'Se minha mãe pegar covid-19, não sei se terei leito para interná-la', diz médico sobre caos na saúdegalera bet bônus cadastroManaus:galera bet bônus cadastro

Nas últimas horas, relatosgalera bet bônus cadastrofaltagalera bet bônus cadastrooxigênio nos hospitais começaram a circular pelas redes sociais. Diversos veículosgalera bet bônus cadastroimprensa confirmaram a situação desesperadoragalera bet bônus cadastromuitos dos hospitais da cidade.

Os cilindros com esse gás são essenciais para manter e estabilizar os pacientes com covid-19 grave - alémgalera bet bônus cadastropacientes com outras enfermidades. Sem esse insumo básico, muitos indivíduos hospitalizados vão acabar morrendo.

Nos últimos dias, a BBC News Brasil conversou com profissionais da saúde que atuam na linhagalera bet bônus cadastrofrente da pandemiagalera bet bônus cadastroManaus. Os relatos revelam a dor, o cansaço e a desesperançagalera bet bônus cadastroquem precisa lidar com uma demanda que só cresce e parece não ter fim.

Faltagalera bet bônus cadastrotempo e ameaças

Das dezenasgalera bet bônus cadastromédicos, fisioterapeutas, enfermeiros e auxiliaresgalera bet bônus cadastroenfermagem contatados pela reportagem, a maioria preferiu não se manifestar.

Foram dois os motivos principais para a recusa. Primeiro, uma absoluta faltagalera bet bônus cadastrotempo para outra coisa que não seja o trabalho.

"Estou dormindo apenas quatro horas por dia, quando durmo", contou, por meiogalera bet bônus cadastromensagemgalera bet bônus cadastrotexto, o pneumologista David Luniere, que atuagalera bet bônus cadastroManaus.

"Além disso, nós enfrentamos a precarização do nosso trabalho. Há contratações sendo feitas por salários baixíssimos. Existe um projetogalera bet bônus cadastroexploraçãogalera bet bônus cadastromãogalera bet bônus cadastroobragalera bet bônus cadastrocurso", aponta Darlisom Sousa Ferreira, presidente da Associação Brasileiragalera bet bônus cadastroEnfermagem - Seção Amazonas.

"Nós vivemos num cenáriogalera bet bônus cadastroexposição e com alto risco às nossas próprias vidas. Não queremos aplausos. Queremos reconhecimento, trabalho digno e melhores condições", completa o especialista, que também é professor da Universidade do Estado do Amazonas.

A segunda razão para a recusagalera bet bônus cadastroconversar com a imprensa envolve um medogalera bet bônus cadastrose expor e correr o riscogalera bet bônus cadastroperder o emprego ou até ser perseguido.

"O pessoal que atua na linhagalera bet bônus cadastrofrente não está autorizado a falar. Eles sofrem ameaçasgalera bet bônus cadastrodemissão caso isso aconteça", revelou Claudia* (nome fictício), por meiogalera bet bônus cadastromensagem nas redes sociais.

Sentimentos ambíguos

Ao longo dos últimos meses, o enfermeiro Júlio Cézar Fagundes trabalhougalera bet bônus cadastrodiversas Unidadesgalera bet bônus cadastroTerapia Intensiva (UTI)galera bet bônus cadastroManaus.

Ele admite que a pandemia mexeu com o próprio distanciamento profissional exigido na relação com os pacientes.

"Eu não posso me envolver sentimentalmente no processogalera bet bônus cadastromortegalera bet bônus cadastrooutra pessoa. Só que, com esse grande númerogalera bet bônus cadastrocasos, isso é praticamente impossível. Comecei a ter medo, dor, desesperança e cansaço", conta Fagundes, que também é professor no Centrogalera bet bônus cadastroEnsino Literatus.

"O problema não é nem o cansaço físico. O pior é o cansaço mental,galera bet bônus cadastroficar pensando no rosto do paciente, nas últimas palavras que ele me disse antesgalera bet bônus cadastroser intubado", continua.

Fagundes diz que, momentos antes da intubação muitas vezes inevitável, a maioria dos indivíduos com covid-19 mostra medo e não quer passar pelo procedimento. Outros simplesmente pedem para avisar aos seus familiares o quanto os amam.

Se por um lado a sensação égalera bet bônus cadastrocompleto desespero, por outro, os profissionais da saúde também relatam um sentimentogalera bet bônus cadastrounião, garra e força, mesmo diantegalera bet bônus cadastrotodas as adversidades.

"Estamos colocando a vida dos pacientesgalera bet bônus cadastroprimeiro lugar", afirma Fagundes.

"Sinto que há uma compreensão geral entre médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e toda a equipe que não é horagalera bet bônus cadastrodesanimar ou desistir. Tem muita gente precisando do nosso esforço agora", aponta a médica Uildeia Galvão, que trabalha no Pronto-Socorro 28galera bet bônus cadastroAgosto, na capital do Amazonas.

Como chegou até aqui?

Manaus foi uma das cidades do mundo mais acometidas pela pandemiagalera bet bônus cadastrocovid-19 no primeiro semestregalera bet bônus cadastro2020.

Fotos com os hospitais e os cemitérios da cidade lotados rodaram o mundo.

Porém, com o passar do tempo, as curvasgalera bet bônus cadastronovos casos e mortes pela doença começaram a cair — embora nunca tenham zerado completamente.

"Junto a isso, lágalera bet bônus cadastroagosto tivemos a massiva divulgaçãogalera bet bônus cadastroum estudo científico que anunciava que Manaus havia alcançado a imunidadegalera bet bônus cadastrorebanho", relembra o epidemiologista Jesem Orellana, da FioCruz Amazônia.

Com isso, a população voltou às ruas e os cuidados com usogalera bet bônus cadastromáscara, lavagemgalera bet bônus cadastromãos e distanciamento físico foram aos poucos sendo deixados para trás.

"Se nós tivéssemos reduzido a curvagalera bet bônus cadastrocontágio drasticamente nos mesesgalera bet bônus cadastrosetembro e outubro, provavelmente não estaríamos vivendo uma situação tão problemática agora", completa Orellana.

Para fechar 2020, ainda tivemos eleições municipais e as festasgalera bet bônus cadastrofinalgalera bet bônus cadastroano. Esses eventos causaram grandes aglomerações, criando o cenário perfeito para transmissão do coronavírus.

"Foi uma sucessãogalera bet bônus cadastroacontecimentos, com um aumento gradativogalera bet bônus cadastrocasos e internações. Nós estamos sofrendo agora pelo que aconteceu há 15 ou 20 dias", analisa Marcellus Campêlo, secretáriogalera bet bônus cadastroEstado da Saúde do Amazonas

Na tardegalera bet bônus cadastrohoje (14/01), o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), anunciou medidas mais restritivas, como toquegalera bet bônus cadastrorecolher e fechamentogalera bet bônus cadastrotodos os estabelecimentos comerciais (menos as farmácias) entre 19h e 6h.

Um ingrediente extra

Diversos especialistas observam que essa nova explosãogalera bet bônus cadastrocasos na cidadegalera bet bônus cadastroManaus parece ter algumas características diferentes do ocorrido no primeiro semestregalera bet bônus cadastro2020.

"A gente recebe agora famílias inteiras com comprometimento pulmonar que necessitamgalera bet bônus cadastrointernaçãogalera bet bônus cadastrouma só vez. Há também um alto númerogalera bet bônus cadastropacientes jovens acometidos", diz Galvão.

Fonseca também nota esse fenômeno. "Parece que o vírus começou a se comportargalera bet bônus cadastroforma completamente diferente. Não tenho dados científicos para corroborar isso, mas dá a sensação que ele está mais transmissível".

Na última quarta-feira, um grupogalera bet bônus cadastropesquisadoresgalera bet bônus cadastrodez instituições nacionais e internacionais confirmou a circulaçãogalera bet bônus cadastrouma nova linhagemgalera bet bônus cadastrocoronavírusgalera bet bônus cadastroManaus.

Essa cepa foi detectadagalera bet bônus cadastro13 amostrasgalera bet bônus cadastropacientes com covid-19 coletadas durante o mêsgalera bet bônus cadastrodezembro.

O que chamou a atenção dos especialistas foram mutações nos genes da espícula, a estrutura que fica na superfície do vírus e permite que ele invada nossas células.

No entanto, ainda não é possível cravar que a observaçãogalera bet bônus cadastrouma maior virulência feita pelos profissionais da linhagalera bet bônus cadastrofrente esteja relacionada a essa versão atualizada do coronavírus encontrada nos experimentos.

Mas o fatogalera bet bônus cadastroas duas informações aparecerem no mesmo momento gera curiosidade e precisará ser investigada mais a fundo nos próximos dias.

O que fazer agora?

Com uma demanda por oxigênio e outros suprimentos que parece não ter fim, Manaus precisa urgente da ajudagalera bet bônus cadastrooutras cidades, estados e, claro, do Governo Federal.

Nas últimas horas, 235 pacientes começaram a ser transferidos para hospitaisgalera bet bônus cadastroGoiás, Piauí, Maranhão, Brasília, Paraíba e Rio Grande do Norte.

"Ao longogalera bet bônus cadastro2020, nós conseguimos ampliar a capacidade da redegalera bet bônus cadastrosaúde com a criaçãogalera bet bônus cadastronovos leitos e unidadesgalera bet bônus cadastroUTI. Mas o aumento dos números pressiona demais o sistema", analisa Campêlo.

Enquanto ações emergenciais são tomadas, os especialistas também dizem que a população pode e deve contribuir.

"Em primeiro lugar, é importante que as pessoas fiquemgalera bet bônus cadastrocasa e só procurem o pronto-socorro caso estejam com algum sintoma mais grave", orienta Fonseca.

"Também vale reforçar as orientações para lidar com esse inimigo invisível. Todos precisamos nos conscientizargalera bet bônus cadastroque é horagalera bet bônus cadastrofazer isolamento social e tomar todas as medidasgalera bet bônus cadastroprevenção, como usogalera bet bônus cadastromáscaras e limpeza das mãos", complementa Ferreira.

De acordo com os últimos números do boletim do Conselho Nacionalgalera bet bônus cadastroSecretários da Saúde (Conass), o Estado do Amazonas contabiliza até o momento 219.544 casos e 5.879 mortes por covid-19.

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