Eleições 2022: Lula pede 'chequebets roletabranco'? As dúvidas sobre o programa do PT:bets roleta

Outros, porém, avaliam que o fatobets roletaLula não ter detalhado suas propostas mostraria que ele e o partido não teriam "aprendido" com os erros do passado e que isso pode dificultar o processobets roletacobrança por desempenho, caso ele seja eleito. Eles alegam que ao fazer promessas sem detalhar como vai alcançar os objetivos, o cheque pode estar na verdade "sem fundo", quando não há como pagá-lo.

Chequebets roletabranco

A expressão "chequebets roletabranco" vem sendo utilizada ao longo da corrida eleitoral por críticos do PT. No jargão popular, dar um "chequebets roletabranco" significa dar um votobets roletaextrema confiançabets roletaalguém, uma vez que o portador pode escrever o valor que quiser no cheque.

Na campanha do primeiro turno, a senadora e candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) usou a expressão ao se referir a Lulabets roletauma postagembets roletasuas redes sociais.

"O ex-presidente Lula defende o voto útil, mas foge covardemente do debate, não apresenta propostas. Quer um chequebets roletabranco do Brasil", disse Simone.

Após o primeiro turno, Tebet declarou apoio a Lula e passou a viajar pelo país fazendo campanha pelo ex-presidente.

Quem também usou a expressão foi o candidato do Novo à Presidência, Felipe D`Ávila. Em uma sériebets roletapostagensbets roletasuas redes sociais, ele criticou a faltabets roletadetalhamento das propostasbets roletaLula.

"'Não sou o Bolsonaro' não é política econômica. Não gera emprego nem renda [...] Aqui não tem chequebets roletabranco nem estelionato eleitoral", disse.

D'Ávila, ao contráriobets roletaTebet, continua a se posicionar contra Lula no segundo turno.

A principal fontebets roletacríticas giroubets roletatorno da suposta faltabets roletadetalhamento das propostasbets roletaLula. O documento intitulado "Diretrizes para o programabets roletareconstrução e transformação do Brasil" tem 21 páginas, 121 pontos e foi registrado pelo partido junto à Justiça Eleitoral.

Nele, a coligaçãobets roletaLula se compromete, por exemplo, a acelerar a atividade econômica e retomar a geraçãobets roletaempregos.

"Temos compromisso com o desenvolvimento econômico sustentável com estabilidade, para superar a crise e conter a inflação, assegurando o crescimento e a competitividade, o investimento produtivo, num ambientebets roletajustiça tributária e transparência na definição e execução dos orçamentos públicos,bets roletaforma a garantir a necessária ampliaçãobets roletapolíticas públicas e investimentos fundamentais para a retomada do crescimento econômico", diz um trecho do documento.

Na quinta-feira (27/10), o PT divulgou uma carta com 13 pontos assinadas pelo ex-presidente Lulabets roletaque fornece mais informações sobre suas propostas para diversas áreas, entre elas a econômica.

Na carta, Lula promete retomar obras paradas nas 27 unidades da federação, buscar investimentos nacionais, internacionais, públicos e privados para "para dinamizar e expandir o mercado internobets roletaconsumo, desenvolver o comércio, serviços, agriculturabets roletaalimentos e indústria".

Na carta, Lula promete ainda construir uma "Nova Legislação Trabalhista" e implantar um programabets roletacrédito a juros baixos para micro, pequenas e médias empresas.

O problema, segundo alguns críticos, é que as propostas na área econômica não estariam suficientemente detalhadas.

"O cheque estábets roletabranco porque você não ouviu o Lula fazendo nenhum grande compromisso na área econômica. Você não sabe,bets roletadetalhes, o que ele quer fazer e nem como quer chegar lá", diz doutorbets roletaeconomia e ex-diretorbets roletaAssuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartzman.

O economista afirma que a política econômica adotada pelos governos do PT a partirbets roleta2006 foi equivocada e teria sido responsável,bets roletaparte, pela crise econômica que o país enfrentou a partirbets roleta2015.

Lula admitiu quebets roletasucessora, Dilma Rousseff (PT) teria cometido erros na condução da economia como o programabets roletadesonerações adotado por ela para manter um nível baixobets roletadesemprego.

Segundo Schwartzman, sem o detalhamento das novas propostas na área econômica, o eleitorado ficou sem saber se Lula vai repetir ou não as políticas do passado.

"A gente não sabe se o Lula e o PT aprenderam com os erros do passado ou se vão continuar a fazer as mesmas coisas", afirmou.

'Cheque sem fundo'

A economistabets roletaorientação liberal e apoiadora da candidaturabets roletaSimone Tebet à Presidência, Elena Landau, concorda com Schwartzman.

Segundo ela, a estratégia do "chequebets roletabranco" ficou ainda mais evidente na reta final do primeiro turno, quando a candidaturabets roletaLula apostou todas as fichas no voto útil para encerrar as eleições ainda no primeiro turno.

"Houve uma pressão enorme pelo voto útil sob o argumentobets roletaque apenas Lula representaria a democracia. Mas quão democrático é defender voto útil no primeiro turno? Ele pedia voto na base do 'confiabets roletamim' e só", disse a economista.

Elena Landau admite que algumas posiçõesbets roletaLula sobre a economia chegaram a ser debatidas como a ideiabets roletausar o Estado como indutor do crescimento econômico e reativar o consumo.

Ela usa a metáfora do cheque para descrever o que vê como um problema. "Talvez, o cheque do Lula não estejabets roletabranco. Talvez, o problema seja que o cheque que ele deu ao eleitorado esteja sem fundo, porque ele não vai ter como entregar o que prometeu", afirmou.

Apesar das críticas, Landau apoia o votobets roletaLula no segundo turno.

"Meu voto é contra a reeleiçãobets roletaBolsonaro. Após ver o Congresso Nacional que foi eleito, é preciso dar um freio a Bolsonaro. É um Congresso conservador ebets roletadireita. Com Bolsonaro, essa combinação não é saudável", disse ao jornal Valor Econômico no dia 7bets roletaoutubro.

Em uma postagem no seu perfil no Twitter na segunda-feira (24/10), a economista criticou a suposta ausênciabets roletacobrança sobre as propostasbets roletaBolsonaro.

"Por que só pedem propostas do Lula, enquanto é Bolsonaro que acabou com teto, que contratou déficit primário para 2023, que fica perturbando as ideias da Petrobras, que faz política populista, que mantém regimes especiais no IR [Impostobets roletaRenda], que transformou Brasilbets roletapária?", indagou a economista.

"Depois do dia 30, a gente cobra. E até o fim do ano a dupla Guedes/Jair ainda pode fazer muito estrago", completou.

Memória e oposição

A doutorabets roletaCiência Política e professora da Universidade Federalbets roletaMinas Gerais (UFMG) Viviane Gonçalves, porém, discorda dos argumentosbets roletaSchwartzman e Elena Landau sobre um suposto "chequebets roletabranco" pedido por Lula.

Ela sustenta que como Lula é bastante conhecido e já governou o país duas vezes, o eleitorado já tem uma ideia sobre o que quer e o que espera do petista.

"Eu não vejo como um chequebets roletabranco porque ele não é um desconhecido. Quem votabets roletaLula já vota esperando algo, nem que seja a repetição do que ele fez quando foi presidente. Além disso, ele vem como uma propostabets roletaser o opostobets roletaBolsonaro. O eleitorado se manifesta dizendo: eu não quero mais isso", afirmou a professora.

"Não é que ele não precisou apresentar propostas. Ao longo da campanha, ele faloubets roletaalgumas, mas o que existiu nessa campanha foi uma aposta muito grande nas figuras pessoais dos candidatos. Isso já era uma característica forte no Brasil no passado e se manteve agora", avaliou Viviane Gonçalves.

Na avaliação da professorabets roletaCiência Política da Escola Superiorbets roletaPropaganda e Marketing (ESPM)bets roletaSão Paulo, Denilde Holzhacker, Lula é ambíguo ao não detalhar algumasbets roletasuas propostas.

Segundo ela, isso se deveu à necessidadebets roletaele atrair o voto do eleitor moderado e indeciso. Ao não descreverbets roletadetalhes suas propostas, Lula teria evitado espantá-los ou desagradar a militância mais à esquerda que sempre o apoiou.

Outro motivo que permite a Lula não detalhar suas propostas ao longo da camanha, segundo ela, é a forma como a disputa acontece.

"A disputa foi muito centrada na figurabets roletaLula e Bolsonaro. É uma batalha,bets roletacerta medida, sobre as personalidades. Não é uma eleição sobre propostas", afirma.

Apesar disso, ela discorda da tese do "chequebets roletabranco".

"Eu não chamariabets roletachequebets roletabranco porque o eleitor vai cobrá-lo [caso ele seja eleito]. Haverá uma pressão da sociedadebets roletageral e dos grupos políticos que o apoiaram até agora", disse Denilde Holzhacker.

Em suas redes sociais, o candidato a vice-presidente na chapabets roletaLula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), rebate a ideiabets roletaque as propostas na área econômica do ex-presidente sejam vagas. Em uma sériebets roletapostagens, Alckmin disse que, se Lula for eleito, o governo terá como ponto principal a responsabilidade fiscal.

O deputado federal e um dos formuladores do programabets roletagoverno da candidaturabets roletaLula, Paulo Teixeira (PT-SP) também não concorda com a ideiabets roleta"chequebets roletabranco".

"Não existiu isso. O principal balizador da campanhabets roletaLula foram os seus governos. Além disso, nós elaboramos, junto aos outros partidos da coligação, um programa com todas as diretrizesbets roletacomo queremos governar. Está tudo registrado", afirmou Teixeira à BBC News Brasil.

Indagado sobre o nívelbets roletadetalhamento das propostas, Paulo Teixeira negou que elas sejam vagas, mas disse que um detalhamento maior e estabelecimentobets roletametas vai dependerbets roletaconversas com a sociedade e com o Congresso, caso Lula seja eleito.

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