Descoberta arqueológicaroleta online virtualMinas Gerais revela práticas funerárias pré-históricas no Brasil:roleta online virtual

De acordo com Strauss, os esqueletos descobertos eramroleta online virtualidosos, crianças, homens e mulheres. "Todos tinham sinaisroleta online virtualrituais mortuários", revela.

"Alguns estavam queimados, outros pintadosroleta online virtualvermelho e alguns combinavam crâniosroleta online virtualcrianças com corposroleta online virtualadultos, ou dentesroleta online virtualuma pessoa com a arcadaroleta online virtualoutra. O que chamou a atenção também é que esses sinais variavam dependendo da idade arqueológica dos ossos. Isso pode significar que os povos que habitavam a região alteraramroleta online virtualformaroleta online virtualtratar os corpos dos mortos ao longo do tempo. Essa descoberta é inédita na arqueologia brasileira."

Os primeiros americanos

A região onde trabalham os arqueólogos, Lagoa Santa, está entre as mais ricasroleta online virtualrestosroleta online virtualculturas pré-históricas do Brasil. Ali, dezenasroleta online virtualsítios arqueológicos vêm sendo escavados e pesquisados desde 1843, quando o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), considerado o pai da paleontologia brasileira, descobriu ossadas humanas misturadas com asroleta online virtualanimais já extintos. Desde então, centenasroleta online virtualcrânios e outros ossos humanos foram desenterrados do local.

Entre eles, o mais antigoroleta online virtualque se tem registro no Brasil, com 11.300 anos, descobertoroleta online virtual1974, pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, no sítio chamado Lapa Vermelha 4, que fica no municípioroleta online virtualPedro Leopoldo.

Como eraroleta online virtualum indivíduo do sexo feminino, o esqueleto foi batizadoroleta online virtualLuzia pelo bioantropólogo Walter Alves Neves, também da USP, que foi orientadorroleta online virtualStrauss e Oliveira, que agora dão continuidade ao seu trabalho.

Em 1995, ele fez medidas antropométricas do crânio, que mostraram que Luzia tinha mais a ver com os africanos do que com os índios atuais.

Com base nisso eroleta online virtualoutras descobertas, ele elaborouroleta online virtualhipótese para a ocupação das Américas, apresentada no livro O povoroleta online virtualLuzia -roleta online virtualbusca dos primeiros americanos,roleta online virtualcoautoria com o geógrafo Luís Beethoven Piló.

A hipótese propõe que os primeiros americanos chegaram ao continenteroleta online virtualduas levas migratórias, uma há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreitoroleta online virtualBering. A primeira seria composta por uma população com traços semelhante aos dos africanos e aborígenes australianos. A segunda eraroleta online virtualindivíduos parecidos com asiáticos e índios americanos atuais.

Ao longo do tempo, os dois povos se miscigenaram no novo mundo.

Para outros estudiosos, no entanto, os indígenas atuais ou ameríndios e os primeiros que chegaram à regiãoroleta online virtualLagoa Santa fazem parteroleta online virtualum mesmo tipo, cujas diferenças morfológicas podem ser explicadas pela variabilidade natural que existe dentroroleta online virtualqualquer população. A pesquisasroleta online virtualStrauss e Oliveira poderão ajudar a elucidar a questão.

Segundo Strauss, o projeto segueroleta online virtualpleno andamento com a escavação da Lapa do Santo e a análise do material encontrado. "Isso inclui estudos morfológicos,roleta online virtualmicrovestígios, isótopos, datação, antropologia virtual, micromorfologia e DNA", conta.

"Até o momento, nossos estudos não dialogam diretamente com o tema dos primeiros americanos. Quando sair o resultado do DNA poderemos determinar se o modelo dos dois componentes está correto ou não."

Práticas funerárias surpreendentes

As escavações realizadas até agora já revelaram, no entanto, vários aspectos dos grupos que eram desconhecidos até agora. "Apesar das centenasroleta online virtualesqueletos exumadosroleta online virtualLagoa Santaroleta online virtualquase dois séculosroleta online virtualpesquisa, muito pouco foi discutidoroleta online virtualrelação às práticas funerárias na região", diz Strauss.

"De acordo com as poucas descrições disponíveis na literatura, elas sempre foram caracterizadas como simples e homogêneas, incluindo apenas enterros primáriosroleta online virtualum único indivíduo e sem nenhum tiporoleta online virtualacompanhamento funerário."

As descobertasroleta online virtualStrauss e Oliveira mudam radicalmente esse quadro. De acordo com eles, os sepultamentos da Lapa do Santo tinham uma alta variabilidade, o que contradiz a visão tradicional sobre as práticas mortuárias na região.

"Além dessa retificação histórica, a diversidade delas no local ganha relevância, porque contraria a homogeneidaderoleta online virtualoutros componentes do sítio, tais como os artefatosroleta online virtualpedra, os remanescentes faunísticos, a morfologia craniana e a própria composição da matriz sedimentar."

Segundo Strauss, os sepultamentos também permitem inferir que ao longo do Holoceno Inicial grupos distintos que, possivelmente, não se reconheciam como parteroleta online virtualum mesmo povo habitaram a região. "Na ausênciaroleta online virtualmais datações diretas para os esqueletos, não é possível descartar a hipóteseroleta online virtualque,roleta online virtualum mesmo momento, diferentes povos tenham ocupado a região", acrescenta.

Simplificando, ele diz que é possível que, durante o Holoceno Inicial, não tenha existido "um único 'povoroleta online virtualLuzia'", expressão cunhada por Walter Neves para se referir aos grupos humanos que habitaram a regiãoroleta online virtualLagoa Santa na época, "mas sim muitos 'povos' e muitas 'Luzias', cada um únicoroleta online virtualsuas idiossincrasias simbólicas, culturais e, por que não, linguísticas".

"Assim, o registro funerário da Lapa do Santo contribui para retratar uma pré-história plural e dinâmica, onde a diversidade é a regra e elemento interpretativo fundamental", diz.