'Coronavírus pode acabar com minha oportunidadepokerstars reclamaçõesser mãe': mulheres sofrem com suspensãopokerstars reclamaçõestratamentopokerstars reclamaçõesfertilidade:pokerstars reclamações

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Quanto mais o tempo passa, pior fica', diz a administradora Adriana Carlos, 37 anos

"O maior problema é que eu acabeipokerstars reclamaçõesfazer 37 anos e já tenho reserva ovariana baixa. Não dá para saber se isso vai se manter até o final do ano ou não. Quanto mais o tempo passa, pior fica, vai ficando mais difícil. Pode ser que quando eu retome o tratamento, minha reserva ovariana esteja muito abaixo do que estava no começo do ano", lamenta.

Desde março, as clínicaspokerstars reclamaçõesreprodução assistida no Brasil estão com seus trabalhos suspensos, deixando ansiosos as mulheres e casais passando pelo processo, que não é barato. Um tratamento pode custar entre R$ 15 mil e R$ 30 mil.

Crédito, Andrey Bezuglov/Getty Images

Legenda da foto, Em 2019, 43 mil mulheres passaram por ciclospokerstars reclamaçõesfertilização in vitro no Brasil

Ansiedade e solidão

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que a infertilidade afeta 15% dos casaispokerstars reclamaçõesidade fértil no mundo inteiro. Isso inclui problemaspokerstars reclamaçõessubfertilidade,pokerstars reclamaçõesque, no caso da mulher, apesar da ovulação ocorrer, a concepção não acontece por questões hormonais ou problemas físicos no aparelho reprodutivo. Segundo a organização, a infertilidade pode levar a "vergonha, estigma, ansiedade, depressão, sentimentospokerstars reclamaçõesbaixa autoestima e culpa".

É também um sofrimento solitário. Casais ou mulheres que tentam engravidar e depois passam por tratamentospokerstars reclamaçõesreprodução assistida não costumam contar para outras pessoas, como no casopokerstars reclamaçõesGiovana. Seu nome foi modificado justamente porque ela não quer que amigos descubram seu caso por meio da reportagem.

Agora, Giovana e outras mulheres estão sofrendo como o restante da população com a pandemia, mas vivem uma camada secretapokerstars reclamaçõessofrimento sem poder compartilhar com outras pessoas.

Em 2019, 43 mil mulheres passaram por ciclospokerstars reclamaçõesfertilização in vitro no Brasil. Para 2020, a Sociedade Brasileirapokerstars reclamaçõesReprodução Assistida (SBRA) esperava 50 mil processos. "Estamos muito preocupados. Comopokerstars reclamações2016, tivemos reduçãopokerstars reclamaçõesciclos por causa da zika, com esse movimentopokerstars reclamaçõesalerta da pandemia e todo mundo tendopokerstars reclamaçõesadiar ciclos, achamos que deve reduzir muito", diz Hitomi Nakagawa, especialistapokerstars reclamaçõesginecologia e obstetrícia e presidente da SBRA.

Há 183 clínicaspokerstars reclamaçõesreprodução assistida cadastradas com a Anvisa no Brasil. Em março, a SBRA recomendou que a maioria dos procedimentospokerstars reclamaçõesreprodução assistida fosse suspensa. Recentemente, atualizou a orientação para incluir exceções para casos individuais, "sob juízo do profissional", e evitando ainda as transferências embrionárias, uma etapa final da fertilização in vitro.

O processo passa pela estimulação ovariana com hormônios, depois pela captação e fecundação dos óvulos in vitro e, por fim, pela transferência embrionária, levando os embriões formados ao corpo da futura gestante. Em 2019, quase 72 mil embriões foram transferidos no Brasil.

'Nunca vou ter filhos'

Com transferências suspensas, fóruns e grupospokerstars reclamaçõesFacebook que reúnem mulheres tentando uma gravidez por meio da fertilização in vitro estão repletospokerstars reclamaçõesmensagens com relatos desesperados. "Meu médico cancelou a minha [transferênciapokerstars reclamaçõesembrião]... medo da minha reserva ovariana baixar mais ainda e eu não conseguir engravidar com meus próprios óvulos… ai, gente, tô angustiada", diz uma das dezenaspokerstars reclamaçõesmensagens no fórum BabyCenter, portalpokerstars reclamaçõesinformações sobre gestação e bebês.

Há relatos principalmentepokerstars reclamaçõesmulheres preocupadas por causa da idade.

Crédito, Morsa Images/Getty Images

Legenda da foto, Clínicas no Brasil estão com tratamentos suspensos, a não ser para casos específicos

Nakagawa diz que, depois dos 30 anos, a reservapokerstars reclamaçõesóvulos da mulher "vai se consumindo" e que, depois dos 35, "começa a decair muito significativamente". Por isso, é preciso ter uma atenção especial para as mulheres que procuram os serviçospokerstars reclamaçõesreprodução assistida depois dos 36 ou 37 anos.

É o casopokerstars reclamaçõesGiovana, que é engenheira civilpokerstars reclamaçõesSão Paulo e tem 36 anos. Tenta engravidar há quatro e, há dois, descobriu que tem problemas nas duas trompas. Um espermograma do marido também acusou problemas que poderiam ser sanados, entretanto, com medicamento. O casal já passou junto por dois processospokerstars reclamaçõesreprodução assistida — e gastou R$ 31 mil com isso.

"É um desgaste emocional e financeiro muito grande", relata ela, citando todos os remédios manipulados e injeções que tomou antespokerstars reclamaçõesdescobrir que os processos não tinham dado resultados. O casal partiu então para uma terceira tentativa.

O plano era esperar e tentar mais uma vez no ciclo seguinte, no fimpokerstars reclamaçõesmarço. "Quando eu menstruei, avisei meu médico, mas ele me disse que não poderíamos fazer mais por conta do coronavírus. Pensei: 'Pronto, ferrou. Já tenho reserva ovariana baixa, agora vai zerarpokerstars reclamaçõesvez e eu nunca vou ter filhos. Foi um desespero'."

Ela fala das vezespokerstars reclamaçõesque é cobrada por amigos e familiares a ter filhos, sem que saibam que é o que ela mais queria. Oupokerstars reclamaçõesquando as pessoas comentam do seu ganhopokerstars reclamaçõespeso, sem saber que é por causa da quantidadepokerstars reclamaçõeshormônio que tevepokerstars reclamaçõestomar.

"É um sentimento muito ruim. Eu tenho casa, trabalho, condiçãopokerstars reclamaçõester uma família e oferecer coisas que eu não tive e não consigo engravidar. Quanto mais o tempo passa, pior eu me sinto. Estou numa corrida contra o tempo", diz.

Adriana Carlos, do interiorpokerstars reclamaçõesSão Paulo, conta sentir uma misturapokerstars reclamaçõessensaçãopokerstars reclamaçõesperda, pressão e incerteza. "Fiquei esperando muitas situações ideais para chegar num momentopokerstars reclamaçõester um filho. Inevitavelmente passa pela minha cabeça que eu não vou poder ter", diz ela, que já gastou R$ 23 mil com o processo e calcula que gastará mais R$ 20 mil. "Os médicos falam: 'Cada mês, cada ano que passa, a qualidade dos óvulos diminui'. O tempo do corpo não espera."

Já são oito anospokerstars reclamaçõestentativa no casopokerstars reclamaçõesFernanda Fiuza, 37,pokerstars reclamaçõesBelo Horizonte (MG), que tem uma disfunção na hipófise que a impedepokerstars reclamaçõesengravidar. Nesse período, ela e o marido fizeram um processopokerstars reclamaçõesfertilização in vitro que não deu certo. Foipokerstars reclamações2018 e, naquela época, gastaram R$ 15 mil. Em novembro do ano passado, resolveram tentarpokerstars reclamaçõesnovo, desembolsando mais R$ 15 mil. Iam começarpokerstars reclamaçõesjaneiro, mas por questõespokerstars reclamaçõestrabalho e viagem, o marido pediu para que esperassem até março.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'É como se acabassem com um sonho', diz Fernanda Fiuza, que começaria uma segundo tentativapokerstars reclamaçõesfertilização in vitropokerstars reclamaçõesmarço, mas nem pode começar o tratamento por causa da pandemia

O processo nem pôde começar. "O mundo da 'tentante' [como são chamadas as mulheres que tentam engravidar] é todopokerstars reclamaçõesvolta do filho. Quando a gente descobre que não vai conseguir ter, é como se acabassem com um sonho. Como eu tenho 37 anos, para mim é pior ainda. Já tenho reserva baixa. Será que quando voltar tudo, vou conseguir?"

Gravidez e coronavírus

Outra preocupação recorrente entre as mulheres é a própria gravidez. Se conseguirem, finalmente, engravidar, correrão algum risco por causa do coronavírus?

Segundo Nakagawa, a presidente da SBRA, a entidade recomendou evitar tratamentospokerstars reclamaçõesrotina "por precaução e porque a gente não tem dadospokerstars reclamaçõesgravidez inicial". "A gente tem vários traumaspokerstars reclamaçõesalguns anos atrás do que aconteceu com o zika. Não sabemos se na fase inicial das gestantespokerstars reclamaçõescovid-19 vai haver diferença", afirma, destacando que não há estudos até agora apontando perigos.

Sua orientação é que os pacientes mantenham contato com os médicos para receberem orientações. "Há serviços que, realmente,pokerstars reclamaçõesacordo com a condição da mulher, será preciso fazer, com todos os cuidadospokerstars reclamaçõesafastamento social, máscara, e horáriospokerstars reclamaçõesatendimento distantes", diz, quando questionada sobre mulheres que estão na faixa limítrofepokerstars reclamaçõesreservaspokerstars reclamaçõesóvulos. "Já estamos pensandopokerstars reclamaçõesprotocolos para voltar devagar."

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