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Como brasileiros comem tubarão sem saber e ameaçam preservação da espécie:real bet paga bem
Essa rotulagem incorreta, aliada aos preços atraentes e à faltareal bet paga bemuma política pública adequada, fazem do Brasil uma ameaça para a preservação da espécie — uma pesquisa estimou que a populaçãoreal bet paga bemtubarões e arraias no mundo caiu 71% desde 1970, ao passo que a pesca predatória desses animais aumentou 18 vezes.
Neste sentido, uma maior conscientização da população sobre o que vai parar emreal bet paga bemmesa "pode ajudar na preservação dos tubarões", diz Rangel, do Departamentoreal bet paga bemFisiologia do Institutoreal bet paga bemBiociências da Universidadereal bet paga bemSão Paulo (USP).
"Em vezreal bet paga bemser embalada com rotulagem adequada, a carnereal bet paga bemtubarão é vendida no Brasil normalmente como cação, um nome ambíguo usado para várias espécies", acrescenta Gil, da Sea Shepherd Brasil, ONGreal bet paga bemconservação da vida marinha.
"Ou seja, os brasileiros não sabem que estão comendo tubarão", ressaltam as pesquisadoras.
Prova disso está nas conclusões iniciais do levantamento que abre esta reportagem. A sondagem foi realizada pela agência independentereal bet paga bempesquisa Blend e encomendada pela Sea Sheperd Brasil com 5 mil brasileirosreal bet paga bemtodo o território nacional.
Recentemente, Rangel e Gil,real bet paga bemconjunto com três outros pesquisadores, escreveram um artigo, publicado na prestigiada revista Science,real bet paga bemque alertam sobre essa situação e sugerem como o Brasil pode ajudar a proteger a populaçãoreal bet paga bemtubarões.
Importação e consumo
Segundo explicam as pesquisadoras, o Brasil se tornou o principal destinoreal bet paga bemcarcaçasreal bet paga bemtubarão sem barbatanas. Por ano, nosso consumo anual éreal bet paga bemcercareal bet paga bem45 mil toneladas.
As barbatanas são uma iguaria no mercado asiático e podem alcançar valores astronômicos — seu quilo pode ultrapassar US$ 1,5 mil (cercareal bet paga bemR$ 8 mil).
Mas há pouca demanda pela carnereal bet paga bemtubarão.
E, como a imensa maioria dos países proíbe a pesca do peixe apenas para o comércio exclusivo desse item — ou seja, retirando as nadadeiras e descartando a carcaça no mar (o chamado "finning") — o que sobra do animal acaba tendo desembarque certo: o Brasil.
Curiosamente, o Brasil foi o primeiro país a assinar tratado ratificando a proibição dessa prática.
"O Brasil, maior importador mundialreal bet paga bemcarnereal bet paga bemtubarão, compra carcaças e bifesreal bet paga bemtubarão sem barbatanasreal bet paga bempaíses que atuam no comércioreal bet paga bembarbatanas, como China e Espanha, e do Uruguai, que exporta carne processadareal bet paga bemtubarão", diz o artigo.
"No Brasil, embora tubarões protegidos não possam ser legalmente comercializados por pescadores ou empresários locais, eles podem ser importados sem quaisquer restrições".
"Além disso, é obrigatório fornecer informações para uma rotulagem adequada apenas se o peixe congelado importado pertencer à família Salmonidae (que inclui o salmão e a truta) ou à família Gadidae (que inclui o bacalhau e a arinca ou hadoque)".
Segundo os pesquisadores, "apesar do crescente debate sobre a rotulagem incorretareal bet paga bemtubarões entre organizações não governamentais e comunidades acadêmicas, nenhuma medida governamental foi implementada".
"Como resultado, os consumidores no Brasil continuam sem saber que estão comprando carnereal bet paga bemtubarão e contribuindo para o declínioreal bet paga bemespécies vulneráveisreal bet paga bemtubarão", afirmam.
Riscos para saúde
Rangel e Gil alertam ainda para o risco à saúde relacionado ao consumo da carnereal bet paga bemtubarão.
"Como se tratareal bet paga bemum grande predador, um animal toporeal bet paga bemcadeia alimentar, o nívelreal bet paga bemtoxicidadereal bet paga bemsua carne é maior. Ou seja, existe um risco à saúde para quem come tubarão. E o pior: sem saber disso", diz Gil.
Por um processoreal bet paga bembioacumulação, o tubarão agrega metais pesados, como mercúrio e arsênio, presentes nos organismos que lhe serviramreal bet paga bemalimento. Ingeridas além da conta, essas substâncias podem causar danos cerebrais.
Um parâmetroreal bet paga bemconsumoreal bet paga bemmercúrio vem da Organização Mundialreal bet paga bemSaúde (OMS). Ela preconiza o limite diárioreal bet paga bem0,5 miligrama desse metal por quilo.
Estudo publicadoreal bet paga bem2008, porém, revela que,real bet paga bemamostrasreal bet paga bemPrionace glauca, ou tubarão-azul, a espéciereal bet paga bemtubarão mais pescada no mundo, o índice presente excedeureal bet paga bemmaisreal bet paga bemduas vezes o limite diário.
Não por menos, a Food and Drug Administration (FDA), agência federal americana que regula alimentos e medicamentos, não recomenda a inclusãoreal bet paga bemtubarão no cardápioreal bet paga bemgrávidas,real bet paga bemmulheres que estejam amamentando ereal bet paga bemcrianças, sejareal bet paga bemque quantidade for.
Ação urgente
No artigo, os pesquisadores defendem uma "ação urgentereal bet paga bemtodo o mundo, especialmente no Brasil".
"Como primeiro passo, o governo brasileiro deve divulgar amplamente o fatoreal bet paga bemque o cação pode se referir à carnereal bet paga bemtubarão".
"O país deve exigir que todos os produtos nacionais e importados sejam rotulados com seus nomes científicosreal bet paga bemtoda a cadeiareal bet paga bemabastecimento, garantindo o monitoramento preciso das espécies no sistema e permitindo que os consumidores decidam se comem uma espéciereal bet paga bemriscoreal bet paga bemextinção".
"Como resultadoreal bet paga bemtais mudanças, a demanda provavelmente diminuiria, limitando o mercadoreal bet paga bemtubarões com barbatanas removidas ilegalmente. O Brasil também poderia proteger tubarõesreal bet paga bemtodo o mundo proibindo a importaçãoreal bet paga bemespécies ameaçadasreal bet paga bemextinção".
"Por causa do papel descomunal do Brasil no comércio globalreal bet paga bemtubarões, essas mudanças podem melhorar muito os esforçosreal bet paga bemconservação", concluem.
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