'Dois mundos diferentes': a sagacasoo casinofamília que cruzou Peru e Brasilcasoo casinocarrocasoo casinomeio à pandemia:casoo casino
O plano da família, que vive entre Bélgica, Portugal e Brasil, era conhecer os países sul-americanoscasoo casinocarro, aproveitando os últimos meses no continente antescasoo casinovoltar à Europa. Eles pretendiam passar pelo interior do Brasil e por Peru, Chile, Argentina e Uruguai até chegar a São Paulo, onde venderiam o carro e voltariam ao Cearácasoo casinoavião. Nem a metade do caminho foi realizada.
No dia 15casoo casinomarço, nove dias após o aparecimento do primeiro casocasoo casinocovid-19 no país, o governo do Peru declarou uma das quarentenas mais rígidas na América Latina, proibindo a circulaçãocasoo casinopessoas e fechando suas fronteiras. Três dias mais tarde, foi imposto um toquecasoo casinorecolher geral, entre as 18h e as 5h.
Trancados no Peru
No diacasoo casinoque o governo peruano resolveu adotar as duras medidas contra o vírus, a família se encontrava na cidadecasoo casinoPuno, onde fazia passeios pelo lago Titicaca. Fazia apenas oito dias que os viajantes haviam cruzado a fronteira do Brasil para o Peru, pelo Acre. Naquele mesmo dia, a mortecasoo casinoum homem na Argentina era a primeira registrada na América do Sul. O Brasil tinha 19 casos.
"A gente estavacasoo casinoMachu Picchu e Cuzco dias antes e já víamos algumas pessoascasoo casinomáscara. Mas nunca podíamos imaginar o que iria virar. Quando o Peru entroucasoo casinoquarentena, decidimos tentar cruzar logo a fronteira com o Chile para sair, já que sabíamos que as estradas no Brasil estavam muito ruins. Mas não conseguimos nem chegar lá", relembra Maria.
Ela diz que as medidas no país andino foram tão drásticas que a família quase não conseguiu circular nas estradas para achar uma hospedagem. O carro teve que ser escoltado para fora da cidadecasoo casinoPuno pela polícia.
Já na rodoviacasoo casinodireção ao Chile, o Exército peruano só os deixou seguir viagem com uma condição: a família precisava pararcasoo casinoum hotel na cidade mais próxima e não sair maiscasoo casinolá. Caso contrário, Maria e Tommy seriam detidos.
"Por sorte, eu tinha comprado máscaras e álcoolcasoo casinogel no Brasil. A partir dali, os soldados falaram que, se fôssemos pegos sem máscaras, iríamos ser levados à delegacia."
A hospedagem que encontraram foi na cidadecasoo casinoTacna, perto da fronteira com o Chile. A família era a única hospedada ali e dependiacasoo casinosopacasoo casinogalinha ecasoo casinooutras comidas vendidas pelos funcionários para se alimentar.
Os quatro tiveram que permanecer no quartocasoo casinohotel por nove dias monitorando a situação junto à embaixada brasileiracasoo casinoLima.
Nos primeiros diascasoo casinoquarentena, uma das filhascasoo casinoMaria teve uma crise rotineiracasoo casinoamigdalite, suficiente para que os funcionários do hotel parassemcasoo casinofornecer-lhes qualquer tipocasoo casinoserviço. "Pararam atécasoo casinolimpar o quarto", diz.
Foi só quando a Embaixada do Brasil começou a tramitar junto ao governo do Peru os pedidoscasoo casinoautorização para o deslocamento terrestrecasoo casinocidadãos brasileiros que a família pôde começar a planejar a volta. Como não havia a certezacasoo casinovoos partindocasoo casinoLima, a família resolveu encarar o caminho terrestre.
No documento que carregavam estava o roteirocasoo casinotodas as cidades pelas quais iriam passar, sem a possibilidadecasoo casinomodificação.
As diferenças no combate à covid-19
Da saída do hotelcasoo casinoTacna,casoo casino26casoo casinomarço, até a cidadecasoo casinoPuerto Maldonado, próxima à fronteira com o Acre, a família gastou três dias, sempre sem saber como iria comer ou onde iria dormir no dia seguinte, já que hotéis resistiamcasoo casinoreceber hóspedes.
"Parecia que estavam vendo o diabo e fechavam a porta na nossa cara. A gente pensou que ia dormir no carro, no acostamento, numa estrada deserta, numa temperaturacasoo casino7 graus. Mas, no fim sempre conseguimos achar um lugar", lembra Maria.
Numa noite, sem restaurantes ou mercado aberto, a família jantou cereal, pão e maçã que havia guardado.
Nas contascasoo casinoMaria, o carro foi parado maiscasoo casinotrinta vezes pelo Exército peruano, para conferência da documentação. "Era muito agressiva a abordagem, dava muito medo. Nas ruas, (havia) muitos peruanos que trabalhavam como ambulantes passando fome, pedindo dinheiro. (Era) Muito triste a situação", relata.
Ao entrar no Brasil,casoo casino29casoo casinomarço, a família já percebeu a diferença no nível da quarentena ecasoo casinopreocupação das pessoascasoo casinorelação à pandemia. Após perguntas e mediçãocasoo casinotemperatura no posto aduaneirocasoo casinoAssis Brasil, a viagem pelo país continuou sem maiores problemas.
"Percebi que pouca gente usava máscaras, (havia) muita gente bebendo nas ruas, nos forróscasoo casinobeiracasoo casinoestrada. Isso me chocou ainda mais porque estava vindocasoo casinouma realidade completamente fechada. Eram dois países vizinhos, mas dois mundos completamente diferentes", conta. No balançocasoo casinoquinta-feira (07/05), o Brasil registrava maiscasoo casino135 mil casos e 9.146 mortes. Já o Peru tinha 58 mil casos e 1.627 mortos.
A família percorreu os Estadoscasoo casinoAcre, Rondônia (onde pararam por dois dias para descansar com as filhas e lavar roupas), Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Ceará. "A gente que ficava usando máscara e evitando contato com as pessoas, parecia que éramos os estranhos", lembra Maria.
Os dias mais complicados da viagem foram na rodovia Transamazônica, rota escolhida por indicação dos aplicativoscasoo casinogeolocalização. Foram dois pneus perdidos e muita solidariedadecasoo casinocaminhoneiros para sair dos atoleiros. "A gente estava muito feliz por estar no nosso país, mascasoo casinopânico pela estrada. Não havia asfalto, e não conseguíamos passar dos 30 km/h."
Apesar dos problemas, Maria conta que se mantinha calma porque as filhas pareciam estar aproveitando até os perrengues do caminho. A chegada na Grande Fortaleza foi na madrugada do dia 12casoo casinoabril. "Elas falaram que só não gostaramcasoo casinouma coisa: o coronavírus."
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