Após inundações na Bahia, meteorologia prevê chuvas fortes no Sudeste; entenda:lvbet

Crédito, Reuters

Legenda da foto, De acordo com os meteorologistas ouvidos pela reportagem, a previsão é que chova cerca entre 100 e 200 mm até o próximo domingo (2/1), a mesma quantidade esperada para o mês inteirolvbetdezembro.

Por conta desse grande volumelvbetchuvas, a expectativa é que as temperaturas também caiam e se mantenham amenaslvbettodo o Sudeste. Segundo o Inmet, a previsão é que os termômetros não passem dos 23°ClvbetSão Paulo na sexta-feira (31/12), véspera do Ano Novo, com mínima previstalvbet16°C.

De acordo com os meteorologistas ouvidos pela reportagem, a previsão é que chova cerca entre 100 e 200 mm até o próximo domingo (2/1), a mesma quantidade esperada para o mês inteirolvbetdezembro.

Para efeitolvbetcomparação, uma das localidades mais atingidas pelas inundações na Bahia, a cidadelvbetIlhéus, registrou no dialvbetNatal deste ano mais chuva (136mm) do que o acumulado durante o mêslvbetdezembro inteirolvbet2020 (118mm) elvbet2018 (131mm).

Mas um volume tão grandelvbetchuvas também deve causar transtornos nas regiões.

Espera-se que ocorram alagamentoslvbetdiversas cidades, como as capitais São Paulo e Belo Horizonte. A sequêncialvbetdias chuvosos deve encharcar o solo o que pode proporcionar condições para deslizamentoslvbetterra.

A BBC News Brasil procurou a Defesa Civil dos EstadoslvbetGoiás, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo para saber se elas prepararam algum esquema especial para as chuvas dos próximos dias, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.

O que causa essa chuva?

De acordo com o meteorologista FranciscolvbetAssis, há um sistemalvbetar quente concentrado entre o sul da Bahia e nortelvbetMinas Gerais, que vai começar a descer. Nesse movimento, essa massa encontrará uma frente fria que está se formando no Sul do país.

O encontro da massa quente e úmida com a fria vai causar as fortes chuvas previstas. A maior intensidade será registradalvbetGoiás, São Paulo, Minas Gerais e RiolvbetJaneiro. Mas também deve haver precipitações acima da média inclusive no Distrito Federal.

Por outro lado, o grande volumelvbetchuva prevista para os próximos dias na região entre o sullvbetMinas Gerais e nortelvbetSão Paulo deve contribuir para o aumento do nível dos principais reservatórios paulistas.

De acordo com o Portal dos Mananciais, da Sabesp, os principais reservatórios que abastecem a Grande São Paulo estavam com 37,8% dalvbetcapacidade total na manhã desta terça-feira (28/12). No mesmo dialvbet2020, o site apontava 45,9%.

"Com certeza deverá causar um pequeno alívio no nível das represas, caso essa quantidadelvbetchuva se confirme nessa região das cabeceiras dos rios que abastecem o sistema Cantareira, principalmente no SullvbetMinas", disse o meteorologista FranciscolvbetAssis.

Os temporais devem se concentrar, segundo os especialistas, no fim das tardes e início das noites. Porém,lvbetalguns dias podem ocorrer chuvas ao longo do dia, como aconteceram nesta terça-feira na cidadelvbetSão Paulo.

De acordo com o CorpolvbetBombeiros, os temporais que atingiram a capital paulista causaram ​​19 quedaslvbetárvore, no bairrolvbetErmelino Matarazzo, na zona leste, alémlvbetSão Bernardo do Campo e Guarulhos, na Grande São Paulo. Também foram registrados oito desabamentoslvbetSanto André e Mauá, ambas cidades da região metropolitana.

Ainda na tarde desta terça, os bombeiros atenderam a 71 ocorrênciaslvbetenchentes e alagamentos, principalmente na cidadelvbetSanto André, na Grande São Paulo.

Para especialistas, há pelo menos três fatores que podem ser associados à alta intensidade das chuvas recentes no Brasil: La Niña, depressão subtropical e aquecimento global.

O impactolvbeteventos La Niña no clima do Brasil

“Para o Norte e Nordeste do Brasil, a La Niña sempre vai ser um sinônimolvbetchuvas frequentes e acima do esperado”, afirma Hagi. Mas o que é La Niña (A Menina,lvbettradução literal do espenhol)?

Para entender o termo, é necessário explicar o fenômeno mais gerallvbetque ele está inserido: o chamado evento ENOS ou El Niño-Oscilação Sul.

O El Niño (O Menino) é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico, principalmente nas zonas equatoriais.

Ele ocorre normalmentelvbetintervalos médioslvbetquatro anos, geralmentelvbetdezembro, próximo ao Natal e, por isso, é chamado assim,lvbetreferência ao Niño Jesus (Menino Jesus).

O El Niño causa o enfraquecimento dos chamados ventos alísios (deslocamentoslvbetmassaslvbetar quente e úmidolvbetdireção às áreaslvbetbaixa pressão atmosférica das zonas equatoriais do globo terrestre). Esses ventos sopramlvbetleste para oeste, acumulando água quente na camada superior do Oceano Pacífico perto da Austrália e Indonésia.

Crédito, NOAA

Legenda da foto, La Niña é caracterizado por resfriamento das águas do Pacífico Equatorial

Quando o El Niño ocorre, a camadalvbetáguas superficiais quentes do Pacífico acaba se deslocando ao longo do Equadorlvbetdireção à América do Sul. Ventos quentes favorecem a evaporação e, por consequência, a formaçãolvbetnuvens.

No Brasil, isso normalmente se traduzlvbetmais chuvas na região Sul e menos chuvas nas regiões Norte e Nordeste.

La Niña é exatamente o oposto no Brasil: chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo dos rios e inundações subsequentes no Norte e no Nordeste do Brasil - e seca no Sul do país. Mas nenhum evento La Niña é igual ao outro.

Segundo o Inmet, neste ano, “a maioria dos modeloslvbetprevisãolvbetENOS (El Niño-Oscilação Sul), gerados pelos principais centros internacionaislvbetmeteorologia, indica uma probabilidade superior a 60%lvbetque se mantenha o fenômeno La Niña durante o verão, podendo atingir a intensidade moderada entre os meseslvbetdezembro/2021 e janeiro/2022”.

“Saímoslvbetuma La Niña entre o finallvbet2020 até Maiolvbet2021, que foi responsável pela maior Cheia na Amazônia nos últimos 120 anos, para entramoslvbetoutra agora que está prevista para durar pelo menos até o primeiro trimestrelvbet2022. Isso soa o alarme para mais um períodolvbetchuvas elevadas e com todas as consequências socioeconômicas que estão ligadas, desde alagamentos a perdaslvbetvidas humanas”, afirma Hagi.

No iníciolvbetdezembro, fortes chuvas já haviam afetado o sul da Bahia, deixando ao menos 24 cidades da regiãolvbetsituaçãolvbetemergência.

Diversas localidades ficaram debaixo d’água e pelo menos três pessoas morreram após um deslizamentolvbetterra na cidadelvbetItamaraju.

Crédito, Divulgação/Inpe

Legenda da foto, Nos mapas disponíveis no site do Instituto NacionallvbetPesquisas Espaciais (Inpe), é possível verlvbet10lvbetdezembro a ZonalvbetConvergência do Atlântico Sul (traços verdes, da Amazônia à Bahia) e a formação da depressão subtropical na região costeira do Brasil (à direita)

Atípica, a depressão subtropical é um evento meteorológico que gira no sentido horário e é marcado pela formaçãolvbetnuvens, ventos, tempestades e agitação marítima. Em alguns casos, ela pode evoluir para uma tempestade tropical.

“A combinação desses dois acontecimentos, a ZonalvbetConvergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a árealvbetbaixa pressão, é o que intensificou a chuva nas regiões leste e sul da Bahia", disse Aquinolvbetentrevista no iníciolvbetdezembro.

Segundo ele, "as mudanças na circulação geral da atmosfera sugerem para nós que o oceano mais quente na costa do Brasil poderia formar com mais frequência áreaslvbetbaixa pressão como essa, levando à depressão subtropical". Aquino considera precoce associar esses eventos extremos na Bahia às mudanças climáticas no planeta, mas não descarta uma possível ligação entre eles.

"Neste momento, não conecto diretamente as mudanças climáticas com esse evento extremo. (...) Mas, num planeta mais quente, eventos extremos tornam-se mais frequentes, com a formaçãolvbetdepressões subtropicais como esta [vista na Bahia]."

Sobre os temporais durante o Natal na Bahia e a relação com o aquecimento global, Hagi, da Meteonorte, afirma que “de certa forma é possível que a ocorrência desses eventos extremos seja consistente com o que se espera para um mundo cada vez mais quente”.

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