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Eleições 2022: as contradiçõesblazer casa de apostasBolsonaro e Lula sobre aborto:blazer casa de apostas
Qualquer mudança nessas regras, seja para ampliar a legalização ou aumentar a proibição, dependeblazer casa de apostasuma decisão do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, o presidente não pode diretamente mudar a atual legislação. Mas ele pode tentar influenciar as decisões do Parlamento ou do STF.
Entenda melhor a seguir as posições e contradiçõesblazer casa de apostasBolsonaro e Lula sobre aborto. E, ao final, saiba qual pode ser o papelblazer casa de apostasum presidente nesse debate.
1) As contradiçõesblazer casa de apostasBolsonaro
O presidente se coloca como um defensor dos valores cristãos e da família. Nesse contexto, ele tem sido um opositor da ampliação do direito ao aborto já há vários anos.
Uma pesquisa no portal da Câmara dos Deputados por falas antigasblazer casa de apostasBolsonaro mostra que, durante seus mandatosblazer casa de apostasdeputado federal, ele abordou a questão do abortoblazer casa de apostasalgumas ocasiões, quando fazia a defesa da ampliação do acesso a métodosblazer casa de apostasesterilização, como vasectomia e laqueadura.
O então deputado dizia ter uma "obsessão" pelo tema do "planejamento familiar", pois considerava que o excessoblazer casa de apostasfilhos pela população mais pobre causava graves problemas sociais, como fome, desemprego e violência.
"Falarei hoje sobre um dos temas pelos quais sou apaixonado: o controle da natalidade. (…) Com os que se posicionam contrariamente à legalização do aborto, poderíamos começar a discutir a questão da laqueadura e da vasectomia", disseblazer casa de apostas2007.
Um vídeo compartilhado por Bolsonaroblazer casa de apostas2018, cuja datablazer casa de apostasgravação não é informada, mostra um pouco mais dessa visão do então deputado.
"Olha, o aborto hoje existeblazer casa de apostastrês casos: anencefalia, riscoblazer casa de apostasmorte para a mãe e estupro. Se depender do meu voto aí, a questão do aborto, não será dado nesse sentido (de aumentar a legalização)", responde, após ser questionado sobre qualblazer casa de apostasposição sobre o tema.
"Eu tenho um projetoblazer casa de apostasBrasília que visa, inclusive, evitar abortos. Ou seja, hojeblazer casa de apostasdia uma mulher, um homem para fazer laqueadura ou vasectomia tem que ter 24 anos ou dois filhos. A minha proposta passa para 18 anos, independente do númeroblazer casa de apostasfilhos", continuou o presidente, na mesma resposta.
Depois, a oposição à ampliação da legalização do aborto ganhou mais peso no discursoblazer casa de apostasBolsonaro e virou temablazer casa de apostasdestaque nablazer casa de apostascampanha presidencialblazer casa de apostas2018. Nablazer casa de apostasvisão, o aborto é um assassinato, e é preciso proteger a vida do futuro bebê desde a concepção.
Em junho deste ano, Bolsonaro chegou a criticar o aborto realizado legalmenteblazer casa de apostasuma meninablazer casa de apostasapenas 11 anos que engravidoublazer casa de apostasum garotoblazer casa de apostas13, situação que é classificada como estupro pela lei brasileira.
A interrupção da gravidez ocorreu no sétimo mêsblazer casa de apostasgestação, após determinação da Justiça, já que o hospital procurado pela família quando a menina estava grávidablazer casa de apostascercablazer casa de apostascinco meses se recusou a realizar o aborto.
"Um bebêblazer casa de apostasSETE MESESblazer casa de apostasgestação, não se discute a forma que ele foi gerado, se está amparada ou não pela lei. É inadmissível falarblazer casa de apostastirar a vida desse ser indefeso!", disseblazer casa de apostasum post no Twitter.
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Mas apesar da oposição ferrenha ao aborto ter se tornado marcablazer casa de apostasBolsonaro, declarações mais antigas do presidente são contraditórias com essa posição.
Em fevereiroblazer casa de apostas2000, a revista IstoÉ Gente publicou uma entrevistablazer casa de apostasque a jornalista Cláudia Carneiro perguntou o que ele achava sobre a legalização do aborto.
"Temblazer casa de apostasser uma decisão do casal", respondeu Bolsonaro, então deputado federal.
Em seguida, Carneiro perguntou se ele já havia vivido tal situação. Bolsonaro, então, revelou ter avaliado a possibilidadeblazer casa de apostasabortar seu quarto filho, Jair Renan, com a mãe dele, Ana Cristina Valle.
"Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó", disse, segundo a revista, apontando para a foto no muralblazer casa de apostasJair Renan,blazer casa de apostas1 ano e meio na ocasião.
Imagens da revista impressa com essa entrevista têm circulado nas redes sociais, e a IstoÉ Gente disponibilizou o conteúdo online.
A campanhablazer casa de apostasLula levou essa entrevista à propaganda eleitoral para atacar Bolsonaro. "Ele diz uma coisa: 'somos contra o aborto'. Mas faz outra. Numa entrevista ele já defendeu o abortoblazer casa de apostasumblazer casa de apostasseus filhos", diz a propaganda petista.
Essa declaração à revista IstoÉ Gente já tinha sido resgatada na eleiçãoblazer casa de apostas2018. Naquele ano, o jornal Folhablazer casa de apostasS.Paulo questionou Bolsonaro sobre a declaraçãoblazer casa de apostasque o aborto seria uma decisão do casal.
Segundo o jornal, o então candidato disse que era contra o aborto, mas que a decisão caberia à mulher. Após a publicação, Bolsonaro divulgou um vídeo refutando a reportagem da Folha.
"Olá, amigosblazer casa de apostastodo o Brasil. Mais um fake news da Folhablazer casa de apostasSão Paulo, é aquele jornalblazer casa de apostassempre. Manchete do jornal: Homem não deve intervir na decisão da mulher sobre aborto. Mentira. Nunca falei isso. Mais uma covardia dessa imprensa suja", reclamou Bolsonaro.
"A única situaçãoblazer casa de apostasque a mulher decide juntamente com o marido ou sozinha sobre aborto é nos casos definidosblazer casa de apostaslei do momento:blazer casa de apostasriscoblazer casa de apostasvida, anencefalia e casoblazer casa de apostasestupro. Esses casos a mulher que decide se vai abortar ou não. Táblazer casa de apostaslei. Ela pode não abortar. Nos demais casos, sempre fui radicalmente contra", disse ainda.
Nesse vídeo, Bolsonaro também prometeu jamais sancionar uma lei ampliando o aborto legal, caso fosse eleito presidente.
"E digo mais, como sempre disse, caso um dia a Câmara e o Senado aprovem a ampliação do aborto e eu seja presidente, eu vetarei essa proposta e ponto final. Homens e mulheresblazer casa de apostastodo o Brasil continuo o mesmo antes, durante e continuarei sendo o mesmo após as eleições. Aborto não. Folhablazer casa de apostasS.Paulo, mais uma vez, vocês estão a serviçoblazer casa de apostasquem?", concluiu Bolsonaro, na gravação.
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2) As contradiçõesblazer casa de apostasLula
Em abril deste ano, o ex-presidente defendeu que o aborto seja tratado como questãoblazer casa de apostassaúde pública e que todos tenham direito a interromper uma gravidez.
Segundo ele, a proibição não impede que mulheresblazer casa de apostasmaior renda busquem o abortoblazer casa de apostasoutros países, onde a prática é legalizada. Por outro lado, argumentou o petista, a proibição leva mulheres pobres a arriscarem suas vidas com métodos inseguros no Brasil.
"Numa cidade chamada Jaguaquara, na Bahia, eu conheci uma mulher que ela utilizava fuligem do fogão à lenha, aquela fumaça, aquela folha que gruda, colocando na vagina para ver se ela abortava", disse, durante um evento da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.
"Ora, quando que a madame ela pode fazer um abortoblazer casa de apostasParis, ela pode escolher Berlim. Aqui no Brasil, ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questãoblazer casa de apostassaúde pública e todo o mundo ter direito e não ter vergonha", continuou na ocasião.
A abordagem defendida por Lula nessa declaração,blazer casa de apostasque o aborto é visto como uma questãoblazer casa de apostassaúde da mulher, é comumblazer casa de apostaspaíses com índices mais elevadosblazer casa de apostasdesenvolvimento, como França, Portugal, Austrália e Canadá, e tambémblazer casa de apostasalguns países com perfil semelhante ao Brasil, como Argentina.
No Brasil,blazer casa de apostasque o tema é bastante polêmico, essa falablazer casa de apostasLula pegou até petistasblazer casa de apostassurpresa. Apenas dois dias depois, ele mudou o tom e disse ser contra o aborto ao ser questionadoblazer casa de apostasentrevista à rádio Jangadeiro BandNews,blazer casa de apostasFortaleza.
"A única coisa que eu deixeiblazer casa de apostasfalar na fala que eu disse é que eu sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é o seguinte: é que é preciso transformar essa questão do abortoblazer casa de apostasuma questãoblazer casa de apostassaúde pública. Ou seja, que as pessoas pobres que forem vítimasblazer casa de apostasum aborto elas têm que ter, sabe, condiçõesblazer casa de apostasse tratar na rede públicablazer casa de apostassaúde. É só isso", afirmou à rádio.
Essa fala é parecida com umablazer casa de apostas2007, quando Lula comentou o temablazer casa de apostasentrevista a rádios católicas concedida por causa da visita do Papa Bento 16.
"Eu tenho dito, na minha vida política, que sou contra o aborto. E tenho dito publicamente que não acredito que ninguém faça aborto por opção ou por prazer", afirmou na ocasião, segundo reportagem do portal G1 que reproduziu trechos da entrevista.
"O meu sonho é que as pessoas tenham uma educação tão perfeita que não precisem ficar grávidas sem desejar. Este é o meu desejo. Agora, enquanto isso não acontece, o Estado precisa assumir a responsabilidadeblazer casa de apostascuidarblazer casa de apostasmilhõesblazer casa de apostaspessoas, ao longoblazer casa de apostasdécadas, que às vezes ficam grávidas sem querer ficar grávidas", disse ainda o então presidente.
As contradiçõesblazer casa de apostasLula têm sido muito exploradas na campanhablazer casa de apostasBolsonaro. O presidente e seus filhos abordam o assunto quase diariamenteblazer casa de apostasmensagens compartilhadasblazer casa de apostassuas redes sociais.
"Lula agora tenta dizer que é contra o aborto, enquanto é apoiado por quem defende; que é cristão, enquanto é apoiado por quem odeia igreja; que é contra as drogas, enquanto é apoiado por quem é a favor; que é contra a corrupção, enquanto ele e seu bando foram presos por isso...", tuitou Bolsonaro, no dia 7blazer casa de apostasoutubro.
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A campanhablazer casa de apostasBolsonaro também usou a declaraçãoblazer casa de apostasLula emblazer casa de apostaspropagandablazer casa de apostasTV, contrastando a fala do petista com um trecho do discurso feito por Madre Teresablazer casa de apostasCalcutá ao aceitar o Prêmio Nobel da Paz.
"Madre Teresablazer casa de apostasCalcutá nos ensinou sobre o aborto. 'E se uma mãe pode assassinar seu próprio filhoblazer casa de apostasseu próprio ventre, o que falta a nós para matarmos uns aos outros?'. Já Lula defende o aborto", diz a propaganda, reproduzindoblazer casa de apostasseguida a declaração do petistablazer casa de apostasque o aborto deveria ser um direito.
Com o tema ganhando cada vez mais força na campanha e ameaçando afastar votosblazer casa de apostaseleitores cristãosblazer casa de apostasLula,blazer casa de apostascampanha tem reagido às acusaçõesblazer casa de apostasBolsonaro. Logo após o primeiro turno, o petista gravou um vídeoblazer casa de apostasque reforça ser contra o aborto.
"Eu casei com a Lurdes, ela morreu dois anos depoisblazer casa de apostascasada, morreu no parto. Depois eu fiquei 43 anos casado com Marisa, ela morreublazer casa de apostasum AVC. Eu estou casado com a Janja agora. Não só eu sou contra o aborto como todas as mulheres que eu casei são contra o aborto. E eu acho que quase todo mundo é contra aborto. Não só porque nós somos defensores da vida, mas porque deve ser uma coisa muito desagradável e muito dolorida alguém fazer um aborto", diz Lula, no vídeo.
3) O que um presidente pode fazer?
Seja quais forem as posiçõesblazer casa de apostasLula e Bolsonaro sobre aborto, o que afinal eles podem fazer no cargoblazer casa de apostaspresidente?
O presidente não tem o poderblazer casa de apostasdiretamente ampliar ou restringir a legalização da interrupção da gravidez. Qualquer mudança tem que passar no Congresso ou no Supremo Tribunal Federal.
No caso do Congresso, o que o presidente pode fazer é propor uma alteração da legislação, que teria que ser votada pelos parlamentares. Em tese, o presidente também pode usar dablazer casa de apostasprojeção pública para mobilizar a população a pressionar o Congresso no tema.
Além disso, também pode,blazer casa de apostastese, negociar com os parlamentares, oferecendo acesso a cargos no governoblazer casa de apostastrocablazer casa de apostasapoio para suas agendas, por exemplo.
No entanto, seja quem vencer a eleição, parece pouco provável que o próximo governo priorize esse debate no Congresso. A maioria dos parlamentares eleitos tem posicionamento conservador, o que tornaria custoso para um presidente tentar avançar com a ampliação da legalização.
Além disso, pesquisasblazer casa de apostasopinião mostram que a maioria da população é contra mudar a atual legislação sobre aborto. Segundo Datafolhablazer casa de apostasmaio, 71% dos brasileiros, ou seja, 7blazer casa de apostascada 10 pessoas são contra a flexibilização da lei atual.
Esse número inclui os 32% da população que acham que a proibição deve ser total, ou seja, mesmoblazer casa de apostascasosblazer casa de apostasestupro oublazer casa de apostasrisco à saúde mãe.
Apenas 18% dos entrevistados pelo Datafolha disseram ser a favor da ampliação das hipótesesblazer casa de apostasaborto legal, e somente outros 8% disseram ser a favor da legalização total.
A pesquisa mostrou ainda que os segmentos mais pobres e menos escolarizados são os que maisblazer casa de apostasopõem ao direito ao aborto.
Além do caminho pelo Congresso, outro meio possível para aumentar as hipótesesblazer casa de apostasaborto legal seria com uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Isso ocorreria, por exemplo, seblazer casa de apostasum julgamento sobre essa questão, a maioria da Corte entendesse que a proibição à interrupção da gravidez contraria o direito constitucional da mulher à dignidade humana.
Embora existam ações sobre o direito ao aborto esperando a análise do STF, não há qualquer perspectiva concretablazer casa de apostasque o tema entreblazer casa de apostasjulgamento na Corte. Também não está claro se haveria maioriablazer casa de apostasfavorblazer casa de apostasalguma mudança na atual legislação.
O próximo presidente terá direito a indicar dois ministros para o Supremo, já que Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentamblazer casa de apostas2023. Essas indicações, porém, precisam ser aprovadas pela maioria do Senado.
- Este texto foi publicadoblazer casa de apostashttp://vesser.net/brasil-63265227
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