É perigoso usar religião como instrumentorodadas gratis na betanopoder, alerta dom Odilo Scherer:rodadas gratis na betano

"Se alguém estranha minha roupa vermelha, saiba que a cor dos cardeais é o vermelho (sangue), simbolizando o amor à Igreja e a prontidão ao martírio, se preciso for. Deus abençoe a todos", escreveu ele.

Ainda na rede social, Scherer demonstrou preocupação com o atual momento político. "Tempos estranhos esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!", postou no mesmo dia.

Em entrevista à BBC News Brasil na quarta-feira (19/10), dom Odilo explicou como vê a cena política atual. "Os ânimos estão muito acirrados. Há um envolvimento muito claro, eu diria assim, com as religiões. As igrejas, sobretudo as cristãs, foram arrastadas para dentro do debate. Não só do debate, o que seria legítimo, mas para a briga política."

Na visão do cardeal, há sinaisrodadas gratis na betanofascismo na cultura brasileira atual. "É uma doutrinação, eu diria até mesmo,rodadas gratis na betanoideias fascistas ou fascistoides, que agora se expressamrodadas gratis na betanoalguma forma dentro dessa polarização política", afirma, citando o exemplo do debate políticorodadas gratis na betanoque candidatos são retratados como "o bem" e "o mal".

"Existem claramente causasrodadas gratis na betanoque precisamos ter uma definição: não podemos ser mais ou menos a favor da vida, mais ou menos a favor da justiça; a gente precisa ser a favor. Porém, isso não nos deve levar a demonizar quem pensa diferente ou quem tenha argumentos diferentes".

Dom Odilo vê riscos para a democracia do Brasil, mas diz esperar que ela resista. "Tem havido manifestações, não agora simplesmente neste momento, masrodadas gratis na betanomais tempo para cá que apontam para esse risco. Por exemplo, o questionamento das instituições. Não um questionamento qualquer, mas uma formarodadas gratis na betanoameaça às instituições democráticas", afirma.

"Isso, sim, indica um risco, um risco para as instituições democráticas. Mas eu espero que isso não aconteça. O Brasil tem resistido a essas, digamos, ameaças. Creio que nossa democracia aguentou bastante e vai aguentar também essa. E vai se sair melhor."

Ao longorodadas gratis na betanotoda a conversa, Scherer demonstrou um especial cuidadorodadas gratis na betanonão mencionar, nominalmente, nem o candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL), nem o seu oponente, Lula. "Os clérigos, aí me refiro aos diáconos, aos padres, aos bispos, eles devem se absterrodadas gratis na betanoexpressar opção partidária e até mesmo por candidatos."

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Nos últimos dez dias, observamos uma sérierodadas gratis na betanoacontecimentosrodadas gratis na betanonatureza político-partidária no meio da Igreja Católica. Houve a confusão quando a comitivarodadas gratis na betanoBolsonaro esteve na Basílicarodadas gratis na betanoAparecida, no dia 12rodadas gratis na betanooutubro, missas interrompidas por manifestações partidárias e, no último domingo, o senhor foi atacado porque demonstrou preocupação com acirramento dos ânimos no contexto eleitoral. O que está acontecendo com os cristãos brasileiros?

rodadas gratis na betano Dom Odilo Scherer - Estamosrodadas gratis na betanocampanha eleitoral, este é o contexto. E o que está acontecendo é que os cristãos acabaram sendo envolvidos na polarização político-ideológica que é geral, que não é só brasileira, e isso está se expressando agorarodadas gratis na betanomaneira toda especial na proximidade do segundo turno das eleições presidenciais. Os ânimos estão muito acirrados. Há um envolvimento muito claro, eu diria assim, com as religiões. As igrejas, sobretudo as cristãs, foram arrastadas para dentro do debate. Não só do debate, o que seria legítimo, mas para a briga política.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - No Twitter, o senhor citou uma preocupação como avanço do fascismo no Brasil. Que setores fascistas seriam esses? O que seria esse avanço?

rodadas gratis na betano Scherer - Existem sinais, que não sãorodadas gratis na betanoagora, naturalmente, que vêmrodadas gratis na betanomais tempo,rodadas gratis na betanocerta tendência fascista, sim, que está na cultura. É uma doutrinação, eu diria até mesmo,rodadas gratis na betanoideias fascistas ou fascistoides, que agora se expressamrodadas gratis na betanoalguma forma dentro dessa polarização política. Isso se expressarodadas gratis na betanoforma muito especial nessa absolutizaçãorodadas gratis na betanoum pensamento sem permitir interlocução serena com quem pensa diferente. Essa absolutização é configurada como luta entre "o bem" e "o mal",rodadas gratis na betanomodo genérico, e como tal se apresenta alguém que é detentor ou identificado como aquele que é promotor "do bem" e outro identificado como o promotor "do mal". E quem adere politicamente ao que promove "o bem" é tido como "do bem". E quem é identificado como apoiadorrodadas gratis na betanoquem supostamente promove "o mal" é tido como "do mal".

Isso é absurdo. O próprio papa Francisco tem dito que o bem não está todorodadas gratis na betanoum lado nem o mal está todorodadas gratis na betanoum lado. A coisa não é tão simples nem tão clara, tão preto no branco. Existem claramente causasrodadas gratis na betanoque precisamos ter uma definição: não podemos ser mais ou menos a favor da vida, mais ou menos a favor da justiça; a gente precisa ser a favor. Porém, isso não nos deve levar a demonizar quem pensa diferente ou quem tenha argumentos diferentes e levar à instrumentalização das massasrodadas gratis na betanofunção do pensamento, digamos, ideológico e, claro, com o objetivorodadas gratis na betanoalcançar o poder, tornar as massas irrefletidamente fanáticasrodadas gratis na betanotornorodadas gratis na betanouma proposta ourodadas gratis na betanoum determinado projeto.

Isso claramente não está dentro do esquema democrático, está indicando mais para regimes totalitários do que para sistemas democráticos, abertos, que aceitam o contraditório e que aceitam conviver com o plural, sem a pretensãorodadas gratis na betanoeliminar, pelo menos culturalmente ou idealmente, quem pensa diferente. Nossa sociedade é pluralistarodadas gratis na betanotodos os aspectos, temosrodadas gratis na betanoreconhecer e aceitar. A manipulação da religião é o que está acontecendo muito fortemente. A meu ver este é um fator preocupante.

O que se queria evitarrodadas gratis na betanonossa parte, pelo menos da parte da Igreja Católica, acabou acontecendo: o envolvimento mais explícito, até mesmorodadas gratis na betanoclérigos, que devem se abster. Isso não significa que o povo católico não tenha posição política, partido, candidato… Claramente, é um direito do povo católico fazer isso. Mas os clérigos, aí me refiro aos diáconos, aos padres, aos bispos, eles devem se absterrodadas gratis na betanoexpressar opção partidária e até mesmo por candidatos. Isso é da norma da Igreja, porque divide a comunidade. Temosrodadas gratis na betanopromover a comunhão da comunidade narodadas gratis na betanopluralidade e não podemos pôr a perder valores maiores por causarodadas gratis na betanouma disputa política.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - A manifestação partidáriarodadas gratis na betanoclérigos é inclusive proibida pelo Códigorodadas gratis na betanoDireito Canônico, certo?

rodadas gratis na betano Scherer - Sim. É contrário às normas da Igreja.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - E o que vem sendo feito, no caso darodadas gratis na betanoarquidiocese, para coibir ou punir casosrodadas gratis na betanopadres e bispos que estejam se manifestando a favorrodadas gratis na betanoalgum candidato?

rodadas gratis na betano Scherer - As coisas estão acontecendo. Depoisrodadas gratis na betanoacontecidas, a gente vai resolver o que faz. Naturalmente, estamos no fervor dos fatos, mas isso merecerá claramente uma reflexãorodadas gratis na betanonossa parte, na medida que estiverrodadas gratis na betanonosso alcance. A gente está tentando justamente controlar isso, mas, claramente, fugiu do controle.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Existe punição prevista para casos assim?

rodadas gratis na betano Scherer - O uso [político-partidário] da palavra na igreja, no púlpito, na hora da celebração é proibido, até pela lei [eleitoral] brasileira. E, portanto, tem sim, sanções canônicas que podem serrodadas gratis na betanouma censura atérodadas gratis na betanouma suspensão se o caso for para tal.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Os casos concretos ainda serão analisados?

rodadas gratis na betano Scherer - Claro, os canonistas precisam olhar claramente. Mas, no momento, não estamos, porque, claramente, o assunto ainda está acontecendo. Não tem como fazer isso agora… Esta iniciativa será tarefa para depois.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - No mês passado, o senhor esteve no Vaticano com o papa Francisco. Ele demonstrou alguma preocupação com o período eleitoral brasileiro?

rodadas gratis na betano Scherer - Certamente o papa está muito informado sobre o que vem acontecendorodadas gratis na betanotodo o mundo e, portanto, antes que nós falássemos, ele já sabia. Está acompanhando o que está acontecendo com o Brasil. Isso foi assunto tambémrodadas gratis na betanonossa conversa com o paparodadas gratis na betanonossa visita a ele.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Algorodadas gratis na betanoconcreto dessa conversa pode ser tornado público?

rodadas gratis na betano Odilo Scherer - Não há nadarodadas gratis na betanoespecial a não ser informações sobre o que se passa na campanha eleitoral, sobre as tendências que estão presentes e como o povo católico está se posicionando… Essas questões…

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Voltando à questãorodadas gratis na betanoque os padres não podem se manifestar partidariamente:rodadas gratis na betanoum contextorodadas gratis na betanoque determinados religiosos estão pedindo votos abertamente, quem ficarodadas gratis na betanosilêncio não pode dar a entender que toda a Igreja está fechada com determinado candidato? Qual a postura mais adequada, então, nesse caso específico?

rodadas gratis na betano Scherer - Permanece válido o que a Igreja continua a dizer. Infelizmente, nem sempre isso é observado. No calor da campanha eleitoral, muitas vezes se esquece essa recomendação, que não é só uma recomendação, para os padres. Agora, a Igreja não deve ser identificada somente como os clérigos. A Igreja é o povo. E o povo tem o direito e até o deverrodadas gratis na betanoparticipação política, partidária,rodadas gratis na betanose manifestarrodadas gratis na betanofavorrodadas gratis na betanocandidatos. Isso está no pleno direito do povo católico. São os clérigos — os diáconos, os padres e os bispos — que não devem, para não dividir a comunidade.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Em períodos eleitorais, acabam sendo explorados com mais força alguns temas que são caros à doutrina católica, como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como tratar disso?

rodadas gratis na betano Scherer - Nas igrejas, essas temas são tratados como temas morais, e, naturalmente, a posição da Igrejarodadas gratis na betanorelação a eles é conhecida. E, mesmorodadas gratis na betanotemporodadas gratis na betanocampanha eleitoral, nada impede que se trate e continue a tratar desses temas, que são temas morais, não são temas políticosrodadas gratis na betanoprimeiro plano. Claro que, no tempo da campanha eleitoral, acabam sendo politizados, o que é uma pena. Pareceria que quem ganha a eleição então ganha a posição políticarodadas gratis na betanorelação a determinado tema. Não, os valores morais são universais, não são valoresrodadas gratis na betanopartido ourodadas gratis na betanogoverno. São valores universais que devem valer para todos os partidos, independentementerodadas gratis na betanoquem ganha a eleição.

Por isso, é uma pena que se faça politizaçãorodadas gratis na betanovalores morais. Esses deveriam valer para todos, e não simplesmente serem trazidos para a campanha político-partidária. Mas é inevitável que isso aconteça. Então, ao se falarrodadas gratis na betanovalores e posições da Igrejarodadas gratis na betanorelação a valores morais, nem por isso a Igreja está fazendo campanha partidária. Está falandorodadas gratis na betanosuas convicções erodadas gratis na betanosua doutrina, e isso vale tanto para clérigos quanto para leigos.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Mas há alguma orientação aos católicos, no sentido dos valores morais, para ajudar a nortear a escolha dos candidatos?

rodadas gratis na betano Scherer - Comorodadas gratis na betanotudo, a moral não se impõe. Ela se propõe. Como uma questãorodadas gratis na betanoprincípio. E cada um deve escolher, emrodadas gratis na betanoconsciência, e aderir a esses valoresrodadas gratis na betanoconsciência e depois responderrodadas gratis na betanoconsciência, dianterodadas gratis na betanosi, diante dos outros e dianterodadas gratis na betanoDEus.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - O posicionamento da Igreja é o mesmo quando a gente coloca a questão do armamentismo?

rodadas gratis na betano Scherer - Certamente. Esta também é uma questão moral, sim.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Muitos cristãos que defendem o porterodadas gratis na betanoarmas acabam citando uma passagem do evangelhorodadas gratis na betanoLucas, onde Jesus orienta seus seguidores a venderem suas capas e comprarem uma espada. Como explicar esta passagem à luz do atual debate?

rodadas gratis na betano Scherer - Tem que estudar melhor o significado dessa expressão no contexto do Evangelho. Jesus não justificarodadas gratis na betanoforma nenhuma o armamentismo com isso. Jesus, naquele momento, fala da força interior que se deve ter para testemunharrodadas gratis na betanofavor da fé, do Reinorodadas gratis na betanoDeus que ele está trazendo e convidando a aderir. Jesus não está convidando ninguém a fazer guerra contra os outros.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Por que a pauta religiosa se tornou tão preponderante neste ano eleitoral?

rodadas gratis na betano Scherer - Na verdade, ela aparecia antes também. Mas acredito, interpretação minha, que é porque o uso da religião, do nomerodadas gratis na betanoDeus e assim por diante é muito frequente por parterodadas gratis na betanoum dos candidatos. Isso é público e é conhecido. E isso se tornou argumento da campanha eleitoral.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Este mesmo candidato, que o senhor não cita nominalmente, insiste que há uma perseguição a cristãos no Brasil. O senhor concorda?

rodadas gratis na betano Scherer - Existe,rodadas gratis na betanofato, sim. Ultimamente, tem aparecido. Até na Basílicarodadas gratis na betanoAparecida, houve uma formarodadas gratis na betanodesrespeito ao momento religioso, ao momentorodadas gratis na betanoculto dentro da Basílica [aqui, Scherer se refere aos apoiadores do candidato à reeleição Jair Bolsonaro que causaram confusão durante as celebraçõesrodadas gratis na betanoNossa Senhora Aparecida no feriado alusivo a ela, no último dia 12]. Há outros momentosrodadas gratis na betanoque pessoas interrompem missas para provocar ou, então, criar arruaça dentro da celebração. Isso são manifestaçõesrodadas gratis na betanointolerância, se não sãorodadas gratis na betanoperseguição. Sãorodadas gratis na betanointolerância. E a intolerância é muito preocupante. Por isso mesmo é perigoso tornar a religiãorodadas gratis na betanoalguma forma instrumentorodadas gratis na betanobusca do poder e argumentar com baserodadas gratis na betanoargumentos religiosos para conseguir o voto das pessoas. Isso é perigoso e pode desencadear consequências incontroláveis depois.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Consequências incontroláveis? O senhor enxerga algum risco para a democracia no Brasil?

rodadas gratis na betano Scherer - Tem havido manifestações, não agora simplesmente neste momento, masrodadas gratis na betanomais tempo para cá que apontam para esse risco. Por exemplo, o questionamento das instituições. Não um questionamento qualquer, mas uma formarodadas gratis na betanoameaça às instituições democráticas. Um poder contra outro poder. Ou até pretender ter um controle total sobre o Judiciário, por exemplo. Isso, sim, indica um risco para as instituições democráticas. Mas eu espero que não aconteça. O Brasil tem resistido a essas, digamos, ameaças. Creio que nossa democracia aguentou bastante e vai aguentar também essa. E vai se sair melhor.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Qual o papel da Igreja Católica na contribuição ao fortalecimento desse processo democrático?

rodadas gratis na betano Scherer - Primeiramente, a Igreja tem um papel próprio. Não é um papel político-partidário. A Igreja, e aí também a Conferência dos Bispos [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB], não é um partido, não é uma facção a favor ou contra o governo. A Igreja é povo. E, na Igreja, existem pessoasrodadas gratis na betanovárias cores partidárias, legitimamente. A Igreja, por isso mesmo, é inclusiva. Não é seletivarodadas gratis na betanoideologias ourodadas gratis na betanopartidos,rodadas gratis na betanoposições partidárias. A Igreja está no meio do povo, é o povo. É dos que aderem a ela e estão batizados, portanto, fazem parte dela. Por isso, a Igreja está na sociedade, é parte dela, e, através da ação da Igreja, ela procura educar — a palavra parece meio inadequada neste contexto, mas o trabalhorodadas gratis na betanoevangelização é, sim, um trabalhorodadas gratis na betanoformação das pessoasrodadas gratis na betanofunçãorodadas gratis na betanovalores,rodadas gratis na betanoreconhecimento do próximo e da dignidade humana, dos valoresrodadas gratis na betanojustiça e retidão. Este é o papel formador que a Igreja tem na sociedade.

A Igreja, atravésrodadas gratis na betanosuas múltiplas formasrodadas gratis na betanopresença, está na sociedade como colaboração. Ela não substitui nem a sociedade nem o governo. A Igreja não é uma coisa separada da sociedade, está dentro da sociedade, com creches, hospitais, escolas, com inúmeras iniciativasrodadas gratis na betanopresença junto aos pobres, doentes, etc. Então, dessas formas, a Igreja está colaborando, contribuindo para uma vida melhor na sociedade. Com o governo, a Igreja está disponível para colaboração naquilo que é legítimo e possível. E aí não tem o governo A ou B. Com qualquer governo, quando isso seja possível e coerente com aquilo que é arodadas gratis na betanoconvicção.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - E qual o papel da Igreja no período eleitoral?

rodadas gratis na betano Scherer - A Igreja tem dado orientações quanto a parâmetros, balizas que devem orientar a busca do voto, ou então a quem dar o voto. A escolha dos candidatos, quais os critérios que, segundo a convicção da Igreja, deveriam ser levadosrodadas gratis na betanoconsideração na escolha. Isso a Igreja faz, tem feito.

Damos, naturalmente, critérios que possam ajudar os cristãos que queiram ter referências. E o povo espera isso, pede, quer referências para a escolha dos candidatos. Claro que o povo queria muitas vezes ouvir "voterodadas gratis na betanoA", "voterodadas gratis na betanoB". Normalmente, não fazemos isso, porque a gente sabe que a nossa indicação já introduziria a divisão na comunidade. Oferecemos critérios pelos quais as pessoas devem se orientar. São aqueles que normalmente já são conhecidos. Primeiramente, olhar a capacidade, a idoneidade moral do candidato que se apresente. Depois a sua, diria assim,rodadas gratis na betanoficha, seu histórico, se ele merece a nossa confiança, se ele representa nossas convicções.

Depois, por outro lado, claro, aquele programa que ele tem ou defende, ele ou o partido ou o conjuntorodadas gratis na betanopartidos. Esse programa vai bem? Ele contraria nossas convicções? São essas coisas que a gente propõe normalmente. Alémrodadas gratis na betanoter oferecido critérios que, esperamos, tenham todos, agora a gente está fazendo o papelrodadas gratis na betanoacalmar os ânimos. Para evitar que, no calor da campanha, se produzam lacerações nas relações sociais, humanas e até mesmo dentro das famílias, comunidades cristãs que, depois, dificilmente serão superadas.

Entendemos que há valores que vão alémrodadas gratis na betanouma campanha eleitoral. Claro que,rodadas gratis na betanouma campanha, temos muitas coisasrodadas gratis na betanojogo e muitas coisas apreciáveis. Porém, depois da eleição, temosrodadas gratis na betanocontinuar vivendo, temosrodadas gratis na betanocontinuar a viver juntos. E só um pode ganhar. Quem ganha deve governar, e esperamos que governe bem. E quem perde vai para a oposição, que controle quem governa e faça seu papel. Por outro lado, é preciso compreender que, no Brasil, temos um regime democrático, republicano, presidencialista. Não somos parlamentaristas e muito menos imperial, portanto o presidente não pode tudo. O presidente não governarodadas gratis na betanomaneira absoluta, e nem queremos que governerodadas gratis na betanomaneira absoluta. Temrodadas gratis na betanolevarrodadas gratis na betanoconta os outros dois poderes, o Congresso e o Judiciário. E levarrodadas gratis na betanoconta a população. O grande poder é o povo, e o próprio povo deve controlar quem governa,rodadas gratis na betanotodas as instâncias e acompanhar as ações do governo e ver se estãorodadas gratis na betanoacordo com aquilo que o povo pretende. Que o povo se manifeste também depois das eleições. Nosso voto é apenas uma parte do processo político. Nossa participação política não termina na urna. Ela continua depois, ao longorodadas gratis na betanotodo o governo.

rodadas gratis na betano BBC News Brasil - Quando o senhor diz "nossa participação", inclui também a Igreja como instituição?

rodadas gratis na betano Scherer - Exatamente, o papel político dos organismos da Igreja é legítimo, não é negado. Ele é previsto e reconhecido pelas instituições da sociedade. Gostariarodadas gratis na betanoacrescentar uma palavra que o papa Francisco tem usado e que se aplica bem ao período eleitoral: que os adversários não sejam considerados inimigos. Adversários políticos pensam diferentes. Mas não devem ser considerados inimigos, porque isso depois cria situações realmente não só constrangedoras, mas insuportáveis e insustentáveis. Deve prevalecer a amizade social, o respeito e a tolerância. E cada um que lute por aquilo que acredita. Esperamos que seja assim.

- Texto originalmente publicadorodadas gratis na betanohttp://bbc.co.ukhttp://vesser.net/brasil-63334190