O vírus que atinge milhõespro pokertodo o mundo e pode causar microcefaliapro pokerbebês - e não é o Zika:pro poker

Representação do citomegalovírus

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Legenda da foto, O CMV é da família dos vírus da herpes e pode ser transmitido por secreções como suor, saliva e lágrimas

Também faltam números precisos sobre a prevalência do vírus no mundo, mas calcula-se que a incidência da infecção congênita por CMV fique entre 1% e 5% dos nascimentos,pro pokeracordo com um estudo feitopro poker2013 na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Bebê

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Legenda da foto, Assim como no caso do Zika, bebês infectados pelo CMV podem parecer saudáveis ao nascer, e apresentar problemas depois

No Brasil, país com mais casospro pokermicrocefalia relacionada à Zika, não há dados consolidados sobre a prevalência do vírus, já que a doença não épro pokernotificação obrigatória,pro pokeracordo com o Ministério da Saúde. Isso significa que os profissionaispro pokersaúde não são obrigados a registrar os casos da doença que chegam até eles.

Segundo um estudo do hematologista Alfredo Mendrone Junior, do Hemocentropro pokerSão Paulo, pesquisas feitas na população brasileirapro poker15 a 45 anos revelaram a presençapro pokeranticorpos contra o CMV - que indica que houve infecção pela doença -pro pokermaispro poker80% dos participantes no Riopro pokerJaneiro,pro pokerSão Paulo,pro pokerSalvador e no Estadopro pokerSanta Catarina.

O CMV é considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST) mas sequer aparece no site no Departamentopro pokerIST, Aids e hepatites virais do Ministério.

No entanto, médicos brasileiros apontam o vírus como o principal causadorpro pokeralterações do sistema nervosopro pokerbebês até a aparição do vírus Zika - e ainda uma fontepro pokerpreocupação.

"Sempre que vemos algumas alterações nas crianças, pensamos no CMV primeiro. Principalmente quando vemos calcificações (cicatrizes no cérebro) nas tomografias", disse à BBC Brasil a infectologista Maria Ângela Rocha, do Hospital Universitário Osvaldo Cruz,pro pokerPernambuco.

"É por isso que, quando os casospro pokerZika apareceram, fizemos questãopro pokerinvestigar primeiro a possibilidade do CMV. E até hoje fazemos isso com todas as crianças."

'Devastador'

O CMV pertence à família dos vírus da herpes. Ele se propaga nos fluidos corporais como saliva, urina, lágrimas e leite materno e pode ser transmitido até pelo contato próximo com crianças pequenas infectadas para, por exemplo, trocar suas fraldas.

O vírus também é transmitido através do beijo e das relações sexuais. Uma vez que ele está no organismo, fica ali por toda a vida e pode ser reativado. O portador não ficará doente outra vez, mas pode passar a infecção adiante.

De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria das infecções por CMV não apresenta sintomas - pode parecer uma gripe leve. Sintomas mais graves geralmente aparecempro pokermulheres que têm o sistema imunológico fragilizado, por causa do vírus da Aids, por exemplo.

Mulher submetendo-se a ultrassonografia

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Legenda da foto, O contágio do CMV durante a gravidez pode ser "devastador para o feto" e causar aborto nos primeiros meses

Mas os especialistas afirmam que o CMV pode ser "devastador para o feto", caso a infecção seja contraída no início da gravidez.

"Quanto mais cedo o vírus chega no feto, mais repercussões clínicas vão acontecer, ou até mesmo o aborto", diz Angela Rocha.

"Se a infecção acontece a partir do sétimo, oitavo mês, o bebê pode não ter microcefalia, mas ter outros sintomas da síndrome congênita, como aumento no tamanho do fígado. Ele pode até parecer saudável ao nascer, mas ter déficitpro pokeratenção oupro pokeraprendizado, alterações auditivas."

A descrição é semelhante ao que os médicos já sabem sobre a manifestação do vírus Zika nos bebês infectados ainda na barriga da mãe, mas Rocha esclarece que, no caso do Zika, os efeitos no cérebro têm se mostrado mais imprevisíveis - e perigosos.

"As calcificações (cicatrizes) que o CMV deixa no cérebro das crianças sãopro pokerlocais específicos, ao redor dos ventrículos. Já com o Zika, elas aparecempro pokermaneira mais anárquicapro pokervárias regiões do cérebro. Isso pode deixar mais sequelas", diz.

Prioridade na vacina?

Até agora não há uma vacina para prevenir a infecção pelo CMV.

Por isso, os especialistas internacionais e brasileiros dizem que são necessários mais programaspro pokerconscientização das mulheres grávidas sobre o vírus e seus efeitos, para evitar que a infecção se propague e minimizar os riscospro pokercontágio do bebê.

O Ministério da Saúde recomenda "reforçar hábitospro pokerhigiene, usar preservativos e, mesmo que seja com familiares ou filhos menores, não compartilhar objetospro pokeruso pessoal: seringas, agulhas, talheres, escovaspro pokerdente e materiais cortantes ou potencialmente cortantes".

Exame sorológicopro pokerCMV

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Legenda da foto, Especialistaspro pokertodo o mundo pedem programas universaispro pokerdetecção do CMVpro pokermulheres grávidas, que ainda não existem

Por causa do alto númeropro pokerocorrências nos EUA, Mark Schleiss, médico da Universidadepro pokerMinnesota, diz que "o CMV deve ser uma prioridade tão urgente quanto o Zika".

"Há décadas se pede o desenvolvimentopro pokeruma vacina e ainda não a temos,pro pokerparte por causa da faltapro pokerconsciência pública sobre o CMV", afirmou ao The New York Times.

Mas no Brasil, os médicos que estão na linhapro pokerfrente da epidemiapro pokermicrocefalia, como Angela Rocha, discordam.

"Todas as vacinas são importantes, mas a contaminação e a disseminação dos arbovírus, como Zika, dengue e chikungunya, é muito maior do que apro pokeruma doença viral, como o CMV", afirma.

"Ainda nos preocupamos com o CMV, mas o efeito do Zika foi muito mais devastador, especialmente considerando a quantidadepro pokercasos e o pouco tempopro pokerque eles ocorreram. Nós nunca tivemos uma epidemiapro pokerCMV como essa."