Farra do Boi: mesmo proibida por lei, prática sangrenta ainda é comumlink de apostas bet365Santa Catarina:link de apostas bet365

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Na Farra do Boi, animal é visto como representaçãolink de apostas bet365Judas, traidorlink de apostas bet365Cristo

'Eventos comunitários'

De acordo o historiador Walter Piazza, especialista no tema, as farras são eventos comunitários. Envolvem homens, mulheres, velhos, crianças, cachorros. Há registro histórico da Farra do Boilink de apostas bet36523 cidades do litoral catarinense.

A organização da Farra do Boi pressupõe algumas etapas. O primeiro passo é fazer uma lista dos chamados "sócios". Cada um pagará o que tem no bolso para custear o prejuízo do dono do boi. Há listas apreendidas pela PM com maislink de apostas bet365300 sócios.

Mas há também quem banque a Farra para ganhar o apoio e a simpatia da comunidade. De acordo com Maria Helena Machado, presidente da Comissãolink de apostas bet365Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil/SC, alguns bois são doados para a prática por políticos, comerciantes ou mesmo por traficantes locais.

O passo seguinte é designar a "comissãolink de apostas bet365embaixadores", normalmentelink de apostas bet365tornolink de apostas bet365seis homens. Eles são os responsáveis por buscar um boi bravo e bom corredorlink de apostas bet365fazendaslink de apostas bet365municípios como Biguaçu, Antônio Carlos e Angelina. Após horaslink de apostas bet365negociações - por ser crime federal, o preço sobe para os farristas - é escolhido o animal e arrancado seu brincolink de apostas bet365identificação, para que o fazendeiro que o vendeu não seja descoberto, caso a polícia apareça.

O bicho então é transportado para a comunidade. Ele é sempre recebido com foguetes e buzinas durante o trajeto. Multidões aguardam o animal nos locais mais desertos. Matos, pastos, morros, praias, mangueirões. E atélink de apostas bet365praças e ruas centrais das cidadezinhas do interior. A farra não cessa cedo. Às vezes atravessa a noite e a manhã.

Crédito, Divulgação/Ecosul

Legenda da foto, Animais vítimas da Farra do Boi muitas vezes fogemlink de apostas bet365direção ao mar e se afogam

Há casoslink de apostas bet365bois que morreramlink de apostas bet365susto. Mas poucos têm essa sorte. Esses animais são perseguidos por horas, até a exaustão, são espancados com paus, espetos, têm olhos furados, rabos e orelhas arrancados, alguns quebram os ossos no desespero da fuga. Outros vãolink de apostas bet365direção ao mar e se afogam. A diversão sangrenta persiste há quase 300 anos no Sul do Brasil.

Crueldade ou cultura?

Halem Guerra Nery, 71 anos, começou a denunciar a Farra do Boi nos anos 70, época que foi transferido do Rio Grande do Sul para Florianópolis para trabalhar na Eletrosul. Desde lá são 40 anoslink de apostas bet365ativismo. Ele já tomou muitos chutes e pedradaslink de apostas bet365farristas, mas nunca recuou.

"O que chamamlink de apostas bet365tradição é o obscurantismo. Não os vejo se preocupar com a cultura açoriana que está desaparecendo, o Pão por Deus, a Ratoeira, o Boilink de apostas bet365Mamão, brincadeiras saudáveis", diz, citando outras tradições dos migrantes.

O ativismo do grupo pautou o assunto no STF e favoreceu a criação da lei que criminalizou a prática. Nery, no entanto, denuncia que, embora a lei exista, ninguém a cumpre.

"E se cumprem, passam, no máximo, dois ou três diaslink de apostas bet365prisão e depois pagam uma cesta básica ou prestam serviço comunitário", diz. O valor da multa pode chegar a até R$1500.

Crédito, Divulgação/PM

Legenda da foto, Segundo a polícia,link de apostas bet3652017 houve 147 ocorrências relacionadas à Farra do Boi

Vaquejadas nordestinas e rodeios

Diferentementelink de apostas bet365Nery, os defensores da prática afirmam que extingui-la seria destruir parte da cultura local. Em 2007, o municípiolink de apostas bet365Governador Celso Ramos chegou a aprovar legislação municipal que elevava a Farra do Boi à condiçãolink de apostas bet365patrimônio cultural. A lei, no entanto, foi suspensa pelo Tribunallink de apostas bet365Justiçalink de apostas bet365Santa Catarina.

Debate semelhante tem acontecido no nordeste. Em novembro do ano passado, o presidente Temer (MDB) sancionou a lei que torna as vaquejadas e os rodeios patrimônios imateriais. No entanto, a lei está sendo questionada por entidadeslink de apostas bet365defesa aos animais no STF, que já decidiu pelo entendimento que a vaquejada é uma prática cruel.

A vaquejada acontece numa arena. Dois vaqueiros montados a cavalo tentam derrubar o boi, puxando o animal pelo rabo. O destino dos animais utilizados nas vaquejadas é o abatedouro.

Em 2016, o STF julgou uma ADI (Ação Direitalink de apostas bet365Inconstitucionalidade), questionando a lei cearense que regulamentava a vaquejada no estado. No entendimento dos ministros, os animais são submetidos a maus-tratos. A Corte pode manter ou mudarlink de apostas bet365posiçãolink de apostas bet365uma nova votação.

Já os rodeios haviam sido regulamentados por duas leis federaislink de apostas bet3652002, que estabeleceram regras para minimizar os maus-tratos aos animais. No rodeio, vence o peão que ficar mais tempolink de apostas bet365cima do boi ou cavalo, que salta para o derrubar, irritado pela pressãolink de apostas bet365um cinto preso alink de apostas bet365virilha.