Águascupom bonus estrela bet'Caribe amazônico' ficam turvascupom bonus estrela betmeio a alta no garimpo no Pará:cupom bonus estrela bet

Crédito, Erik Jennings Simões

Legenda da foto, Fotografia aérea feitacupom bonus estrela betjaneiro mostra águas barrentas do Tapajóscupom bonus estrela betcontato com o Lago Verde,cupom bonus estrela betAlter do Chão

Imagenscupom bonus estrela betsatélite mostram que nos últimos anos houve um crescimento vertiginoso do garimpocupom bonus estrela betouro no Médio Tapajós, região que fica a algumas centenascupom bonus estrela betquilômetroscupom bonus estrela betAlter do Chão.

'Resíduos nocivos à saúde'

"O Tapajós está morrendo!", protestou no Instagramcupom bonus estrela betjaneiro a agência localcupom bonus estrela betturismo Poraquê.

"Águas barrentas, cheiascupom bonus estrela betresíduos nocivos à saúde, estão sendo despejadas sem piedade alguma", completou a agência, atribuindo a lama à "mineração irregularcupom bonus estrela betinúmeros garimpos ao longo do rio".

Crédito, Reprodução/Instagram

Legenda da foto, Agênciascupom bonus estrela betturismocupom bonus estrela betAlter do Chão temem impactos no movimentocupom bonus estrela betvisitantes por causa da mudança no rio

Outras entidades publicaram queixas semelhantes.

Os primeiros alertas sobre a mudança na cor do rio foram feitos pelo médico Erik Jennings Simões e por Caetano Scannavino, coordenador da ONG Projeto Saúde e Alegria.

Crédito, Erik Jennings Simões

Legenda da foto, Imagem aérea mostra quecupom bonus estrela betdezembro o rio Tapajós já exibia águas turvascupom bonus estrela betem Alter do Chão

Ambos moradorescupom bonus estrela betSantarém, município que engloba Alter do Chão, eles publicaram nas redes sociais no fimcupom bonus estrela betdezembro fotos aéreas que mostravam o Tapajós com águas turvas. As imagens foram feitascupom bonus estrela betavião por Simões.

Scannavino, que mora na região desde os anos 1980, diz à BBC que nas décadas passadas as águas do Tapajóscupom bonus estrela betAlter do Chão costumavam ficar barrentas por alguns meses ao ano - mas raramente jácupom bonus estrela betdezembro.

O fenômeno é associado ao períodocupom bonus estrela betchuvas mais intensas, normalmente entre janeiro e março, quando perde força e as águas voltam a ficar azuladas.

Mas Scannavino diz acreditar que o garimpo está reduzindo a "janelacupom bonus estrela betáguas claras" no rio e cita dados sobre a explosão na atividade no Médio Tapajós. Esse aumento, segundo ele, tem sido estimulado por declarações e iniciativas do governo Jair Bolsonaro simpáticas a garimpeiros.

Crédito, Google

Legenda da foto, Imagemcupom bonus estrela betsatélite mostra encontro entre os rios Tapajós e Creporicupom bonus estrela bet1984, quando ainda não havia garimpocupom bonus estrela betgrande escala na região...

Crédito, Google

Legenda da foto, ...ecupom bonus estrela bet2020, após o garimpo ilegal criar várias cicatrizes na floresta, ampliando o despejocupom bonus estrela betlama no Tapajós

Em dezembro, a ONG Greenpeace divulgou o resultadocupom bonus estrela betum monitoramentocupom bonus estrela betrios que cruzam as terras indígenas Munduruku e Sai Cinza e desaguam no Tapajós.

Segundo o levantamento, desde 2016, o garimpo ilegal destruiu 632 quilômetroscupom bonus estrela betrios dentro desses territórios.

O Greenpeace diz que o impacto equivale ao causado pelo rompimento da barragemcupom bonus estrela betMariana (MG),cupom bonus estrela bet2015, quando 633 quilômetros do rio Doce foram afetados.

O garimpo ilegal está presente no Médio Tapajós desde ao menos os anos 1980. Hoje, porém, a atividade se mecanizou: retroescavadeiras facilitam o revolvimento da terra à margemcupom bonus estrela betrios, abrindo grandes cicatrizes na floresta.

As áreas revolvidas ficam expostas, sem qualquer vegetação. As chuvas então levam a argila do solo para os rios.

Rioscupom bonus estrela betdiferentes cores

Mas será que a mesma lama do garimpo estaria por trás das águas turvas do Tapajóscupom bonus estrela betAlter do Chão, distrito que fica a algumas centenascupom bonus estrela betquilômetroscupom bonus estrela betdistância dos garimpos ilegais?

Para o geólogo André Sawakuchi, professor do Institutocupom bonus estrela betGeociências da Universidadecupom bonus estrela betSão Paulo (USP), a mudança na cor das águas pode ter duas explicações.

Crédito, Prefeituracupom bonus estrela betSantarém

Legenda da foto, Foto mostra águas azuladas do rio Tapajós que renderam a Alter do Chão apelidocupom bonus estrela bet"Caribe amazônico".

Especialistacupom bonus estrela betrios amazônicos, Sawakuchi afirma que há rios na região cujas águas são naturalmente barrentas (ou "brancas", como se diz na região).

É o caso, por exemplo, do rio Amazonas, onde o próprio Tapajós deságua 30 quilômetros a lestecupom bonus estrela betAlter do Chão.

Mas ele diz que todos os rios naturalmente barrentos da região nascem na cordilheira dos Andes,cupom bonus estrela betáreascupom bonus estrela betrelevo acidentado e pouca cobertura florestal. Quando chove nas cabeceiras desses rios, a argila do solo escorre para as águas, deixando-as turvas.

Há ainda rios amazônicos com águas naturalmente escuras, como o Negro, coloração que se deve à grande quantidadecupom bonus estrela betmatéria orgânica que eles acessam nas cheias.

Por fim, há os rioscupom bonus estrela betáguas naturalmente claras, que costumam nascercupom bonus estrela betáreas menos acidentadas, com solo arenoso e pouca argila.

É o caso do Tapajós ecupom bonus estrela betseus afluentes, como o Jamanxim, o Crepori e o Ratão.

Hoje, no entanto, vários desses afluentes apresentam águas turvas o ano todo por causa do garimpo, diz Sawakuchi. O Tapajós também se torna mais turvo nos pontoscupom bonus estrela betcontato com esses rios.

Mas o geógrafo afirma que a lama do garimpo tende a decantar no leito do Tapajós antescupom bonus estrela betchegar a Alter do Chão.

Crédito, Google

Legenda da foto, Encontro do Tapajós com o Amazonas quando os dois rios estão com as colorações habituais.

Essa lama só poderia chegar a Alter do Chão, diz ele, se houvesse uma diferença entre as vazões do Tapajós e do Amazonas que permitisse à água do Tapajós avançar mais intensamente rumo ao Amazonas.

Por outro lado, um desequilíbrio das vazõescupom bonus estrela betfavor do Amazonas poderia fazer com que a água naturalmente barrenta do Amazonas avançasse até Alter do Chão - o que também explicaria a mudança na cor do rio.

"Quando o Amazonas está enchendo, ele invade o Tapajós. Essa invasão começa no período chuvoso (novembro) e pode ser mais ou menos intensa, dependendo da vazão do Amazonas", diz Sawakuchi.

Neste ano, tanto o Amazonas quanto o Tapajós estão com níveis superiores às suas médias históricas.

Por isso, segundo Sawakuchi, a melhor maneiracupom bonus estrela betdeterminar a causa da água barrenta no Tapajóscupom bonus estrela betAlter do Chão seria analisar o conteúdo dessa água. Essa análise conseguiria distinguir a argila oriunda do Amazonas da lama provenientecupom bonus estrela betgarimpo, diz o geólogo.

Crédito, Planet Labs

Legenda da foto, Imagemcupom bonus estrela betsatélite mostra águas turvas causadas pelo garimpo no rio Jamanxim desaguando no Tapajóscupom bonus estrela betdezembrocupom bonus estrela bet2021.

Não há notícias por oracupom bonus estrela betque alguma instituição ou entidadecupom bonus estrela betgoverno esteja realizando essa análise.

Mercúrio no sangue

Ainda que a lama do garimpo não esteja chegando a Alter do Chão, uma pesquisa da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) indica que a populaçãocupom bonus estrela betSantarém apresenta altos níveiscupom bonus estrela betmercúrio no sangue - o que pode ser um impacto da mineração ilegal no Tapajós.

Crédito, Djalma Moreira Lima/Arquivo Pessoal

Legenda da foto, O ribeirinho Djalma Moreira Lima mostra água barrenta do rio Tapajós nas proximidadescupom bonus estrela betSantarém,cupom bonus estrela betjaneiro

Coordenada pela bióloga Heloísa Meneses, professora do Institutocupom bonus estrela betSaúde Coletiva da Ufopa, a pesquisa revelou que 80% dos moradorescupom bonus estrela betSantarém têm nívelcupom bonus estrela betmercúrio no sangue acima do recomendado pela Organização Mundialcupom bonus estrela betSaúde.

O estudo já analisou amostras sanguíneascupom bonus estrela betcercacupom bonus estrela bet500 pessoas, com idade entre 18 e 80 anos.

Os resultados foram parecidos com os detectados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)cupom bonus estrela betum estudo com moradores do Médio Tapajós - esta, sim, uma região diretamente impactada pelo garimpo.

O mercúrio é usado para facilitar a aglutinação do ouro e, levado aos rios, pode contaminar microrganismos e peixes.

Outras possíveis fontes da substância, segundo a pesquisadora, são o desmatamento e as queimadas, que podem "ativar" o mercúrio inorgânico depositado no solo ou fundo dos rios, permitindocupom bonus estrela betabsorção pela cadeia alimentar.

A população é impactada pela substância principalmente por meio do consumocupom bonus estrela betpeixes contaminados, segundo Meneses. E peixes contaminados numa regiãocupom bonus estrela betgarimpo podem se deslocar vários quilômetros até serem capturados e consumidos - o que põecupom bonus estrela betrisco também moradorescupom bonus estrela betregiões distantes dos pontoscupom bonus estrela betcontaminação.

Ela afirma que o mercúrio causa danos ao sistema nervoso central e,cupom bonus estrela betgrande quantidade, pode levar à morte. A substância também prejudica coração, rins e fígado, e pode contaminar bebês através da placenta.

Dependência do rio

Para muitos ribeirinhos que vivem à margem do Tapajós, no entanto, deixarcupom bonus estrela betcomer peixe não é uma opção.

Morador da comunidade Suruacá, que fica na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, a poucas horascupom bonus estrela betbarcocupom bonus estrela betAlter do Chão, Djalma Moreira Lima diz à BBC que os peixes são a principal fontecupom bonus estrela betproteína dos moradores locais.

"A nossa subsistência é peixe, mandioca, milho, feijão. A gente sobrevive desses alimentos", afirma.

Lima diz que o Tapajós tinha águas claras quando ele chegou à região,cupom bonus estrela bet1984.

"Você conseguia enxergar a até dois metroscupom bonus estrela betprofundidade. Tinha abundânciacupom bonus estrela betpeixes, não precisava ir muito longe pra pescar", diz.

Hoje, porém, afirma que há menos peixes e que o rio ficou "mais seco". Segundo ele, a "terra que vem do garimpo" se assentou no leito e reduziu a profundidade das águas.

Ele afirma quecupom bonus estrela betsetembro, mêscupom bonus estrela betmenor vazão do rio, alguns barcos chegam a encalhar - o que não acontecia no passado.

Ele conta que, nos pontoscupom bonus estrela betmaior profundidade, o Tapajós costumava ser "quase preto, negro, um riocupom bonus estrela betque você gostavacupom bonus estrela bettomar banho", mas diz que hoje se notam "vários pontos brancos" nas águas.

"É como leite no café", descreve.

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