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'Tenho medo do meu próprio filho': o desafiocodigo promocional lampionsbetlidar com crisescodigo promocional lampionsbetcrianças com autismo:codigo promocional lampionsbet
codigo promocional lampionsbet "Eu tenho medo do meu filho. Vivo sob o fio da navalha, nunca sei o que pode acontecer."
O desabafo écodigo promocional lampionsbetLucy Goldsworthy, mãecodigo promocional lampionsbetElliot,codigo promocional lampionsbet12 anos, diagnosticado com autismo severo no Reino Unido. Ele não fala, enfrenta dificuldadescodigo promocional lampionsbetaprendizagem e tem crises nervosas que já a deixaram com o lábio cortado e hematomas por todo o corpo. O pai, Ian, teve a córnea arranhada após ser atingido por um soco.
O garoto precisacodigo promocional lampionsbetcuidado intensivo e não é capazcodigo promocional lampionsbetentender as consequênciascodigo promocional lampionsbetseus atos.
Em entrevista à BBC, pais como Ian relatam cenascodigo promocional lampionsbetviolência - e dizem ter muita incertezacodigo promocional lampionsbetrelação ao futuro. Muitos afirmam temer os próprios filhos e cobram das autoridades ajuda para lidar com a questão.
A Organização Mundial da Saúde estima que o Transtorno do Espectro Autista afete umacodigo promocional lampionsbetcada 160 crianças no mundo - mas ele pode se manifestarcodigo promocional lampionsbetuma ampla gradação,codigo promocional lampionsbetgraus mais leves aos mais agudos. É importante ressaltar, porém, que nem todos os autistas são agressivos e que não há nenhuma evidênciacodigo promocional lampionsbetque sejam mais propensos à violência.
A Sociedade Nacionalcodigo promocional lampionsbetAutismo do Reino Unido ressalta, porém, que é necessário que haja assistência às famílias,codigo promocional lampionsbetespecial àscodigo promocional lampionsbetcrianças que sofrem com crises agressivas mais frequentes.
No Brasil, a Associaçãocodigo promocional lampionsbetAmigos do Autista (AMA), que dá apoio a 350 crianças com autismocodigo promocional lampionsbetSão Paulo, também recomenda,codigo promocional lampionsbetseu site, um tratamento multidisciplinar com orientação familiar, intervenções psicoeducacionais e usocodigo promocional lampionsbettécnicas para desenvolvimento da linguagem e comunicação.
Crises nervosas normalmente acontecem quando há acúmulocodigo promocional lampionsbetinformações sensoriais simultâneas que elevam o nívelcodigo promocional lampionsbetestresse do autista. A frequência, contudo, variacodigo promocional lampionsbetpessoa para pessoa e também depende do espectrocodigo promocional lampionsbetque o autista se enquadra. Além disso, elas não se limitam aos diagnosticados com autismo - há outros transtornos que também têm, entre os sintomas, agitação extrema e comportamento agressivo.
"É um assunto sério e muito difícil, mas as famílias precisam enfrentá-lo", afirma Ana Maria Mello, superintendente da AMA, instituição que ajudou a fundar há maiscodigo promocional lampionsbet30 anos. Ela mesmo diz que seu filho, hoje com 39 anos e diagnosticado com autismo na infância, passou a ter crises nervosas na adolescência.
"Ele foi crescendo e entrou numa fasecodigo promocional lampionsbetmuita agressividade. No início, ficávamos cheiocodigo promocional lampionsbethematomas. Foi preciso aprender a segurá-lo sem me machucar e sem machucá-lo", conta Ana Maria, dizendo que as crises agressivas não podem ser tratadas como tabu.
Ela conta que, com o tempo, aprendeu a lidar com os episódios agressivos e descobriu que o filho relaxa fazendo caminhadas.
Entre grades
No caso do britânico Elliot, os episódios começaram a ficar mais violentos quando ele tinha cinco anos. Os pais relatam que, à medida que ele vai crescendo e ficando mais forte, torna-se cada vez mais difícilcodigo promocional lampionsbetcontrolar as crises.
"Se ele ainda fosse uma criança pequena, seria mais fácil conter um ataque, com ele te arranhando e te chutando", diz Lucy. "Agora, é como se um pequeno homem te atacassecodigo promocional lampionsbetrepente."
A mãecodigo promocional lampionsbetElliot explica que ele é violento durante apenas cercacodigo promocional lampionsbet5% do tempo, mas que os efeitos das crises estão cada dia piores.
Ian e Lucy tiveramcodigo promocional lampionsbetcolocar grades na janela do quarto do menino e trancar a porta para manter ele e os irmãos seguros.
"Você meio que se acostuma a ver o quartocodigo promocional lampionsbetseu filho parecer uma cela", diz o pai.
Elliot frequenta uma escola especial, mas os pais afirmam que as autoridades locais - através do Sistema Nacionalcodigo promocional lampionsbetSaúde (o NHS, na siglacodigo promocional lampionsbetinglês) - não lhe dão nenhum tipocodigo promocional lampionsbetapoio. Segundo eles, a ajuda governamental só é oferecida se o filho ou os pais são hospitalizados ou se a polícia é chamada.
Ela diz que, após ter sido ferida na cabeça pelo menino após uma crise violenta, acreditou que teria mais apoio. "No começo, recebi um poucocodigo promocional lampionsbetajuda", diz a mãe, emendando que depois as autoridades tentaram "lavar as mãos" e passaram a oferecer apenas 48 horascodigo promocional lampionsbetajuda por ano.
Estratégias
Segundo a OMS, estudos conduzidos nos últimos 50 anos revelam que o númerocodigo promocional lampionsbetpessoas diagnosticadas está aumentando no mundo inteiro. As explicações para esse aumento apontam para diagnósticos mais eficientes, mais conscientização e registros mais precisos.
Nos Estados Unidos, um estudocodigo promocional lampionsbet2011 indicou que quase metadecodigo promocional lampionsbet1,4 mil crianças com autismo avaliadas pelos pesquisadores tinha crises muito agressivas e violentas.
Autistas podem, por exemplo, se sentir incomodados com muita informação, luzes brilhantes e barulho.
A BBC Brasil mostrou recentemente que uma escola no nortecodigo promocional lampionsbetLondres, na Inglaterra, está ensinando ioga a alunos com autismo para reduzir suas crises nervosas. Até agora, a iniciativa se provou bem-sucedida.
O site da organização brasileira Entendendo Autismo explica que a agressividade e a irritabilidade podem derivar do fatocodigo promocional lampionsbetque as crianças com autismo, por não entenderem alguns símbolos sociais, não conseguem encontrar formascodigo promocional lampionsbetexpressarcodigo promocional lampionsbetdeterminadas situações. Elas também costumam ser hipersensíveis ao barulho, por exemplo.
Entre as sugestões para lidar com episódioscodigo promocional lampionsbetagressividade estão levar a criança a ambientes onde se sintam confortáveis e usar jogos ou brinquedos que tenham efeito tranquilizador. Não é recomendável gritar com a criança. E também é importante que ela tenha um acompanhamento profissional interdisciplinar.
O neurologista infantil Clay Brites, integrante do Instituto Neurosaber e do Disapre (Laboratóriocodigo promocional lampionsbetPesquisascodigo promocional lampionsbetDistúrbios, Dificuldadescodigo promocional lampionsbetAprendizagem e Transtornocodigo promocional lampionsbetAtenção), da Unicamp, ressalta que "nem todas as famíliascodigo promocional lampionsbetautistas sofrem com agressividade - há autistas que são excessivamente passivos e propensos, inclusive, a sofrer agressividade e abusos".
"A propensão do Transtorno do Espectro Autista a desenvolver agressividade é gerada pelacodigo promocional lampionsbetcondição, e não por voluntarismo ou maldade", explica ele por e-mail à BBC Brasil.
"Por outro lado, é importante saber que existem casoscodigo promocional lampionsbetque a agressividade, explícita e exagerada, tem que ser conduzida com internações e contenções. Geralmente, ocorrem naqueles casoscodigo promocional lampionsbetTEA severo e associado a comorbidades psiquiátricas como a esquizofrenia, o transtorno obsessivo-compulsivo e o transtorno opositivo-desafiador. É importante sublinhar a importância do diagnóstico e da intervenção precoces para prevenir esses comportamentoscodigo promocional lampionsbetidades mais tardias", agrega.
'Ele é gentil por natureza'
Cameron,codigo promocional lampionsbet19 anos, é uma das 700 mil pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista no Reino Unido.
O diagnóstico veio aos três anoscodigo promocional lampionsbetidade, e o pai dele, Douglas Clements, diz que também tem medo das crises do filho. "Muitas vezes não sei como Cameron vai reagir, e é assustador", afirma.
Cameron hoje recebe atendimento diáriocodigo promocional lampionsbetum centro especializado. Mas a vidacodigo promocional lampionsbetcasa tem ficado cada vez mais difícil, e seus pais estão procurando por um espaço público que abrigue crianças e adultos vulneráveis que fique pertocodigo promocional lampionsbetonde moramcodigo promocional lampionsbetSurrey, na Inglaterra.
Hannah, mãe do jovem, diz que a família não consegue mais administrar o comportamento dele.
"Estou muito chateada, porque o amo muito", diz ela. "Não quero que as pessoas tenham medo dele, porque ele é gentil por natureza", acrescenta a mãe, que diz ser desolador ver o filho ficar frustrado, mas não conseguir explicar o porquê.
'Vamos para a cama aos prantos'
O serviçocodigo promocional lampionsbetsaúde britânico informa que estabeleceu "um programa transparente" dedicado àqueles com dificuldadecodigo promocional lampionsbetaprendizagem e autismo para permitir que mais pessoas nessas condições vivamcodigo promocional lampionsbetsuas comunidades, "com o apoio certo e pertocodigo promocional lampionsbetcasa".
Os paiscodigo promocional lampionsbetElliot Goldsworthy acreditam que, à medida que o filho envelhecer, precisarão cada vez maiscodigo promocional lampionsbetapoio.
"Há momentoscodigo promocional lampionsbetque vamos para a cama aos prantos", disse Ian Goldsworthy. "Mas você não pode mergulhar nesse sentimento, porque a vida será exatamente a mesma no dia seguinte."
No Brasil
No Brasil, Ana Maria Mello, da AMA, diz que não há nenhuma política governamental para apoiar pais ou autistas. "Para conseguir uma vaga numa instituição é preciso recorrer ao Ministério Público e processar o governo", lamenta, dizendo que tem procurado autoridades para tentar regulamentar práticas e assegurar assistência mínima.
Ana Maria diz que, no Brasil,codigo promocional lampionsbetcasos extremos, autistas são hospitalizados, onde recebem medicamento e às vezes são amarrados numa cama. Ela, contudo, defende abordagens menos intrusivas.
Entre os 350 autistas que recebem atendimento gratuito na AMA, 26 são residentes. Voltam para casacodigo promocional lampionsbet15codigo promocional lampionsbet15 dias, para não perder contato com a família. Os outros atendidos passam o dia ou meio perído na associação, que tem sedecodigo promocional lampionsbetSão Paulo.
Ana Maria conta que a associação sempre buscou referências e experiênciascodigo promocional lampionsbetiniciativas no exterior,codigo promocional lampionsbetespecial sobre as melhores formascodigo promocional lampionsbetconter as crises nervosas mais severas.
"Logo no início mandamos uma pessoa aos EUA para ver como o assunto era tratado. Lá não se amarra nem se dá medicamento, mas há regulamentação e treinamento", conta.
Ela diz que a AMA tem recorrido ao método americano que usa duas pessoas para conter uma crise com movimentos sincronizados e um programa para melhorar o comprotamentocodigo promocional lampionsbetautistas. "Muitas vezes não se trata sócodigo promocional lampionsbetoferecer atividades relaxantes, mascodigo promocional lampionsbeté uma questãocodigo promocional lampionsbetocupar o tempo", complementa.
"É realmente horrível. Você ama seu filho, mas ele pode te machucar", afirma, ponderando que, com as estratégiascodigo promocional lampionsbetcontenção e atividades físicas, é possível conter os mais agressivos, reduzir o númerocodigo promocional lampionsbetcrise e melhorar o comportamento.
*Com reportagemcodigo promocional lampionsbetNoel Phillips e Tanya Hines, do programa BBC Victoria Derbyshire
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