Brasil cortou 93% da verba para pesquisabetmotion bonusmudanças climáticas:betmotion bonus

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Dados levantados pela BBC News Brasil mostram cortebetmotion bonuspesquisas sobre mudanças climáticas no Brasil

Estudos indicam que países altamente dependentes da exportaçãobetmotion bonuscommodities agrícolas como o Brasil estão particularmente vulneráveis ao fenômeno porque ele pode causar, por exemplo, alterações no regimebetmotion bonuschuvas e ventos e resultarbetmotion bonuseventos climáticos extremos como secas prolongadas, ondasbetmotion bonusfrio ebetmotion bonuscalor mais frequentes.

Pressionado por altas taxasbetmotion bonusdesmatamento nos últimos anos, o governo Bolsonaro participa da COP26, Conferência do Clima da ONU, que acontecebetmotion bonusGlasgow, no Reino Unido. O próprio presidente não viajou para a Escócia.

Um dos principais objetivos da delegação brasileira é convencer a comunidade internacional do seu compromisso com a agenda ambiental.

Na terça-feira (2/11), representantesbetmotion bonusmaisbetmotion bonuscem países, entre eles China e Brasil, assinaram um acordo para proteçãobetmotion bonusflorestas que tem como meta zerar o desmatamento no mundo até 2030. O Brasil também aumentou a metabetmotion bonusreduçãobetmotion bonusgases poluentes de 43% para 50% até 2030 e se comprometeubetmotion bonusantecipar a metabetmotion bonuszerar o desmatamento ilegalbetmotion bonus2030 para 2028.

Na semana passada, a BBC News Brasil antecipou que o Brasil decidiu assinar um importante acordo sobre proteçãobetmotion bonusflorestas conhecido como "Forest Deal".

Mais promessas, menos verba

O levantamento feito pela BBC News Brasil, porém, mostra uma redução drástica do investimento do governo federalbetmotion bonusestudos para preparar o país para os efeitos da crise no clima.

Os dados consideram duas ações orçamentárias do governo federal destinadas, especificamente, a produzir estudos e projetos com essa temática: 20G4 — Fomento a Estudos e Projetos para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima (sob responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente) e 20VA — Apoio a Estudos e Projetosbetmotion bonusPesquisa e Desenvolvimento à Mudança do Clima (a cargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações).

O levantamento aponta que o ritmobetmotion bonusinvestimento entre 2016 e 2018 erabetmotion bonusredução. Em 2016, por exemplo, o governo gastou R$ 20,7 milhões. No ano seguinte, esse valor caiu para R$ 8,4 milhões. Em 2018, chegou a R$ 2 milhões.

Crédito, EPA/Joedson Alves

Legenda da foto, Governo Bolsonaro reduziu drasticamente recursos para estudos sobre efeitosbetmotion bonusmudanças climáticas, apontam dados

A queda prosseguiu no governo Bolsonaro. Em 2019, o governo investiu R$ 1 milhão. Em 2020, foram gastos R$ 659 mil. Neste ano, até outubro, foram gastos R$ 426 mil.

Os dados mostram ainda que no Ministério do Meio Ambiente os investimentosbetmotion bonusestudos sobre mudanças climáticas foram zerados a partirbetmotion bonus2019.

Política climática

A política ambiental do governo Bolsonaro é alvobetmotion bonuscríticas domésticas e internacionais. Por outro lado, ele é apoiado por diversos setores do agronegócio e da mineração. Embetmotion bonuscampanha,betmotion bonus2018, ele prometeu acabar com o que chamavabetmotion bonus"indústria das multas" ambientais.

Em 2019 e 2020, o Brasil registrou as piores taxas anuaisbetmotion bonusdesmatamento desde 2008. No período, foram desmatados maisbetmotion bonus20 mil quilômetros quadrados, uma área equivalente a 13 cidadesbetmotion bonusSão Paulo. O avanço do desmatamento e dos incêndios florestais nesses dois anos despertaram reaçõesbetmotion bonusorganizações não-governamentais ebetmotion bonuschefesbetmotion bonusestado estrangeiros como o presidente da França, Emmanuel Macron.

A posiçãobetmotion bonusBolsonarobetmotion bonusrelação às mudanças climáticas também é frutobetmotion bonuscríticasbetmotion bonusambientalistas e cientistas. Em 2019, após a COP25, por exemplo, Bolsonaro chegou a afirmar que a pressão internacionalbetmotion bonustorno do assunto seria partebetmotion bonusum "jogo comercial" com o objetivobetmotion bonusprejudicar paísesbetmotion bonusdesenvolvimento como o Brasil.

"Eu quero saber... alguma resolução para a Europa começar a ser reflorestada? Alguma decisão? Ou só ficam perturbando o Brasil? É um jogo comercial, eu não sei como o pessoal não consegue entender que é um jogo comercial", disse o presidente.

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que ficou no cargo janeirobetmotion bonus2019 a marçobetmotion bonus2021, chegou a colocarbetmotion bonusdúvida que as mudanças climáticas seriam causadas pela ação humana, na contramão do consenso da comunidade científica.

"Há mudanças climáticas? Sim, certamente, sempre teve. É causada pelo homem? Muitas pessoas dizem que sim, não sabemos com certeza", disse o ex-chancelerbetmotion bonusum evento nos EUA,betmotion bonussetembrobetmotion bonus2019.

Crédito, REUTERS/RICARDO MORAES

Legenda da foto, Política ambiental do governo Bolsonaro é alvobetmotion bonuscríticas domésticas e internacionais

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que ficou na pastabetmotion bonusjaneirobetmotion bonus2019 a junhobetmotion bonus2021, admitia a responsabilidade do ser humano nas mudanças climáticas. Mesmo assim, foi nabetmotion bonusgestão que a pasta extinguiu, no início do governo Bolsonaro, a secretaria responsável por elaborar políticas públicas sobre o assunto.

Foi apenasbetmotion bonus2020,betmotion bonusmeio a críticas internacionais, que Salles determinou a recriaçãobetmotion bonusuma secretaria dedicada às mudanças climáticas dentro do ministério. Salles deixou o cargobetmotion bonusjunho deste anobetmotion bonusmeio a investigações sobre seu suposto envolvimento com um grupobetmotion bonusempresários que faria contrabandobetmotion bonusmadeira da Amazônia.

Críticas

Especialistas ouvidas pela BBC News Brasil criticaram os cortes nos investimentos do governobetmotion bonusestudos sobre as mudanças climáticas. Segundo elas, o governo Bolsonaro prejudicou a política climática do país.

Para Natalie Unterstell, presidente do think tank Talanoa, os números mostram os investimentos aquém da necessidade do Brasil para lidar com a crise climática.

"Estudos recentes mostram que o mundo deveria investir pesadobetmotion bonusestudos e projetos para mitigar os efeitos da mudança climática. Esses cortes comprometem a forma como o Brasil se prepara. Isso mostra que ela não é prioridade para um órgão que deveria ser um importante formuladorbetmotion bonuspolíticas públicas. Isso é um reflexo da paralisação da agenda ambiental o governo que se deu dentro do MMA e a partir dele", diz Natalie.

"Um olhar para o esvaziamento da ação orçamentária referente ao fomento a projetos para mitigação e adaptação à mudança do clima mostra bem isso. Em 2021, foram empenhados na ação orçamentária 20G4 míseros R$ 110 mil reais até agora. Para 2022, estão previstos pouco maisbetmotion bonus500 mil reais. Nesses números fica patente a desatenção ao tema", afirmou a ex-presidente do Instituto Brasileirobetmotion bonusMeio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pesquisadora sênior do Observatório do Clima, Suely Araújo.

A BBC News Brasil enviou questionamentos para o Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e para a Presidência da República sobre os cortes. Nenhum dos três se pronunciou sobre o assunto.

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