Coronavírus: o que dizem os estudos publicados sobre cloroquina, defendida por Bolsonaro e Trump:brabet jogo da bombinha

Crédito, AFP

Legenda da foto, Houve pressão por partebrabet jogo da bombinhaBolsonaro para que Brasil autorizasse uso da cloroquinabrabet jogo da bombinhapacientes com coronavírus no Brasil, mas ex-ministro Nelson Teich afirmou que medicamento era uma incerteza

Atualmente, no Brasil, o uso é autorizado sóbrabet jogo da bombinhapacientesbrabet jogo da bombinhaestado crítico e moderado já internadosbrabet jogo da bombinhahospitais, quando médico e paciente concordam com o uso. Mas o presidente Jair Bolsonaro vinha defendendo o uso do medicamento e pressionando Teich para autorizar o usobrabet jogo da bombinhacloroquinabrabet jogo da bombinhapacientesbrabet jogo da bombinhaestágio inicial da covid-19 no Brasil. Apoiadores do presidente também têm cobrado a liberação imediata do medicamento.

Teich afirmou que o medicamento era uma incerteza, e acabou se demitindo. Luiz Henrique Mandetta, ministro antes dele, disse ao jornal Folhabrabet jogo da bombinhaS.Paulo,brabet jogo da bombinhaentrevista publicada na segunda-feira (18), que a ampliação do usobrabet jogo da bombinhacloroquina para pacientes com quadro leve do novo coronavírus pode elevar a pressão por vagasbrabet jogo da bombinhacentrosbrabet jogo da bombinhaterapia intensiva e provocar mortesbrabet jogo da bombinhacasa por arritmia.

O presidente americano, Donald Trump, disse estar tomando o medicamento como prevenção contra o coronavírus, mesmo sem evidências científicas para tanto.

Quais são os riscos do uso?

A cloroquina é usada faz algum tempo para prevenir e tratar a malária, enquanto a hidroxicloroquina já foi usada para tratar a malária e hoje é usada para tratar artrite reumatoide e alguns sintomasbrabet jogo da bombinhalupus, alémbrabet jogo da bombinhaoutras doenças autoimunes.

"Em uma pandemia, admite-se o que chamamosbrabet jogo da bombinhareposicionamentobrabet jogo da bombinhamedicamentos. Um medicamento tradicionalmente usadobrabet jogo da bombinhaoutras doenças pode ser usadobrabet jogo da bombinhaoutro cenário", explica Ana Cristina Simões e Silva, professora titular do departamentobrabet jogo da bombinhapediatria da Universidade Federalbrabet jogo da bombinhaMinas Gerais e pesquisadora da CNPQ que fez, com colegas, uma revisãobrabet jogo da bombinhaliteratura sobre os ensaios clínicos da cloroquina para a covid-19.

"O que não é correto é pessoas saírem comprando sem nenhum controle. O medicamento só deve ser usado no hospital, monitorado por médicos."

Por já serem usados para outras doenças, os efeitos adversos clássicos dos medicamentos, quando não associados a covid-19, já são conhecidos. Os mais relevantes são relacionados ao sistema cardiovascular — os medicamentos podem acelerar o ritmo do coração.

Segundo o documento da Sociedade Brasileirabrabet jogo da bombinhaInfectologia, outros efeitos adversos são retinopatias, hipoglicemia grave e toxidade cardíaca. Por isso, é "exigido contínuo monitoramento médico dos indivíduosbrabet jogo da bombinhauso da cloroquina ou hidroxicloroquina". Outros efeitos colaterais possíveis são diarreia, náusea, mudançasbrabet jogo da bombinhahumor e feridas na pele.

"Sem prescrição e acompanhamento médico, a pessoa que toma o medicamento pode correr riscos. Só um médico pode monitorar os efeitos colaterais e a quantidade receitada. Isso é muito importante", diz à BBC News Brasil o médico intensivista italiano Andrea Cortegiani. "Os remédios só podem ser tomados sob supervisão médica."

Além disso, diz ele, para decidir se um medicamento deve ser prescrito para determinada situação, o órgão regulatório do país segue evidências, e médicos devem seguir o órgão regulatório.

Por fim, apesar dos efeitos colaterais clássicos serem conhecidos, pouco se sabe ainda sobre os efeitos colateraisbrabet jogo da bombinhapacientes com covid-19, e dos efeitos adversos dos medicamentos usadosbrabet jogo da bombinhaassociação com outros, como o antibiótico azitromicina, para pessoas doentes por causa do vírus.

Alguns estudos já publicados

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 'A maior parte dos dados divulgados ou publicados até agorabrabet jogo da bombinhacloroquina ou hidroxicloroquina, e as pesquisas sobre covid-19brabet jogo da bombinhageral, são imprecisas', diz levantamento sobre estudos publicados até agora

A hidroxicloroquina foi vista com esperança como um possível tratamento para o coronavírusbrabet jogo da bombinhaum primeiro momento por causabrabet jogo da bombinhaum estudo in vitro feito na China cujos resultados haviam sido positivos. Isso significa que o medicamento foi testado com sucessobrabet jogo da bombinhalaboratório,brabet jogo da bombinhaculturabrabet jogo da bombinhacélulas. A pesquisa concluiu que o medicamento inibiu a entrada do vírus nas células e bloqueou o transporte do vírus entre organelas das células (endossomos e endolisossomos) o que, segundo nota técnica da Anvisa (Agência Nacionalbrabet jogo da bombinhaVigilância Sanitária) sobre o estudo, parece ser a etapa determinante para a liberação do genoma viral nas células no caso do Sars-CoV-2.

Mas o resultado obtidobrabet jogo da bombinhaum estudobrabet jogo da bombinhalaboratório não se traduz necessariamente quando aplicadobrabet jogo da bombinhahumanos. E, para concluirbrabet jogo da bombinhafato se é eficaz e seguro nas pessoas, é preciso fazer um estudo clínico.

Depois disso, outro estudo publicado na França, feito por cientistas da Universidadebrabet jogo da bombinhaMedicinabrabet jogo da bombinhaMarselha, anunciou resultados positivos. A pesquisa analisou o uso da hidroxicloroquina associada ao uso do antibiótico azitromicina, e concluiu que o tratamento com a hidroxicloroquina era associado à diminuição ou desaparição da carga viralbrabet jogo da bombinhapacientes com covid-19, e que seu efeito era reforçado pela azitromicina.

No entanto, a pesquisa foi desacreditada pela comunidade científica. Houve críticas ao número reduzidobrabet jogo da bombinhapacientes (apenas 36), à comparação pouco rigorosa entre gruposbrabet jogo da bombinhapacientes e à maneira como os resultados foram medidos. O estudo não analisou se o paciente melhorou, piorou ou morreu, mas, sim, por quanto tempo o vírus era detectadobrabet jogo da bombinhaseu corpo. Além disso, a pesquisa foi aceita para a publicaçãobrabet jogo da bombinhaapenas 24 horas.

Outros estudos menores também foram publicados, como um na China, randomizado e com gruposbrabet jogo da bombinhacontrole, feito com 62 pacientes. Pacientes que recebiam hidroxicloroquina, segundo a pesquisa, tiveram períodos menoresbrabet jogo da bombinhafebre e tosse. A quantidadebrabet jogo da bombinhapessoas no estudo é considerada pequena (estudos mais sólidosbrabet jogo da bombinhageral têm centenas ou milharesbrabet jogo da bombinhapacientes), e nenhum deles estavabrabet jogo da bombinhaestágio grave. O estudo tampouco foi revisado por pares.

No Brasil, um estudo preliminar sobre o usobrabet jogo da bombinhacloroquina para tratar pacientes com sintomasbrabet jogo da bombinhacovid-19 foi interrompido depois que 11 pessoas morreram. Segundo os pesquisadores, altas doses do medicamento poderiam levar a quadros severosbrabet jogo da bombinhaarritmia ou batimentos cardíacos irregulares. A pesquisa preliminar foi divulgada no medRxiv, um servidor virtualbrabet jogo da bombinhainformações da área da saúde. Mais tarde, no fimbrabet jogo da bombinhaabril, uma versão revisada por pares foi publicada na revista Jama (Journal of American Medical Association), um importante periódico do meio científico. Os cientistas recomendaram que altas dosesbrabet jogo da bombinhacloroquina não deveriam ser adotadas para pacientesbrabet jogo da bombinhaestágio gravebrabet jogo da bombinhacovid-19.

A FDA, a Anvisa americana, alertou contra o usobrabet jogo da bombinhahidroxicloroquina ou cloroquina fora do hospital oubrabet jogo da bombinhaensaios clínicos por causabrabet jogo da bombinha"problemasbrabet jogo da bombinhaarritmia". "Não há provasbrabet jogo da bombinhaque hidroxicloroquina e cloroquina sejam seguras ou eficazes para tratar e prevenir a covil-19", diz comunicado do órgão.

Artigo publicadobrabet jogo da bombinha3brabet jogo da bombinhajunho no periódico especializado The New England Journal of Medicine aponta que a hidroxicloroquina não previne a covid-19. O estudo foi feito com 821 pessoas - parte delas tomou hidroxicloroquina e outra parte tomou placebo. A covid-19 se desenvolveubrabet jogo da bombinha107 participantes, mas não houve diferença significativa, segundo os autores, nas taxas entre os que receberam o medicamento (49brabet jogo da bombinha414, ou 11,8%) e os que receberam placebo (58brabet jogo da bombinha407, ou 14,3%).

E, por fim, duas grandes pesquisas recentes foram publicadasbrabet jogo da bombinhaperiódicos científicos, e as duas jogaram um baldebrabet jogo da bombinhaágua fria na hipótesebrabet jogo da bombinhaque a hidroxicloroquina poderia ser uma boa solução para a covid-19. Ambas foram observacionais —brabet jogo da bombinhaoutras palavras, feitas com um olhar posterior aos dadosbrabet jogo da bombinhapacientes tratados e, portanto, com poder científico menor que ensaios clínicos.

"Nos estudos observacionais, você volta no passado e verifica o que aconteceu, ou então vai acompanhando casos sem fazer intervenções", explica Simões e Silva. " Esses estudos têm poder científico um pouco menor. Não permitem concluir se um remédio é benéfico ou não. Os estudos sugerem, e daí tem que fazer depois um ensaio clínico para ter o graubrabet jogo da bombinhaevidência necessário."

De qualquer forma, os dois estudos foram com um número elevadobrabet jogo da bombinhapacientes e feito com revisão por pares (submeter o trabalho científico ao escrutíniobrabet jogo da bombinhaum ou mais especialistas do mesmo escalão que os autores)brabet jogo da bombinharespeitados periódicos científicos, e, portanto, são mais robustos do que os estudos menores publicados até então.

Uma das pesquisas foi publicada na segunda (11) na revista Jama (Journal of the American Medical Association). O estudo com 1.438 pacientes não encontrou reduçãobrabet jogo da bombinhamortalidade por covid-19 nas pessoas medicadas com hidroxicloroquina. A pesquisa analisou dadosbrabet jogo da bombinhapacientes internados entre 15brabet jogo da bombinhamarço e 24brabet jogo da bombinhaabrilbrabet jogo da bombinhahospitais da região metropolitanabrabet jogo da bombinhaNova York.

O outro estudo foi publicado no The New England Journal of Medicine, e examinou 1.376 pacientes que ficaram internados por maisbrabet jogo da bombinha24 horasbrabet jogo da bombinhaestados moderados ou graves da doença. Do total, 58,9% foram medicados com a hidroxicloroquina, e o restante não. A pesquisa apontou que não havia evidênciasbrabet jogo da bombinhaque o uso da hidroxicloroquina influenciou na reduçãobrabet jogo da bombinhamortes ou intubações.

"Ensaios randomizados e controladosbrabet jogo da bombinhahidroxicloroquina com pacientes com covid-19 são necessários", concluiu a pesquisa.

Há tantos estudos e confusão sobre eles, que um levantamento feito por pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá analisou justamente os estudos que já existem sobre a eficácia e segurança dos medicamentos contra a covid-19. Publicado no Journal of Clinical Epidemiology, o trabalho analisou 12 pesquisas já publicadas. Concluiu que a metodologia usada até agora tem sido "muito pobre".

"A maior parte dos dados divulgados ou publicados até agorabrabet jogo da bombinhacloroquina ou hidroxicloroquina, e as pesquisas sobre covid-19brabet jogo da bombinhageral, são imprecisas e correm um risco altobrabet jogo da bombinhaviésbrabet jogo da bombinhasuas estimativasbrabet jogo da bombinhaefeito. Essa é nossa preocupação", diz o estudo.

Segundo o levantamento, a demanda massiva por evidênciasbrabet jogo da bombinhatratamento para uma doença nova como a covid-19 pode estar afetando,brabet jogo da bombinhamodo não intencional, a conduta dos estudos científicos. Também pode estar afetando os processosbrabet jogo da bombinhapublicação ebrabet jogo da bombinharevisão por pares.

"Entendemos as barreiras para executar pesquisas rigorosas quando os sistemasbrabet jogo da bombinhasaúde estão saturados com uma nova doença. No entanto, uma situaçãobrabet jogo da bombinhaemergênciabrabet jogo da bombinhapandemia não transforma métodos e dados com problemasbrabet jogo da bombinharesultados confiáveis. A pesquisa clínica robusta e comparativa que é necessária para tomar decisões informadas e baseadasbrabet jogo da bombinhaevidências segue ausente."

Crédito, MARCELO CASAL/AGENCIA BRASIL

Legenda da foto, Há maisbrabet jogo da bombinha150 ensaios científicos envolvendo cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19 registradosbrabet jogo da bombinhadiversos bancosbrabet jogo da bombinhadados internacionais

Idas e vindas - Lancet e OMS

Nos últimos três meses, a Organização Mundial da Saúde vem coordenando o estudo internacional Solidaritybrabet jogo da bombinha18 países para avaliar a segurança e a eficáciabrabet jogo da bombinhadiferentes drogas para combater o coronavírus.

No fimbrabet jogo da bombinhamaio, a OMS decidiu suspender os estudos com a hidroxicloroquina com o objetivobrabet jogo da bombinhareavaliarbrabet jogo da bombinhasegurança antesbrabet jogo da bombinharetomar as pesquisas. Atualmente, a organização diz que, por enquanto, cloroquina e hidroxicloroquina só devem ser usadasbrabet jogo da bombinhaexperimentos,brabet jogo da bombinhahospitais e sob supervisão médica.

A decisão se deu depois que a revista científica Lancet publicou no dia 22/5 uma pesquisa com 96 mil pessoas internadas com coronavírusbrabet jogo da bombinha671 hospitaisbrabet jogo da bombinhaseis continentes mostrando que o usobrabet jogo da bombinhahidroxicloroquina e cloroquina estava ligado a um risco maiorbrabet jogo da bombinhaarritmia ebrabet jogo da bombinhamorte.

De acordo com a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, a suspensão dos estudos sobre a hidroxicloroquina foi feito por precaução, devido ao fatobrabet jogo da bombinhao estudo da Lancet ter sido feito com um número expressivobrabet jogo da bombinhapacientes e após questionamentos feitos por agênciasbrabet jogo da bombinhasaúdebrabet jogo da bombinhavários países.

No dia 4/6, no entanto, a Lancet anunciou que esse artigo publicadobrabet jogo da bombinha22brabet jogo da bombinhamaio refutando os benefícios da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento para a covid-19 foi retratado, medida adotada quando algum tipobrabet jogo da bombinhamá conduta, fraude ou erro é detectado.

A revisão se deu depoisbrabet jogo da bombinhacríticasbrabet jogo da bombinhaoutros pesquisadores. Três dos autores do artigo afirmaram que solicitaram uma auditoria independente do trabalho da empresa Surgisphere Corporation ebrabet jogo da bombinhaseu fundador e coautor da publicação, Sapan Desai. Os dados coletados pela empresabrabet jogo da bombinhaseu sistema foram base para o artigo.

Como uma revisão independente não pode ter acesso aos dados usados na estudos, os três pesquisadores disseram que não poderiam mais garantir a veracidade das fontesbrabet jogo da bombinhadados primárias e o artigo foi retirado.

Em reação, o conselho do programa Solidariedade, coordenado pela OMS, decidiu retomar os estudos com a droga.

Por que não há estudos com conclusão definitiva ainda?

O motivo pela faltabrabet jogo da bombinhaevidências sobre a eficácia e segurança dos medicamentos para a covid-19 é a metodologia das pesquisas publicadas até agora.

"Os estudos que temos até agora são pequenos. Alguns sugerem a eficácia do medicamento, e outros, o contrário, mostram até efeitos colaterais graves", diz Ana Cristina Simões e Silva, a professora da UFMG.

"Ainda não temos um estudobrabet jogo da bombinhagrande porte, confiável, que dê respaldo ou conclusão sobre o medicamento para essa doença. O desenho do estudo é extremamente importante parabrabet jogo da bombinhaconclusão. Os mais confiáveis e bem desenhados ainda estãobrabet jogo da bombinhaandamento, sem resultados publicados."

Por enquanto, diz Cortegiani, o médico intensivista e pesquisador italiano, o que podemos dizer é que os dados que temos agora são melhores do que tínhamos antes, mas ainda não são conclusivos. Em março, ele publicou uma pesquisa resumindo as evidências que se tinha até o momento para a cloroquina como tratamento para a covid-19.

Hoje, "sabemos que talvez o tratamento com hidroxicloroquina não seja capazbrabet jogo da bombinhainfluenciar a mortalidadebrabet jogo da bombinhapacientes por covid-19, e que possivelmente ministrar o medicamento com [o antibiótico] azitromicina pode causar maiores danos".

Embora as evidências mais confiáveis até agora apontem para essa conclusão, isso ainda pode mudar com novas pesquisas, ele ressalta.

Estudos com metodologia mais completa ainda devem ser publicados. Há maisbrabet jogo da bombinha150 ensaios científicos registradosbrabet jogo da bombinhadiversos bancosbrabet jogo da bombinhadados internacionais envolvendo cloroquina e hidroxicloroquina, sozinhos ou com outros medicamentos como tratamento contra a covid-19.

Nenhuma das pesquisas publicadas até agora atingiu o gold standard (o "padrão ouro", no jargão científico) para demonstrar a segurança e eficáciabrabet jogo da bombinhaum medicamento.

Esse padrão exige um ensaio clínico randomizado, ou seja, com integrantes escolhidosbrabet jogo da bombinhaforma aleatória, com variáveis controladas, e feitobrabet jogo da bombinhagrande escala. Também há outras metodologias que conferem mais legitimidade a um estudo: o duplo-cego, quando nem o paciente nem o examinador sabem o que está sendo usado como variável, e os gruposbrabet jogo da bombinhacontrole,brabet jogo da bombinhaque se examina uma variável por vez — usando, por exemplo, um tratamento padrão, um placebo ou nenhum tratamento,brabet jogo da bombinhadiferentes grupos. "Isso torna o estudo mais robusto e a conclusão fica mais confiável", diz Simões e Silva.

Ter gruposbrabet jogo da bombinhacontrole é importante para poder comparar resultadosbrabet jogo da bombinhaquem recebeu tratamento com os medicamentos, e assim aferirbrabet jogo da bombinhaeficácia e segurança. "Se você tiver efeitos adversos maiores no grupo que recebeu o medicamentobrabet jogo da bombinharelação ao grupo que não recebeu, você consegue medir a segurança das drogas testadas", explica Cortegiani.

Um ensaio clínico randomizado é importante porque, do contrário, você não terá certeza que qualquer efeito é derivado do tratamento, diz a microbiologista americana-holandesa Elisabeth Bik, consultorabrabet jogo da bombinhaintegridade científica que se especializoubrabet jogo da bombinhaanalisar publicações científicas.

E Simões e Silva explica por que é necessário ter um tamanho amostral grande,brabet jogo da bombinhacentenas ou milharesbrabet jogo da bombinhapessoas. "Um tamanho amostral pequeno significa que pode ter tido um viésbrabet jogo da bombinhaseleção, pegando só pacientes com casos leves, por exemplo, que iam melhorarbrabet jogo da bombinhaqualquer jeito."

"Quanto mais pacientes, maior a chance da conclusão ser correta e poder ser generalizada para a população. Tem um poder estatístico maior."

Também é importante que um estudo científico passe por um processobrabet jogo da bombinharevisão por pares. Isso consistebrabet jogo da bombinhasubmeter o trabalho científico ao escrutíniobrabet jogo da bombinhaum ou mais especialistas do mesmo escalão que o autor, que fazem comentários ou sugerem a edição do trabalho analisado, com arbitragem do editor da publicação científica. Publicações sem esse processo são vistos com desconfiança por acadêmicos.

"É preciso entender que, sem a revisão por pares, aquela publicação consiste apenas na visão do autor sobre as coisas, sem que outros cientistas tenham lido aquilo", diz Bik.

Além disso, diz ela, "a revisão por pares, que normalmente leva meses, está sendo acelerada". "Todos estão sedentos por conhecimento sobre o coronavírus, mas pular esse processo pode causar mais danos do que o contrário", afirma.

E o fatobrabet jogo da bombinhaque os medicamentos estão no meiobrabet jogo da bombinhauma disputa política — envolvendo pressão por seu uso feita por presidentes, com no caso do Brasil e dos EUA — não ajuda as pesquisas, segundo um artigo da revista Nature: "Algumas pessoas não querem participarbrabet jogo da bombinhaensaios clínicos que os obrigariam a abrir mãobrabet jogo da bombinhatratamentos com cloroquina".

O virologista Jeremy Rossman, professor da Universidadebrabet jogo da bombinhaKent, no Reino Unido, no entanto, diz que, apesar dos estudos feitos até agora serem pequenos, tiveram uma variedadebrabet jogo da bombinhaensaios clínicosbrabet jogo da bombinhadiferentes formatos e diferentes países com dados suficientes para provar que a cloroquina não ajuda para a covid-19. "Não só não ajuda, como há um risco."

Ele acha que nem vale a pena fazer ensaios clínicos maiores, e que seria "absolutamente essencial focar nos medicamentos com maior chancebrabet jogo da bombinhasucesso". "Quanto mais cedo tivermos esses dados, melhor. Precisamos priorizar, e já foi provado que a cloroquina não deve ser prioridade."

Estudosbrabet jogo da bombinhaandamento

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No Brasil, segundo o último relatório da Conep (Comissão Nacionalbrabet jogo da bombinhaÉticabrabet jogo da bombinhaPesquisa), há 15 ensaios com cloroquina ou hidroxicloroquinabrabet jogo da bombinhaandamento

De qualquer forma, há, sim, grandes estudosbrabet jogo da bombinhaandamento — e devemos ter uma resposta mais definitivabrabet jogo da bombinhabreve. Há um grande esforço internacional para verificar se o medicamento ébrabet jogo da bombinhafato eficiente e seguro contra o coronavírus.

A cloroquina ebrabet jogo da bombinhavariante estão entre os quatro fármacos que estão sendo estudadosbrabet jogo da bombinhauma iniciativa lançada pela OMS batizadabrabet jogo da bombinhaSolidariedade — e o Brasil faz parte dela, por meio da Fiocruz.

No Brasil, segundo o último relatório da Comissão Nacionalbrabet jogo da bombinhaÉticabrabet jogo da bombinhaPesquisa (Conep), há 15 ensaios com cloroquina ou hidroxicloroquinabrabet jogo da bombinhaandamento. Alguns resultados devem sair no fimbrabet jogo da bombinhamaio.

Um dos estudos é do Projeto Coalizão Covid Brasil, liderado pelos hospitais Albert Einstein, Sírio Libanês e HCor, além da Rede Brasileirabrabet jogo da bombinhaPesquisabrabet jogo da bombinhaTerapia Intensiva. Entre outros objetivos, o grupo realiza testes clínicos com a cloroquina e a hidroxicloroquina.

A ideia é realizar testesbrabet jogo da bombinha70 hospitais pelo paísbrabet jogo da bombinhamais ou menos mil pessoas com diferentes quadros: dos leves aos mais graves, inclusive aqueles que estão na UTI,brabet jogo da bombinhauma pesquisa que deve durar entre dois e três meses.

Hospital no Piauí

Apoiadoresbrabet jogo da bombinhaBolsonaro também têm incensado uma iniciativabrabet jogo da bombinhaFloriano, uma cidadebrabet jogo da bombinha60 mil habitantes no Piauí, onde um hospital tem administrado hidroxicloroquina, azitromicina e corticoidesbrabet jogo da bombinhaacordo com o estágio da covid-19. A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, visitou o município na quinta-feira (14) e reuniu-se com o prefeito da cidade, o secretário municipalbrabet jogo da bombinhaSaúde e médicos.

Segundo o Comprova, projeto jornalístico que verifica desinformação nas redes, o tratamento aplicado no Hospital Regional Tibério Nunes foi aplicadobrabet jogo da bombinha15 pessoas, sem grupobrabet jogo da bombinhacontrole (pacientes que não fizeram uso do medicamento para fins científicosbrabet jogo da bombinhacomparação). Não há comparativo ou estudo que indique que a melhora clínica se deu exclusivamente por conta das medicações usadas.

À revista Veja, o secretáriobrabet jogo da bombinhaSaúdebrabet jogo da bombinhaFloriano (PI), James Rodrigues, disse ter receiobrabet jogo da bombinhaque os resultados anunciados pelo município no uso da cloroquina se tornem uma "exploração política".

"Nos preocupa muito essa exploração política. Não pode. No Brasil há uma divisão: esquerda é contra a cloroquina e a direita é a favor. Não é assim. As evidências que temos aqui são pequenas. Em vezbrabet jogo da bombinhaficar com braços cruzados, estamos buscando alternativas", disse à revista.

Para o virologista Rossman, a politização da cloroquina dá às pessoas "falsa esperança", e a sensaçãobrabet jogo da bombinhaque há um bom tratamento ou um bom medicamento pode fazer com que não tomem as mesmas precauções que tomariam. Também pode fazer com que elas se automediquem, o que é extremamente perigoso, alémbrabet jogo da bombinhazerar o estoquebrabet jogo da bombinharemédiosbrabet jogo da bombinhaquem realmente precisa.

"Há um perigo realbrabet jogo da bombinhapolitizar o assunto antes das evidências científicas. Tem havido uma desconexão grande entre as mensagens políticas e o que os dados científicos dizem."

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