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COP27: Lula tem encontro com indígenas, ironiza Bolsonaro e defende furo do tetosport xgastos:sport x
Nessas encontros, o presidente eleito fez dois discursos e abordou temas polêmicos como o tetosport xgastos e a resistência do setor agro ao seu retorno à Presidência.
A BBC News Brasil lista aqui os destaques das falassport xLula no seu último dia na COP27:
Cobrançasport xrespeito ao setor do agro
Em reunião com integrantes da sociedade civil, Lula voltou a dizer que a meta é zerar o desmatamento no Brasil. Para ele, não é preciso derrubar mais florestas para aumentar a produtividade da agricultura brasileira.
Nesse momento, abordou brevemente as resistênciassport xparcela das lideranças do setor do agronegócio ao seu governo.
"Não me preocupo quando dizem que o agronegócio não gosta do Lula. Não quero que goste, quero que respeite", disse.
"O verdadeiro empresário do agro sabe que não pode fazer queimada, não pode desmatar. Sabe que tem que ter compromisso. Hoje no Brasil as pessoas sabem que você não precisa derrubar área para ter plantaçãosport xsoja. Nós vamos evitarsport xuma vez por todas que haja exploraçãosport xterra indígena."
O presidente eleito afirmou, porém, que a tarefasport xcombater o desmatamento e proteger terras indígenas não vai ser fácil. Segundo ele, será preciso enfrentar a "fúria" dos bolsonaristas.
"A gente derrotou Bolsonaro, mas os bolsonaristas se mantém aí. Vocês veem que eles atacam aldeias indígenas sem nenhum respeito, veem a fúria dos madeireiros. Então, a gente vai ter que ter muito mais competência, habilidade. Se a gente só ficar brigando, a gente vai perder a razão pela qual fomos eleitos."
Tetosport xgastos
No mesmo discurso, Lula disse que "não adianta responsabilidade fiscal sem responsabilidade social". E afirmou que o tetosport xgastos, nasport xforma atual, tira "dinheirosport xcultura, educação, ciência e tecnologia".
"Você tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social e não tira um centavo do sistema financeiro. Se eu falar isso vai cair a bolsa e subir o dólar. Paciência. O dólar não aumenta e a bolsa não cai por contasport xpessoas sérias, (cai) por conta dos especuladores que ficam especulando todo o santo dia".
De fato, a bolsa caiu e o dólar subiu nesta quinta (17/11) diante das falassport xLula e das negociações da chamada PEC da Transição, que permitirá ao governo gastarsport x2023 até R$ 198 bilhões fora do Tetosport xGastos — regra constitucional que limita o aumento das despesas ao crescimento da inflação.
No governo Bolsonaro, este mesmo teto foi furadosport xquase R$ 800 bilhões nos últimos quatro anos.
Segundo levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileirosport xEconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), feito a pedido da BBC News Brasil, os gastos do governo Bolsonaro acima do teto somam R$ 794,9 bilhõessport x2019 a 2022.
Lula também afirmou, nos seus discursos na COP27, que o orçamento não levasport xconta indígenas, pobres e negros.
"Os indígenas não são tratados como humanos. Não são levadossport xconta quando se faz o orçamentosport xum país. Ao distribuir as finançassport xum país, vai um tanto para guerra, um tanto para a diplomacia e nada para os pobres, nada para os negros, nada para os indígenas."
'Obrigação moral com indígenas'
Na tarde desta quinta, Lula se reuniu com representantes indígenassport xtodos os continentes.
Em discurso, ele ressaltou que vai criar o Ministério dos Povos Originários e disse querer que indígenas ocupem outras esferas do governo.
"Temos obrigação moral, ética, política,sport xfazer a reparação pelo que causaram os povos indígenas. Eu tenho compromissosport xfazer inclusive com que o Brasil possa servirsport xexemplo. Com políticasport xparceria, para que pessoas não sejam tratadas como se fossemsport xsegunda classe", disse.
"Quero que os indígenas participem da governança do nosso país. Por isso estamos criando o Ministério dos Povos Originários, e uma saúde pública especial, quem sabe dirigida pelos povos indígenas."
Segundo o presidente, é preciso que os indígenas paremsport xser vistos como "estorvo, como se fossem alguém que está atrapalhando o desenvolvimento econômico".
"Graças a Deus a humanidade está percebendo que cuidar da preservação não é uma coisa menor, ésport xsuma importância, porque não temos dois planetas terra, temos apenas um."
Lula ainda criticou gastos bilionários com viagens espaciais, guerras e armas. Segundo ele, esse dinheiro deveria ser destinado a acabar com a fome e mitigar as mudanças climáticas.
"Às vezes, fico muito preocupado quando vejo meia dúziasport xpessoas ricas tentando inventar foguete, procurando lugar fora da Terra, quando parte do dinheiro que ele gasta poderia investir para fazer mais preservação", disse. "Quantos trilhõessport xdólares são gastos com a guerra, armas, quanta gente morre desnecessariamente."
Lula também falou que, para ele, o encontro com lideranças indígenas é a reunião mais importante que já fez emsport xtrajetória política.
"Já fiz reunião com príncipe, chefessport xEstado, mas não fiz nenhuma tão significativa do que essa reunião que estou fazendo hoje. Sou um grãosport xareia perto da importânciasport xvocês. Quero fazer parte dessa lutasport xvocês e quero aproveitar meu mandato para contribuir mais com os companheiros indígenas brasileiros", disse.
Ironia sobre Jair Bolsonaro
Lula também fez críticas ao governo atual e ironizou o isolamento do presidente Jair Bolsonaro desde que foi derrotado na eleição.
"Durante quatro anos, o presidente, que está dentrosport xcasa desde que foi derrotado, não fez nenhuma reunião com a sociedade civil. Mas ofendeu mulheres, periferia, negros, quilombolas, portadoressport xdeficiência."
Lula disse ainda que o Brasil "foi quase destruídosport xquatro anos". "Tudo aquilo que construímossport xpolítica social foi descontruído. Sem vingança, mas com muita paz, amor e tolerância, queremos fazer a política que possa ser feita para que o povo possa viver dignamente."
Bolsonaro tem se mantido recluso no Palácio do Alvorada, sem sequer ir ao Palácio do Planalto para despachar ou se reunir com integrantes do governo. Também não tem feito as tradicionais lives - as longas transmissões ao vivo pelas redes sociais que viraram uma marcasport xseu governo.
As demandas da sociedade civil
Na reunião realizada pela manhã desta quinta-feira (17), Lula se encontrou com diversos representantessport xassociações, coletivos e grupos que lutam contra as mudanças climáticas.
Seis deles foram selecionados para discursar e apresentar algumas demandas para o presidente eleito.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse que as entidades esperavam "há quatro anos uma autoridade brasileira fazer um discurso do tamanho do Brasil".
Ele disse ter confiança que as mudanças nas políticas ambientais vão acontecer, mas destacou que a sociedade civil continuará cobrando e fiscalizando.
"Governo bom é igual feijão: precisa ficar sob pressão, senão, não acerta o ponto", comparou.
Thuane Thux, do PerifaConnection, afirmou que "o tempo da juventude brasileira não é o tempo do Norte global".
"Nós estamos sobrevivendo até agora e queremos dar um passo a mais,sport xbusca do bem-viver", disse.
Ela também pediu que o presidente eleito crie o Conselho Nacionalsport xJuventude Climática.
O professorsport xhistória Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, lembrou que "não existe justiça climática sem o enfrentamento do racismo".
"E o Brasil é um país que historicamente negligencia essa questão."
Puyr Tembé, que representou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que "há muitas demandas", a começar "pela demarcação dos territórios indígenas e quilombolas"
"Estamos também preparados para ocupar outras instâncias. Que venha o Ministério dos Povos Originários, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Saúde e a Fundação Nacional do Índio (Funai)", listou.
O biólogo Adalberto Val, do Instituto Nacionalsport xPesquisas da Amazônia (Ipan), pediu que Lula apoie a pesquisa científica no país.
"Precisamos criar condições para trazer nossos meninossport xvolta", pediu.
Ele usou o termo "meninos"sport xalusão aos cientistas que são formados no país, mas se mudam para o exteriorsport xbuscasport xmelhores condiçõessport xvida.
Por fim, Bárbara Gomes, do Engajamundo, disse que a sociedade civil "precisasport xmais apoio, espaços e lugarsport xfala";
"A juventude não se calará, nosso papel é ser linhasport xfrente", discursou.
Ela também pediu que o próximo governo crie o Conselho Nacional da Juventude Climática.
- Este texto foi publicado originalmente http://vesser.net/brasil-63670565
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