Câmeramr. hallow-winfarda policial reduz usomr. hallow-winforça e prisões, diz estudo:mr. hallow-win

Crédito, Divulgação/PMSC

Legenda da foto, Equipamento já estámr. hallow-winuso pelas políciasmr. hallow-winSão Paulo e Santa Catarina emr. hallow-windiscussãomr. hallow-winao menos outros seis Estados

"O usomr. hallow-wincâmeras nas fardas pelos policiais é uma das poucas intervenções que têm um efeito tão forte e significativomr. hallow-winmelhorar a relação entre polícia e sociedade", observa Pedro Souza, professormr. hallow-wineconomia na Queen Mary University e um dos autores do estudo ao ladomr. hallow-winDaniel Barbosa (PUC-Rio), Thiemo Fetzer (Warwick) e Caterina Soto (LSE).

"Nosso estudo é uma comprovação científica, com os melhores padrões, quemr. hallow-winfato as câmeras têm esse efeito", acrescenta.

Os resultados do estudo foram publicados como texto para discussãomr. hallow-winsetembro e estão submetidos para publicaçãomr. hallow-winperiódico científico. Os dados foram coletados entre setembro e dezembromr. hallow-win2018.

Desde a realização do experimento, as políciasmr. hallow-winSanta Catarina e São Paulo já adotaram o usomr. hallow-wincâmeras nas fardas e a implementação da tecnologia estámr. hallow-windebate tambémmr. hallow-winao menos outros seis Estados - Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Amapá, Riomr. hallow-winJaneiro e Rio Grande do Sul.

São Paulo adotou o usomr. hallow-wincâmeras acopladas ao uniformemr. hallow-winpoliciaismr. hallow-winao menos 18 batalhões da Polícia Militar. O índicemr. hallow-winmortes decorrentesmr. hallow-winintervenção policial caiumr. hallow-winjunho deste ano ao menor patamar desde maiomr. hallow-win2013.

O processomr. hallow-winimplementação das câmeras, porém, tem seus percalços.

Em Santa Catarina, policiais reivindicam que as câmeras sejam acionadas pelos próprios agentes, e não automaticamente como ocorre atualmente. Eles também defendem o sigilo das filmagens, após episódiomr. hallow-winque um vídeo produzido por uma câmera na farda foi divulgado pela imprensa, gerando forte clamor na opinião pública antes do julgamento dos policiais.

O pesquisador Pedro Souza avalia que as preocupações dos policiais são legítimas, mas ele considera que a redução do usomr. hallow-winforça possibilitada pelas câmeras não é benéfica apenas para os cidadãos, mas também para a polícia. "Isso faz o dia a dia do policial mais pacífico", afirma.

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Legenda da foto, Protesto das Mãesmr. hallow-winMaio contra mortesmr. hallow-winjovensmr. hallow-winações policiais. São Paulo, abrilmr. hallow-win2017

Experimento num país com alta taxamr. hallow-winhomicídios

O estudo foi realizadomr. hallow-wincinco municípiosmr. hallow-winSanta Catarina (Florianópolis, São José, Biguaçu, Tubarão e Jaraguá do Sul) e envolveu 450 policiais escolhidos aleatoriamente, sendo 150 designados para usar as câmerasmr. hallow-winseus uniformes e 300 que formaram o chamado grupomr. hallow-wincontrole, que não usaram as câmeras e servirammr. hallow-winbasemr. hallow-wincomparação.

Por protocolo, os policiais com as câmeras foram instruídos a filmar todas as ocorrências que envolvessem interações com civis (com poucas exceções, como operações sensíveis ou com agentes infiltrados). Os policiais também eram obrigados a informar os cidadãos sobre a realização da filmagem.

"O que nos levou a realizar esse experimento foi acreditarmos que esse é um tipomr. hallow-wintecnologia que ajuda na relação entre polícia e cidadão e que ela poderia ter efeitos positivos", explica Souza. "Por outro lado, tínhamos uma inquietação com a literatura acadêmica que mostrava que não tinha nenhum resultado ou bem próximomr. hallow-winzero."

O pesquisador lembra que todos os estudos até então tinham sido feitos nos Estados Unidos ou Reino Unido. A títulomr. hallow-wincomparação, a taxamr. hallow-winhomicídios no Brasilmr. hallow-win2018 eramr. hallow-win27,4 a cada 100 mil habitantes, comparado a 5,0 nos Estados Unidos e 1,2 no Reino Unido. Em Santa Catarina especificamente, a taxamr. hallow-winhomicídios naquele ano era três vezes maior que a americana e 12 vezes superior à britânica.

O pesquisador diz que essa diferençamr. hallow-wincontexto para a atuação das polícias pode ser uma das explicações para os resultados encontrados no estudo feito no Brasil.

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Legenda da foto, Câmeras reduzirammr. hallow-win61% o usomr. hallow-winforça por policiaismr. hallow-winocorrências, diminuindo empregomr. hallow-winalgemas

Os resultados

Os pesquisadores apontam que as câmeras têm um efeito grande na relação entre policiais e civismr. hallow-winocorrências, com reduçãomr. hallow-win28,5% na apresentaçãomr. hallow-winacusaçõesmr. hallow-windesacato, desobediência ou resistência contra cidadãos; diminuiçãomr. hallow-win61,2% do usomr. hallow-winforça (física, letal ou não letal); e quedamr. hallow-win6,2% no usomr. hallow-winalgemas e realizaçãomr. hallow-winprisões.

A produçãomr. hallow-winregistros das ocorrências para encaminhamento à Polícia Civil cresceu 9,2%, o registromr. hallow-winocorrências com vítimas aumentou 19,2% e, como já mencionado, houve um crescimento significativo nos registrosmr. hallow-winocorrências relacionadas a violência doméstica.

"A observação do policial no despacho é possivelmente o iníciomr. hallow-winum processo criminal", diz o professor da Queen Mary University, sobre a importância da melhora dos registrosmr. hallow-wincasosmr. hallow-winviolência doméstica.

"Em segundo lugar, isso permite a elaboraçãomr. hallow-winpolíticas públicas específicas para a violência doméstica. Em terceiro, permite metrificar e avaliar se as ações estão tendo um efeito para a redução desse tipomr. hallow-winviolência."

Os dados também indicam que o efeito é maior nas ocorrênciasmr. hallow-winbaixo risco — a classificação é feita pela própria Polícia Militar considerando se há feridos, se o suspeito ainda está no local, se esse suspeito está armado e se há riscomr. hallow-wintumulto. Nesse tipomr. hallow-winocorrência, a queda no índicemr. hallow-wininterações negativas foimr. hallow-win48% durante o experimento.

"A interpretação disso é que a câmera não vai alterar a situação quando há algum confronto entre a polícia e o cidadão. Ela tem efeito numa situação mais simples, prevenindo que ela escale para uma outra situaçãomr. hallow-winque o uso da força se faça necessário", diz Souza.

O estudo mostrou ainda que os resultados são maiores quando a câmera é utilizada por um policialmr. hallow-winmais baixa patente — os policiaismr. hallow-winpatentes mais altas gravaram as ocorrências 22,8% menos do que os profissionais mais juniores.

"Policiaismr. hallow-wininíciomr. hallow-wincarreira são mais propensos a mostrar melhoriasmr. hallow-wincomportamento emr. hallow-wincumprimentomr. hallow-winprotocolo quando na presençamr. hallow-winuma câmera", observam os pesquisadores, no estudo. "Isso sugere que a reduçãomr. hallow-wineventos negativos entre policiais e cidadãos é impulsionada principalmente por mudanças no comportamento do policial, mais do que por mudançasmr. hallow-winconduta dos cidadãos quandomr. hallow-winpresença da câmera", avaliam.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Efeito das câmeras é maior nas operaçõesmr. hallow-winbaixo risco do que nasmr. hallow-winalto risco, mostrou estudo

Os policiais e as câmeras

Depois da realização do experimento pelos pesquisadores, o usomr. hallow-wincâmeras corporais pelos policiais militaresmr. hallow-winSanta Catarina foi implementado oficialmentemr. hallow-winjulhomr. hallow-win2019. Desde então, o uso dos equipamentos tem gerado diversos embates.

O primeiro deles foi com relação ao momentomr. hallow-winacionamento da filmagem. Pelo protocolo adotado inicialmente, a câmera iniciava automaticamente a gravação no momentomr. hallow-winque a ocorrência era comunicada pela Central — diferentemente do estudo,mr. hallow-winque o acionamento era feito pelos próprios policiais.

Segundo Mariana Lixa, advogada da Aprasc (Associaçãomr. hallow-winPraças do Estadomr. hallow-winSanta Catarina) e da Fenepe (Federação Nacionalmr. hallow-winEntidadesmr. hallow-winPraças Estaduais), isso gerou situaçõesmr. hallow-wininvasão da privacidademr. hallow-winpoliciais, com a filmagemmr. hallow-winpoliciais no banheiro oumr. hallow-winligações telefônicas pessoais ou profissionais que não poderiam ser filmadas.

Para evitar esse tipomr. hallow-winsituação, a câmara passou a ser acionada pela Central um pouco antes da chegada da viatura ao localmr. hallow-winocorrência, relata a advogada.

Segundo ela, um problema, no entanto, é que o policial tem atividade "exclusiva e permanente", o que significa que ele continua sendo policial nos seus momentosmr. hallow-winfolga. Assim, o policial que se depara com uma ocorrência fora do seu horáriomr. hallow-wintrabalho é obrigado a agir, mas ele não dispõe nesse momentomr. hallow-winseu equipamento completo, incluindo a câmera.

Outra situação é que,mr. hallow-windeterminados casos, as viaturasmr. hallow-winronda que atuammr. hallow-wináreas problemáticas se deparam com ocorrências e não têm tempomr. hallow-winligar para a Central, para gerar uma despacho que acionaria a câmera. Assim, esses dois tipomr. hallow-winocorrência às vezes não são filmadas, deixando o policial vulnerável a ser penalizado.

"A câmera é uma ferramenta muito importante, é uma tendência mundial, mas entendemos que essa ferramenta ainda precisamr. hallow-winajustes", diz Lixa.

Segundo ela, um outro problema relacionado ao uso das câmeras diz respeito ao sigilo das imagens. A advogada lembramr. hallow-winum caso que se tornou notório após um site publicar,mr. hallow-winmarço deste ano, imagens produzidas por uma câmera corporal usada por policial, que mostravam uma comerciante sendo estrangulada e borrifada com spraymr. hallow-winpimenta a curta distância durante uma ocorrência.

Segundo ela, a circulação das imagens aconteceu antes do julgamento dos policiaismr. hallow-winprocesso administrativo e do oferecimentomr. hallow-windenúncia, e os policiais sofreram ameaças devido à forte repercussão do caso e tiveram que se afastar do serviço.

Depois desse episódio, houve novo ajuste, e o download das imagens foi impossibilitado, sendo acessível apenas a visualização pelo Ministério Público, mediante disponibilizaçãomr. hallow-winuma senha. Na perspectiva da advogada, a populaçãomr. hallow-wingeral só deve ter acesso às imagens relacionadas a uma ocorrência depois do trânsitomr. hallow-winjulgado dos processos.

Ela defende ainda que o acionamento das câmeras não deve ser automático, mas realizado pelo policial. Os contrários a essa medida argumentam que o sistema perde credibilidade se há seleçãomr. hallow-winimagem e que é importante que o sistema seja crível e tenha a confiança da população.

O pesquisador Pedro Souza concorda que as filmagens produzidas têm que ser tratadas com segurança e que o vazamentomr. hallow-winvídeos não é aceitável.

"Mas os policiais também precisam ver os benefícios que o uso da câmera traz para o dia a dia da operação policial. Nosso estudo comprova como os efeitos positivos ocorrem não só para os cidadãos, mas também para os policiais, por isso acredito que a resistência a esse tipomr. hallow-windispositivo — que existe não sómr. hallow-winSanta Catarina, masmr. hallow-winoutras polícias do mundo — pode ser resolvida, à medida que eles se deem conta dos benefícios", argumenta Souza.

"Defendemos o uso das câmeras", diz a advogada militar. "No entanto, defendemos o uso delas dentro da proteção do policial militar, protegendo a abordagem, não o suspeito."

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