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A meninaplataforma bet7k é confiável13 anos que foi abusada pelo pai, engravidou e morreu após o parto:plataforma bet7k é confiável
Histórias como aplataforma bet7k é confiávelJéssica ilustram a tragédia do abuso sexual no Brasil. O assunto ganhou destaque nos últimos dias, após o casoplataforma bet7k é confiáveluma garotaplataforma bet7k é confiável10 anos, que mora no Espírito Santo, que engravidou ao ser estuprada — ela relatou que o tio,plataforma bet7k é confiável33 anos, abusava sexualmente dela havia quatro anos.
O Anuário Brasileiroplataforma bet7k é confiávelSegurança Pública 2019 aponta que quatro meninasplataforma bet7k é confiávelaté 13 anos são estupradas no país a cada hora.
Um levantamento feito pela BBC News Brasil, com base no Sistemaplataforma bet7k é confiávelInformações Hospitalares do SUS, do Ministério da Saúde, revela que o país registra uma média anualplataforma bet7k é confiável26 mil partosplataforma bet7k é confiávelmães com idades entre 10 a 14 anos.
Ainda segundo o levantamento, o país registra, ao menos, seis abortos por diaplataforma bet7k é confiávelmeninasplataforma bet7k é confiável10 a 14 anos,plataforma bet7k é confiávelmédia.
A criança do Espírito Santo, que não queria ter o bebê e foi apoiada pelos parentes, passou por um procedimentoplataforma bet7k é confiávelaborto legalplataforma bet7k é confiávelum hospitalplataforma bet7k é confiávelRecife (PE). O Código Penal brasileiro permite a interrupção da gravidez, com o consentimento da gestante,plataforma bet7k é confiávelcasosplataforma bet7k é confiávelestupro e quando há risco à vida da mulher.
O caso da criançaplataforma bet7k é confiável10 anos causou protestos. Grupos que se definem como pró-vida se manifestaramplataforma bet7k é confiávelfrente à unidadeplataforma bet7k é confiávelsaúdeplataforma bet7k é confiávelRecife para tentar impedir que a gravidez fosse interrompida. Mesmo se tratandoplataforma bet7k é confiáveluma gestação extremamente arriscada,plataforma bet7k é confiávelrazão da idade da menina, os grupos diziam que o aborto não deveria acontecer.
Jéssica seguiu com a gravidez — as gestações entre meninasplataforma bet7k é confiável10 a 15 anos são consideradasplataforma bet7k é confiávelalto risco —, mas não resistiu.
Os abusos sexuais
Em depoimento à polícia, um agenteplataforma bet7k é confiávelsaúde da regiãoplataforma bet7k é confiávelque Jéssica morava disse que logo no início da gestação, quando a jovem ainda não sabia que estava grávida, o rendimento escolar dela caiu, ela reclamavaplataforma bet7k é confiávelconstantes doresplataforma bet7k é confiávelcabeça, sentia tontura e estava muito abatida.
A barriga dela começou a crescer. A família notou as mudanças no corpo da jovem e descobriu a gestação no fimplataforma bet7k é confiávelagostoplataforma bet7k é confiável2019. O agenteplataforma bet7k é confiávelsaúde contou que os parentesplataforma bet7k é confiávelJéssica ficaram revoltados ao descobrir que a garota tinha sido abusada pelo pai.
Documentos aos quais a BBC News Brasil teve acesso relatam que Maria*, a mãeplataforma bet7k é confiávelJéssica, levou a filha ao Creas da cidade no começoplataforma bet7k é confiávelsetembro. Na época, a garota estava por volta do quinto mêsplataforma bet7k é confiávelgestação.
No depoimento ao Creas, onde recebeu acompanhamento psicológico, Jéssica, que estava extremamente triste e envergonhada, definiu o pai como "monstro" e "cínico". A jovem relatou que ele dizia que se ela contasse sobre os abusos sexuais, a mãe dela não acreditaria e ainda agrediria a filha.
À polícia, a jovem disse que a primeira tentativaplataforma bet7k é confiávelabuso foi aos nove anos, quando o pai tocou partes íntimas dela enquanto eles estavamplataforma bet7k é confiáveluma área afastada para recolher castanhas.
"O pai a levava para pescar, aproveitava que estavamplataforma bet7k é confiávelum local ermo e a estuprava. Isso aconteceu até que a garota engravidou. Ela tinha medoplataforma bet7k é confiávelcontar para outra pessoa e não acreditarem nela", revela o delegadoplataforma bet7k é confiávelCoari, José Afonso Ribeiro Barradas Junior, responsável por apurar o caso.
A mãe da garota disse que desconhecia os abusos sexuais praticados pelo marido, o agricultor Lauro*,plataforma bet7k é confiável36 anos. Jéssica foi a primeira filha do casal. Maria,plataforma bet7k é confiável29 anos, tinha 15 quando engravidou.
Ao Creas,plataforma bet7k é confiávelsetembro passado, a mulher contou que percebeu a menstruação atrasadaplataforma bet7k é confiávelJéssica, mas pensou que pudesse ser anemia. Maria disse que desconfiou que havia algo errado com a filha ao notar que a garota estava triste e rebelde. Ela afirmou que desconfiou da gravidez somenteplataforma bet7k é confiávelagosto, após mudanças nos seios e na barriga da menina.
Segundo Maria, Jéssica revelou ao avô que era abusada pelo pai havia quase cinco anos e não contava por medoplataforma bet7k é confiávelapanhar. "Chamei a minha filha para conversar. Ela me contou, chorando, sobre o abuso e também o mal-estar que estava sentindo", disse a mulher às assistentes sociais. Ela afirmou que estava indignada com a situação e queria que o marido pagasse pelo que fez.
Segundo os documentos do caso, Maria não quis denunciar o marido, a princípio, por acreditar que Lauro poderia não ser o pai do filhoplataforma bet7k é confiávelJéssica. Mas diante da pressão da família, ela procurou a polícia. Logo que o caso ganhou repercussão na cidade, Lauro deixou a região ribeirinha.
Em depoimento à polícia, no começoplataforma bet7k é confiávelnovembro, Jéssica mudou a versão do que havia dito anteriormente. Ela relatou que o pai tentou acariciar suas partes íntimas aos nove anos, mas parou quando ela disse que contaria à mãe. A jovem também falou que quando tinha 12 anos, o homem tentou abusar sexualmente dela, mas não conseguiu, pois ela correu. A garota disse que o pai do bebê que carregava era um idoso que, segundo ela, havia morado por alguns meses com aplataforma bet7k é confiávelfamília.
A jovem ainda disse, no depoimento, que nunca havia sido abusada por Lauro e que havia contado para a família que estava grávida do próprio pai porque se sentiu pressionada.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Amazonas, porém, acreditam que a garota tenha sido induzida a mudar a versão dos primeiros relatos. "Comumente, familiares pressionam essas crianças para contarem outras histórias e tentar incriminar terceiros. Isso pode acontecer até mesmo a pedido dos pais. Muitas vezes, a mãe depende economicamente do pai e não quer vê-lo preso", diz o promotor Wesley Machado, que atuavaplataforma bet7k é confiávelCoari e acompanhou o caso.
A gravidez
Após meses sem qualquer acompanhamento especializado, Jéssica passou a receber ajuda médica e psicológica depoisplataforma bet7k é confiávelsua mãe procurar o Creas. Os documentos apontam que ela não queria abortar, ainda que fosse um direito. Ela dizia que amava o bebê, apesarplataforma bet7k é confiáveltudo.
"Não houve nenhum pedidoplataforma bet7k é confiávelaborto. O assunto não foi tocado pela família ou pela garota, ainda que a Lei permitisse isso. No curso do inquérito, há menção a uma orientação religiosa cristã, que pode ter influenciado essa decisãoplataforma bet7k é confiávelnão abortar", diz o promotor Wesley Machado.
As gestaçõesplataforma bet7k é confiáveljovensplataforma bet7k é confiável10 a 15 anos são consideradasplataforma bet7k é confiávelalto risco, porque são garotas que estãoplataforma bet7k é confiávelfaseplataforma bet7k é confiáveldesenvolvimento. Especialistas apontam que há, aproximadamente, quatro vezes mais chancesplataforma bet7k é confiávelmortes entre grávidas adolescentes, com 15 anos ou menos, do que entre as mais velhas.
Um estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynaecology, feito com jovens gestantes na América Latina, apontou que as grávidas com 15 anos ou menos têm mais propensão a desenvolver anemia grave, riscos elevadosplataforma bet7k é confiávelhemorragia pós-parto e os bebês podem nascer pequenos,plataforma bet7k é confiávelcomparação ao período gestacional — e há mais chancesplataforma bet7k é confiávelmorte neonatal precoce.
A gravidez entre jovensplataforma bet7k é confiável10 a 15 anos tem riscos elevadosplataforma bet7k é confiávelpré-eclampsia — aumento da pressão arterial,plataforma bet7k é confiávelgeral acompanhadaplataforma bet7k é confiávelexcessoplataforma bet7k é confiávelproteína na urina — eplataforma bet7k é confiáveleclampsia — convulsões recorrentes.
A situação emocional da jovem também pode colaborar para piora do estadoplataforma bet7k é confiávelsaúde durante a gestação. "Toda menina grávidaplataforma bet7k é confiávelaté 14 anos foi estuprada, não importa a circunstância. O estuproplataforma bet7k é confiávelvulnerável é justamenteplataforma bet7k é confiávelfunção da idade", apontou a advogada Luciana Temer,plataforma bet7k é confiávelrecente entrevista à BBC News Brasil. Ela é presidente do Instituto Liberta, que atua no combate à exploração sexualplataforma bet7k é confiávelcrianças e adolescentes.
O nascimento do bebê e a morte da jovem mãe
No começoplataforma bet7k é confiáveldezembro passado, o bebêplataforma bet7k é confiávelJéssica nasceu prematuro, aos oito meses, por meioplataforma bet7k é confiáveluma cesárea. O procedimento foi feito às pressas,plataforma bet7k é confiávelrazão do estadoplataforma bet7k é confiávelsaúde da garota, que desenvolveu uma grave anemia. Ao longo da gestação, a jovem teve diversas dificuldadesplataforma bet7k é confiávelsaúde. Dias após o parto, a situação ficou ainda mais grave. Em 11plataforma bet7k é confiáveldezembro, a adolescente morreu, aos 13 anos. No registroplataforma bet7k é confiávelóbito consta que ela teve um quadro graveplataforma bet7k é confiávelpré-eclampsia e infecção generalizada.
Lauro foi preso nove dias após a morte da filha. Em depoimento, o homem negou ter abusado da garota. Ele disse que não sabia o motivoplataforma bet7k é confiávelJéssica acusá-loplataforma bet7k é confiávelestupro e argumentou que fugiu da comunidade ribeirinhaplataforma bet7k é confiávelque morava, logo após a descoberta da gestação, por medoplataforma bet7k é confiávelagressões.
O agricultor foi denunciado pelo Ministério Público do Amazonas por estuproplataforma bet7k é confiávelvulnerável, com o agravante da morte da jovem. "Ele pode pegar até 30 anosplataforma bet7k é confiávelprisão", diz o promotor Wesley Machado. O órgão também pediu que Lauro pague indenizaçãoplataforma bet7k é confiávelR$ 50 mil por danos morais à famíliaplataforma bet7k é confiávelJéssica.
Uma das principais provas contra Lauro é o exameplataforma bet7k é confiávelDNA feito no início deste ano, a pedido da Polícia Civil, que comprovou que ele é o pai do filhoplataforma bet7k é confiávelJéssica.
A defesa do agricultor nega as acusações. O advogado Vanderson Oliveira diz que pedirá um novo exameplataforma bet7k é confiávelDNA, pois Lauro afirma que nunca abusou da filha. "Conversei com o acusado informalmente e ele disse que a denúncia é infundada", argumenta Oliveira.
O promotor do caso afirma que não há dúvidasplataforma bet7k é confiávelque o pai abusou sexualmente da filha. "O exameplataforma bet7k é confiávelDNA e os relatos da jovem confirmam que ele foi o responsável pelo ato sexual", declara Machado.
Lauro permaneceplataforma bet7k é confiávelprisão preventiva. A defesa tenta aplataforma bet7k é confiávelliberdade provisória, sob o argumentoplataforma bet7k é confiávelque ele, que teve covid-19 na prisão e se recuperou, corre riscoplataforma bet7k é confiávelsaúde. O Ministério Público, porém, pede que ele permaneça preso e justifica que o homem apresenta bom estadoplataforma bet7k é confiávelsaúde, após se recuperar do coronavírus. A Justiça analisa o pedido.
O caso tramitaplataforma bet7k é confiávelsegredoplataforma bet7k é confiávelJustiça. As primeiras audiências ainda não foram realizadas,plataforma bet7k é confiáveldecorrência da pandemiaplataforma bet7k é confiávelcovid-19.
O filhoplataforma bet7k é confiávelJéssica, segundo o delegado José Afonso Ribeiro, passa bem e está sob os cuidados dos parentes da jovem. A reportagem não conseguiu contato com a família da garota.
Para o delegado, o casoplataforma bet7k é confiávelJéssica representa a históriaplataforma bet7k é confiávelmuitas outras crianças que sofrem abuso sexual. Segundo ele, uma das principais características dessas vítimas é a angústia que carregam. "Essa garota ficou muito abalada e precisouplataforma bet7k é confiávelacompanhamento psicológico. Essas crianças, normalmente sofrem muita pressão para comprovar que realmente foram estupradas", diz.
O promotor do caso lamenta as circunstâncias que fizeram com que os abusos fossem descobertos. "Ela, assim como tantos outros casos, precisou correr o risco com uma gravidez para que tudo isso viesse à tona. É revoltante", afirma Machado.
*Nomes alterados para preservar a identidade da jovem eplataforma bet7k é confiávelsua família.
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