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Como análises matemáticas afastam hipótesewin1 betfraude nas urnas, ao contrário do que diz Bolsonaro:win1 bet
A argumentação exposta nesse vídeo, porém, é contestada pelo TSE e por especialistaswin1 betsegurançawin1 betdados e estatística ouvidos pela BBC News Brasil. Análises matemáticas produzidas por acadêmicos têm identificado, inclusive, o oposto: que não há evidênciaswin1 betfraudes nas urnas eletrônicas.
Nessa reportagem, a BBC News Brasil destrincha os argumentos matemáticos que tentam comprovar as supostas fraudes e explica por que os cálculos são inconsistentes na avaliaçãowin1 betespecialistas. Você vai entender, por exemplo, como o uso da Leiwin1 betBenford nessas análises tem sido aplicadawin1 betforma controversa para tentar detectar padrões fraudulentos na distribuiçãowin1 betvotos nas urnas.
Ao final, a reportagem mostra também como o cientista político Guilherme Russo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aplicou uma metodologia desenvolvida por acadêmicos estrangeiros para analisar a distribuição dos votos nas eleições presidenciaiswin1 bet2014 e 2018 e não encontrou evidênciaswin1 betfraudes.
Os especialistas ouvidos enfatizam que análises estatísticas não são capazeswin1 betprovar que houve ou não manipulação nas eleições. Elas servem apenas como pontowin1 betpartida para detectar se há algum indíciowin1 betanormalidade que precise ser melhor investigado.
Bolsonaro tenta provar que houve fraude nas eleições para sustentar a necessidadewin1 betalterar a urna eletrônica para incluir um comprovante impresso do voto. Segundo ele, apenas isso permitiria a auditoria do resultado eletrônico.
Já o TSE afirma que a urna eletrônica permite a auditoria dos resultados por meio do Boletimwin1 betUrna que é impresso ao final da votação na seção eleitoral (o documento possibilita comparar os votos computadoswin1 betcada urna no sistema eletrônico do TSE com os do respectivo boletim).
Críticoswin1 betBolsonaro dizem que ele não estáwin1 betfato preocupado com a segurança da votação e deseja lançar desconfianças sobre o sistema eletrônico para contestar o resultado do pleitowin1 bet2022 caso não consiga se reeleger.
Entenda a seguir as falhas nas análises matemáticas que vem sendo apresentadas como "provas"win1 betfraudes por Bolsonaro e seus apoiadores e como outras aplicações da ciência estatística têm afastado essa hipótese.
Os problemas nos cálculos que tentam provar fraudewin1 bet2014
"Em 2014, a pessoa que eu vou entrevistar, usando apenas as parciais (da apuraçãowin1 betvotos) fornecidas pelo TSE e cálculos matemáticos, descobriu as fraudes nas urnas", afirmou Naomi Yamaguchi ao iniciar o vídeowin1 betcercawin1 bet15 minutoswin1 betque fala com um homem anônimo que diz ter provaswin1 betuma suposta ilegalidade na apuração da eleição presidencial.
A imagem do entrevistado não é revelada, sendo possível apenas ouvirwin1 betvoz enquanto conversa com Yamaguchi.
A análise partewin1 betuma premissa falsa: no vídeo, o homem diz ter certeza que a eleição foi fraudada porque o candidato Aécio Neves, no início da apuração, quando um volume ainda pequenowin1 beturnas tinha sido contabilizado, atingiu um percentualwin1 betquase 70% dos votos válidos contra cercawin1 bet30%win1 betDilma.
Conforme mais votos foram sendo contabilizados, Dilma inverteu a vantagem, conquistando uma vitória por pequena margem: o placar final da eleição ficouwin1 bet51,64% para a petista contra 48,36% do tucano.
Essa inversão, porém, é explicada pela dinâmica da contagemwin1 betvotoswin1 bet2014, segundo o TSE. Por causa do horáriowin1 betverão que era adotadowin1 betparte do país naquele ano, zonas eleitoraiswin1 betestados do Norte e Nordeste fecharam depoiswin1 betzonas do restante do país.
Dessa forma, a contagem começou com urnaswin1 betregiões onde Aécio era mais forte (Sul e parte do Sudeste), dando vantagem inicial ao tucano. Quando mais urnas do Norte e Nordeste foram contabilizadas, Dilma virou.
"Isso frustrou o país todo, inclusive a mim. E naquela hora eu tive certezawin1 betque as urnas foram fraudadas", disse o anônimo no vídeo, ao comentar a inversão da vantagemwin1 betAécio ao longo da apuração.
O homem conta então que buscou uma formawin1 betprovar a fraude a partirwin1 betuma análise da evolução da contagemwin1 betvotos minuto a minuto, divulgada pelo TSE. "Se eu analisar esses números e descobrir um padrão, eu comprovo que esses números foram frutoswin1 betuma fórmula matemática,win1 betum algoritmo", disse.
A partir daí, ele afirmou ter analisado a variação do incrementowin1 betvotoswin1 betDilma e Aéciowin1 betcada minuto e encontrou um padrão que seria praticamente impossível estatisticamente: por 241 minutos seguidos, os dois candidatos teriam se alternando na liderança da variação do ganhowin1 betvotos.
"Aqui nós temos (a alternância) Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio, Dilma, Aécio. Quantas vezes, Naomi? 241 vezes Dilma, Aécio (se alternando)", sustentou o entrevistadowin1 betYamaguchi.
"Aqui eu encontrei o padrão que eu procurava. E isso aqui não é o resultadowin1 betuma eleição natural, aonde se abrem urnaswin1 betvários pontos do país e você tem minuto a minuto uma variação imprevisível. Aqui, é totalmente previsível. E eu concluo com isso que somente uma fórmula poderia produzir este minuto a minuto que a gente enxergouwin1 bet2014", disse ainda o homem.
Ao analisar os dados brutos da apuração minuto a minuto, a BBC News Brasil não encontrou um padrãowin1 betalternância entre os incrementoswin1 betvotoswin1 betDilma e Aéciowin1 bet2014 durante os 333 minutos que duraram a contagem.
Os números oficiais do TSE indicam, na verdade, que Aécio liderou sozinho o ganhowin1 betvotos nos minutos iniciais. Depois, Dilma apresentou maior incrementowin1 betvotos na maior parte do tempo, com o tucano recebendo mais votoswin1 betalguns momentos pontuais.
O especialistawin1 betsegurançawin1 betdados Conrado Gouvêa, doutorwin1 betCiência da Computação pela Universidade Estadualwin1 betCampinas (Unicamp), também analisou a apuração minuto a minuto e não encontrou um padrãowin1 betalternância entre os ganhoswin1 betvotoswin1 betDilma e Aécio. Sua análise está detalhadawin1 betseu site pessoal.
Gouvêa reproduziu as tabelas divulgadas no vídeowin1 betYamaguchi para tentar entender a análise sugerida pelo entrevistado e identificou que foi feito um cálculo errado que tem o resultado práticowin1 betnecessariamente levar a alternânciawin1 betDilma e Aécio como o vencedor da apuração minuto.
Isso porque,win1 betvezwin1 betanalisar quem ganhou o maior incrementowin1 betvotos a cada minuto, o homem anônimo elaborou uma metodologiawin1 betque analisou alternadamente o desempenhowin1 betcada candidato nos minutos ímpares e pares da apuração.
Ele passou a somar a cada minuto par os votos obtidoswin1 bettodos os minutos pares anterioreswin1 betcada candidato. E fez o mesmo para os minutos ímpares. Depois calculou a evolução da proporçãowin1 betvotos ímpares e pareswin1 betcada candidato minuto a minuto.
O problema, afirma Gouvêa, é que com o avançar da apuração a proporçãowin1 bet"votos pares" e "votos ímpares"win1 betcada candidato tende a se estabilizarwin1 betuma forma que necessariamente um dos candidatos sempre aparece como "vencedor" nas linhas pares e o outro sempre como "vencedor" das ímpares.
Isso explica porque nos 241 minutos finaiswin1 betapuração, Dilma e Aécio aparecem alternados na análise feita pelo homem anônimo.
"Eu fiz um teste usando o mesmo cálculo aplicado no vídeo,win1 betque gerei votos aleatórios para Dilma e Aécio, e o resultado alcançado foi o mesmo: dava uma alternância entre os dois. Se a mesma metodologia for usada nos resultados do resultado da eleiçãowin1 bet2018, fatalmente haverá uma alternância por muitos minutos entre Bolsonaro e Haddad (candidato do PT derrotado). Isso não é indíciowin1 betqualquer fraude", disse Gouvêa à BBC News Brasil.
Ele afirma que é difícil saber se o errowin1 betcálculo no vídeo apresentado por Yamaguchi foi por desconhecimento do entrevistado ou algo intencional para gerar uma falsa provawin1 betfraude.
"Tem duas hipóteses: ou a pessoa realmente achou que estava fazendo uma análise certa e não estava, ou realmente foi má fé. É difícil diferenciar uma coisa da outra, mas a consequência é a mesma: levanta essa acusação (de fraude nas urnas) que não faz sentido, colocawin1 betdúvida todo o processo eleitoral e muitas pessoas caem", lamentou.
Uma conversawin1 betBolsonaro no iníciowin1 betjulho com apoiadores na porta do Palácio do Alvorada evidencia que o presidente é um dos que deu crédito a essa análise. "A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feitowin1 bet2014", disse na ocasião.
"O minuto a minuto, por 271 vezes consecutivas, dá para imaginar? Dá quatro horas e pouco. Momentos anteswin1 betas curvas se tocarem, dava: Dilma ganhou, Aécio ganhou, Dilma ganhou, Aécio ganhou, por 271 vezes. É vocês jogarem uma moeda 271 vezes para cima e dar cara, coroa, cara, coroa. Isso deve ser a quantidadewin1 betátomos aqui na terra", acrescentou, reproduzindo a tese divulgada no vídeowin1 betYamaguchi.
A BBC News Brasil procurou Naomi Yamaguchi por meiowin1 betsua irmã Nise Yamaguchi. Foram enviadas perguntas por email na segunda-feira (26/7) questionado se ela gostariawin1 betresponder às críticas ao seu vídeo, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
O uso controverso da Leiwin1 betBenford
Outra análise matemática que tem sido usada para questionar a integridade da urna eletrônica é a aplicação da Leiwin1 betBenford, que é citada na segunda parte do vídeowin1 betNaomi Yamaguchi como mais uma evidênciawin1 betque a eleiçãowin1 bet2014 foi fraudada.
Além disso, é usada por Hugo Cesar Hoeschl, ex-procurador da Fazenda Nacional, para sustentarwin1 betum vídeowin1 bet2018 que "a probabilidadewin1 betfraude na última eleição presidencial brasileira (2014) foiwin1 bet73,14%".
Sua tese é exposta em um textowin1 bet11 páginas, com explicação superficial da metodologia empregada, e ganhou projeção por meio do veículo conservador Brasil Paralelo, que mantém emwin1 betpágina do YouTube vídeoswin1 betque Hoeschl expõe suas conclusões.
A Leiwin1 betBenford, que leva o nome do físico Frank Benford, estabelece quewin1 betalguns conjuntoswin1 betnúmeros, como tamanhoswin1 betrio ou da populaçãowin1 betcidades, o dígito inicial mais comum é o 1 (com 30,1%win1 betfrequência), seguido do 2 (17,6%). A frequência dos demais algoritmos como dígito inicial vai caindo sucessivamente também do 3 até o 9, quando éwin1 betapenas 4,6%.
Ou seja, ao analisar a populaçãowin1 bettodas as cidades do Brasil, por exemplo, há bem mais chanceswin1 beto número começar com o dígito 1 (por exemplo, 100.148 habitantes, ou 13.400 habitantes, etc), do que começar com 8 ou 9.
Essa regra se mostra consistente na análisewin1 betvários conjuntos numéricos e é aplicada inclusive para detectar possíveis fraudes financeiras. Porém, segundo estatísticos consultados pela BBC News Brasil, não serve para prever a distribuição do dígito inicialwin1 bettodo e qualquer conjuntowin1 betnúmeros.
Por exemplo, se formos analisar a distribuição da alturawin1 bettodos os brasileiros adultos, encontraremos uma frequência inicial do dígito 1 muito maior que 30,1% como sugere a Leiwin1 betBenford, porque o mais comum é que adultos meçam maiswin1 betum metro e menoswin1 betdois.
A Leiwin1 betBenford, portanto, tende a funcionar quando se está analisando um conjunto abrangentewin1 betnúmeros que não tenham uniformidade.
No caso do vídeo da Naomi Yamaguchi, o entrevistado diz que aplicou a Leiwin1 betBenford para analisar a distribuição do primeiro dígito "nas parciais minuto a minuto fornecidas pelo TSE" da somawin1 betvotoswin1 betDilma e Aécio.
O resultado que ele encontra porém destoa totalmente do previsto na lei porque dá uma baixa frequência para os dígitos iniciais 1, 2, 3 e 4 e mostra como algoritmo mais frequente no primeiro dígito o 5, tanto para os votoswin1 betDilma como oswin1 betAécio. E do 6win1 betdiante a frequência é próximawin1 betzero.
A questão é que ele usou na análise a evolução do acumulado dos votoswin1 betcada candidato minuto a minuto e, para ambos, a soma dos votos foi subindo gradualmente até atingir o patamarwin1 betmaiswin1 bet50 milhõeswin1 betvotos, se estabilizando pouco acima disso.
O resultado final ficouwin1 bet54,5 milhõeswin1 betvotos para Dilma e 51 milhões para o Aécio, sendo impossível, portanto, que os dígitoswin1 bet6 a 9 aparecerem com frequência relevante.
"O dígito 5 é o mais frequente por um simples motivo: foram 105 milhõeswin1 betvotos válidos, resultando cercawin1 bet50 milhõeswin1 betvotos para candidato. E a apuração foi ficando mais lenta conforme foi avançando (o que é normal), fazendo com que exista um grande númerowin1 betparciais na casa dos 50 milhões (primeiro dígito 5), e um número razoável na casa dos 40, 30, 20 e 10 milhões (primeiros dígitos 4, 3, 2, 1). Isso é exatamente o que está ilustrado no gráfico do vídeo (Naomi Yamaguchi)", explicawin1 betseu site o especialistawin1 betsegurançawin1 betdados Conrado Gouvêa.
Essa análise, porém, é tratada no vídeo como grande evidênciawin1 betfraude.
"Nós não temos a Leiwin1 betBenford nas parciais minuto a minuto fornecidas pelo TSE. Isso aqui também tem um embasamento muito forte na Matemáticawin1 betque praticamente é impossível você ter um universo naturalwin1 betnúmeros aonde a maior parte dos números começam com 5. Isso vai totalmente contra a lógica matemática", diz o entrevistado anônimo.
"O Brasil Paralelo fez um estudo esse ano que falou quewin1 bet2014 houve 74%win1 betchances das urnas serem fraudadas. Você está nos dando a provawin1 betque foi 100%win1 betchanceswin1 betelas terem sido fraudadas", responde Naomi Yamaguchi,win1 betreferência às teseswin1 betHugo Hoeschl.
A pedido da BBC News brasil, o professor do departamentowin1 betEstatística da Universidade Federalwin1 betSão Carlos (UFSCar) Rafael Stern analisou o textowin1 bet11 páginas que Hoeschl assina com mais três pessoas (Tania Cristina D'Agostini Bueno, Gilson da Silva Paula e Claudio Tonelli).
Esse artigo diz emwin1 betconclusão que "a eleição brasileirawin1 bet2014, sob a ótica da Leiwin1 betNewcomb Benford, encontra-se reprovada na análisewin1 betconformidade, com grauwin1 betcertezawin1 bet73,149%".
Para Stern, "faltou rigor científico" ao texto, já que ele não explica detalhadamente a metodologia utilizada e os cálculos feitos. Isso impede que cientistas reproduzam a análise para testarwin1 betvalidade.
"Parece que é um texto científico, mas não mostra muito bem algumas premissas por trás da análise dele. Eu não saberia replicar exatamente o que ele fez ali. Ele não explica como esse valorwin1 bet73% foi calculado. Para um texto rigoroso científico, está faltando muito", disse o professor.
"A Leiwin1 betBenford é complicadawin1 betum pontowin1 betvista estatístico. Tem muitos artigos escritos sobre as condiçõeswin1 betque essa lei é satisfeita, mas se o cenário eleitoral com o processamento que ele fez estaria dentro ou não da lei eu não sei te dizer porque ele não explica bem como foi aplicada", disse ainda.
O estatístico Carlos Cinelli, doutorando na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, usou a Leiwin1 betBenford para analisar os resultados da eleiçãowin1 bet2014 e identificou limitações dawin1 betaplicação.
Em seu blog pessoal, ele mostrou que a distribuição da frequência do primeiro dígito na quantidadewin1 betvotos obtidos por Dilmawin1 betcada município apresentou boa correlação com a lei quando aplicada para analisar essa distribuição nacionalmente (ou seja,win1 bettodos os municípios do país).
Já quando a análise dos municípios era feita por Estado, foram encontradas discrepâncias grandes com os resultados previstos na leiwin1 betlocais como Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul.
Segundo ele, isso não serve como indicativowin1 betfraude, porque a variação do primeiro dígito no númerowin1 bethabitantes das cidades desses Estados também não segue a Leiwin1 betBenford.
Como o númerowin1 beteleitores (votos) está relacionado ao númerowin1 bethabitantes, logo a lei não seria aplicável nesses casos, ele ressaltawin1 betseu site: "Deste modo, para o casowin1 betquestão, as grandes discrepâncias entre a Leiwin1 betBenford e o númerowin1 betvotoswin1 betalguns Estados parecem decorrer,win1 betgrande medida, do próprio desvio já presente nas distribuições da população e do eleitorado".
À BBC News Brasil, Cinelli explicou que isso provavelmente ocorreu porque o tamanho da população nas cidades desses Estados deve ser mais homogêneo. E a Leiwin1 betBenford funciona melhor quando há uma abrangência grandewin1 betnúmeros variados.
"Isso (a faltawin1 betcorrelaçãowin1 betalguns Estados) diminui a utilidade da Leiwin1 betBenford para identificar indícioswin1 betpossíveis manipulações", afirma.
Ele ressalta que, mesmo nos casoswin1 betque a Leiwin1 betBenford se aplica, ela não serve como provawin1 betque houve ou não alguma fraude, mas sim como um indicativowin1 betpossíveis focos que devem ser melhor investigados.
Ao analisar o textowin1 betHoeschl a pedido da BBC News Brasil, Cinelli também identificou problemas, já que ele diz ter aplicado a Leiwin1 betBenford nos resultados das zonas eleitorais (em vezwin1 betmunicípios)win1 betcada Estado.
"Não teria porque esperar que a distribuiçãowin1 betvotos dentrowin1 betcada Estado seguisse a Leiwin1 betBenford (para os primeiros dígitos), dado que a própria população não segue. A situação piora ainda mais se olharmos por zona eleitoral. Quanto menor o âmbito da análise, menos a gente espera que a Leiwin1 betBenford se aplique para os primeiros dígitos", disse Cinelli.
Procurado pela BBC News Brasil, Hoeschl respondeu aos questionamentos após a publicação da reportagem. Ele discordou da críticawin1 betCinelli e insistiu quewin1 betanálise por zona eleitoral e Estado é adequada.
"Viawin1 betregra, os estados possuem mais zonas eleitorais do que municípios, o que significa um universo maiorwin1 betdados para serem comparados com as proporçõeswin1 betBenford, o que torna a análise mais rica e mais distribuída", disse.
No entanto, o portal do TSE mostra que praticamente todos os Estados têm mais municípios que zonas eleitorais (apenas no Riowin1 betJaneiro ocorre o inverso). O país tem no total 5,5 mil municípios e 2,6 mil zonas eleitorais.
Hoeschl também refutou que falte rigor científico àwin1 betpublicação. Questionado se poderia detalhar como chegou ao resultadowin1 bet73%win1 betprobabilidadewin1 betfraude na eleiçãowin1 bet2014, disse que isso já estava clarowin1 betseu texto.
"A forma como o método está descrito no texto está bastante simples, clara e objetiva, e se deve discordar da negativawin1 betreprodutibilidade do procedimento ali descrito - ou do seu teor conclusivo - sem que tal negativa esteja escoradawin1 betdados concretos, registroswin1 bettentativas, logs reconstrutivos, ou resultados diversos dos encontrados até então", afirmou.
A reportagem também questionou o Brasil Paralelo sobre as críticas ao conteúdowin1 betHoeschl divulgadowin1 betseu canal do YouTube. Identificando-se como chefewin1 betrelações institucionais do veículo, Renato Dias respondeu por email que Hoeschl foi um dos entrevistados para o mini-documentário Dossiê Urnas Eletrônicas, motivado pelo "grande movimentowin1 betpessoas que estavam desconfiadas sobre a auditabilidade das urnas eletrônicas"win1 bet2018.
"Reforçamos quewin1 betnenhum momento a Brasil Paralelo afirmou que alguma eleição já foi fraudada. O objetowin1 betpesquisa sempre foi a confiança do eleitor na urna eletrônica", afirmou ainda.
Outras análises matemáticas contradizem hipótesewin1 betfraudes
O cientista político Guilherme Russo, pesquisador da FGV, aplicou outra análise matemática da distribuição dos votos entre os candidatos nas eleições presidenciaiswin1 bet2014 e 2018 e obteve resultados que afastam a suspeitawin1 betfraudes nas duas disputas.
A metodologia empregada por ele é detalhadawin1 betum artigowin1 bet2012 dos cientistas políticos Bernd Beber e Alexandra Scacco, então professores da New York University, nos Estados Unidos. Hoje ambos são pesquisadores do WZB Berlin Social Science Center, na Alemanha.
A metodologia consistewin1 betanalisar como se distribuem os últimos algarismos do númerowin1 betvotos dos candidatoswin1 betcada urna.
O último algarismo pode variarwin1 bet0 a 9 e, numa eleição não manipulada, a incidênciawin1 betcada um desses dez algarismos tende a estar próximawin1 bet10%.
Por exemplo, o site do TSE permite ver que, no primeiro turnowin1 bet2018, na 6ª seção da 4ª zona eleitoral São Paulo, localizada na zona leste da cidade, Bolsonaro recebeu 85 votos contra 34win1 betFernando Haddad (PT) e 31win1 betCiro Gomes (PDT).
O que é levadowin1 betconta nessa análise é o último dígito do númerowin1 betvotos. Ou seja, 5 no casowin1 betBolsonaro, 4 no casowin1 betHaddad e 1 nowin1 betCiro Gomes, considerando essa sessão específicawin1 betSão Paulo.
Segundo a metodologia aplicada, ao se analisar todas as urnas do país, a quantidadewin1 betvezes que o númerowin1 betvotoswin1 betBolsonaro, Haddad ou Ciro acabawin1 bet5, por exemplo, deve ser cercawin1 bet10% para cada um deles. E a mesma coisa para o númerowin1 betvezes que acabawin1 betqualquer um dos outros dígitos entre 0 e 9.
Já quando há manipulação nas eleições, essa distribuiçãowin1 betfrequência dos dígitos finais não tende a ser uniforme, argumentam Beber e Scacco.
No artigowin1 bet2012, publicado pela revista científica Political Analysis, da Universidadewin1 betCambridge, no Reino Unido, eles usam pesquisas da áreawin1 betpsicologia para mostrar como eventuais fraudes nas urnas tendem a deixar rastros detectáveis por análises matemáticas.
Isso porque os seres humanos são pouco habilidosos para gerar números aleatórios. Dessa forma, ao fraudar os númeroswin1 betvotos, tendem a alterar o resultado das urnas sem respeitar a aleatoriedade que uma votação sem manipulação produz.
Ao testarwin1 betmetodologiawin1 beteleições da Suécia, Nigéria e Senegal, os dois encontraram evidênciaswin1 betmanipulação no pleito nigerianowin1 bet2003 e no senegalensewin1 bet2007.
Ao aplicar essa metodologia para os resultados do primeiro turnowin1 bet2018 no Brasil, Russo identificou que a distribuição do último dígito da quantidadewin1 betvotoswin1 betcada urna do país entre os três candidatos presidenciais mais votados naquele pleito — Jair Bolsonaro (então no PSL), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) — se deuwin1 betmaneira bastante uniforme entre os três, semprewin1 bettornowin1 bet10%.
Outra maneirawin1 bettentar identificar a interferência humana no resultado das eleições proposta por Beber e Scacco é olhar para os dois dígitos finais do númerowin1 betvotos.
"Humanos tendem a subestimar a repetiçãowin1 betum mesmo algarismo (por exemplo, 1-1 e 4-4). Também utilizamos pareswin1 betalgarismos sequenciais mais do que o acaso criaria (por exemplo, 2-3 e 7-8)", explica Russo.
A aplicação dessa análise à última eleição presidencial também não apontou sinaiswin1 betmanipulação. "Em 2018, a frequênciawin1 betalgarismos repetidos nos dois últimos dígitos é 10,025% nos votoswin1 betBolsonaro no 1º turno, 9,674% para Haddad e 10,139% para Ciro Gomes. Ou seja, são muito próximos da expectativawin1 bet10%", nota ele.
"Já a existênciawin1 betalgarismos consecutivos deve acontecer 20% das vezeswin1 betum sorteio, pois há duas entre dez possibilidadeswin1 betque o segundo algarismo seja vizinho do primeiro (considerando 9 e 0 como vizinhos). Os números obtidos são: 19,159% (Bolsonaro), 19,922% (Haddad) e 20,129% (Ciro)", acrescenta.
As mesmas análises foram aplicadas por Russo para votos do primeiro turno presidencialwin1 bet2014 recebidos por Dilma, Aécio e Marina Silva (Rede), com resultados semelhantes. Nawin1 betvisão, esses dados "contradizem a irresponsável alegaçãowin1 betfraude".
Análises matemáticas não servem para cravar se houve ou não fraude
A pedido da BBC News Brasil, o professorwin1 betEstatística da UFSCar Rafael Stern também avaliou a metodologia usada por Russo e a considerou "bem consistente" para a análise dos resultados das eleições. Ele ressaltou, porém, que essa análise estatística também não permite cravar se houve ou não fraude.
"Não dá pra concluir categoricamente que não houve fraude. O que essa análise mostra é que não houve um tipowin1 betfraude que resultaria nessa quebrawin1 betpadrão (de frequência dos últimos dígitos da quantidadewin1 betvotos por urna). Você pode imaginar que um fraudador suficientemente sagaz tentaria manter esses padrões", nota o professor.
Isso poderia ser alcançado, exemplifica Stern, se o fraudador subtraísse um númerowin1 betvotoswin1 betum determinado candidato e transferisse para outrowin1 betforma idênticawin1 betuma quantidade suficientemente grandewin1 beturnas que não alterasse essa distribuição aleatória do dígito final.
Uma sériewin1 betmecanismoswin1 betsegurança adotados pelo TSE, porém, dificultam as invasões das urnas eletrônicas.
"Não é um processo trivial, é necessário encontrar alguma vulnerabilidade que permita fazer isso sem ser detectado", nota Paulo Matias, professor do Departamentowin1 betComputação da UFSCar que participouwin1 bettesteswin1 betvulnerabilidade nas urnas eletrônicaswin1 bet2017.
"Não existem evidênciaswin1 betfraudes desse tipowin1 beteleições passadas, nemwin1 betrisco iminentewin1 betfraude nas eleições do ano que vem", disse ainda.
Apesar disso, Matias é um dos estudiosos da segurança das urnas eletrônicas que defendem a adoção do voto impresso associado à urna eletrônica, como formawin1 betaperfeiçoar os mecanismoswin1 betsegurança no futuro, com mais um instrumentowin1 betauditagem. O modelo é usadowin1 betalguns locais, como Índia e distritos dos Estados Unidos.
"É extremamente irresponsável tentar implementar o voto impressowin1 betapenas um ano (para a eleiçãowin1 bet2022), pois uma implementação descuidada trará mais riscos ao processo eleitoral que benefícios", diz.
"Por outro lado, justamente por ser um mecanismo que demanda implementação cuidadosa, devemos começar a pensarwin1 betimplementá-lo desde já,win1 betvezwin1 betdeixar para começar só quando ele se mostrar necessário. Não sabemos se o panorama vai continuar o mesmo daqui a dez anos", argumentou ainda.
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