlinefora com uma parente quando tiveram uma briga boba, que acabou se agravando.
Enquanto Charity acalmava as garotas, Paris pegou uma faca na cozinha e fugiu.
Quando ela o encontrou, ele estava agitado, irritado, soluçando e fazendo ameaças.
"A reação dele foi completamente desproporcional... ele disse que ia se ferir com a faca se eu me aproximasse."
Ele ficou no hospital por maisroleta de escolha onlineuma semana, mas nenhum médico descobriu se havia algoroleta de escolha onlineerrado com ele.
"Muita gente pode dizer: 'Isso foi um indícioroleta de escolha onlineque ele estava fadado a ser violento', mas eu não achava isso na época. Eu sabia que Paris tinha ficado abalado com a minha recaída e com o que eu tinha feito com a nossa família."
Em 2005, Charity estava sóbriaroleta de escolha onlinenovo, e a vida havia voltado ao normal.
Ela voltou a estudar e estava trabalhando meio expediente como garçonete. Por isso, passava menos temporoleta de escolha onlinecasa.
Mas, dois anos depois, no fimroleta de escolha onlinesemanaroleta de escolha online4roleta de escolha onlinefevereiroroleta de escolha online2007, tudo mudou.
"Pouco depois da meia-noite, quando estávamos fechando o restaurante, chegou a polícia e me disse: 'Charity, precisamos conversar com você. Sua filha foi ferida'."
Os policiais disseram que ela estavaroleta de escolha onlinecasa, mas Charity não entendia por que não a tinham levado ao hospital se estava ferida.
Então, um deles disse: "Ella está morta".
"Aquela frase mudou a minha vida", lembra Charity.
Ela desmaiou. Quando acordou, perguntou: "Onde está Paris? Ele está bem?"
"Sim, ele está bem. Está conosco."
"O que você quer dizer com 'ele está com vocês?'"
E foi quando contaram a ela — Paris havia matado a irmã.
"E aí, nada mais fez sentido."
Paris tinha convencido a babá a ir para casa antes que a mãe voltasse.
Ele entrou no quartoroleta de escolha onlineElla, bateu nela, a sufocou e a apunhalou 17 vezes com uma facaroleta de escolha onlinecozinha.
Paris então ligou para um amigo e conversou com ele durante seis minutos antesroleta de escolha onlinetelefonar para o 911, o númeroroleta de escolha onlineemergência local.
Eles lhe disseram como prestar primeiros socorros, e ele disse que estava tentando.
Mas a investigação revelou que ele não tentou ressuscitar Ella.
No final daquela noite, Charity se sentiu destruída.
"Quando ouvi que Ella estava morta, me partiroleta de escolha onlineum bilhãoroleta de escolha onlinepedaços", diz Charity.
"E quando descobri que tinha sido o Paris, foi como se alguém tivesse pegado esses pedaços e quebrado tudoroleta de escolha onlinenovo."
"Eu não achava que conseguiria me reerguer, sabe? Eu só queria morrer... Mas não podia. Ainda tinha o Paris."
No dia seguinte, Charity foi ver Paris. "Eu estava acabada. Não conseguia me acalmar, mas quando finalmente me deixaram entrar naquela sala, a primeira coisa que senti foi: 'Estou tão felizroleta de escolha onlinever meu filho'".
"Simplesmente abracei ele, com toda minha força. Eu chorava e o apertava. Precisava sentir que ele estava realmente lá, que estava bem...mas aí comecei a perceber que ele não estava me abraçandoroleta de escolha onlinevolta ".
"Ele não demonstrava sentimento."
Charity diz que o rapaz parecia estar apenas com o corpo presente. "Eu não vi nada lá. Na cara dele, nos olhos... nada!"
"Nós nos sentamos, ele me olhou e disse: 'O que você vai fazer agora?'"
"O que você quer dizer?", perguntou Charity.
"Você sempre dizia que se alguém machucasse seus filhos você seria capazroleta de escolha onlinematar essa pessoa — então o que você vai fazer agora?", perguntou.
"Ele não estava me perguntando com medo. Era mais como um desafio."
"Foi a primeira vez que vi que tinha alguma coisa diferente no Paris. Eu sabia que ele estava com raiva, mas aquilo não era só raiva. Aquilo era sinistro."
Amor incondicional
Paris dissera à polícia que estava dormindo e que, ao acordar, viu que Ella tinha se transformadoroleta de escolha onlineum demônioroleta de escolha onlinechamas.
Ele então pegou a faca para tentar matar o "demônio".
Charity estava convencidaroleta de escolha onlineque o filho estava doente, e quis mostrar seu amor incondicional ao filho.
"Eu olhei para ele e disse: 'Prometo a você agora a mesma coisa que prometi no diaroleta de escolha onlineque você nasceu. Eu realmente não sei como serroleta de escolha onlinemãe, mas vou ser mãe da melhor forma que puder e vou te amar não importa o que aconteça'."
Se Paris tivesse 18 anos na época do crime, ele estaria sujeito à penaroleta de escolha onlinemorte.
O comportamento dele se transformou depois que foi preso. Ele se tornou mais violento.
Nesse meio tempo, vieram à tona os chocantes detalhesroleta de escolha onlinecomo matararoleta de escolha onlineirmã - e também seu perturbador históricoroleta de escolha onlinebuscas na internet.
Em 2007, nove meses após a morteroleta de escolha onlineElla, Paris recebeu uma sentençaroleta de escolha online40 anosroleta de escolha onlineprisão por assassinato. A essa altura, Charity já havia aceitado que aquilo não havia sido um acidente ou resultadoroleta de escolha onlineuma psicose temporária — o jovem realmente quis matar a irmã.
Os pensamentosroleta de escolha onlineCharity foramroleta de escolha online"meu Deus, quem é essa criança?" até perceber "quem ele realmente era, que ele era 100% capazroleta de escolha onlinefazer o que fez. Eu acho que chorei sem parar durante meses".
Ela perdeu 15 kgroleta de escolha online13 dias, desenvolveu gagueira... Ficou arrasada.
Charity se lembraroleta de escolha onlineimplorar ao filhoroleta de escolha onlineuma visita: "Paris, me ajude a entender. Estou tentando tanto entender, para poder te ajudar".
"Mas ele simplesmente me olhou e começou a rir. Foi uma risada realmente maldosa. E depois ele disse: 'Sabe mãe, todo mundo sabe, você foi muito estúpida. Todos esses anos, todos me achando inteligente, bonito e artístico... Todo mundo errado'. "
"Ele não era mais Paris", diz a mãe.
Por que Charity ainda visita o filho
Muitos amigos disseram a Charity que não conseguiam entender por que ou como ela ainda visitava Paris. "Mas eu nunca, nunca, deixeiroleta de escolha onlineamar meu filho", diz ela.
Mesmo quando passou a sentir medo dele, quando descobriu que Paris também tinha planejado matá-la.
"Parte da razãoroleta de escolha onlineele ter me deixado viver é que, depois que matou Ella, percebeu que eu sofreria mais se ficasse viva."
"Se ele me matasse, eu sofreria por 15 ou 20 minutos. Mas depois tudo estaria acabado, eu ainda estaria com Ella e ele, sozinho."
Foi o próprio Paris que contou tudo isso a ela quando completou 15 anos.
Sendo julgada
Além do medo que passou a sentir do filho, Charity também teve que enfrentar os julgamentos da sociedade: "Quando uma criança faz algo horrível, a mãe é sempre culpada".
Ela ouviu repreensões, insultos e ameaçasroleta de escolha onlinealguns amigos e atéroleta de escolha onlineconhecidos.
Um dia, foi abordada no supermercado por uma pessoa que lhe disse: "Você é a mulher que criou aquele menino que assassinou a irmã".
Mas ela se sente culpada? "Sim e não. Sei que minha recaída (do consumoroleta de escolha onlinedrogas) contribuiu para deixar Paris com raiva. Mas também acredito firmemente que grande parte do que está por trás dessa personalidade é genética."
A mãe tampouco perdoa o filho: "Ainda acredito que ele poderia ter feito outra escolha. Todos temos o poderroleta de escolha onlinedecidir. Teria sido outra coisa se Paris sofresseroleta de escolha onlineesquizofrenia ouroleta de escolha onlineum terrível transtorno e tivesse sido verdadeiramente incapazroleta de escolha onlinetomar outra decisão".
"Mas ele não tem esse tiporoleta de escolha onlinetranstorno: ele é muito frio, muito calculista, muito inteligente... (Matar a irmã) não foi uma decisão por impulso. Ele me disse que escolheu conscientemente Ella porque sabia que isso causaria um dano maior."
"O garoto é um sociopata, sem dúvida."
Sociopata é o termo usado para designar pessoas com uma forma extremaroleta de escolha onlinetranstornoroleta de escolha onlinepersonalidade antissocial.
Não se sabe ao certo por que algumas pessoas desenvolvem o transtorno, mas acredita-se que tanto a genética quanto experiências traumáticas da infância contribuam.
Para Charity, foram necessários três anos até ela conseguir aceitar este diagnóstico, feito repetidas vezes.
"Os elementos mais marcantes (que vejo) são o desprezo pelas normas e regras sociais e uma completa faltaroleta de escolha onlineremorso — eles não são fisiologicamente capazesroleta de escolha onlinesentir os instintos ou reações que a maioriaroleta de escolha onlinenós tem. Todas as suas emoções são extremamente superficiais", descreve ela.
"Isso, junto com narcisismo, torna a pessoa extremamente desagradável a maior parte do tempo."
"Ele diz: 'Sei queroleta de escolha onlinealgum lugar dentroroleta de escolha onlinemim deve existir uma gaveta que eu possa abrir; e toda a culpa, remorso e angústia sobre o que fiz com Ella vai estar lá. Mas quando eu abro a gaveta, não tem nada lá dentro. Apenas esqueci'. Ele simplesmente não sente remorso."
Mas como é ser mãeroleta de escolha onlineum sociopata?
"Quando você aceita isso, ganha uma sensaçãoroleta de escolha onlineserenidade. Não estou totalmenteroleta de escolha onlinepaz com o fatoroleta de escolha onlinemeu filho ser um sociopata, mas pareiroleta de escolha onlinelutar contra essa ideia."
"Em vezroleta de escolha onlinefazer isso, me concentro mais na ideiaroleta de escolha onlineque sei quem sou. Sei que não criei meu filho desse jeito, mas não vou dar as costas a ele por ele ser do jeito que é."
Para ajudar os outros a entenderem, Charity usa a mesma analogia que a ajudou a lidar com a condição do filho. "Paris é um predador, como um tubarão", diz ela.
"Se sou um surfista numa prancha e um tubarão morde minha perna, vou me machucar e minha vida nunca mais será a mesma. Mas não vou passar o resto da minha vida odiando o tubarão por ser um tubarão."
Renascendo das cinzas
Esse pensamento também ajudou Charity a seguirroleta de escolha onlinefrente. "Tudo o que eu posso fazer agora é lidar com o tubarão com muito cuidado e ensinar outras pessoas sobre eles."
Charity criou uma fundação chamada ELLA, onde as letras do nome da filha também significam,roleta de escolha onlineinglês, Empatia, Amor, Lições e Ação.
A ELLA Foundation (charity@ellafound.org) tem como objetivo ajudar vítimasroleta de escolha onlinecrimes violentos, bem como aqueles afetados por doenças mentais ou pelo sistema criminal.
Em um vídeo publicado no site da Fundação,roleta de escolha onlineque contaroleta de escolha onlinehistória, Charity comenta que Paris e Ella foram frutosroleta de escolha onlinediferentes relacionamentos e tiveram pais ausentes - e com transtornos.
Dois anos após o nascimentoroleta de escolha onlineParis, ela descobriu que o pai dele tinha esquizofrenia do tipo paranoica, caracterizada, por exemplo, pela presençaroleta de escolha onlineideias frequentesroleta de escolha onlineperseguição,roleta de escolha onlinegeral acompanhadasroleta de escolha onlinealucinações.
"Ele sempre pagou pensão alimentícia, mas ele não era problema nosso, esse é o meu ponto. Ele não estava lá (conosco), mas nem sempre é melhor que eles (os pais) estejam lá", diz ela.
Ela teve outro relacionamento depois e se casou quando Paris estava com sete anosroleta de escolha onlineidade. Só depois do casamento descobriu que o marido era alcóolatra. Era o pairoleta de escolha onlineElla. "Ele não melhorou. Então me separei e me divorciei quando minha filha nasceu".
Phoenix
Em 2013, seis anos após o assassinatoroleta de escolha onlineElla, Charity teve outro filho.
Um menino que chamouroleta de escolha onlinePhoenix, porque "a fênix renasce das cinzasroleta de escolha onlinesua própria destruição. Achei que seria perfeito".
Em outro depoimento publicado no site Good Housekeeping ela conta que conheceu o pai dele após a morte da filha, mas que "ele já não é parte da nossa vida". "Agora somos só Phoenix e eu".
'Amo a vidaroleta de escolha onlinenovo'
"O que aconteceu com Paris, Ella e eu, não é tudo o que eu sou. Agora eu tenho uma vida com Phoenix, e eu amo a vidaroleta de escolha onlinenovo."
Paris ainda está na prisão no Texas e poderá,roleta de escolha onlinetese, pleitear liberdade condicionalroleta de escolha online2027. Mas se cumprir pena até o fim, só será libertadoroleta de escolha online2047, aos 53 anos.
Charity continua visitando e conversando com ele ao telefone, mas não gostaroleta de escolha onlinepensar sem uma possível libertação do filho.
"Eu não gosto da ideia, principalmente por causa do medo. Ele não vai mudar. Ele não mudou muito desde os 13 anosroleta de escolha onlineidade."
Ela também se preocupa com a segurançaroleta de escolha onlinePhoenix.
"Espero que Paris tenha que cumprir o máximo possívelroleta de escolha onlinesua sentença, porque quero garantir que Phoenix tenha o máximoroleta de escolha onlinetempo possível — e a capacidaderoleta de escolha onlinecrescer o mais forte possível — considerando a possibilidade, mesmo que remota,roleta de escolha onlineParis pensarroleta de escolha onlinefazer algo assim com a gente novamente".
*Charity Lee foi entrevistada por Emily Webb para o programaroleta de escolha onlinerádio Outlook, da BBC World Service.
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