Por que é arriscado flexibilizar a rotina só com basecrb e ituano palpitetestescrb e ituano palpitecovid-19:crb e ituano palpite

Mas quais são os testes disponíveis? Para que servem? E quais são suas limitações, segundo especialistas e documentos científicos?

O teste molecular: RT-PCR

Hoje, há basicamente dois tiposcrb e ituano palpitetestes amplamente oferecidos ao públicocrb e ituano palpitegeralcrb e ituano palpitemeio à pandemia. E eles medem coisas bem diferentes, explica o infectologista Fernando Bozza, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do IDOR (Instituto D'Orcrb e ituano palpitePesquisa e Ensino).

O teste molecular, sendo o mais comum o do tipo RT-PCR, examina a presençacrb e ituano palpitematerial genético do vírus, o RNA. Esse é o exame feito com o swab, aquele cotonete comprido colocado dentro das narinas para coletar amostras depois examinadascrb e ituano palpitelaboratório.

O RT-PCR é usado para detectar se a pessoa está com o vírus naquele momento e se precisa ser isolada e ter seus contatos recentes rastreados, diz Bozza.

É esse exame que embasa as estatísticascrb e ituano palpitecovid-19 e estudos epidemiológicos no Brasil e no mundo. Ele também tem sido exigido por alguns países para admitir estrangeiroscrb e ituano palpiteseu territóriocrb e ituano palpitemeio à pandemia.

A Agência Nacionalcrb e ituano palpiteVigilância Sanitária (Anvisa) recomenda seu uso quando a pessoa tiver sintomas compatíveis com os do novo coronavírus ou suspeitacrb e ituano palpitecontágio, mesmo sem sintomas.

Mas ele não é livrecrb e ituano palpiteproblemas, diz a pesquisadora Natalia Pasternakcrb e ituano palpiteartigo no site do Instituto Questãocrb e ituano palpiteCiência: "Nenhum teste é perfeito, e fatores que podem interferir, gerando um falso negativo (isto é, uma falha do testecrb e ituano palpitedetectar o RNA), incluem erros na coleta — é difícil usar o swab, e o procedimento é extremamente incômodo para o paciente — e também acondicionamento inadequado da amostra: o RNA é uma molécula que degrada com muita facilidade".

De qualquer modo, muitos países bem-sucedidoscrb e ituano palpiteconter os surtos iniciais do coronavírus usaram esses testes, disse Pasternak, porque "testaram várias vezes o mesmo paciente. E usaram os resultados para isolar os pacientes e rastrear e testar seus contatos, gerando assim um retrato da progressão da pandemia".

No Brasil, disse a cientista, temos sido lentoscrb e ituano palpiteprocessar os resultados desses exames PCR ecrb e ituano palpiteaplicá-loscrb e ituano palpitegrande escala, dificultando que sejam usados para embasar decisõescrb e ituano palpitesaúde pública mais amplas.

Teste sorológico (IgM/IgG), o teste 'rápido'

O segundo tipo é o sorológico, que não detecta a presença do vírus no corpo, mas sim a presençacrb e ituano palpiteanticorpos (IgM e IgG) no sangue. Ou seja, ele testa a nossa resposta imunológica.

Em laboratórios, são feitos com coletacrb e ituano palpitesangue no braço, o que Iamarino diz que aumenta a precisão dos testes.

São desses tipos também os "testes rápidos"crb e ituano palpitecovid-19, atualmente disponíveiscrb e ituano palpitefarmácias do Brasil, onde, à semelhança dos testescrb e ituano palpiteglicose, são feitos com uma picada no dedo, e o resultado saicrb e ituano palpiteaté 30 minutos.

E esse é o tipocrb e ituano palpiteexame que mais preocupa os especialistas, caso as pessoas passem a usá-los indiscriminadamente para tomar decisõescrb e ituano palpiteflexibilização do isolamento, porque ele não permite concluir com certeza se a pessoa tem (ou mesmo se já teve) o Sars-Cov-2 ou se está realmente imunizada. "Testes rápidos (IgM/IgG) NÃO têm funçãocrb e ituano palpitediagnóstico", diz a Anvisa.

"Testes rápidos positivos indicam que você teve contato recente com o vírus ou que você já teve covid-19 e está se recuperando ou se recuperou, uma vez que indicam a presençacrb e ituano palpiteanticorpos (defesa do organismo)", prossegue o documento da Anvisa.

"No entanto, os anticorpos só aparecemcrb e ituano palpitequantidades detectáveis nos testes pelo menos oito dias depois da infecção. Ainda assim, o teste pode ser positivo, indicando que você teve contato com OUTROS coronavírus, e não com o Sars-Cov-2 (um falso positivo). Assim sendo, esse teste isolado não serve para diagnosticar (confirmar ou descartar) infecção por covid-19. O diagnóstico deve ser feito por testescrb e ituano palpiteRT-PCR."

A Anvisa ressalta que, mesmocrb e ituano palpitecasocrb e ituano palpiteresultado negativo no testecrb e ituano palpiteanticorpos, "sugere-se a manutenção do isolamento social domiciliar até o limitecrb e ituano palpite14 dias após o início dos sintomas, conforme recomenda o Ministério da Saúde".

Em entrevista ao programa Roda Viva,crb e ituano palpite29crb e ituano palpitejunho, Natalia Pasternak declarou que testes rápidos "não servem para nada". "Não comprem. Não deveriam ser vendidos nas farmácias, (porque) mais confundem do que ajudam a população", opinou.

"(Há) pessoas comemorando porque deu negativo, quando o teste mede anticorpos. Ele vai te dizer se você teve contato com vírus no passado e desenvolveu anticorpos, e só vai dizer isso se for bom o suficiente, sensível o suficiente, sendo que a maioria dos testes não é. Eles são ruins, a sensibilidade é baixa. Pode dar tanto errocrb e ituano palpitefalso positivo ou negativo."

O resultado negativo no teste sorológico tampouco pode ser comemorado com um "ufa, não estou com o vírus", explicou ela. "Pode não ser uma coisa boa, porque você pode estar com o vírus (mas) ainda não fez anticorpos e, como o teste é ruim, o teste não viu".

Ou, pior ainda, no casocrb e ituano palpiteo teste dar positivo, o risco é a falsa sensaçãocrb e ituano palpitesegurança. "'Oba, estou protegido, não preciso mais usar máscara, posso abraçar meus pais idosos, não preciso mais cumprir medidascrb e ituano palpitedistanciamento social'. Ops, era um falso positivo e você está completamente exposto", disse Pasternak.

Outro ponto lembrado pelos pesquisadores é que parte das pessoas não desenvolve anticorpos ou não os desenvolvecrb e ituano palpiteníveis detectáveis, mesmo tendo sido infectadas.

Por fim, Bozza lembra que as pesquisas científicas disponíveis até agora ainda não esclareceram plenamente qual é a duração da nossa imunidade à covid-19, embora haja indicativoscrb e ituano palpiteque pessoas infectadas desenvolvem imunidade no curto e médio prazo.

Em abril, quando esses testes rápidos foram liberados pela Anvisa, a Associação Brasileiracrb e ituano palpiteCiências Farmacêuticas alertou que, além dos pontos citados acima, "os kits (de testes vendidoscrb e ituano palpitefarmácias) têm baixa acurácia" e "o fatocrb e ituano palpiteum indivíduo ter anticorpos não garante imunidade à doença".

A despeito disso, um boletim da Associação Brasileiracrb e ituano palpiteRedescrb e ituano palpiteFarmácias e Drogarias (Abrafarma) aponta que, entre o finalcrb e ituano palpiteabril e o finalcrb e ituano palpitejunho, maiscrb e ituano palpite144,4 mil desses testes foram realizados no país.

A Abrafarma afirma que a testagem é com kits registrados na Anvisa e segue um protocolo, que inclui treinamentocrb e ituano palpiteprofissionaiscrb e ituano palpitefarmácia e prevê que o resultado dos testes "não deve ser usado como evidência absolutacrb e ituano palpiteinfecção e devendo ser interpretado por um profissionalcrb e ituano palpitesaúdecrb e ituano palpiteassociação com dados clínicos e outros exames laboratoriais".

Em nota, o presidente da associação, Sergio Mena Barreto, afirmou que "se tiver protocolos bem construídos, com profissional qualificado e apto, alémcrb e ituano palpiteteste com validade, não tem como dar errado. A farmácia está pronta. Os testes rápidoscrb e ituano palpitefarmácias são indicados a partir do oitavo diacrb e ituano palpitesintomas e seguem padrãocrb e ituano palpitequalidade internacional. Somente com uma boa coberturacrb e ituano palpitetestagem poderemos ter uma fotografia correta da pandemia e definir estratégiascrb e ituano palpitecontrole mais assertivas".

Os falsos positivos e negativos

Em artigo no periódico New England Journal of Medicine, um dos mais renomados da área médica, três pesquisadores dos Estados Unidos argumentaram que, se a oferta geralcrb e ituano palpitetestes é uma grande preocupação para monitorar o avanço do coronavírus, "a precisão desses testes pode se mostrar um problemacrb e ituano palpitelongo prazo ainda maior".

"Diagnósticos imprecisos enfraquecem os esforçoscrb e ituano palpitecontenção da pandemia", afirmaram os autores,crb e ituano palpitediferentes centros médicos e universitários americanos.

"O teste diagnóstico (em referência ao RT-PCR) ajudará a reabrir o paíscrb e ituano palpitemodo seguro, mas só se forem altamente sensíveis e validados sob condições realistas contra um padrãocrb e ituano palpitereferência clinicamente significativo."

Atila Iamarino diz à BBC News Brasil que, segundo diferentes estudos (e nem todos conclusivos), testes podem ter margenscrb e ituano palpiteerro grandes,crb e ituano palpiteaté 30%, a depender crb e ituano palpitefalhas no examecrb e ituano palpitesi ou pela forma como amostras foram coletadas ou armazenadas.

Uso otimizadocrb e ituano palpitetestes

"O teste tem o papelcrb e ituano palpiteentender como a doença está progredindo, mas, na base individual, ele tem limitações", particularmente o sorológico rápido, explica Fernando Bozza.

É possível empresas e indivíduos traçarem estratégias a partir deles? "É uma boa pergunta, porque a interpretação dos testes não é simples", prossegue o pesquisador.

"Digamos que reabri meu escritório e quero ver se está havendo transmissão ali dentro. Daí a cada X semanas faço teste sorológico nas pessoas presentes. Avalio se tenho pessoas sintomáticas e aplico um teste PCR nessas. Daí, sim, tenho um programa completo (de avaliação dos riscoscrb e ituano palpitemanter o local reaberto)", diz Bozza.

"Mas simplesmente fazer uma rodadacrb e ituano palpitetestes (sorológicos) é tirar uma fotografia que não vai me dizer muita coisa."

Para Iamarino, empresas e locais que exigirem testes como pré-requisito para a presença físicacrb e ituano palpitepessoas devem tercrb e ituano palpitemente não apenas as chances consideráveiscrb e ituano palpitefalsos positivos ou negativos, mas também do "incentivo cruel" que é essa exigência.

"Quanto maior for a restrição imposta com base no teste, maior é a chancecrb e ituano palpiteas pessoas falsificarem esse teste, se disso depender o seu emprego, por exemplo", explica.

Ele opina também que "testagenscrb e ituano palpitemassa ou rápidas não devem basear políticascrb e ituano palpitereabertura". "Isso cria um ambiente falsamente seguro, quando ele não é."

É o problema, diz Bozza, da proposta conhecida como "passaportecrb e ituano palpiteimunidade", que prevê trânsito livre para pessoas que comprovem terem sido curadas ou terem testado negativo para o vírus. "É uma política que segrega e induz a comportamentos errados."

Utilidade para políticas públicas

Tudo isso não significa que os testescrb e ituano palpitecovid-19 não tenham validade e importância —crb e ituano palpiteâmbito individual, podem servir para amparar diagnósticos médicos e reforçar medidascrb e ituano palpiteprevenção. No âmbitocrb e ituano palpitesaúde coletiva, são ainda mais importantes, para avaliar cenários mais amplos do avanço e da contenção da epidemia.

Bozza é partecrb e ituano palpiteum projeto chamado Dados do Bem, que utiliza um algoritmo e questionários aplicados via aplicativocrb e ituano palpitecelular para identificar áreas com potencial maiorcrb e ituano palpiteinfecção pelo coronavírus e, a partir daí, testar as populações locais e traçar estratégiascrb e ituano palpitecontrole.

O projeto tem sido usadocrb e ituano palpitecidades dos Estadoscrb e ituano palpiteRiocrb e ituano palpiteJaneiro, Goiás, São Paulo e Minas Gerais, para identificar pessoas ou grupos que devem ser testados com mais urgência. E se elas testarem positivo no exame RT-PCR, pessoas próximas passam a ter urgência no teste também.

O teste sorológico rápido, diz a Anvisa, "tem relevante utilização utilização no mapeamento do status imunológicocrb e ituano palpiteuma população (que já teve o vírus ou foi exposta a ele)".

Para Bozza, esses testes rápidos podem ajudar os médicos na ausência dos testes RT-PCR. "É melhor do que nada, porque ele dá pistas (do avanço da doença), se você souber interpretá-lo e conhecer suas limitações."

No geral, diz ele, embora a disponibilidadecrb e ituano palpitetestes tenha aumentadocrb e ituano palpiteâmbito individual, o país como um todo ainda testa pouco — e a testagem é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma importante ferramentacrb e ituano palpitesaúde pública.

Aprendizados do acampamento nos EUA

De volta ao acampamento na Geórgia, o estudo do CDC (que não detalha quais haviam sido os testes feitos pelos participantes) aponta que o local havia tomado algumas medidascrb e ituano palpiteprecaução contra o coronavírus, com mais limpeza das instalações e recomendaçãocrb e ituano palpitedistanciamento social nas áreas comunais.

No entanto, o usocrb e ituano palpitemáscaras não era obrigatório para os participantes, e as áreas fechadas não tiveramcrb e ituano palpiteventilação natural aumentada. Existe a suspeitacrb e ituano palpiteque os "cantos e torcidas vigorosos", típicoscrb e ituano palpiteum acampamento, bem como o fatocrb e ituano palpitemuitos jovens terem dormidocrb e ituano palpitequartos compartilhados, tenham ajudado a propagar o vírus.

O CDC aponta que o estudo, alémcrb e ituano palpiteincorporar mais evidênciascrb e ituano palpiteque "criançascrb e ituano palpitetodas as idades estão suscetíveis à infecção por Sars-Cov-2", também lembra que, nesse caso, a infecção assintomática "foi comum e potencialmente contribuiu para a transmissão ocorrer sem ser detectada".

Para Atila Iamarino, um aprendizado do episódio écrb e ituano palpiteque não adianta testar os participantes com tanta antecedência (até 12 dias, seguindo a exigência estadual da Geórgia) nem dispensar o usocrb e ituano palpitemáscaras. Basta um errocrb e ituano palpiteresultadocrb e ituano palpiteum único exame para que um grupo inteiro fique exposto.

"A covid-19 se desenvolve e se transmite muito rapidamente: são apenas alguns dias, ao contráriocrb e ituano palpitemeses (para se desenvolver outras doenças infecciosas) como HIV e hepatite", diz o microbiologista.

"Então uma falha tem consequências muito rápidas. Imagine que você tem um teste muito bom, que funcione para 99% das pessoas, e sócrb e ituano palpite1% dos casos pode dar um falso negativo e indicar que a pessoa não tem o vírus, quando ela tem. Se você vai fazer um evento para 500 pessoas e 100 delas podem estar com covid-19, pelo menos uma pode testar negativo com o vírus, entrar no evento e transmitir para outras 500. Uma só pessoa."

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