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Apadrinhado por Bill Gates, gaúcho cria inseticida contra malária e quer testá-lo contra zika no Brasil:
"O aedes e a dengue foram a minha epifania: queria fazer alguma coisa para combater os problemas causados pelo mosquito no Brasil", afirma Mafra-Neto,entrevista à BBC Brasil, por telefone,Washington.
ApoioBill Gates
O desenvolvimento do inseticida sofreu uma mudançafoco quando o projeto levado a cabo pela empresa comandada pelo brasileiro, a Iscatech, recebeu fundos da Bill & Melinda Gates Foundation.
A fundação do bilionário americano, dono da Microsoft, tem a erradicação da malária como umsuas principais bandeiras.
Mafra-Neto eequipe puseram mãos à obra, então, e criaram o Vectrax. Em testeslaboratório, o produto teria exterminado entre 70% a 80% dos mosquitos transmissores da malária, o anófeles.
Mas o que chama mais a atenção é a promessauma "malandragem": o inseticida atrai os mosquitos ao simular odores e saboresnéctar, produto que as fêmeas precisam consumir com frequência antesatacar humanos. Entre machos, o efeito foi o mesmo.
"Assim como abelhas, mosquitos se alimentamnéctar. Nós usamos uma combinaçãoodoresflores, açúcares e proteínas e uma quantidade mínimainseticida tradicional para atrair o mosquito para os pontosdispersão. Isso é muito mais preciso. Tivemos a preocupação tambémdesenvolver um produto que não afetasse outros insetos que se alimentamnéctar, como as abelhas", explica.
Segundo o cientista brasileiro, o produto poderá ser vendido a baixo custo.
"Em um litroVectrax diluído, por exemplo, há menos1%inseticida, o que reduz tanto a agressividade ao meio ambiente quanto o custo, para coisacentavos por garrafa", afirma.
O Vectrax foi testado entre outubro e julho na Tanzânia, país africanoque a malária é endêmicaalgumas regiões. Os testes envolveram oito vilarejos (quatro receberam o tratamento, a outra metade não), e a equipe da Iscatech constatou o que considerou uma queda que levou a incidência a "pertozero" nos locais tratados.
"O produto não é tóxico para humanos e nem tem uma aplicação complicada. Pode ser diluídouma garrafa d'água normal e ser espalhado pela própria população", explica Mafra-Neto, que anunciou os resultados do estudo na Tanzânia na última quarta-feira, durante da conferência anual da Sociedade AmericanaQuímica.
Decepção no Brasil
O gaúcho é radicado nos EUA há quase 30 anos, para onde foi depois que seus estudos para um doutoradoentomologia e ecologia química, nos anos 1990, transformaram-sedecepção com o investimentociência no Brasil.
"Eu tinha problemas para conseguir equipamento básico para meus experimentos", lembra.
No momentoque atendeu à orientação da Gates Foundation para priorizar o mosquito da malária, porém, Mafra-Neto já tinha feito testes preliminares com o Aedes aegypti. E, segundo ele, foram obtido índicesextermínio semelhantes. Por isso, ele agora quer testar o produtocampo especificamente no combate ao mosquito transmissor da Zika e da dengue.
Nos próximos dias, a Instatech retomará os contatos feitos2015 para a realizaçãotestes no Brasil. A primeira tentativa, que envolveu negociações para uma parceria com a Fiocruz, esbarrou nos surtosdengue e Zika que assolaram o país.
"Basicamente, a situação estava complicada e não havia como as pessoas pararem para fazer testes. Mas quero ajudar meu país. Fui morar nos Estados Unidosbuscamais oportunidadespesquisa, mas sei o quanto o Brasil precisasoluções para o combate a esse mosquito. No mundo inteiro, 800 mil pessoas morrem todos os anos por doenças transmitidas por mosquitos", diz.
Por sinal, foi por influênciaprojetos desenvolvidos no Brasil na área agrícola que a Iscatech conseguiu desenvolver o Vectrax.
O Noctovi, remédio contra mariposaslavourassoja, também trabalha com o princípioatração alimentar e o usosubstâncias conhecidas como semioquímicos - que interferem nos sentidos dos insetos.
"Isso ajuda a compensar problemas logísticos com o usoinseticidas tradicionais. Em veztentarmos caçar o inseto, você o atrai para uma armadilha."
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