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EUA querem se engajar com Brasil e acordo sobre clima é possível, diz Ian Bremmer:upbet rn
Na entrevista com a BBC News Brasil, Bremmer também afirmou que o Brasil vem pagando um preço altíssimo pela politização da pandemia por parte do governo Bolsonaro e salientou que isso também vai impactar a a popularidade do presidente eupbet rndisputa pela reeleição.
O cientista político avalia que, se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva provavelmente ganharia o pleito, mas destaca que um arrefecimento da pandemia pode fazer com que Bolsonaro seja competitivo contra Lulaupbet rn2022.
Bremmer também avalia que, caso perca as eleições, Bolsonaro pode seguir o exemploupbet rnTrump e não reconhecer o resultado, alertando que um episódio parecido com a invasão do Capitólio - a sede do Congresso dos EUA -upbet rn6upbet rnjaneiroupbet rn2021 pode se repetir no Brasil, masupbet rnmaneira "mais violenta".
Ele avalia que, neste caso, Bolsonaro e seus apoiadores podem semear um climaupbet rn"insurreição" no país, mas que um movimentoupbet rndireção a um Estado autoritário "não é um risco sério" no país.
Confira os principais trechos da entrevista.
upbet rn BBC News Brasil - Como o mundo vê o Brasil hoje e como esta imagem é diferente da que o Brasil tinha antes? Qual imagem que o Brasil vende hoje para investidores e políticos ao redor do mundo?
upbet rn Ian Bremmer - Primeiramente, estamos no meio da pior crise que experimentamosupbet rnnossas vidas e o governo brasileiro está sendo visto como tendo administrado mal esta crise, como outros países do G20. Isto foi claramente uma 'mancha' importante para o Brasil.
Há outros países que são vistos como tendo ido muito mal, o Reino Unido, os Estados Unidos, mas esses países deram uma reviravoltaupbet rntermosupbet rnvacinas e evitaram uma outra onda do vírus bastante problemática, agora na primaveraupbet rn2021 (no hemisfério Norte). No Brasil, claro, as coisas só têm ficado piores.
Além disso, o Brasil é visto como um dos países mais divididos politicamente do mundo. Vocês entraram na pandemia após anos das esmagadoras investigações pela Lava Jatoupbet rncasosupbet rncorrupção sérios, com todos esses ex-ministros, até ex-presidentes sendo pegos, impeachments, todo o resto… E então você teve a eleiçãoupbet rnJair Bolsonaro, uma figura que causa muita divisão, que se referia a si mesmo como "o Trump dos Trópicos",upbet rnmodo elogioso.
Tudo isso, claro, foi profundamente problemático para a maior economia da América do Sul.
upbet rn BBC News Brasil - Nesta semana, Bolsonaro vai participar da Cúpulaupbet rnLíderes sobre o Clima, organizada pelo governo Biden. O governo brasileiro espera receber recursos e investimentos da ordemupbet rnUS$ 1 bilhão para preservar a Amazônia, enquanto os EUA estão sendo pressionados por ativistas a não fazer um acordo com o governo Bolsonaro. O senhor acha é possível um acordo pelo qual o Brasil receba recursos para proteger a Amazônia?
upbet rn Bremmer - Eu acho. Eu penso realmente que está havendo progresso na relação Estados Unidos-Brasil agora. Claro, Bolsonaro era visto como sendo mais alinhado pessoalmente com Trump do que com Biden, mas o novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Alberto Franco França, que acabaupbet rnser nomeado após o ministro anterior ter sido repentinamente demitido, algumas semanas atrás, representa uma viradaupbet rn180 graus emupbet rnrelação com o governo Biden.
De maneira privada, eles (pessoas do governo Biden) disseram que suas expectativas foram superadas, eles ficaram agradavelmente surpresos com os esforços construtivos do governo brasileiroupbet rntrabalhar mais próximo e arrumar as coisas com os Estados Unidos, particularmente nas questões sobre o clima.
Os Estados Unidos não foram o melhor líderupbet rntermosupbet rnpolíticas relacionadas ao clima, com idas e vindas. Você sabe que houve muitos acordos que o governo dos EUA disse que poderiam irupbet rnfrente, mas aí o Congresso não ratificava; houve o Acordo do Climaupbet rnParis, do qual Trump saiu. Então, (John) Kerry (enviado especial do governo americano para o clima) e Biden podem dizer que os Estados Unidos estãoupbet rnvolta, mas muitos países do mundo não estão tão convencidos.
Enquanto isso, o Brasil, lidera o mundoupbet rntermosupbet rndesmatamento, o que é algo horrível. Mas, historicamente, a maior parte das emissõesupbet rncarbono e a maior parte do desmatamento foi feita pelos países ricos. Então, se você for um paísupbet rnrenda média, como o Brasil, e os países ricos vêm e dizem que você tem que cuidar do clima, é compreensível que você diga, "vocês é que são responsáveis por destruir o clima e vocês têm muito mais dinheiro, o que vão fazer para nos ajudar?". Eu não acho que isso seja hipócrita.
A Índia está na mesma situação, por exemplo. Eles estão preparados para um acordo agressivoupbet rnemissão zeroupbet rncarbono, mas somente se os países ricos estiverem preparados para dar subsídios significativos. Os países ricos que foram responsáveis pela maior parte das emissõesupbet rncarbono do mundo e ainda, per capita, são responsáveis por pegadasupbet rncarbono muito maiores que o mundoupbet rndesenvolvimento.
Então, se nós, nos Estados Unidos, o país mais poderoso e rico do mundo, estamos indo por aí e dizendo que nós agora estamos levando o clima a sério, esta seriedade tem que incluir uma vontadeupbet rndividir o fardo.
E eu acho que John Kerry, um membro do ministérioupbet rnuma nova posição para lidar com a mudança climática nos EUA, naquela que é a mais importante posição que Biden criou desde que assumiu a Presidência, eu acho que ele vai querer se engajar com o Brasil muitoupbet rnperto.
upbet rn BBC News Brasil - John Kerry escreveu no Twitter que queria ver ações práticas por parte do Brasil antesupbet rnqualquer tipoupbet rnajuda. O senhor acha que os Estados Unidos irão acreditar nas promessas do governo Bolsonaro? Porque, ao mesmo tempoupbet rnque Bolsonaro prometeu acabar com o upbet rn desmatamento upbet rn ilegal até 2030, seu ministro do Meio Ambiente está sendo acusadoupbet rnapoiar madeireiros ilegais. Os Estados Unidos e a comunidade internacional vão acreditar nas promessasupbet rnBolsonaro?
upbet rn Bremmer - Eu acreditoupbet rndados e estatísticas do Brasil mais do que eu acreditoupbet rndados da China. Eu não acreditoupbet rndados do Brasil tanto quanto eu acreditoupbet rndados mexicanos ou americanos. Então, esta é uma questão, há muita corrupção no Brasil, houve e ainda há. E não há tanta transparência quanto gostaríamos.
E nós entendemos que o nível extraordinárioupbet rndesmatamento é algo que tem um componente econômico atrelado. E os criadoresupbet rngado e fazendeiros estão muito envolvidos e os militares não foram tão construtivos (em mudar isso) como gostaríamos.
Eu acho que se vier dinheiro significativo por parte dos Estados Unidos, e se este dinheiro for condicionado, isto vai requerer um nívelupbet rnconfirmação (de não desmatamento)upbet rncampo e com satélites antes que este dinheiro seja liberado. Eu não acho que será apenas uma questãoupbet rnconfiança cega, eu acho que haverá verificações e acho que os dois lados vão entrar nisso com os olhos abertos.
Esta cúpula éupbet rnlonge o mais importante esforço multilateral e diplomático até agora do governo Biden, e o Brasil é um componente significativo dele. Se você estava me perguntando se haverá progresso, a resposta é sim, eu acho que haverá progresso. Mas colocarupbet rnprática este progresso ainda será uma tarefa complicada.
upbet rn BBC News Brasil - Voltando à pandemia, o senhor disse que o modo como o governo Bolsonaro está lidando com ela é, no mínimo, problemático. O senhor acha que pode haver consequências internacionais políticas e econômicas por isso? Sanções, proibiçõesupbet rnviagens, boicotes?
upbet rn Bremmer - Não, eu não vejo boicotes.
O fato é que o Brasil é uma destinação turísticaupbet rnnível mundial, qualquer um que tenha ido ao Rio sabe que é um lugar único. E o povo brasileiro é extraordinário, hospitaleiro e cosmopolita. Então, este é um lugar para onde você quer ir. Quando nós abrimos nosso primeiro escritório no Brasil,upbet rnSão Paulo, não posso lhe dizer como me deixou feliz, por que me dava uma desculpa para viajar.
Mas eu não vou ao Brasil agora. Vocês têm milharesupbet rnpessoas morrendo todos os dias. E isto não deve melhorar tão cedo, já que vocês não têm um nívelupbet rnvacinação como há nos EUA ouupbet rnoutros países, como o Chile.
Assim, como consequência, isto vai afetar a economia brasileira, afetar o turismo no Brasil. E isto é um problema real.
E isto também está afetando a disputa pela Presidência. Depois que o STF reverteu as decisões que impediam Lulaupbet rnconcorrer, é provável que seja Bolsonaro contra Lula no ano que vem, uma disputa para ser lembrada.
Se as eleições acontecessem hoje, Lula ganharia, e ganharia relativamente fácil. E a razão para isto seria a pandemia. A propósito, como aconteceuupbet rnmeu país. Se não fosse pela pandemia e pelo modo como Trump lidou com ela, Trump teria ganhado um segundo mandato.
Então, tudo estáupbet rnjogo nos próximos meses, incluindo uma nova CPI no Congresso sobre o modo como o presidente e seu governo lidaram com o coronavírus. Este (Bolsonaro) é um presidente que politizou o usoupbet rnmáscaras, este é um presidente que politizou tratamentos, até mesmo politizou a vacina, no começo. Ainda bem que ele mudou sobre isto e agora está dizendo que todos devem tomar vacina o mais rápido possível.
Quando o presidente do país está fazendo política com a pandemia, esta é a pior coisa que você pode fazer. Todas as históriasupbet rnsucesso no mundoupbet rnresposta à pandemia têm algoupbet rncomum, e é que os líderes levaram a sério, não politizaram, deixaram os cientistas e os economistas liderarem. E os países que não fizeram isso pagaram o preço, e pagaram um preço alto. E o Brasil está pagando um dos preços mais altos.
upbet rn BBC News Brasil - Voltando às eleições, como o senhor mencionou, o STF abriu caminho para que Lula upbet rn s upbet rn e candidate. Muitas pessoas no Brasil veem Lula e Bolsonaro como equivalentes, como dois ladosupbet rnuma mesma moeda, como populistas. O senhor concorda com esta avaliação? Como o senhor avalia um cenárioupbet rnque Lula ganharia e outroupbet rnque Bolsonaro é reeleito?
upbet rn Bremmer - Eu acho que ele são muito diferentes. Eles são pessoas muito diferentes. Os dois são anti-establishment, masupbet rnmodos diferentes.
Bolsonaro é um tipoupbet rnser humano horrível, como Trump. Pelo modo que ele vai contra mulheres, homossexuais… Quem iria querer passar tempo ao ladoupbet rnalguém assim?
Mas Bolsonaro não tem um partido político forte por trás dele. Ele não é parte desta grande máquina corrupta da política e, como consequência, as reformas econômicas que estão sendo feitas pelo Congresso são emupbet rnmaior parte bastante sensatas e tiveram respostas dos investidores internacionais e dos mercadosupbet rnmodo bastante positivo.
Já Lula, como indivíduo, como pessoa, é um cara legal. Você pode gostar dele como indivíduo, mas seu partido político é massivamente corrupto e é parte desta grande máquina política que trouxe dificuldades extraordinárias para o funcionamento da economia brasileira.
Então, são duas direções muito diferentes.
Outra coisa importante é que Bolsonaro tem muito apoio entre os militares, particularmente os militaresupbet rnbaixa patente. Por isto muitos ficaram preocupados quando ele demitiu o ministro da Defesa (Fernando Azevedo e Silva) e depois demitiu os chefes das três forças. Bolsonaro também questionou se as eleições do ano que vem serão feitasupbet rnmaneira justa e livre, como Trump fezupbet rnmeu país, quando não aceitou o resultado das eleições.
Há uma possibilidadeupbet rnque isso possa acontecer no Brasil também se Bolsonaro perder.
Ainda é muito cedo para saber se Bolsonaro vai perder. As vacinas vão começar a ser aplicadas e se no próximo mês, mês e meio, você começar a ver esta onda ser controlada. Há bastante tempo antes da eleição e Bolsonaro pode se tornar bastante competitivo contra Lula antesupbet rnchegarmos lá.
Mas, se parecer que ele vai perder, é um homem que está preparado para dizer que a eleição foi roubada e usar mídias sociais e seus apoiadores para isso. Agora, o Brasil tem instituições políticas fortes para um mercado emergente, mas não tão fortes quanto os Estados Unidos.
E, como consequência, o potencialupbet rnque você tenha um evento do tipo 6upbet rnjaneiro (data da invasão do Capitólio por apoiadoresupbet rnTrump nos EUA) no Brasil é um risco real e nós temos que ficar atentos. É uma eleição muito importante.
upbet rn BBC News Brasil - O senhor vê alguma possibilidadeupbet rnuma movimentação autoritária por parteupbet rnBolsonaro? Como o mundo veria isto?
upbet rn Bremmer - Claro, eu vejo. Na medida que eu vi uma movimentação autoritáriaupbet rnTrump. Trump quis mudar o resultado da eleição. Ele não conseguiu por que as instituições eram fortes. Eu vejo facilmente Bolsonaro fazendo algo assim, mas ele não tem nem mesmo um partido político.
Trump tinha os republicanos no Congresso e muitos deles estavam preparados para votar com ele para tentar reverter a vontade dos eleitores. Bolsonaro não tem esse nívelupbet rninfluência no Congresso, e o STF não vai simplesmente aceitar o que Bolsonaro quer, como nos EUA, onde o sistema judiciário não aceitou as investidasupbet rnTrump.
Você poderia ver membros das forças policiais, militaresupbet rnbaixa patente, você poderia ter defecções (nestas forças) que apoiariam Bolsonaro, o que poderia tornar isso muito mais violento que nos EUA.
No fim, você pode ter um insurreição, mas eu não acho que você teria um movimento na direçãoupbet rnum Estado autoritário. Eu não acho que este seja um risco sério no Brasil do mesmo modo que éupbet rnum país como a Turquia, por exemplo.
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