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O cálculo arriscadoBolsonaro por trás do ato7setembroCopacabana:
Parada militar e ato político
O atoalusão ao feriado7setembroCopacabana acontecemeio à disputa do primeiro turno das eleições presidenciais. Bolsonaro vem aparecendosegundo lugar nas principais pesquisasintençãovoto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar disso, a maior parte delas mostra que o presidente vem reduzindo a diferença que tinharelação ao petista.
De acordo com a pesquisa do Instituto Datafolha mais recente, Lula tem 47% dos votos e Bolsonaro aparece com 32%, uma diferença15 pontos percentuais. Apesar disso, a pesquisa mostra que,relação a maio, Bolsonaro vem reduzindo a distância para o petista. Naquele mês, a diferença era21 pontos.
E é nesse cenárioaparente subidasuas intençõesvoto que o atoCopacabana vai ocorrer.
"Vai ser o maior ato da campanha dele até agora. Considerando as convocações e a mobilização damilitância, não acredito que será algo pequeno o que irá ocorrerCopacabana", afirma a cientista política Viviane Gonçalves, professora do DepartamentoCiência Política da Universidade FederalMinas Gerais (UFMG).
Expectativaapoio
Integrantes da equipecampanhaBolsonaro com quem a BBC News Brasil conversou nos últimos dias enfatizaram que a expectativaapoio popular maciçoCopacabana foi um dos fatores que levaram à escolha da área para o ato. Eles citam a grande concentraçãoaposentados e militares reformados que vivem no bairro, um público majoritariamente bolsonarista.
Para a doutoraCiência Política pela PUCSão Paulo Deysi Cioccari, a escolhaCopacabana como palco desse ato foi estratégica.
"Nesse bairro, Bolsonaro tem um apoio muito maior. É uma região do Rio que é concentradamente bolsonarista", explicou a especialista.
Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral do RioJaneiro (TRE-RJ), Bolsonaro teve 61,43% dos votos na zona eleitoral que compreende o bairroCopacabana contra 38,57% do então candidato petista Fernando Haddad.
Viviane Gonçalves aponta que Copacabana também remonta a memória das manifestaçõesfavor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT),2016, e as demonstraçõesapoio a Bolsonaro esde 2018.
"O bairro evoca essa memóriapontos altos do antipetismo e do bolsonarismo", explicou a professora.
Impacto nacional e internacional
Outro elemento citado pelas especialistas e pela equipecampanhaBolsonaro é o potencial impacto que uma manifestaçãoCopacabana pode gerar na comparação com outros locais do Brasil como a Esplanada dos Ministérios,Brasília, ou a Avenida Paulista,São Paulo. A ideia, segundo eles, é que o ato sirva como uma demonstraçãoque Bolsonaro tem apoio popular e que essa imagem repercuta dentro e fora do país.
"Em Copacabana, até pela geografia, com ruas mais estreitas, é mais fácil você dar a impressãoque uma manifestação está lotada. Em Brasília, cheiaespaços amplos, é muito mais difícil", disse Viviane Gonçalves.
Segundo ela, com as ruasCopacabana lotadas, a campanha deverá fazer imagens aéreas e divulgá-las no materialcampanha do candidato.
Para Deysi Cioccari, as imagensruas lotadasCopacabana serão usadas para fortalecer a narrativa da campanhaBolsonaro.
"Não se trata tantoquantos votos ele vai conseguir ganhar, masreforçar essa narrativa (de apoio popular), especialmente nas redes sociais, onde Bolsonaro se mostra mais eficiente do que seu adversário", afirmou a especialista.
Nos bastidores da campanhaBolsonaro, o possível impacto internacional também esteve presente no cálculo que definiu Copacabana como o grande palco do 7setembroBolsonaro.
A tese éque Copacabana é um dos pontos turísticos mais conhecidos do Brasiltodo o mundo. A imagem das ruas do bairro lotadasapoio a Bolsonaro teria, segundo a campanha, mais impacto internacional do que se o ato fosse na Avenida Paulista ouqualquer outro ponto do país. Essa demonstraçãoapoio poderia, segundo integrantes da campanha, diminuir as resistências que alguns países vêm demonstrandorelação a Bolsonaro nos últimos meses.
Tanto Viviane quanto Deysi ponderam, contudo, que o sucesso do ato vai dependerum fator importante: a forma como a manifestação se desenrolar.
No ato7setembro do ano passado, Bolsonaro fez críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que foram interpretadas como ameaças ao Judiciário. Neste ano, integrantes da campanha do presidente avaliam que esse tipodiscurso afasta eleitores indecisos, essenciais para que Bolsonaro seja reeleito.
"Se houver vandalismo ou outro tipoviolência, isso pode acabar afastando o eleitor indeciso que o Bolsonaro tanto está procurando", afirmou Viviane Gonçalves.
"Caso seja um ato ordeiro, pacífico e efetivamente lotado, isso pode ter um impacto positivo importante para ele (Bolsonaro), especialmenteuma campanha tão curta como a que temos hojedia", afirmou Deysi Cioccari.
Apoio militar garantido
O terceiro ponto elencado como determinante para a escolhafoi a disponibilidade das Forças Armadasorganizar eventos na cidade durante o 7setembro.
Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Defesa disse que, no RioJaneiro, haverá uma parada naval com desfilenavios militares na orla da cidade, um show da Esquadrilha da Fumaça, saltoparaquedistas, apresentaçãobandas militares e execuçãosalvatiros.
Um dos roteiros previstos da parada naval é que ela comece na BaíaGuanabara e se passe pela PraiaCopacabana. Tradicionalmente, essa parada era realizada no período da manhã, mas a expectativa éque ela ocorra à tarde, coincidindo com o evento convocado por Bolsonaro.
Em princípio, o desfileveículos blindados que estava previsto para ser realizado no Centro do Rio não deverá acontecer e também não deverá ser transferido para Copacabana.
A BBC News Brasil perguntou sobre os custos da mobilização militar no RioJaneirorazão do 7setembro, mas a pasta não respondeu.
Além dos eventos no Rio, o ministério disse que serão realizados atos nas demais capitais do país e nas cidadesAparecidaGoiânia (GO) e Paracatu (MG).
Para Viviane Gonçalves, a presença dos militares nos festejosCopacabana reforça a vinculação da imagemBolsonaro com as Forças Armadas.
"A participação dos militares era esperada porque isso faz parte da imagem que ele propaga. Tanto é assim que uma das músicassua campanha cita o fatoele ter sido capitão do Exército. A ida dos militares reforça esse vínculo forte entre a imagem dele e dos militares. Será uma demonstraçãoforça", explica a especialista.
- Este texto foi publicado originalmente emhttp://vesser.net/brasil-62747326
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