Lula com covid: por que é possível ter a doença mesmo após quatro dosesmelhor aposta futebolvacina e infecção prévia:melhor aposta futebol

As evidências científicas apontam pelo menos três fatores que ajudam a responder a esta pergunta: queda da imunidade com o passar do tempo, aparecimentomelhor aposta futebolnovas variantes e alta circulação do vírus.

Para que servem as vacinas

A imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federalmelhor aposta futebolCiências da Saúdemelhor aposta futebolPorto Alegre, questiona o que significa "pegar covid" nos diasmelhor aposta futebolhoje.

"O que é pegar covid? É ficar doente e ir para o hospital? Ter sintomas leves? Ou simplesmente testar positivo? Precisamos entender que testar positivo não significa estar com covid", diferencia.

"E as vacinas não impedem a infecção. Enquanto o vírus circular, as pessoas se infectarão", complementa a especialista.

Independentemente do tipomelhor aposta futeboltecnologia usada, as vacinas têm um objetivo principal: fazer com que nosso sistema imune seja exposto com segurança a um vírus ou a uma bactéria (ou pedacinhos específicos deles).

A partir desse primeiro contato, que não vai prejudicar a saúde, nossas célulasmelhor aposta futeboldefesa geram uma resposta, capazmelhor aposta futeboldeixar o organismo preparado caso o agente infecciosomelhor aposta futebolverdade resolva aparecer.

Acontece que esse processo imunológico é extremamente complicado e envolve um enorme batalhãomelhor aposta futebolcélulas e anticorpos. A resposta imune, portanto, pode variar consideravelmente segundo o tipomelhor aposta futebolvírus, a capacidademelhor aposta futebolmutações que ele tem, a forma como é desenvolvida a vacina, as condiçõesmelhor aposta futebolsaúde da pessoa…

No meiomelhor aposta futeboltodos esses processos, portanto, é muito difícil desenvolver um imunizante que seja capazmelhor aposta futebolevitar a infecçãomelhor aposta futebolsi, ou seja, bloquear a entrada do causador da doença nas nossas células.

Mas aí vem um ponto muito importante: mesmo nos casosmelhor aposta futebolque a vacina não consegue prevenir a infecção, muitas vezes a resposta imune criada a partir dali pode tornar os sintomas menos graves nas pessoas que foram imunizadas, prevenindo assim doenças mais severas e óbitos.

Isso ocorre, por exemplo, com as vacinas contra o rotavírus e a gripe: quem as toma pode até se infectar, mas o riscomelhor aposta futeboldesenvolver formas mais graves dessas doenças é reduzido consideravelmente.

E é exatamente esse mesmo fenômeno que observamos agora com a covid-19: ainda que os imunizantes disponíveis não sejam capazesmelhor aposta futebolbarrar novas ondasmelhor aposta futebolcasos, eles estão funcionando muito bem para impedir o agravamento da maioria das infecções.

Prova disso são as ondas mais recentes que ocorreram entre o finalmelhor aposta futebol2021 e o iníciomelhor aposta futebol2022, relacionadas com o espalhamento da variante ômicron: embora muitos países tenham batido recordes absolutosmelhor aposta futebolcasos, a taxamelhor aposta futebolinternações e mortes nesses lugares foi significativamente menormelhor aposta futebolrelação a momentos anteriores da pandemia.

Um estudo do Centromelhor aposta futebolControle e Prevençãomelhor aposta futebolDoenças (CDC) dos Estados Unidos publicadomelhor aposta futebolmarço calculou o tamanho dessa proteção. Os dados revelam que adultos que tomaram três dosesmelhor aposta futebolvacina contra a covid tem um risco 94% menormelhor aposta futebolprecisarmelhor aposta futebolinternação, ventilação mecânica ou morrer, quando comparados àqueles que não se imunizaram.

Resumindo: as vacinas contra a covid aprimoram e modificam alguns aspectos do sistema imune que não chegam a bloquear a entrada do vírus no organismo, mas ao menos impedem que ele se replique numa velocidade muito alta e cause estragos que afetam a saúdemelhor aposta futebolforma preocupante.

E isso é bom para o indivíduo, que não desenvolve esses problemas, e para o sistemamelhor aposta futebolsaúde como um todo, que não fica abarrotadomelhor aposta futebolpacientes e pode entrarmelhor aposta futebolcolapso.

Defesas que se esvaem

Agora que você já entendeu qual o principal objetivo das vacinas atuais contra a covid-19, vamos explorar uma segunda questão: nesse contexto, por que são necessárias dosesmelhor aposta futebolreforço para alguns grupos?

No Brasil, o Ministério da Saúde já recomenda a aplicaçãomelhor aposta futeboluma quarta dose do imunizante para quem tem maismelhor aposta futebol50 anos e para indivíduos com problemas que afetam o sistema imunológico.

Ao longo dos últimos meses, a atualização das campanhasmelhor aposta futebolvacinação, com a adoção das doses extras, se provou necessária por uma sériemelhor aposta futebolfatores. O mais importante deles está relacionado à queda da imunidade com o passar dos meses.

De forma simplificada, as nossas células imunes que estão na linhamelhor aposta futebolfrente "se esquecem"melhor aposta futebolcomo combater o coronavírus se elas não forem expostas ao patógeno depoismelhor aposta futebolalgum tempo.

"Essa queda dos anticorpos é normal. A gente não pode ficar com nível altomelhor aposta futebolanticorpos o tempo inteiro", esclarece Bonorino, que também integra a Sociedade Brasileiramelhor aposta futebolImunologia.

A aplicação das dosesmelhor aposta futebolreforço, portanto, serviria como uma espéciemelhor aposta futebol"lembrete" para atualizar o nosso sistema antivírus. Essa estratégia é ainda mais importante, do pontomelhor aposta futebolvistamelhor aposta futebolsaúde pública, quando consideramos pessoasmelhor aposta futebolidades específicas (como os mais velhos), ou portadoresmelhor aposta futeboldeterminadas enfermidades,melhor aposta futebolque a imunidade costuma não funcionar tão bem assim.

Nesse sentido, um estudo feito pelo Instituto Weizmannmelhor aposta futebolCiênciasmelhor aposta futebolIsrael acompanhou 1,2 milhãomelhor aposta futebolidosos com maismelhor aposta futebol60 anos e observou que a frequênciamelhor aposta futebolcasos gravesmelhor aposta futebolcovid era 3,5 vezes menor no grupomelhor aposta futebolparticipantes que havia recebido a quarta dose,melhor aposta futebolcomparação com aqueles que só tomaram até a terceira dose da vacina.

Esse e outros dados só reforçam a noçãomelhor aposta futebolque manter o esquema vacinalmelhor aposta futeboldia,melhor aposta futebolacordo com o que é preconizado pelas autoridadesmelhor aposta futebolsaúde, pode até não evitar a infecção pelo coronavírus, mas diminui bastante o riscomelhor aposta futeboldesenvolver as complicações da doença — como parece ser o casomelhor aposta futebolLula, que não apresenta muitos sintomas, pelas poucas informações disponíveis no momento.

Metamorfose ambulante

Não dá pra se esquecer também do fatomelhor aposta futebolque o coronavírus estámelhor aposta futebolconstante mudança. E as mutações que ocorrem no código genético dele a cada nova replicação abrem alas para o surgimento das variantes.

Algumas dessas novas linhagens, aliás, causaram um estrago considerável desde o finalmelhor aposta futebol2020: alfa, beta, gama, delta e ômicron carregam alterações importantes, especialmente numa parte do vírus chamada espícula, que se conecta aos receptores na superfíciemelhor aposta futebolnossas células para dar início à infecção.

Em termos práticos, mudanças significativas no material genético do vírus dificultam ainda mais o trabalho do sistema imunológico, que não consegue identificar muito bem o agente invasor e lançar uma resposta adequada para contê-lo.

Ou seja: mesmo que as célulasmelhor aposta futeboldefesa tenham conseguido montar um bom contra-ataque contra o coronavírus original (ou uma das variantes mais "antigas", como a alfa ou a gama), isso pode não ser o suficiente para barrar a entrada da ômicron no nosso corpo, já que falamosmelhor aposta futeboluma versão modificada do patógeno.

Esse é mais um dos fatores que ajuda a explicar porque mesmo pessoas que foram diagnosticadas com covid-19 no passado — como o próprio ex-presidente Lula — correm o riscomelhor aposta futebolpegar a doençamelhor aposta futebolnovo alguns meses depois.

"E o surgimentomelhor aposta futebolnovas variantes vai continuar a acontecer enquanto tivermos uma parte da população que não foi adequadamente vacinada", alerta Bonorino.

E aqui você pode estar se perguntando: e as vacinas? Será que não é horamelhor aposta futebolatualizar os imunizantes para que eles funcionem ainda melhor contra as variantes que surgiram nesses últimos tempos?

Diversos gruposmelhor aposta futebolcientistas e farmacêuticas estão pesquisando isso neste exato momento. Mas os resultados obtidos até agora não justificam o lançamentomelhor aposta futebolnovos produtos.

Apesarmelhor aposta futebolperderemmelhor aposta futebolpartemelhor aposta futeboleficácia, as vacinas disponíveis desde o início do ano passado continuam a funcionar suficientemente bem para aquilo que foram criadas: diminuir o riscomelhor aposta futeboldesenvolver as formas mais graves da covid-19.

Alta circulação

Para completar, os fatores comportamentais também têm um papel a cumprir nesse cenáriomelhor aposta futebolque as reinfecções se tornam mais comuns.

Vivemos um momentomelhor aposta futebolque as políticas públicas que tentavam conter os casosmelhor aposta futebolcovid — como o usomelhor aposta futebolmáscarasmelhor aposta futebollugares fechados e a prevençãomelhor aposta futebolaglomerações — foram praticamente abandonadas mundo afora. Sem essas barreiras, o vírus consegue circular com mais facilidade.

A temporadamelhor aposta futeboloutono e inverno no Hemisfério Sul,melhor aposta futebolque as pessoas tendem a ficar mais próximas umas das outras emelhor aposta futebollocais com pouca circulaçãomelhor aposta futebolar, também contribui para o aumentomelhor aposta futebolcasos no país.

Na situação específica do ex-presidente Lula, a participação frequentemelhor aposta futeboleventos presenciais, como comícios, debates e reuniões da campanha, também explica a reinfecção: num cenáriomelhor aposta futebolalta circulação viral, é praticamente improvável que uma pessoa que se expõe tanto no dia a dia não tenha contato próximo com alguém infectado com o coronavírus.

Essa alta circulação viral, aliás, pode ser observada na realidade brasileira. De acordo com as informações do Conselho Nacionalmelhor aposta futebolSecretários da Saúde (Conass), o país está atualmente com uma média móvelmelhor aposta futebol29 mil novos casosmelhor aposta futebolcovid por dia. Há pouco maismelhor aposta futebolum mês, no finalmelhor aposta futebolabril, essa taxa estavamelhor aposta futebol12 mil.

Podemos, então, resumir toda a situação com uma fórmula relativamente simples. Queda relativamelhor aposta futebolanticorpos + surgimentomelhor aposta futebolnovas variantes + alta circulação do vírus = aumento do riscomelhor aposta futebolinfecção, mesmo entre vacinados ou quem já teve covid no passado.

Felizmente, esses indivíduos estão mais protegidos, pois ainda guardam uma memória imunológica suficientemente boa para impedir, na maioria das vezes, as complicações da covid, relacionadas à internação, intubação e morte.

Para lidar com essa nova onda e diminuir o riscomelhor aposta futebolproblemas tanto do pontomelhor aposta futebolvista individual quanto coletivo, os especialistas fazem cinco recomendações principais: estar com o esquema vacinalmelhor aposta futeboldia, usar máscarasmelhor aposta futebolambientes fechados se possível, ficar atento aos sintomas da covid, fazer o teste caso apresente algum sinal da infecção e, se realmente estiver com a doença, ficarmelhor aposta futebolisolamento.

Você pode ler todos os detalhes sobre como se proteger do aumentomelhor aposta futebolcasosmelhor aposta futebolcovid nesta reportagem que a BBC News Brasil publicou recentemente:

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