O que esperamjogos e soccer bet3652022 famílias brasileiras que vão passar o Natal nas ruas:jogos e soccer bet365

Crédito, Thais Carrança/BBC Brasil

Legenda da foto, Auxílio Brasil, eleições, inflação, emprego e moradia estão entre as preocupações dos mais vulneráveis. Na foto, Gleidson Oliveira Limajogos e soccer bet365frente ajogos e soccer bet365barraca sob o Minhocão,jogos e soccer bet365São Paulo

Apesarjogos e soccer bet365seu otimismo e gratidão pela ajuda que recebe, evidentemente faltam a Gleidson,jogos e soccer bet365esposa e filha muitas coisas.

A família dele é umajogos e soccer bet365milhares que devem passar este Natal e a virada do ano nas ruas oujogos e soccer bet365abrigos e ocupações precáriasjogos e soccer bet365todo o Brasil. O número é crescente,jogos e soccer bet365meio ao desemprego elevado e perdajogos e soccer bet365renda que, durante a pandemiajogos e soccer bet365Covid-19, têm afetado principalmente a parcela mais pobre e informalizada da população.

Segundo pesquisa CNT/MDA divulgadajogos e soccer bet365dezembro, 62% dos brasileiros dizem perceber um aumento do númerojogos e soccer bet365pedintes ejogos e soccer bet365moradoresjogos e soccer bet365ruajogos e soccer bet365suas cidades.

Conforme dados do Ministério da Cidadania, havia 142 mil famílias brasileirasjogos e soccer bet365situaçãojogos e soccer bet365rua registradas no Cadastro Único para programas sociais do governo federaljogos e soccer bet365setembro deste ano, 34 mil delas somente na capital paulista.

Em seu estudo mais recente sobre o tema, o Ipea (Institutojogos e soccer bet365Pesquisa Econômica Aplicada) estimou a populaçãojogos e soccer bet365rua brasileirajogos e soccer bet365222 mil pessoasjogos e soccer bet365marçojogos e soccer bet3652020. O instituto alertava, no entanto, que a tendência do número erajogos e soccer bet365alta devido à crise econômica acentuada pela pandemia.

O padre Júlio Lancellotti, que atua há maisjogos e soccer bet36530 anos junto à populaçãojogos e soccer bet365situaçãojogos e soccer bet365ruajogos e soccer bet365São Paulo, relata haver um aumento das famílias vivendo nas ruas no período recente — normalmente, a populaçãojogos e soccer bet365rua é formada emjogos e soccer bet365maioria por homens sozinhos.

"Na convivência com a populaçãojogos e soccer bet365rua, a gente percebe claramente o aumentojogos e soccer bet365grupos familiares,jogos e soccer bet365mulheres com crianças ejogos e soccer bet365jovens — pessoas que estão longejogos e soccer bet365seus grupos familiares buscando algum trabalho", diz o pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo, localizada na Mooca, zona lestejogos e soccer bet365São Paulo.

"Isso é resultado da crise econômica que estamos vivendo, agravada pela questão da pandemia, a inadimplência, o desemprego, a inflação alta, a impossibilidadejogos e soccer bet365pagar aluguel. Todas essas questões que são estruturais e conjunturais do país", afirma o religioso.

'A gente não está na rua porque quer'

Foi a faltajogos e soccer bet365oportunidadesjogos e soccer bet365Porto Alegre que fez a famíliajogos e soccer bet365Marlene Amaral,jogos e soccer bet36536 anos, e José Eduardo,jogos e soccer bet36524, chegar a São Paulo com doisjogos e soccer bet365seus três filhos.

Na cidade há uma semana e meia, a família atualmente divide um quartojogos e soccer bet365um hotel no centro da cidade. Mas, com dificuldades para pagar a diáriajogos e soccer bet365R$ 65, o casal espera conseguirjogos e soccer bet365breve uma barraca. Com isso, a pequena família deve passar o fimjogos e soccer bet365ano na rua.

Crédito, Thais Carrança/BBC Brasil

Legenda da foto, 'A gente não está na rua porque quer, é porque está difícil', diz o malabarista José Eduardo

"No Sul estava complicado, ele [José Eduardo] é malabarista e lá é ruim para trabalho. Aqui [em São Paulo] está sendo ruim também, por isso estamos trabalhando com vendajogos e soccer bet365balas e paçocas, cada um com uma das crianças para podermos fazer um dinheiro. Está bem complicado", contou Marlene à BBC News Brasil, na Praça da República.

Vivendo apenas com o dinheiro dos doces e uma pensão a que Marlene tem direito por ser viúvajogos e soccer bet365seu primeiro casamento, a família tem se alimentado com doações.

"Queremos comprar uma barraca para conseguir juntar um pouco maisjogos e soccer bet365dinheiro para ir embora para Belo Horizonte", conta a gaúcha.

"A gente não está na rua porque quer, é porque está difícil. Estamos indo para BH porque lá a gente consegue uma moradia mais barato", diz José Eduardo.

Críticos a Bolsonaro, ele e Marlene dizem ter esperançajogos e soccer bet365que as eleiçõesjogos e soccer bet3652022 tragam mudanças.

"Se a inflação diminuir, se a gente puder ir ao mercado e as coisas estiverem mais baratas — porque a gente vai no mercado todo dia, a gente que não tem onde morar não compra coisa para o mês, se não estraga. Acho que, mudando o governo, isso aí vai mudar, pelo menos para a gente conseguir se alimentar, que é o básico", afirma o malabarista.

'Auxílio emergencial ajudou muita gente'

Jaqueline Rodrigues da Silva,jogos e soccer bet36527 anos e mãejogos e soccer bet365uma meninajogos e soccer bet3653 anos, com quem mora num hotel social da Prefeitura, vê com bons olhos o atual governo por um motivo principal: o auxílio emergencial que ela recebeu neste ano e no passado.

Com valor maior do que o Bolsa Família a que ela tem direito, Jaqueline afirma que o auxílio (quejogos e soccer bet3652020 variavajogos e soccer bet365R$ 600 a R$ 1.200) fez uma diferença grande najogos e soccer bet365vida.

Crédito, Thais Carrança/BBC Brasil

Legenda da foto, 'Esse auxílio ajudou bastante', diz Jaqueline, que atualmente mora com marido e filhajogos e soccer bet365um hotel social da prefeitura

"Esse auxílio ajudou bastante o pessoal, só não gostei que quem pegava o auxílio emergencial não pega esse Auxílio Brasil, só quem tem Bolsa Família. Podia dar para quem necessita também", sugere.

A críticajogos e soccer bet365Jaqueline tem base: segundo o governo, o novo Auxílio Brasil deve atender 17 milhõesjogos e soccer bet365pessoas, zerando a fila do Bolsa Família. O número, no entanto, é inferior aos 39 milhõesjogos e soccer bet365famílias que receberam o auxílio emergencialjogos e soccer bet3652021.

A paulistajogos e soccer bet365Osasco diz que não votoujogos e soccer bet365Jair Bolsonaro (PL)jogos e soccer bet3652018 e agora ainda está decidindojogos e soccer bet365quem votarjogos e soccer bet3652022. Ela gostaria que o deputado federal André Janones (Avante-MG) — que foi bastante atuante na aprovação do auxílio emergencial e tem presença forte nas redes sociais — fosse candidato.

Jaqueline está no hotel social há 15 dias, antes, morou na rua. "Fui morar na rua por briga familiar, tem um mês. Eu não aguentei, saímos eu, meu marido e minha filha", conta.

De acordo com o Censo da Populaçãojogos e soccer bet365Situaçãojogos e soccer bet365Rua 2019, realizado pela Prefeiturajogos e soccer bet365São Paulo, conflitos familiares são a principal razão para as pessoas irem parar nas ruas, apontada por 40,3% dos entrevistados, seguida por dependência química (33,3%), perdajogos e soccer bet365trabalho (23,1%) e perdajogos e soccer bet365moradia (12,9%).

Uma nova edição do Censo paulistano da populaçãojogos e soccer bet365rua estava prevista para 2023, mas foi antecipada devido à pandemia e está sendo realizada neste momento. A coletajogos e soccer bet365dados foi iniciadajogos e soccer bet365outubro e os primeiros resultados devem ser divulgados ao finaljogos e soccer bet365janeirojogos e soccer bet3652022, segundo a Secretaria Municipaljogos e soccer bet365Assistência e Desenvolvimento Social.

A ediçãojogos e soccer bet3652019 contabilizou 24,3 mil pessoasjogos e soccer bet365situaçãojogos e soccer bet365ruajogos e soccer bet365São Paulo, sendo 12,6 mil vivendojogos e soccer bet365vias públicas e 11,7 miljogos e soccer bet365centrosjogos e soccer bet365acolhida.

'Ele tentou me matar, então saí da minha cidade'

Marcela*,jogos e soccer bet36525 anos, mãejogos e soccer bet365três filhos e grávidajogos e soccer bet3658 meses do quarto, mora há três meses numa ocupação precária na região centraljogos e soccer bet365São Paulo.

"Era uma garagemjogos e soccer bet365ônibus, onde invadiram e fizeram os barracosjogos e soccer bet365madeira, acho que ali vivem hoje umas 15 famílias, todas com crianças", contou à BBC News Brasil, enquanto vendia balas acompanhada dos filhosjogos e soccer bet365uma grande avenida.

O nome dela foi trocado pois Marcela veio pararjogos e soccer bet365São Paulo fugindojogos e soccer bet365um ex-companheiro que a agredia. "Ele não aceita a separação, eu vivi muita violência doméstica, ele tentou me matar, então eu resolvi sair da minha cidade por esse motivo", conta.

Após um período morando na rua, ela conseguiu um espaço na ocupação. Um cômodo, que ela divide com as três crianças, quejogos e soccer bet365breve serão quatro.

"É um barraco, tem uma cama, uma cômoda e um sofá. E só, mais nada. Eu não cozinho porque não tenho fogão nem geladeira, então eu como na rua,jogos e soccer bet365doação ou quando eu consigo, compro um marmitex", relata.

Déficit habitacional crescente

Apesarjogos e soccer bet365não morar mais na rua, Marcela faz partejogos e soccer bet365um outro número crescente: o do déficit habitacional brasileiro.

Segundo a Fundação João Pinheiro, instituiçãojogos e soccer bet365pesquisa ligada ao Governojogos e soccer bet365Minas Gerais,jogos e soccer bet3652019, o déficit habitacional no país erajogos e soccer bet3655,9 milhõesjogos e soccer bet365moradias.

Esse é o número mais recente disponível para o indicador, que tem como base a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostrajogos e soccer bet365Domicílios) Contínua do IBGE (Instituto Brasileirojogos e soccer bet365Geografia e Estatística).

Crédito, Thais Carrança/BBC Brasil

Legenda da foto, Em 2019, o déficit habitacional no país erajogos e soccer bet3655,9 milhõesjogos e soccer bet365moradias, segundo a Fundação João Pinheiro

Desse total, 51,7% são domicílios com renda inferior a três salários mínimos que gastavam maisjogos e soccer bet36530% dela com aluguel; 25,2% são habitações precárias — aquelas improvisadasjogos e soccer bet365carros, barcos, barracas ou casas sem paredejogos e soccer bet365alvenaria — e 23,1% são domicílios com coabitação, quando duas ou mais famílias convivem juntas num mesmo ambiente.

O barracojogos e soccer bet365madeira na antiga garagemjogos e soccer bet365ônibus onde vive atualmente Marcela se enquadra no segundo caso.

"São famílias que não conseguem ter uma moradia adequada, não conseguem ter acesso ao mercado imobiliário, porque não têm renda suficiente, não têm trabalho, não têm acesso a crédito", diz Ana Maria Castelo, coordenadorajogos e soccer bet365Projetos da Construção no Ibre-FGV (Instituto Brasileirojogos e soccer bet365Economia da Fundação Getulio Vargas).

"E sabemos que, nesses dois anos da pandemia, a história foi muito ruim. As famílias foram severamente afetadas, principalmente asjogos e soccer bet365menor renda e as que já viviam na informalidade, então a possibilidadejogos e soccer bet365termos esses números crescentes é real", afirma a professora, sobre a provável tendênciajogos e soccer bet365alta do déficit habitacionaljogos e soccer bet3652020 e 2021.

Para Castelo e também para o padre Júlio Lancellotti, o problema da moradia é agravado pelo desmonte das políticas públicas para o setor, com praticamente nenhuma habitação entregue pelo governo nos últimos anos para a chamada Faixa 1 do antigo programa Minha Casa, Minha Vida, rebatizado pela gestão Jair Bolsonaro como Casa Verde e Amarela.

Destinada a famílias com rendajogos e soccer bet365até R$ 1,8 mil, a Faixa 1 era financiada a partirjogos e soccer bet365recursos do Tesouro, que se tornaram escassos diante da crise fiscal e do limite imposto pelo tetojogos e soccer bet365gastos.

"As políticas existentes hoje são para pessoas que têm capacidadejogos e soccer bet365endividamento, quem não tem essa capacidade, como a populaçãojogos e soccer bet365rua, não é atingida", diz Lancelotti.

"Estamos falandojogos e soccer bet365uma parcela da população que vive num níveljogos e soccer bet365vulnerabilidade muito grande. Hoje não há atendimento para esse público na política habitacional", avalia Castelo.

"A formajogos e soccer bet365atingir esse público é com aluguel social e renda mínima, pois são pessoas que não têm renda e, até se você der uma moradia, elas terão dificuldadejogos e soccer bet365arcar com os custos. Então é preciso uma política social abrangente que dê conta dessa situação."

O Ministério do Desenvolvimento Regional informou à BBC News Brasil que, desde 2019, maisjogos e soccer bet3651,1 milhãojogos e soccer bet365moradias foram entregues para pessoasjogos e soccer bet365diversas faixajogos e soccer bet365renda.

Ainda segundo a pasta, desde o lançamento do Casa Verde e Amarela,jogos e soccer bet365agostojogos e soccer bet3652020, cercajogos e soccer bet36545 mil unidades da Faixa 1 do programa foram entregues a famíliasjogos e soccer bet365baixa renda. O ministério diz ainda que a modalidadejogos e soccer bet365locação social do programa, anunciada por ocasiãojogos e soccer bet365seu lançamento, continua "em estudo".

A Prefeiturajogos e soccer bet365São Paulo, porjogos e soccer bet365vez, informou que acabajogos e soccer bet365lançar um projeto inéditojogos e soccer bet365PPP (parceria público-privada) para ofertajogos e soccer bet365moradia e acolhimento para populaçãojogos e soccer bet365situaçãojogos e soccer bet365rua.

Segundo a prefeitura, o projeto prevê a implantaçãojogos e soccer bet3651.747 unidades, distribuídasjogos e soccer bet36515 empreendimentos, que beneficiarão maisjogos e soccer bet3653,7 mil pessoas.

A gestão municipal destacou também uma sériejogos e soccer bet365ações que tem realizado para o atendimento da populaçãojogos e soccer bet365situaçãojogos e soccer bet365ruajogos e soccer bet365meio à pandemia, como a distribuiçãojogos e soccer bet365cestas básicas, kitsjogos e soccer bet365higiene e limpeza, refeições prontas e água.

Eleições e sonhos para 2022

E o que Marcela espera desse Natal?

"Para ser bem sincera, eu não sei dizer, mas espero coisa boa, porque Deus nunca me abandonou. O importante para mim é não faltar o que comer, mas esse Natal vai ser diferente, por que eu não vou passar com meus parentes, com meus pais", lamenta ela.

Para o próximo ano, além da chegada do quarto filho, Marcela sonha com uma casa melhor.

"Se Deus quiser — e ele quer — eu vou conseguir um lugar melhor, porque ali [na ocupação] não é um lugar adequado para um bebê recém-nascido, tem muito rato. Primeirojogos e soccer bet365tudo é ter um lugar para viver com meus filhosjogos e soccer bet365segurança e depois, quando meu bebê estiver um pouco mais crescido, arrumar um trabalho", deseja a mãejogos e soccer bet365família para o próximo ano.

Marcela diz que pretende com certeza votar nas eleiçõesjogos e soccer bet3652022.

"O que a gente precisa mesmo éjogos e soccer bet365educação, segurança, as pessoas precisamjogos e soccer bet365um lugar para morar. Agora com Bolsonaro, a coisa melhorou quando aumentou o auxílio — nossa, ajudou muito!", diz ela, que recebeujogos e soccer bet3652020 os R$ 1.200 destinados a mães chefesjogos e soccer bet365família.

Com a redução do valorjogos e soccer bet3652021, no entanto, as coisas ficaram "bem piores", diz ela. Assim, Marcela ainda não sabejogos e soccer bet365quem vai votar no próximo ano. "Tem que ver as propostas, o que vão oferecer para a gentejogos e soccer bet365melhor", afirma.

Gleidson Oliveira Lima, que limpa vidros vestidojogos e soccer bet365Papai Noel, enquanto vive com a família embaixo do viaduto, diz que nunca votou. "Eu não tenho documento nenhum", explica.

Ainda assim, ele não poupa críticas à atual gestão federal.

"Depois que o Bolsonaro entrou, o Brasil mudou", afirma. Para melhor ou para pior? "Para pior, piorou para todo mundo. O Lula ajudou bastante a gente. Eu dou valor para o Lula."

*Nome fictício por se tratarjogos e soccer bet365uma vítimajogos e soccer bet365violência doméstica.

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