A rotina dos vendedoresvickers bet sign up offermate nas praias do Rio, sob calorvickers bet sign up offer40º e com 50 kg nas costas:vickers bet sign up offer

Legenda do vídeo, 'Quando lembro do Nescau, das contas pra pagar, rapidinho o peso do galãovickers bet sign up offermate diminui', diz Fabiano - Edição do vídeo: Ana Terra Athayde
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Legenda da foto, Cada galão cheio pesa maisvickers bet sign up offer20kg | Foto: Renata Mendonça/BBC

Morandovickers bet sign up offerGuadalupe, um bairro a 40kmvickers bet sign up offerIpanema, Souza vive com o filhovickers bet sign up offer14 anosvickers bet sign up offeruma casa humildevickers bet sign up offerdois quartos - ele tem mais um filhovickers bet sign up offer10 que fica com a ex-mulher. A preparação do mate é feita emvickers bet sign up offercozinha ainda na madrugada e, quando tudo está pronto, ele pega um mototáxi, um ônibus e o metrôvickers bet sign up offer1h30vickers bet sign up offertrajeto até chegar ao localvickers bet sign up offertrabalho. Tudo isso com quase 50kg nas costas.

"As pessoas costumam perguntar: 'Nossa, isso é pesado? Como você aguenta?'. Eu digo: 'Minha querida, quando eu lembro do Nescau, das contas para pagar, rapidinho o peso diminui. Vai ficando leve, vira um isopor. É só lembrar das contas'", brinca.

O primeiro teste para Souza é sempre quando ele sai do estacionamento onde deixa guardado o restovickers bet sign up offerseu materialvickers bet sign up offervendas - como o biscoito Globo, os coposvickers bet sign up offerplástico e o açúcar - e pisa no asfalto descalço no caminho para a praia. Assim que encosta os pés na rua, ele já começa a andar mais rápido sentindo a sola queimar. O termômetro marca 33ºC e são apenas 10h30 do horáriovickers bet sign up offerverão.

termômetrovickers bet sign up offerfrente à praiavickers bet sign up offerIpanema
Legenda da foto, Termômetrovickers bet sign up offerIpanema marca 36ºC durante a tarde, quando Souza ainda está na praia vendendo mate | Foto: Renata Mendonça/BBC

Ao longovickers bet sign up offerum dia quente, bem comum no verão carioca, Souza anda cercavickers bet sign up offer16 km com os dois galões nas costas, sobre uma toalha que alivia a dor do contato direto da alça com os ombros. Seu localvickers bet sign up offertrabalho é entre os postos 9 e 10vickers bet sign up offerIpanema (a distância entre um e outro évickers bet sign up offercercavickers bet sign up offer1km), uma das regiões mais movimentadas da praia. As paradas ao longo do caminho são inevitáveis - para tomar fôlego, para tomar um mate e se refrescar ou para aliviar o calor umedecendo a toalha dos ombros no chuveiro.

"No início, quando comecei a trabalhar, achei maneiro, pensei: 'vou tomar banhovickers bet sign up offermar todo dia'. Aí deixava o galão e ia refrescar no mar. No terceiro dia, não aguentei, as costas ficaram ardendo,vickers bet sign up offercarne viva. Aí descobri que água salgada no sol não combina com o galão. Agora fico só no chuveirinho, molhando a toalha. É a melhor coisa."

Início

Vendedorvickers bet sign up offermate na praiavickers bet sign up offerIpanema
Legenda da foto, 'O mate e o biscoito Globo são como o Cristo Redentor no Riovickers bet sign up offerJaneiro. Se não beber mate e comer biscoito Globo, é como ir na Disney e não ver o Mickey', brinca Fabiano Souza, que vende mate há 14 anosvickers bet sign up offerIpanema | Foto: Renata Mendonça/BBC

Com 22 anos, ele trabalhavavickers bet sign up offerum prédio próximo à praiavickers bet sign up offerIpanema e,vickers bet sign up offerseu horáriovickers bet sign up offeralmoço, gostavavickers bet sign up offerpassear pelo calçadão, onde assistia, curioso, aos vendedoresvickers bet sign up offermate e seus galões.

"Aí fui mandado embora, peguei o dinheiro da rescisão e comprei um galão. Isso foivickers bet sign up offer2003. Trabalhei no primeiro verão, gostei, mas aí quando chegou o inverno, achei que não valia a pena", contou.

Logo no início, Souza aprendeu que esse era outro dos grandes desafiosvickers bet sign up offerse trabalhar na praia. O verão empolgava com a bonança, enquanto o inverno era o banhovickers bet sign up offerágua fria nos negócios. A organização financeira foi um dos primeiros aprendizados que o mate lhe trouxe.

Fabiano serve cliente com mate
Legenda da foto, Cada copovickers bet sign up offermate custa R$ 5; Fabiano diz que já saiu da praia com apenas R$ 15vickers bet sign up offerum dia ruimvickers bet sign up offervendas | Foto: Renata Mendonça/BBC

"Aprendi com o tempo, passei muita necessidade no início. Ficava 2 meses fazendo bico, fazendo obra. Mas agora a mente já é outra."

"Vivervickers bet sign up offermate é juntar o dinheiro e deixar guardado para quando chegar a vaca magra você ter um dinheiro lá. Se você gastar tudo, vai passar necessidade. Porque é difícil, tem vezes que a gente fica um mês sem praia", explicou.

Segundo Souza,vickers bet sign up offerum dia ruimvickers bet sign up offerpraia, ele chega a voltar para casa com apenas R$ 15 - o que não paga sequer o transporte que ele gastavickers bet sign up offercasa até Ipanema (R$ 21,40 contando a ida e a volta com mototaxi, ônibus e metrô). Jávickers bet sign up offerum dia bomvickers bet sign up offervendas, ele consegue voltar com cercavickers bet sign up offerR$ 200 ou R$ 250.

Aluguelvickers bet sign up offergalões

Entre idas e vindas, Fabiano chegou a se desfazervickers bet sign up offerseu parvickers bet sign up offergalões algumas vezes, desistindo do sacrifício daquele trabalho pesado com o qual não conseguia se sustentar.

O galão usado pelos vendedoresvickers bet sign up offermate na praia évickers bet sign up offerum material bastante resistente e pode ser comprado direto na metalúrgica. Segundo Fabiano, o preçovickers bet sign up offerum par giravickers bet sign up offertornovickers bet sign up offerR$ 2,5 mil e R$ 3 mil - o que revela outro ramovickers bet sign up offernegócio existente nesse meio: o do aluguelvickers bet sign up offergalões.

Fabiano prepara os galões
Legenda da foto, Na praia, Souza armazena uma parte do matevickers bet sign up offeruma barraca e sai para a venda com 5 litros no galão cheiovickers bet sign up offergelo; quando acaba, ele volta até a barraca para reabastecer | Foto: Renata Mendonça/BBC

"Não é todo mundo que tem dinheiro para comprar o par. Aí tem pessoas que compram quatro ou cinco paresvickers bet sign up offergalão e colocam pessoas para trabalhar para eles na praia. Eles mesmos não trabalham. Dão o material, o galão, e aí o que o cara fizer no dia, eles racham", explicou.

Proibição

Em 2009, a prefeitura do Riovickers bet sign up offerJaneiro chegou a proibir a venda do matevickers bet sign up offergalão nas praias por "problemas sanitários". Isso gerou revoltavickers bet sign up offerfrequentadores da praia, que chegaram a fazer abaixo-assinado pela volta da tradição da cidade.

"Nessa época, viramos fora da lei. Era um corre para lá e para cá. A gente ficavavickers bet sign up offerrabinhovickers bet sign up offerolho para ver quando vinham os guardas municipais. Muitos amigos perderam galão nessa época, eles confiscavam. O pessoal nos ajudava, mandava a gente se esconder e colocava a cangavickers bet sign up offercima. Se voltamos a trabalhar, foi por causa da população, que protestou", conta Souza.

A reivindicação popular fez com que o mate das praias do Rio fosse declarado oficialmente Patrimônio Cultural e Imaterial da cidadevickers bet sign up offer2012.

Desde então, o sucesso do matevickers bet sign up offergalão fez os vendedores se multiplicarem pelas areias cariocas. Pelas informações oficiais da Prefeitura do Rio, há um totalvickers bet sign up offer1.272 vendedores ambulantes atuantes nas praias - mas os cadastros não separam as categorias deles pelo produto que comercializam. A atividade dos vendedoresvickers bet sign up offermate ainda é desregularizada e ainda não há controle sanitário rígido sobre o que é comercializado na praia.

Uniforme e gritos: a alma do negócio

A concorrência na areia é grande, então é essencial ter algo que te diferencie dos outros. Souza aprendeu isso ao longo dos anos - no início, era vencido pela timidez.

"Eu era todo tímido, não conseguia gritar. Falava 'limonada, matchê' (fala sussurando). Agora não, eu faço questãovickers bet sign up offergritar: LIMONADA, MACTHÊ, GELADÃO, É O FREEZER HEIN!", diz, soltando a voz.

"Quem trabalha na praia e não é extrovertido, não ganha", concluiu.

Fabiano vende mate para cliente
Legenda da foto, Estratégia do vendedor também é chegarvickers bet sign up offerforma descontraída para ganhar novos clientes - alémvickers bet sign up offernunca negar o famoso 'chorinho' | Foto: Renata Mendonça/BBC

Mas Souza não tenta apenas ganhar no grito. Ele tem estratégiasvickers bet sign up offerabordagem divertidas para atingir clientes novos, que ainda não o conhecem - e que não costumam consumir o mate. Às vezes dá certo, outras não, mas o mínimo que acontece é ele ganhar a simpatiavickers bet sign up offerpossíveis clientes futuros.

A tática é simples. Ao se aproximarvickers bet sign up offerum grupovickers bet sign up offeramigos conversando na praia, ele começa: "Oi pessoal, desculpa o atraso, fiquei preso no engarrafamento. Foram vocês que pediram o disque-mate? Não? Mas o GPS está mostrando esse endereço, têm certeza?", brinca, arrancando risadas das jovens.

A outra chave para o sucesso do negócio, segundo Fabiano, é manter o uniforme laranja na linha. "A maresia acaba com elevickers bet sign up offerno máximo dois verões. E você percebe que quando o uniforme está laranjinha, novinho, o pessoal confia mais. Sem o uniforme, a gente não é nada."

dois vendedoresvickers bet sign up offermate na praia
Legenda da foto, A cor dos uniformes influencia na horavickers bet sign up offerescolher qual vendedorvickers bet sign up offermate chamar, segundo Souza | Foto: Renata Mendonça/BBC

Todos os vendedoresvickers bet sign up offermatevickers bet sign up offergalão na praia usam o logo da Matte Leão na roupa laranja que caracteriza a marca. No entanto, não há vínculo qualquer deles com a marca, que hoje pertence à Coca-Cola.

"Antes, a gente comprava três caixinhasvickers bet sign up offercopinho e ganhava um uniforme da Matte. Mas depois que a Coca-Cola comprou a Matte Leão, ela já não fornece o uniforme pra gente. A gente tem que se virar. Tem gente que manda fazer, e agora como expandiu muito (o negócio), tem gente que faz o uniforme pra vender."

Segundo a Coca-Cola, "os vendedores ambulantesvickers bet sign up offermate exercem suas atividadesvickers bet sign up offermaneira totalmente independente. Eles trabalhamvickers bet sign up offerforma autônoma, sem qualquer vínculo com a marca Leão. Não temos conhecimento sobre qual a procedência do produto (o matevickers bet sign up offergalão) ou a maneira como é preparado".

Há 14 anos na profissão, Fabiano não sabe por quanto tempo mais irá conseguir viver disso e toma remédio todos os dias para amenizar as dores musculares do peso carregado na praia. "Vou nisso até quando Deus me der forças". Ele diz que, apesar do sacrifício, do cansaço e do sol queimando a pele, pretende seguir na carreira e ter encontrado nelavickers bet sign up offervocação.

"Já penseivickers bet sign up offerpararvickers bet sign up offervender mate quando chega aquela época ruim. Minha mãe é uma das que torce para que eu pare, porque é um trabalho cansativo. As pessoas falam que é cansativo e realmente é. Eu não vou ficar jovem pra toda vida. Uma hora cansa, meu galão é pesado. Mas nesse momento que eu estou, vou investir, para lá na frente ter retorno", afirmou.

"Nesses 14 anos, a minha vida mudou muito. Antes, eu trabalhava por trabalhar. Hoje eu amo a profissão que tenho. O mate me trouxe muitas coisas. Uma delas foi ficar mais responsável. Eu não tenho muitas coisas, mas o que tenho veio pelo trabalho do mate. É a minha vida."

Fabiano molha a toalha na ducha
Legenda da foto, O refresco do vendedor é molhar a toalha na ducha e colocá-la geladinha nas costas | Foto: Renata Mendonça/BBC