A farsa dos caixões vazios usados para minimizar mortes por covid-19:pixbet é boa
"Essas notícias falsas fazem com que as pessoas desacreditem nas informações que passamos. Muitos ficam pensando que nossas informações sobre os óbitos são falsas. Isso nos atrapalha demais", relata uma enfermeirapixbet é boaManaus, que pediu para não ser identificada. O Amazonas, que enfrenta colapso no sistemapixbet é boasaúde, costuma ser um dos mais citados nas fake news.
O filósofo Pablo Ortellado, professor da USP, afirma à BBC News Brasil que o compartilhamentopixbet é boafake news no atual contexto da pandemia é partepixbet é boaações negacionistas sobre o novo coronavírus. "É como se as notícias reais fossem para 'causar terrorismo' na população. Podemos observar que as pessoas que mais acreditam nessas fake news são as que menos estãopixbet é boaisolamento social", declara.
Notícias falsas que causarem pânico, principalmente no atual contexto da pandemia, difamarem alguém ou acusarem sem provas podem terminarpixbet é boapunições legais.
As fake news
Nesta quinta-feira (7), o Brasil ultrapassou a marca dos 9.000 mortos pelo novo coronavírus. Já foram registrados maispixbet é boa135 mil casos. Nos três últimos dias, os números diáriospixbet é boaóbitos chegaram ao patamarpixbet é boa600.
Diante do atual cenário da pandemia no país, as fake news se tornam empecilhos para a conscientização das pessoas sobre o Sars-Cov-2, nome oficial do novo coronavírus.
"As fake news são sempre danosas, especialmente neste momento. Gerar esse ruído na informação correta prejudica a população que mais precisapixbet é boaajuda. Isso faz com que aqueles menos escolarizados e com menos capacidadepixbet é boainterpretação acreditem que estão acontecendo coisas como o enterropixbet é boacaixões vazios", declara Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta, ONG que trabalha na defesa da liberdadepixbet é boaexpressão e que possui iniciativaspixbet é boacombate à desinformação.
As notícias sobre supostos caixões sem corpos foram reforçadas pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Ela afirmou,pixbet é boaentrevista ao jornalista José Luiz Datena, que no Ceará há casospixbet é boacaixões enterrados vaziospixbet é boameio à pandemia. Segundo ela, a afirmação é comprovada por uma fotopixbet é boauma "moça carregando um caixão com um dedinho", como se estivesse encenando um enterro.
Zambelli não apresentou qualquer prova sobre a afirmação. Posteriormente, disse que recebeu as imagens sobre os supostos caixões vazios por meiopixbet é boaduas pessoas, mas não deu mais detalhes.
As declarações da deputada causaram indignação no governo do Ceará, que as classificou como inconsequentes e afirmou que irá à Justiça contra a parlamentar. "Tais declarações são um insulto aos profissionaispixbet é boasaúde cearenses e um desrespeito às famílias das vítimas, que já sofrem neste momento tão difícil", disse notapixbet é boarepúdio do governo cearense.
Apesarpixbet é boaZambelli não detalhar, uma das fake news que viralizaram nas últimas semanas mostra justamente uma mulher que estaria carregando um caixão nas pontas dos dedos. Nos comentários da imagem, diziam que o caixão estava vazio, por isso ela não precisaria fazer esforços. A Agência Lupa, porém, mostrou que a imagem foi modificada. A original, publicada pelo jornal Folhapixbet é boaS.Paulo, foi cortada para esconder que o caixão estava apoiado sobre uma mesa improvisada.
Propagar a desinformação
Para pesquisadores, há casospixbet é boafake news criadas por pessoas que realmente acreditam naquilo. Porém, os especialistas afirmam que boa parte das notícias mentirosas surgem por meiopixbet é boapessoas com o objetivopixbet é boapropagar a desinformação, conscientespixbet é boaque aquilo que estão compartilhando não é verdade.
"Boa parte dessas fake news são criadas para reforçar aquelas ideias que a pessoa defende. Uma das estratégias é que haja vídeos e áudios com muitos sotaques,pixbet é boadiferentes regiões do país, para gerar a convicçãopixbet é boaque aquilo realmente é uma realidade e acontecepixbet é boavários lugares", diz Ortellado, da USP.
Segundo o filósofo, um dos principais meiospixbet é boasurgimento dessas notícias falsas é o WhatsApp. "É um aplicativo que não pode ser monitorado totalmente, pois há muitos grupos privados, cujos conteúdos são criptografados. Então, fica praticamente impossível descobrir onde começou aquela fake news", explica.
Em muitos casos, o compartilhamentopixbet é boafake news não é considerado ato criminoso. No entanto, as consequências da notícia falsa podem ser avaliadas por autoridades e culminarpixbet é boaações judiciais.
Notícias falsas que causarem pânico, principalmente no atual contexto da pandemia, podem terminarpixbet é boapunições. "Pode ser enquadrado como uma contravenção penal por causar pânico ou tumulto. Se essa afirmaçãopixbet é boaenterrar caixões vazios gerar pânico, a pessoa pode ser responsabilizada por isso e pode ser multada por meio do pagamentopixbet é boacestas básicas", detalha o advogado Marcelo Crespo, doutorpixbet é boaDireito pela Universidadepixbet é boaSão Paulo (USP) e especialistapixbet é boaDireito Digital.
"Alémpixbet é boacontravenção penal, uma fake news pode se caracterizar como crime contra a honra, caso atribua essa mentira a alguém, e o responsável pela notícia falsa pode responder por injúria e difamação. Também pode ser casopixbet é boadenunciação caluniosa, que acontece se a pessoa diz algo sem ter nenhuma prova e as autoridades começam a apurar", acrescenta o especialista.
A condenação por difamação variapixbet é boatrês meses a um anopixbet é boadetenção, enquanto a por injúria variapixbet é boaum a seis meses. Já a por denunciação caluniosa pode chegar a oito anospixbet é boaprisão.
Especialistas orientam que é importante que as pessoas tenham cuidado ao se informar. Identificar a fonte da notícia — muitas das fake news não têm autoria clara — e a data da informação são itens fundamentais. "Há muitas fotos e notícias antigas, comopixbet é boacasospixbet é boacaixões vaziospixbet é boaanos anteriores, que são usadas agora como se fossem atuais e tivessem relação com o coronavírus", ressalta Blanco, do Instituto Palavra Aberta.
Casopixbet é boapolícia
Nesta semana, a Polícia Civilpixbet é boaMinas Gerais instaurou um inquérito para apurar um vídeo no qual uma mulher afirma que há caixões sendo enterrados com pedraspixbet é boaBelo Horizonte. Na gravação, ela afirma que autoridades locais querem aumentar os dados sobre mortes por covid-19 no município. Ela cita o prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), como um dos responsáveis.
"Aquipixbet é boaMinas está acontecendo um caso muito engraçado, principalmentepixbet é boaBelo Horizonte. Estão enterrando um montepixbet é boagente com o coronavírus. A própria família está enterrando, porque não está dando tempo para os coveiros enterrarem, para não ter aglomeraçãopixbet é boapessoas. Mandaram desenterrar os caixões para ver se era coronavírus. Sabe o que tem dentro do caixão? Pedra e madeira. Palhaçada, não?", diz a mulher,pixbet é boaum vídeo que viralizou nas redes sociais.
A Polícia Civilpixbet é boaMinas Gerais afirmou que checou a declaração dela e constatou que o vídeo apresentava notícias falsas. Em razão disso, a mulher poderia responder por denunciação caluniosa, difamação contra autoridade pública municipal e também a contravenção penalpixbet é boaproduzir pânico e tumulto.
"As pessoas devem ter a consciência na horapixbet é boaproduzir ou propagar qualquer tipopixbet é boainformação nas redes social. As atitudes na vida virtual também têm consequências na "vida real", podendo responder por crimespixbet é boainjúria, calúnia ou outros mais graves. Inclusive, a denunciação caluniosa como esse caso que é investigado", declarou o delegado Wagner Sales, que está apurando o caso.
Após a polícia abrir o inquérito, Valdete Zanco, responsável pelas afirmações, fez um novo vídeo para se desculpar. "Quero pedir perdão para o prefeitopixbet é boaBH, para o governador, para o Estado e para todas as famílias que se sentiram entristecidas com tudo aquilo. Não era a minha intenção. Não propaguei, mas quero dizer que estou arrependida, sofri bastante e estou aqui pra pedir desculpas", disse a mulher.
Em nota, a defesa dela disse que Valdete se apresentou à delegaciapixbet é boaJacutinga, no Sulpixbet é boaMinas Gerais, e se colocou à disposição da polícia. Ela argumentou que viu no Facebook uma publicação sobre caixões vaziospixbet é boaBelo Horizonte e depois ouviu um cliente, da lojapixbet é boaque ela trabalha, comentar sobre o mesmo assunto. Em razão disso, segundo o advogado Alexsander Pereira, ela acreditou que a história fosse verdadeira e gravou o vídeo. A mulher justificou que o objetivo era apenas informar pessoas próximas, mas a gravação começou a ser compartilhada massivamente.
O caso continuapixbet é boainvestigação pela Polícia Civil mineira.
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