Auxílio emergencial | ‘Sem doações, meus filhos passariam fome’: o fim do benefício na cidade brasileira com mais dependentes do recurso:chapecoense e sport recife palpite

O auxíliochapecoense e sport recife palpiteR$ 600, única renda da casachapecoense e sport recife palpiteJosielsonchapecoense e sport recife palpitegrande partechapecoense e sport recife palpite2020, chegou a ajudar a comprar comida, mas não bastava. As dívidas cresceram. A mulher dele passou um mês doente com covid-19. E ele precisou vender a moto e um freezer que usava para gelar as bebidas que comercializava.

E o que era ruim ficou pior. O governo federal decidiu não prorrogar o repassechapecoense e sport recife palpitedinheiro para quase 68 milhõeschapecoense e sport recife palpitepessoas a fimchapecoense e sport recife palpitealiviar o impacto da pandemia. Então, muitas pessoas agora enfrentam fome, desemprego e inflação.

No ano passado, Amapá liderou o rankingchapecoense e sport recife palpitecidades brasileiras que mais receberam o auxílio. Das 10 cidades com mais beneficiários, 8 estão na região Norte do país e 2, no Nordeste.

Ao todo, 82% da população amaparina recebeu auxílio no ano passado. Para a prefeitura, o número surpreende e sugere três coisas: fraudes, errochapecoense e sport recife palpitecadastro ou um contingentechapecoense e sport recife palpitenecessitados fora do radar.

Amapá tem um território cinco vezes maior que a cidadechapecoense e sport recife palpiteSão Paulo e uma população que não chega a um milésimo da paulistana. A geraçãochapecoense e sport recife palpiteemprego se resume ao serviço público, à pesca, à agricultura familiar e ao comércio, na maioria informal.

A dependência localchapecoense e sport recife palpiteprogramas sociais não é novidade por lá. Segundo a secretáriachapecoense e sport recife palpiteAssistência Social, Liliane Dias, 40% da população já dependiachapecoense e sport recife palpitebenefícios sociais antes mesmo da pandemia.

Mas Josielson faz partechapecoense e sport recife palpiteum grupo social hoje dentrochapecoense e sport recife palpitenum limbo assistencial, porque não recebia benefícios antes da pandemia e acabou dependendo completamente do auxílio emergencial porquechapecoense e sport recife palpiteatividade profissional ficou inviável.

Não há sinalchapecoense e sport recife palpitemelhora: o auxílio emergencial não foi renovado, os preçoschapecoense e sport recife palpitealimentos e habitação estão aumentando e a pandemiachapecoense e sport recife palpitecovid-19 continua se espalhando. Muitos agora dependem basicamentechapecoense e sport recife palpitedoações, como as cestas básicas distribuídas pela prefeitura.

É o casochapecoense e sport recife palpiteWendell Silva,chapecoense e sport recife palpite38 anos, que não consegue trabalhar desde marçochapecoense e sport recife palpite2020 porque a Prefeiturachapecoense e sport recife palpiteAmapá proibiu eventos públicos com aglomeração, incluindo festas fechadas ou nas praças da cidade, como o aniversário do município.

Ele atua há 13 anos produzindo e tocando como DJchapecoense e sport recife palpitefestas e eventos que costumam reunirchapecoense e sport recife palpite400 a 1000 pessoaschapecoense e sport recife palpitetornochapecoense e sport recife palpitemúsica eletrônica, funk, baile da saudade ou tudo misturado.

Obeso e fumante, ele perdeu a avó e amigos para a doençachapecoense e sport recife palpite2020. “Meu organismo não é maischapecoense e sport recife palpitemoleque, mas não tinha opção, precisei ir trabalharchapecoense e sport recife palpiteoutras cidades, mesmo com o riscochapecoense e sport recife palpiteficar doente. E a gente vai se virando, grava um CD aqui e ali, vende camisa do timechapecoense e sport recife palpitefutebol da cidade.”

Mas a conta não fecha. O dinheiro do auxílio emergencial servia para comprar comida para a casachapecoense e sport recife palpitesua mãe, onde mora com a mulher há anos depoischapecoense e sport recife palpitea própria casa parachapecoense e sport recife palpitefilha conseguir fazer faculdade na capital Macapá. “Sem a ajudachapecoense e sport recife palpiteminha família eu não conseguiria comer e minha filha não conseguiria mais estudar.”

Ele costumava defender a decisão municipalchapecoense e sport recife palpiteproibir aglomerações para evitar que o contágio por covid-19, mas diz não compreender mais o porquê da medida ao ver tanta gente se aglomerando nas ruas e no comércio sem máscara. “Tem filachapecoense e sport recife palpitetodo canto e ninguém se protege ou se importa. Desse jeito era pra voltar as festaschapecoense e sport recife palpitevez, então. Tem um montechapecoense e sport recife palpitefamília que depende delas para ganhar dinheiro e sobreviver.”

Onde se recebia mais auxílio emergencial

O pagamento do auxílio emergencial começouchapecoense e sport recife palpiteabrilchapecoense e sport recife palpite2020, sendo R$ 600 ou R$ 1.200 para mães chefeschapecoense e sport recife palpitefamília. Depoischapecoense e sport recife palpitecinco parcelas, o valor caiu pela metade. O último dos repasses,chapecoense e sport recife palpiteR$ 300 ou R$ 600, ocorreuchapecoense e sport recife palpitedezembro.

Estima-se que o custo dos pagamentos para 68 milhõeschapecoense e sport recife palpitepessoas tenha chegado a R$ 300 bilhões, quase dez vezes o valor do Bolsa Família, que beneficia cercachapecoense e sport recife palpite14 milhõeschapecoense e sport recife palpitefamílias com repasse médiochapecoense e sport recife palpitequase R$ 200.

Segundo tabulação feita pela BBC News Brasil, com basechapecoense e sport recife palpitedados do Portal da Transparência federal, do IBGE e da Justiça Eleitoral, Amapá era a cidade com mais taxachapecoense e sport recife palpitebeneficiários por população estimada, cercachapecoense e sport recife palpite82% — a secretáriachapecoense e sport recife palpiteAssistência Social disse ter analisado a listachapecoense e sport recife palpitenomeschapecoense e sport recife palpitepessoas que receberam o auxílio e detectado que havia “vários ali que nem moram na cidade”.

Nas outras nove cidades mais dependentes do auxílio emergencial, na razão entre beneficiários por habitantes ou eleitores, o benefício foi pago para uma parcela que variouchapecoense e sport recife palpite61% a 79% da população: Pacaraima (RR), Assis Brasil (AC), Iranduba (AM), Beruri (AM), Caroebe (RR), Campo Largo do Piauí (PI), Gurupá (PA), Prainha (PA) e Extremoz (RN).

Mas, por questões orçamentárias, o presidente Jair Bolsonaro decidiu encerrar os pagamentos. O governo federal diz estudar alternativas ao programa, que teve um impacto positivo direto na popularidade do presidente, mas não há qualquer medida concreta no horizonte.

Inflação e letargia

O auxílio emergencial conseguiu conter o avanço da pobreza por um tempo, atenuar o impacto do desemprego crescente e da perdachapecoense e sport recife palpiterendachapecoense e sport recife palpitetrabalhadores informais e até ampliar o poderchapecoense e sport recife palpitecomprachapecoense e sport recife palpitealgumas famílias.

A injeção desse volumechapecoense e sport recife palpitedinheiro, no entanto, teve algumas consequências negativas. A principal delas é a inflação, que teve a maior altachapecoense e sport recife palpitecinco anos (4,52%). Alimentos e bebidas subiram 14%, o pior aumento desde 2002. O óleochapecoense e sport recife palpitesoja, por exemplo, dobrouchapecoense e sport recife palpitepreço.

Por outro lado, a pobreza extrema deve atingir,chapecoense e sport recife palpitejaneiro, uma taxa entre 10% e 15% da população brasileira,chapecoense e sport recife palpiteacordo com projeção calculada pelo economista Daniel Duque, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileirochapecoense e sport recife palpiteEconomia da Fundação Getulio Vargas), a pedido da BBC News Brasil.

Isso significa que a proporçãochapecoense e sport recife palpitebrasileiros vivendo na extrema pobreza (ou seja, com menoschapecoense e sport recife palpiteUS$ 1,90 por dia) pode dobrarchapecoense e sport recife palpiterelação a 2019, quando a taxa foichapecoense e sport recife palpite6,5% da população — ou 13,7 milhõeschapecoense e sport recife palpitepessoas, segundo dados do Instituto Brasileirochapecoense e sport recife palpiteGeografia e Estatística (IBGE).

Para a pobreza (quem vive com menoschapecoense e sport recife palpiteUS$ 5,50), Duque projeta que a taxa ficará entre 25% e 30% no começo do ano que vem. Em 2019, ela foichapecoense e sport recife palpite24,7%, ou maischapecoense e sport recife palpite51 milhõeschapecoense e sport recife palpitebrasileiros.

A situação nos pequenos municípios se agrava ainda mais porque a arrecadação municipal tem caído junto com a redução da atividade econômica, o que levou a cortechapecoense e sport recife palpitecustos e investimentos.

“Vou precisar renovar o decretochapecoense e sport recife palpitesituaçãochapecoense e sport recife palpiteemergência por mais seis meses. É no mínimo dois anos dessa letargia por causa da pandemia. E nem vai voltar ao normal com a vacinação dos grupos prioritários, ainda mais com a ameaça dessa mutação do vírus”, afirmou o prefeitochapecoense e sport recife palpiteAmapá, Carlos Sampaio (DEM), reeleitochapecoense e sport recife palpite2020.

Sobre os moradores que não têm mais auxílio e não conseguem trabalhar, Sampaio afirmou que “morrer elas não vão, e precisarão se reinventar.”

A prefeitura diz dialogar com o governo do Estado e congressistas para tentar reverter o fim do auxílio emergencial ou ampliar os recursos para a assistência social dos mais necessitados.

“Só sobrevivo porque amigos ajudam com comida”, conta com dificuldade Robson Cambraia, que já não se lembra mais da idade. “Pode colocar que eu sou bem idoso.” Ele chegou a receber cesta básica da prefeitura, mas “depois do tempochapecoense e sport recife palpitepolítica,chapecoense e sport recife palpiteeleição, os políticos somem tudo”.

Hoje, com um quadrochapecoense e sport recife palpitehanseníase, não consegue executar nenhum serviço, pescar ou plantar para comer. “Não sei o que vai serchapecoense e sport recife palpitemim.”

Em entrevista à BBC News Brasilchapecoense e sport recife palpitedezembrochapecoense e sport recife palpite2020, o presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, disse que um dos principais problemas era a faltachapecoense e sport recife palpiteperspectiva.

"Até aqui, você não teve saque, quebra-quebra, nem nada, mas a situação se agravando, meu Deus do céu, não gosto nemchapecoense e sport recife palpitepensar nesse cenário. Aí tem uma questão séria. O mundo político, as elites econômicas do país, ou elas compartilham as riquezas nesse momento ou nós vamos todos compartilhar as tragédias que a concentração dessa riqueza gera."

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