Mesmo após crise gerada por pandemia, Brasil terá 10 milhõesnovibet origindesempregados, dizem economistas:novibet origin
Nosso desemprego "natural" é mais alto do que onovibet originpaíses desenvolvidos,novibet origingrande medida devido ao baixo nívelnovibet originformação da mãonovibet originobra, alto índicenovibet originrotatividade e informalidade, e elevado custonovibet origincontratação dos trabalhadores, dizem os especialistas.
"Nossa infeliz realidade énovibet originum pleno empregonovibet originque quase 10% da população tem que estar desempregada para que a situação seja considerada estável ao longo do tempo", observa Braulio Borges, economista sênior da LCA Consultores e pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileironovibet originEconomia da Fundação Getulio Vargas).
"E essa taxanovibet originequilíbrio não quer dizer que a economia vai naturalmente, quase que por inércia, convergir para lá. Pode demorar muito tempo, se a gente deixar os mercados agirem. É preciso política econômica ativa [para reduzir o desemprego]", defende.
Desempregonovibet originequilíbrio
Os economistas consideram que a taxanovibet origindesempregonovibet originequilíbrionovibet originum país é aquelanovibet originque o nívelnovibet originemprego não contribui para acelerar a inflação. Ela é chamada no jargão econômiconovibet originNairu (non-accelerating inflation rate of unemployment,novibet origininglês).
"Quando a taxanovibet origindesemprego está acima do nívelnovibet originequilíbrio, isso significa que o mercadonovibet origintrabalho está num momento ruim e há menor pressão no custonovibet origintrabalho", explica Victor Kayo, economista da MCM Consultores.
"Num mercadonovibet origintrabalho deteriorado, os trabalhadores têm menor podernovibet originbarganha e menos capacidade para exigir salários melhores. Com essa menor pressãonovibet origincustos para as empresas, é menor a pressão inflacionária", acrescenta.
Na situação contrária, quando a taxanovibet origindesemprego fica abaixo do nívelnovibet originequilíbrio, os trabalhadores têm mais força para pressionar por melhores salários. Com maior renda, demandam mais produtos e serviços. Já os empresários repassam o aumentonovibet origincusto com salários aos preços. Os dois movimentos contribuem para acelerar a inflação.
O leitor deve estar se perguntando: mas então o que diabos está acontecendo no Brasil nesse momento? Por que, com um recordenovibet origin14,8 milhõesnovibet origindesempregados, os preços no supermercado não paramnovibet originsubir?
É que a inflação no país atualmente não está sendo puxada por uma demanda aquecida por parte dos consumidores, mas por questões que afetam a oferta dos produtos, como a alta do preço das commodities, a desvalorização do realnovibet originrelação ao dólar e, mais recentemente, a faltanovibet originchuvas que puxou para cima o preço da energia elétrica.
Assim, o Brasil vive atualmente o pior cenário possível: desemprego alto e inflação também.
Como pode um 'pleno emprego' com 10%novibet origindesempregados?
"Quando a gente falanovibet origin'pleno emprego', as pessoas naturalmente pensam numa taxanovibet origindesemprego igual a zero. Não é isso", explica Borges. "Na maior parte dos países, essa é uma taxa positiva, porquenovibet originqualquer momento do tempo há pessoas procurando emprego."
O economista da LCA estima que, no Brasil, essa taxa esteja atualmentenovibet origin9,5%, mesma estimativa da gestoranovibet originrecursos Mauá Capital. Já o Itaú Unibanco calcula que a taxa esteja próximanovibet origin10% e a MCM Consultores,novibet origin10,7%.
Mas o que explica esse "pleno emprego" com um nível tão altonovibet origindesempregados?
"A qualificação média da mãonovibet originobra no Brasil é muito baixa, não sónovibet origintermosnovibet originanosnovibet originestudo - onde o país evoluiu muito nas últimas décadas -, mas na qualidade do ensino", diz o economista da LCA e pesquisador do Ibre-FGV.
"Além disso, como há muita rotatividade no mercadonovibet origintrabalho, isso atrapalha o acúmulonovibet origincapital humano no ambientenovibet origintrabalho, porque capital humano não é só estudo na escola e na universidade, mas se adquire também trabalhando, interagindo com outras pessoas e executando tarefas mais específicas."
Borges cita ainda o elevado índicenovibet origininformalidade da mãonovibet originobra e a ausêncianovibet originuma política ativanovibet originrequalificaçãonovibet origintrabalhadores no Brasil.
"Países nórdicos, por exemplo, gastam 1,5%, 2% do PIB [Produto Interno Bruto] todos os anos para requalificar mãonovibet originobra, pois eles estão conscientesnovibet originque as tarefas exigidas pelas empresas estão mudando o tempo todo e é preciso adaptar a mãonovibet originobra para isso", afirma.
Mercadonovibet origintrabalho 'engessado'
Para Marco Antônio Cavalcanti, diretor adjunto do Ipea (Institutonovibet originPesquisa Econômica Aplicada), um outro fator que pesa para que o desemprego estrutural do país seja tão elevado é a rigidez da legislação trabalhista brasileira.
"Temos um mercadonovibet origintrabalho muito engessado. Apesarnovibet origintermos tido uma reforma trabalhista recente, que tentou flexibilizar as relaçõesnovibet origintrabalho, elas continuam muito rígidas, isso por si só tende a gerar uma taxanovibet origindesemprego maior", opina o economista.
"Isso tudo se reflete no nívelnovibet originempregonovibet originequilíbrio. O custo do trabalho é muito alto no Brasil, somando o salário e todas as contribuições que o empregador tem que pagar."
Luka Barbosa, economista do Itaú, pornovibet originvez, avalia que tanto o baixo nível educacional, como o alto custo do trabalho explicam nosso desemprego estrutural elevado.
"Se você tem um nívelnovibet origineducação melhor na sociedade como um todo, você tem mais pessoas que estão aptas a serem incorporadas no mercadonovibet origintrabalho, então o desempregonovibet originequilíbrio tende a ser mais baixo", afirma.
"Por outro lado, se o salário mínimo é muito próximo do salário médio da economia, isso tende a gerar uma taxanovibet origindesemprego mais alta, porque é possível contratar mais gente se o salário mínimo for mais baixo", acredita.
Por que a reforma trabalhistanovibet origin2018 não reduziu o desemprego estrutural?
Em 2018, após a entradanovibet originvigor da reforma trabalhista aprovada durante o governo Michel Temer (MDB), diversos economistas diziam que a mudança contribuiria para reduzir a taxanovibet origindesemprego estrutural do Brasil.
A reforma, que entrounovibet originvigornovibet originnovembro do ano anterior, trouxe mudanças como a regulamentação do trabalho temporário e intermitente, e ampliou as possiblidadesnovibet originterceirizaçãonovibet originatividades.
No entanto, passados quase quatro anos da alteração da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), as estimativas dos economistas para a taxanovibet origindesempregonovibet originequilíbrio do Brasilnovibet originquase nada mudaram. Questionados sobre isso, os analistas argumentam que "ainda é cedo" para avaliar os efeitos da reforma.
"É muito cedo ainda para concluir algo", diz Barbosa, do Itaú. "A reforma trabalhista vai sim na direçãonovibet originreduzir a taxanovibet origindesempregonovibet originequilíbrio, mas é muito difícil precisar o quanto ela reduziu. É uma coisa que a gente vai ver depois do fato ocorrer", argumenta.
'Minirreforma' trabalhistanovibet origindiscussão na Câmara
No momento atual, a Câmara dos Deputados analisa um projetonovibet originincentivo ao primeiro emprego para jovensnovibet origin18 a 29 anos enovibet originestímulo à contrataçãonovibet originmaioresnovibet origin55 anos desempregados há maisnovibet origin12 meses.
O Priore (Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego) foi incluído pelo deputado Christino Áureo (PP-RJ) na medida provisória que recriou o BEmnovibet origin2021 - benefício emergencial para quem teve jornada reduzida durante a pandemia.
Pelo projeto, o governo pagaria um bônus no salário, mas o empregado receberia um FGTS (Fundonovibet originGarantia do Temponovibet originServiço) menor. A alíquota mensal, que normalmente énovibet origin8%, cairia para 2% (para microempresas), 4% (empresasnovibet originpequeno porte) e 6% (demais empresas). O objetivo é reduzir o custonovibet origincontratação para os empresários.
As mudanças incluídas pelo deputado Áureo estão sendo consideradas uma "minirreforma" trabalhista e vão na linha da propostanovibet originestímulo ao emprego para jovens apresentada pelo ministro da Economia Paulo Guedesnovibet origin2019, que perdeu a validade no Congresso.
Novamente, os economistas argumentam que a medida pode contribuir para reduzir a taxanovibet origindesempregonovibet originequilíbrio do país.
"Se conseguirmos avançar na direçãonovibet originum mercadonovibet origintrabalho mais flexível e reduzir o custo do trabalho, a tendência é termos um desemprego menor", diz Cavalcanti, do Ipea.
Já a oposição vê no projeto uma tentativanovibet originretirar direitos dos trabalhadores.
"É como se essas trabalhadoras e trabalhadores fossem uma parcela inferior da sociedade que não faz jus aos direitos trabalhistas do restante. Inadmissível nesse momento", afirmou a líder do PSOL na Câmara, Talíria Petrone (RJ), à Folhanovibet originS. Paulo.
"Não bastassem todas as restrições e prejuízos temporários impostos pela pandemia, a base do governo Bolsonaro ainda quer se aproveitar desse momentonovibet originelevado desemprego e fragilidade dos trabalhadores para fazer uma nova reforma trabalhista, que retiranovibet originforma permanente ainda mais direitos", disse Alessandro Molon (PSB-RJ), ao mesmo jornal.
O Brasil pode reduzir seu desemprego estrutural?
Segundo os economistas sim, mas não será tarefa fácil - e a pandemia pode atrapalhar.
"O desemprego estrutural elevado está ligado a problemasnovibet originlongo prazo que só podem ser enfrentados com reformas estruturais", diz Vitor Kayo, da MCM Consultores. "Educação é o principal fator para conseguir melhorar a capacidade das pessoas no mercadonovibet origintrabalho e conseguir uma taxanovibet originequilíbrio melhor."
Nesse sentido, a pandemia pode atrasar ainda mais esse processo, já que ela provocou uma evasão escolar significativa -novibet originoutubro do ano passado, 1,38 milhãonovibet originestudantes com idadesnovibet origin6 a 17 anos (3,8% do total) estavam fora da escola, segundo estudo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), quase o dobro da médianovibet origin2019 (2%).
A crise sanitária também levou muitos jovens a desistir do Ensino Superior, o que fica evidente na quedanovibet origin31% nas inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) este ano. Com 4 milhõesnovibet origininscritos, o principal examenovibet originacesso à universidade do país atraiu o menor númeronovibet origininteressados desde 2007.
Além da melhora da qualificação da mão da obra, Braulio Borges, da LCA, defende a necessidadenovibet originuma política industrial, a exemplo do que tem sido discutidonovibet originâmbito internacional por economistas como Daron Acemoglu e Dani Rodrik.
"Eles defendem que só com política industrial serão gerados 'good jobs', bons empregos. Porque não adianta só a economia gerar emprego. Não é uma situação muito estável todo mundo trabalharnovibet originUber e entregadornovibet originaplicativo", diz Borges.
"É preciso gerar empregos que remuneram bem, que tenham uma certa estabilidadenovibet originrenda. Esse debate econômico recente coloca que a política pública deve se preocupar não sónovibet origingerar mais empregos, mas também com a qualidade desses empregos gerados", afirma.
O economista da LCA e do Ibre-FGV cita a proposta que tem sido chamada nos Estados Unidosnovibet origin"Green New Deal", que é a ideia, defendida por uma parcela do partido Democrata,novibet originse usar a transição para uma economianovibet originbaixo carbono,novibet originresposta às mudanças climáticas, como uma oportunidade para gerar empregosnovibet originqualidade.
Em outra direção, Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central, defende que, para reduzir o desemprego estrutural do país, é preciso diminuir o Estado brasileiro.
"Hoje, no Brasil, o Estado é grande demais e ele acaba pesando muito sobre o resto do país. Uma das razões do desemprego é que um funcionário custa para a empresanovibet origintornonovibet originduas vezes o que ele recebe, então é claro que a empresa vai empregar menos pessoas."
Na mesma linha, Marco Antônio Cavalcanti, do Ipea, defende um aprofundamento da reforma trabalhista iniciadanovibet origin2018 por Temer.
"É melhor o trabalhador ter emprego com uma sérienovibet originbenefícios, mas isso ficar tão caro que ele não seja contratado, ou ter um emprego com menos direitos, mas ter um salário?", questiona o diretor adjunto do Ipea.
Argumento semelhante foi usado por Bolsonaronovibet origin2018. "Aos poucos, a população vai entendendo que é melhor menos direitos e [mais] emprego do que todos os direitos e desemprego", disse o presidente à época, defendendo a flexibilização das leis trabalhistas como formanovibet originreduzir o desemprego.
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