O que explica a ascensão do PSOL com Boulosbwin new customer offerSão Paulo:bwin new customer offer
Para vereador, votoubwin new customer offerum nome do Cidadania que não se elegeu; para prefeitobwin new customer offerSão Paulo, foibwin new customer offerGuilherme Boulos, do PSOL, que chegou ao segundo turno contra o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB).
Foi a primeira vez que a vendedora votoubwin new customer offerum partidobwin new customer offeresquerda .
Eleitores como Danielle deram ao PSOL seu melhor resultadobwin new customer offerSão Paulo, metrópole cuja prefeitura nas últimas duas décadas foi ocupada por tucanos ou petistas — a exceção foi Gilberto Kassab (PSD), prefeito entre 2006 e 2012.
No último domingo, o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) elegeu seis vereadores na cidade, o triplo do última eleição, alcançando a terceira maior bancada da Câmara Municipal — perde apenas para PT e PSDB, ambos com oito cadeiras cada.
Já nas eleições para prefeito, Boulos teve 20% dos votos — pouco maisbwin new customer offerum milhãobwin new customer offereleitores. O resultado foi comemorado diante da campanha com menos recurso financeiro e com apenas 17 segundos no horário eleitoral gratuito, enquanto concorrentes mais fortes tinham maisbwin new customer offerdois minutos.
Para analistas políticos, o feito do PSOL não representou apenas um crescimento do partido na região, mas também a decadência do PT como a sigla hegemônica da esquerda paulistana. O candidato Jilmar Tatto recebeu apenas 8% dos votos, o pior desempenho dos petistas desde 1988.
"Esse resultado do PSOL não é algo momentâneo nem surpreendente. O partido vembwin new customer offeruma trajetória ascendente no campo da esquerda já há alguns anos. É um processo estratégico e consistente", explica a cientista política Camila Rocha, pesquisadora do Centro Brasileirobwin new customer offerAnálise e Planejamento (Cebrap).
Mas como isso aconteceu? Qual foi a estratégia que alçou o PSOL, até então um partido pequeno, ao patamarbwin new customer offeruma das principais forças políticas na maior cidade do país?
'Decadência do PT'
A quedabwin new customer offervotação do PTbwin new customer offerSão Paulo não é uma novidade deste ano. Em 2016, o então prefeito Fernando Haddad recebeu apenas 16% dos votos na cidade que comandava, perdendo a prefeitura para o tucano João Doria no primeiro turno, um resultado tido como decepcionante, à época.
Por outro lado, os vereadores eleitos pelo partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são experientes e com vários anosbwin new customer offerCasa. Eduardo Suplicy, por exemplo, o mais votado do Brasil, vai para seu terceiro mandato. Senival Moura, tradicional político da zona leste, chega à quarta legislatura.
"As pesquisas que fizemos com eleitores apontam que muita gente vê o PT como um partido que não se renovou e que apresenta os mesmos nomesbwin new customer offersempre, embora isso não seja totalmente verdade. Mesmo Jilmar Tatto, que se candidatou pela primeira vez a prefeito, era visto como uma pessoa que falava muito do passado", diz Camila Rocha, do Cebrap, que estuda mudanças eleitorais na periferiabwin new customer offerSão Paulo.
Para Cláudio Couto, professorbwin new customer offerciência política da Fundação Getúlio Vargas, o PT não apenas não conseguiu renovar seus quadros, mas também seu discurso.
"O PT ficou muito enfraquecido depois dos escândalosbwin new customer offercorrupção, do impeachment da Dilma e da prisão do Lula. Mas não foi só isso: o partido não reciclou suas posições, não demonstrou que corrigiu seus erros e seguiubwin new customer offerfrente. E está pagando o preço por isso", diz.
Para exemplificar o momento político da cidade, Couto cita a falabwin new customer offerJilmar Tatto após os resultadosbwin new customer offerdomingo: ao declarar apoio ao PSOL, o petista chamou Boulosbwin new customer offer"irmão mais novo".
"Essa frase é curiosa por dois motivos. Primeiro porque Tatto se colocabwin new customer offeruma posiçãobwin new customer offersuperioridade, mais sabido, mais maduro e mais experiente. O segundo é um reconhecimentobwin new customer offerque está envelhecido e que o 'irmão mais novo' chega com mais vitalidade", diz o cientista político.
Candidaturas
Já a maioria dos eleitos pelo PSOL é estreante e com perfil diferente.
Alémbwin new customer offerToninho Vespoli e Celso Gianazzi, mais experientes, foram eleitas uma mulher trans, Erika Hilton; uma mulher negra, Luana Alves; e duas candidaturas coletivas, a Bancada Feminista e o Quilombo Periférico, esse último formado por homens e mulheres negrosbwin new customer offerbairros dos extremos da cidade.
Um dos novos nomes do partido é Débora Alves,bwin new customer offer22 anos, estudantebwin new customer offerciências sociais pela Universidade Federalbwin new customer offerSão Paulo (Unifesp). Moradorabwin new customer offerSapopemba, zona leste da capital, ela se filiou ao PSOL no início do ano e foi eleita junto aos colegas do Quilombo Periférico.
"Sempre fiz parte do movimento negro,bwin new customer offercoletivosbwin new customer offercultura e educação popular na periferia. Minha filiação ao PSOL veio depois do entendimentobwin new customer offerque o espaço político-partidário e institucional também é um espaço a ser ocupado por nós. É preciso levar a experiência desses movimentos para dentro da construção partidária", diz.
Ela explica que a proximidade do PSOL com coletivosbwin new customer offerjovens e com o movimento negro ajudou na escolha da sigla a se filiar.
"Como eleitora e membrobwin new customer offercoletivo, sempre vi que o partido esteve presentebwin new customer offernossa luta ebwin new customer offeroutros grupos diversos da cidade. E nossa militância também esteve dentro do partido", conta.
Para a deputada estadual Erica Malunguinho, primeira mulher transexual a ser eleita para a Assembleia Legislativabwin new customer offerSão Paulo, o PSOL se mostrou aberto a discussões insurgentes, como raça e gênero.
"Essas discussões não são identitárias, mas temas importantes da sociedade brasileira e que precisam ser debatidos na esfera pública. Falarbwin new customer offerquestões LGBT,bwin new customer offerracismo,bwin new customer offerpautas indígenas, não é apenas falar sobre esses grupos, mas sobre o Brasil, sobre desigualdade, pobreza, violência", afirma.
Para ela, esses temas não devem ser apenas do PSOL.
"É importante que essas questões sejam vistas não como pautabwin new customer offerum único partido, masbwin new customer offertoda a sociedade brasileira", diz.
Já a deputada estadual Isa Penna, uma das dirigentes do PSOLbwin new customer offerSão Paulo, conta que apostabwin new customer offercandidaturasbwin new customer offermulheres e homens negros, LGBTs e pessoas oriundas das periferias é uma estratégia do partido, e não uma coincidência.
"A partir dos protestosbwin new customer offer2013, houve uma mobilização para entender o momento histórico e como ele poderia refletirbwin new customer offernossa agenda. Há um entendimentobwin new customer offerque essas opressões são estruturais na sociedade. Outros partidosbwin new customer offeresquerda também tiveram candidaturas assim, como PCdoB e o próprio PT, mas vejo que, pelo menos no caso do PT, as discussões da raça e gênero sempre foram acessórias, e não a pauta principal", diz.
Para Camila Rocha, do Cebrap, o PSOL criou uma imagembwin new customer offeridentificação com a juventude mais escolarizada, que participabwin new customer offermovimentos sociais, coletivosbwin new customer offercultura e feministas.
"Na verdade, essa estratégia não é muito diferente do que o PT fez no passado, embora o PT fosse mais ligado ao sindicalismo", compara.
"Nos últimos anos, o PSOL esteve presentebwin new customer offermovimentosbwin new customer offerjovens, como a Marcha das Vadias,bwin new customer offer2011, os protestosbwin new customer offer2013 e ocupações das escolas", destaca a cientista política.
Para Cláudio Couto, da FGV-SP, a apostabwin new customer offerpautas identitárias pode ter dois lados.
"O PSOL conseguiu incorporar pautas do século 21, para o bem e para o mal. O discurso identitário também pode produzir isolamento,bwin new customer offeruma lógicabwin new customer offergueto,bwin new customer offerseita,bwin new customer offercultura do cancelamento. Uma pessoa que não tem lugarbwin new customer offerfala dentro daquele grupo pode se sentir intrusa. Mas, se esse discurso vier com uma propostabwin new customer offerempatia,bwin new customer offeragregar pessoasbwin new customer offerdiversos segmentos, pode dar certo e o PSOL tende a crescer mais", diz.
Juventude e cursinhos populares
Em São Paulo, o PSOL tem sido descrito como um partido ligado à juventude.
Para especialistas e membros da sigla, essa proximidade se deve, também, à maneira como ela se posicionou durante momentosbwin new customer offerefervescência política na cidade, como os protestosbwin new customer offer2013, as ocupações das escolasbwin new customer offer2015, e manifestações feministas e contra o presidente Jair Bolsonaro.
Um dos coletivosbwin new customer offerjovens presente nesses momentos é o Juntos, que congrega milharesbwin new customer offerpessoasbwin new customer offer25 Estados do país. Embora seja independente, o grupo tem muitosbwin new customer offerseus membros filiados ao PSOL. Alguns deles se elegeram para cargos legislativos, como as deputadas federais Fernanda Melchionna e Sâmia Bomfim.
O coletivo surgiubwin new customer offer2011, inspiradobwin new customer offermovimentos como Occupy Wall Street e a Primavera Árabe. Mas ganhou força mesmobwin new customer offer2013, com os protestos protagonizados pela juventude, participando ativamentebwin new customer offergrandes manifestações pelo país.
"O objetivo do Juntos é organizar a juventude, unir diferentes tiposbwin new customer offerjovens no Brasil dentrobwin new customer offeruma causa própria", explica Felipe Simoni,bwin new customer offer25 anos, da coordenação do grupobwin new customer offerSão Paulo e também filiado ao PSOL.
"O PSOL é nosso principal aliado institucional. Muitos dos nossos membros participam da construção do partido", explica.
Nascido na periferiabwin new customer offerOsasco, na Grande São Paulo, Simoni é estudantebwin new customer offergeografia pela USP. Ele conta que, quando adolescente, já se sentiabwin new customer offeresquerda, mas não via o PT como alternativa.
"Na periferia, só tinha o PT como representação da esquerda, mas eu divergia delesbwin new customer offermuitos pontos", diz.
Ele conheceu o PSOLbwin new customer offerum cursinho pré-vestibular.
"Acho que ele está mais próximo dos jovens da periferia. Você vê gente do partido nas batalhasbwin new customer offerrimas, nos slams (batalhasbwin new customer offerpoesia), nos saraus, nos cursinhos populares… É uma construção orgânica entre os coletivos e o partido", diz.
Os cursinhos popularesbwin new customer offerpreparação para o vestibular, muitos delesbwin new customer offerbairros periféricos, também se transformarambwin new customer offerum espaço construído e ocupado por membros do PSOL. Normalmente, as aulas são dadas por estudantesbwin new customer offeruniversidades públicas a alunos da rede públicabwin new customer offerensino.
Simoni, por exemplo, foi professor na Rede Emancipa, criadabwin new customer offer2007 e presentebwin new customer offersete Estados. Por ano, a rede dá aulas a 5 mil alunos, com 600 professores.
"Os cursinhos populares não são apenas pré-vestibulares, mas movimentos sociaisbwin new customer offereducação", diz.
A cientista política Camila Rocha conta que, quando fez graduação no final dos anos 2000, já havia cursinhos ligados ao PSOL.
"Claramente houve um esforço do partidobwin new customer offerse aproximar dessa juventude, e isso tem se refletido nas urnas", explica.
A figurabwin new customer offerBoulos
Líder dos sem-teto, Guilherme Boulos se filiou ao PSOLbwin new customer offer2018, quando se candidatou à Presidência da República. Na época, ele foi criticado internamente por ter sido alçado à condiçãobwin new customer offerprincipal nome do partido antesbwin new customer offermembros com mais história no grupo político. Também houve reclamações por causabwin new customer offersua proximidade afetiva com Lula — o PSOL surgiubwin new customer offer2004 como uma divergência do PT.
Nessas eleições, porém, críticas como essas não ganharam força. Um dos desafios do candidato para o segundo turno será vencerbwin new customer offerbairros periféricos onde o PT sempre se saiu bem. No pleito do último domingo, Bruno Covas venceubwin new customer offertodas as zonas eleitorais da cidade, embora a distância para Boulosbwin new customer offerregiõesbwin new customer offerperiferia tenha sido menor, percentualmente.
Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira, o candidato do PSOL apareceu com 42% das intençõesbwin new customer offervoto enquanto o tucano chegou a 58%, o que demonstra dificuldade do psolistabwin new customer offerarregimentar vários setores da sociedade paulistana.
"Boulos se transformoubwin new customer offeruma figurabwin new customer offervisibilidade nacional por causabwin new customer offersua candidatura à Presidência,bwin new customer offerpresença constante na mídia ebwin new customer offerproximidade com Lula. Em grande parte, isso explica porque ele surpreendeu, chegando ao segundo turno", diz Cláudio Couto.
"Mas ainda existe muita desconfiança sobre ele, inclusive na periferia, onde o movimento sem-teto é mais presente. Ele ainda é muito visto como uma pessoa que invade a propriedade dos outros, mesmo quebwin new customer offercampanha tenha investidobwin new customer offerexplicar essa questão. O tema da moradia é muito importante para a população mais pobre ebwin new customer offerperiferia", afirma.
Para a vendedora Danielle Oliveira, que vivebwin new customer offerCidade Dutra, periferia da zona sul, a discussão sobre moradia foi o ponto que fez ela escolher Boulos.
"Eu não gostavabwin new customer offersem-teto, achava que eles invadiam a casa das pessoas. Mas um dia fuibwin new customer offeruma invasão do Boulos aqui pertobwin new customer offercasa, e eles me explicaram como funciona. Eu penso assim: o maior sonho do pobre é ter um carro e uma casa própria", diz.
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