Como os passarinhos estão se tornando seres urbanos:alagoano x guarani palpite
No total, foram catalogadas 66 espécies diferentesalagoano x guarani palpiteaves. E, conforme apontam os resultados, as 40 que se adaptaram aos meios urbanos aumentaram a população - enquanto as outras 26 viram seu tamanho diminuir.
De acordo com o ornitólogo Michael Ward, professor do Departamentoalagoano x guarani palpiteRecursos Naturais e Ciências Ambientais da Universidadealagoano x guarani palpiteIllinois Urbana-Champaign, isso aconteceu porque, ao longo do século 20, "os habitats urbanos tornaram-se mais favoráveis aos pássaros, à medida que a agricultura se desenvolveu e o gestoalagoano x guarani palpitedar comida às aves se tornou mais popular".
As pequenas e diversificadas plantações, antes um prato cheio para passarinhos, se transformaramalagoano x guarani palpitevastas monoculturasalagoano x guarani palpitemilho e soja com manejo industrial, ou seja, uso intensivoalagoano x guarani palpiteherbicidas e pesticidas. Um tempero nada agradável, praticamente um recadoalagoano x guarani palpiteque aquilo não era para o seu bico.
"É necessário entender como é que as espécies usam e respondem a mudanças não apenasalagoano x guarani palpiteseu habitat primário, mas tambémalagoano x guarani palpitehabitats só utilizados ocasionalmente", comenta o ornitólogo. "O que entendemos é que aquelas espécies que podem tirar proveitoalagoano x guarani palpitehabitats alternativos, estas conseguem expandir suas populações."
O professor diz que o passo seguinte do trabalho agora é compreender justamente quais espécies são capazes dessa adaptação. E quais não são. "Isto nos permitirá prever melhor quais precisamalagoano x guarani palpiteesforçosalagoano x guarani palpiteconservação. Habitats urbanos são osalagoano x guarani palpiteque muitas espécies têm conseguido procriar mais. A populaçãoalagoano x guarani palpitegeral, ao fornecer alimentação e um certo abrigoalagoano x guarani palpiteseus quintais, tem a oportunidadealagoano x guarani palpiteajudar uma variedade enormealagoano x guarani palpiteespécies."
Novos olhares
A comunidade acadêmica entende que esse estudo abre um novo lequealagoano x guarani palpitepossibilidades para a compreensão das populações animais. Isto porque ele quebra um paradigma: oalagoano x guarani palpiteque necessariamente a transformaçãoalagoano x guarani palpiteum habitat interfere no tamanhoalagoano x guarani palpitesuas populações. Pode haver uma adaptação - e a consequente trocaalagoano x guarani palpiteum habitat por outro.
"Ao tentar explicar as mudanças no tamanho e na distribuição da população, os biólogos geralmente olham primeiro para as mudanças nos habitats que estão mais intimamente associados com uma espécie. Este estudo, poralagoano x guarani palpitevez, mostra que esses habitats primários, como denominados pelos autores, não necessariamente representam mudanças na população", comenta a bióloga, zoóloga e ecologista Amanda Rodewald, do Cornell Lab of Ornithology, da Universidadealagoano x guarani palpiteCornell, nos Estados Unidos.
"Anteriormente", prossegue a pesquisadora, "a extensãoalagoano x guarani palpiteque uma espécie usa habitats novos ou alternativos, como áreas urbanas, poderia explicar melhor os padrões. Uma implicação importante para a conservação é que rastrear espécies dentroalagoano x guarani palpitehabitats alternativos pode ajudar os biólogos a entender, antecipar e potencialmente mitigar mudanças populacionais".
O canto do sabiá
No Brasil, um notório casoalagoano x guarani palpiteave silvestre que se adaptou muito bem ao meio urbano é o sabiá-laranjeira. Não à toa, aliás, o pássaro é a ave símbolo do Brasil - oficialmente reconhecido assim desde 2002.
Na capital paulista, o sabiá está entre as mais carismáticas das 285 espécies que vivem na cidade - ao ladoalagoano x guarani palpitebem-te-vis, maritacas, quero-queros, juritis, sanhaços e pica-paus. É uma ave que prefere os parques, mas mesmo assim pode ser flagrada, vez por outra, descansando nos fios elétricos, ao ladoalagoano x guarani palpitepardais e pombas.
Em 1966, o ornitólogo Johan Dalgas Frisch, hoje com 88 anos e presidente da Associaçãoalagoano x guarani palpitePreservação da Vida Selvagem, encabeçou uma campanha pela preservação dos sabiás pedindo para que as pessoas plantassem árvores frutíferasalagoano x guarani palpiteseus quintais. "Porque os passarinhos precisamalagoano x guarani palpiterestaurantes", argumentava ele.
A campanha deu certo. As aves voltaram a se espalhar pelas cidades.
O que ninguém contava é que essa adaptação ao meio urbano ainda faria da ave um bicho com sintomas similares ao do homem contemporâneo que vive nas grandes cidades: um ser estressado com o trânsito, fazendo hora extra e namorando pouco.
A partiralagoano x guarani palpiteuma queixa comum da população das grandes cidades, aalagoano x guarani palpiteque os sabiás estavam cantando durante a madrugada e atrapalhando, assim, o sono dos justos e dos injustos, o Instituto Passarinhar resolveu promover uma pesquisa. E comprovar se isso realmente está acontecendo.
Desde 2013, os pesquisadores colocaram no ar um site colaborativoalagoano x guarani palpiteque as pessoas podem informar o horárioalagoano x guarani palpiteque ouviram o cantoalagoano x guarani palpiteum sabiá, e a localidade. O balanço mais recente, divulgado há pouco maisalagoano x guarani palpiteum ano e com dados consolidadosalagoano x guarani palpite10 mil registros, mostra que o sabiá paulistano sofrealagoano x guarani palpiteinsônia: começa a cantar cinco horas antes do que seus primos do interior - e essa orquestra só para quatro horas mais tarde do que o fim do expediente. O site estáalagoano x guarani palpitewww.horadosabia.com.
Segundo os biólogos responsáveis pelo estudo, nada mais antinatural. Porque na vida rural, digamos assim, o pássaro começa a cantar com o nascer do sol. E interrompe a cantoria ao fim do dia.
Na capital paulista, entretanto, o picoalagoano x guarani palpiteatividade do sabiá é às 3h da madrugada. Para desespero dos humanos.
A explicação estaria na adaptação. Mas a um problema ao qual muitas pessoas jamais se adaptam: ao trânsito infernal. Na realidade, o barulho causado pelos carros tem feito o sabiá procurar horários alternativos.
O ruído causado pelos carros nas ruasalagoano x guarani palpiteSão Paulo, atualmente, oscila entre 70 e 100 decibéis. Um sabiá-laranjeira consegue cantar, no máximo, a até 70 decibéis. O pássaro canta para conseguir conquistar a fêmea e, assim, acasalar, mas, segundo biólogos, o sabiá paulistano só está encontrando condições para se comunicar, para ouvir e para ser ouvido no silêncio da madrugada.