China pode repetir o que fez com Austrália e retaliar o Brasil?:cbet lažybos
Quem tem mais a perder com esse atrito?
'Testar a paciência'
Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, embora,cbet lažybosfato, a China tenha atualmente poucas alternativascbet lažybosonde comprar senão do Brasil, não se pode descartar por completo a possibilidadecbet lažybosque imponha barreiras comerciais a produtos brasileiros — mesmo que saia prejudicada por essa decisão.
Neste sentido, dizem eles, é errada a visãocbet lažybosque, por causa da relaçãocbet lažyboscodependência entre os dois países, que se fortaleceu ainda mais durante a pandemiacbet lažyboscoronavírus, o Brasil possa "testar a paciência"cbet lažybosseu maior parceiro comercial sem qualquer risco.
Além disso, nessa quedacbet lažybosbraço, o Brasil tenderia a "sair perdendo", acrescentam.
"O governo chinês é imprevisível. Claro que poderia haver represálias. Nada impediria os chinesescbet lažybostomá-las. A China tem grandes estoques dessas matérias-primas. Claro que sairia prejudicada, mas se achar que o custo benefício dessa medida valha à pena, vai fazê-lo. Foi o que aconteceu recentemente com a Austrália", diz uma fonte que acompanha o temacbet lažybosperto, que preferiu não ser identificada.
"Não faz sentido adotar uma posturacbet lažybos'confronto desnecessário' com nosso principal parceiro comercial. Alémcbet lažybosnão trazer nenhum benefício imediato, isso poderia colocarcbet lažybosrisco uma parceria amistosa que já vemcbet lažybosmuito tempo", acrescenta.
Neste ano, a China adotou retaliações econômicas contra a Austrália —cbet lažybosquem importa a maior partecbet lažybosseu minériocbet lažybosferro e umcbet lažybosseus principais parceiros comerciais — quando autoridades australianas pediram uma investigação internacional sobre a origem do coronavírus.
Pequim elevou barreiras parciais sobre a carne australiana, taxoucbet lažybos80% a importaçãocbet lažyboscevada do país e desencorajou chineses a estudarem ou fazerem turismo na Austrália, devido a "numerosos casoscbet lažybosdiscriminação contra asiáticos".
Segundo dados do Banco Mundial, a Austrália é o sexto maior exportador para China, à frente do Brasil, que aparececbet lažybossétimo.
'Codependência'
A China é a principal parceira comercial do Brasil desde 2009, quando superou os Estados Unidos.
Desde então, vem comprando cada vez mais, sendo o principal destinocbet lažybosprodutos brasileiros.
Como compra muito mais do que vende para o Brasil, o gigante asiático contribui para manter o saldo comercial brasileiro no azul — o chamado superávit (quando exportações superam importações).
De janeiro a outubro, por exemplo, a China, que comprou 10% a mais do Brasilcbet lažybosrelação ao mesmo período do ano passado e respondeu por 65% do superávit comercial brasileiro (US$ 30 bilhões dos US$ 47 bilhões).
Há quase dez anos,cbet lažybos2011, essa taxa eracbet lažybos39%, segundo o Indicadorcbet lažybosComércio Exterior (Icomex) da FGV/IBRE.
A China respondeu por 30% do valor exportado pelo Brasil neste ano. Já os EUAcbet lažybosDonald Trump, com quem o governo brasileiro tem maior afinidade ideológica, apenas 10% do total, quedacbet lažybos30% ante a 2019.
Ou seja, nossa dependênciacbet lažybosrelação à China aumentou.
Mas a China também ficou mais dependente das matérias-primas brasileiras.
Para abastecer seu imenso mercado interno, o apetite do gigante asiático por produtos como soja, carne, minériocbet lažybosferro, açúcar e celulose cresceu — e o Brasil ganhou espaço frente à concorrência internacional como provedor desses recursos.
A isso se deveu uma combinaçãocbet lažybosfatores, entre os quais nossa capacidadecbet lažybosprodução agropecuária, a forte desvalorização do real —cbet lažyboscercacbet lažybos40%, que deixou as matérias-primas brasileiras mais baratas no mercado internacional — e os atritos entre China e Estados Unidos, durante a Presidênciacbet lažybosTrump.
"De fato, a China depende do Brasilcbet lažybosalguns setores específicos, como é o caso muito marcadamente da soja e das carnes. Mas na verdade isso se deu por causacbet lažybosum cenário externo que favoreceu o Brasil, porque nossos concorrentes começaram a sofrer retaliações políticas da China, como foi o caso dos EUA", diz à BBC News Brasil Tulio Cariello, diretorcbet lažybosconteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
"Então, foi muito mais uma lógicacbet lažybosocupaçãocbet lažybosespaço do que necessariamente um desenvolvimento da relação comercial do Brasil com a China", acrescenta.
Um dos exemplos mais emblemáticos é a soja.
De janeiro a outubro, os embarquescbet lažybossoja brasileira à China chegaram a quase 60 milhõescbet lažybostoneladas, altacbet lažybos18%cbet lažybosrelação ao mesmo período no ano passado.
Apenascbet lažybossetembro, a soja brasileira chegou a abocanhar 75%cbet lažybostodas as importaçõescbet lažybosoleaginosas pela China, enquanto a soja americana, nossa principal concorrente, ficou com apenas 12%.
Mas e no futuro?
Segundo os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, ainda que, a curto prazo, devido as conjunturas tanto interna quanto externa, os chineses não tenham muita opçãocbet lažybosimportar produtos que não sejam do Brasil, no longo prazo, a situação é diferente.
"Os chineses estão buscando novos fornecedores desses produtos", diz Cariello, que cita investimentos da China no leste europeu e na África.
"Essa ideiacbet lažybospensar a longo prazo faz parte do material genético do governo chinês", acrescenta.
Em entrevista recente à BBC News Brasil, o diplomata aposentado Roberto Abdenur, que atuou como embaixadorcbet lažybosPequim (1989 a 1993) e nos Estados Unidos (2004 a 2006), compartilhou opinião semelhante — e também criticou o governo brasileiro.
"É ilusão acharmos que a China vai continuar dependendo eternamente das nossas importações. Há outros países no mundo. A China está financiando projetos agrícolas importantes na África,cbet lažybosregiões que têm um clima e solo parecidos aos do Brasil, estácbet lažybosentendimentos também para aumentar a produçãocbet lažybossoja na Rússia e na Ucrânia", disse.
"O Brasil está metendo os pés pelas mãoscbet lažybosmaneira desarrazoada e contraproducente. Eduardo Bolsonaro fala como deputado, como filho do presidente e como presidente da Comissãocbet lažybosRelações Exteriores da Câmara. Écbet lažybosuma imensa irresponsabilidade, agora ameaçando causar danos graves aos interesses do Brasil com a China", acrescentou.
Para a economista e diplomata Tatiana Rosito, ex-secretária-executiva da Câmaracbet lažybosComércio Exterior (Camex) e ex-representante da Petrobras na China, "a codependência é delicada e traz riscos para os dois lados, que devem mitigar esses riscos com entendimentoscbet lažyboslongo prazo".
"Não interessa ao Brasil depender só da China e também não interessa a China depender só do Brasil", assinala.
Rosito é autoracbet lažybosum estudo recentecbet lažybosque propõe que os brasileiros olhem o parceiro asiático cada vez menos como competidor e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade.
O documento, intitulado Bases para uma Estratégiacbet lažybosLongo Prazo do Brasil para a China, foi divulgado no fimcbet lažybosnovembrocbet lažybosum evento com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.
Ela lembra que a China é um dos países que mais investemcbet lažybosbiotecnologia, portanto, "desentendimentos desnecessários podem fechar a porta para oportunidades", diz.
Falando sobre oportunidades, Cariello lembra que o Brasil deveria diversificar as exportações com a China.
"Embora isso seja difícil, o Brasil pode diversificar exportaçõescbet lažybosum setorcbet lažybosque já é competitivo, como o agronegócio. O foco do Brasil está nas carnes comoditizadas, mas não no mercado premium. Austrália, Estados e Nova Zelândia conseguem tradicionalmente vender esse tipocbet lažybosproduto à China", assinala.
Eduardo Bolsonaro x China
No novo episódiocbet lažyboscrise com o governo brasileiro, a embaixada da Chinacbet lažybosBrasília subiu o tom ao ameaçar o Brasil "com consequências negativas"cbet lažybosuma nota contra publicações no Twittercbet lažybosEduardo Bolsonaro, que alémcbet lažybosdeputado é filho do presidente Jair Bolsonaro e presidente da Comissãocbet lažybosRelações Exteriores da Câmara.
Ao comentar a adesão do Brasil a uma aliança patrocinada pelos EUA contra o usocbet lažybostecnologia 5G da empresa chinesa Huawei, o parlamentar acusou diretamente o país asiáticocbet lažybosespionagem.
"O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China", escreveu Eduardo Bolsonaro na noite da segunda-feira (23/11).
"O programa ao qual o Brasil aderiu pretende proteger seus participantescbet lažybosinvasões e violações às informações particularescbet lažyboscidadãos e empresas. Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista Chinês", acrescentou também pelo Twitter o filho do presidente.
A embaixada chinesa, que costuma se manifestar apenas com autorização do governocbet lažybosPequim, soltou uma nota dura, mesmo o deputado tendo já apagado o post.
O comunicado classificou a falacbet lažybosEduardo Bolsonaro como "totalmente inaceitável" e ameaçou o Brasil com retaliações caso o parlamentar e "outras personalidades" não abandonem "declarações infames que, alémcbet lažybosdesrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil."
"Instamos essas personalidades a deixarcbet lažybosseguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendocbet lažybosvista os interessescbet lažybosambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade históricacbet lažybosperturbar a normalidade da parceria China-Brasil", diz ainda a nota.
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