Nós atualizamos nossa Políticajogos online brasilPrivacidade e Cookies
Nós fizemos importantes modificações nos termosjogos online brasilnossa Políticajogos online brasilPrivacidade e Cookies e gostaríamos que soubesse o que elas significam para você e para os dados pessoais que você nos forneceu.
Drauzio Varella prevê 'tragédia nacional' por coronavírus: 'Brasil vai pagar o preço da desigualdade':jogos online brasil
É esse contexto que, na previsãojogos online brasilVarella, levará o país sem dúvida a uma "tragédia nacional" durante a pandemia.
"Eu acho que nós vamos ter um número muito grandejogos online brasilmortes, vamos ter um impacto na economia enorme, uma duração prolongada", prevê, destacando que a naturalização histórica das mazelas sociais do país será o principal determinantejogos online brasiltal tragédia.
"Agora é que nós vamos pagar o preço por essa desigualdade social com a qual nós convivemos por décadas e décadas, aceitando como uma coisa praticamente natural. Agora vem a conta a pagar. Porque é a primeira vez que nós vamos ter a epidemia se disseminandojogos online brasillarga escalajogos online brasilum paísjogos online brasildimensões continentais e com tanta desigualdade", diz,jogos online brasilentrevista à BBC News Brasil, concedida por meiojogos online brasilteleconferência.
Na pandemia, fica mais evidente a ameaça da desigualdade social a todos os segmentos da sociedade, na visão do médico. "Enquanto tivermos essa disseminaçãojogos online brasillugares impróprios para a vida humana, você não se livra do vírus. E é esse vírus que ameaça a todos, o tempo inteiro", afirma Varella, que prevê que a pandemia também deixará mudanças profundas na sociedade.
"Acho que o sofrimento é uma pressão para o aprendizado. Todos nós vamos perder amigos, muitos vão perder pessoas da família, e isso vai nos ensinar que não é possível viver como nós vivíamos até aqui."
Ferrenho defensor do isolamento social, uma das únicas medidas comprovadamente eficazes contra o vírus (além da higiene frequente das mãos, por exemplo), ele alerta para as possíveis consequências terríveis para os pacientes graves que, por faltajogos online brasilinfraestrutura, eventualmente ficarem sem atendimentojogos online brasilmeio a problemas respiratórios progressivos. "Não é que você volta para casa, sofre um pouco e passa. Não, faltajogos online brasilar é o pior sintoma que existe. Porque se você tem dor, toma analgésico, você tem tosse, tem jeitojogos online brasilbloquear. Agora ter faltajogos online brasilar é uma morte horrível. Horrível."
Leia os principais trechos da entrevista:
jogos online brasil BBC News Brasil - Atualmente existem pelo menos duas versõesjogos online brasilquarentena no Brasil. Há pessoas que estãojogos online brasilcasa, com a família, conseguindo fazer esse home office, tendo até um momentojogos online brasilpaz,jogos online brasilconviver com a família. E muita gente que está ou sem casa, oujogos online brasilcasas muito lotadas, sem comida, sem dinheiro. Como o senhor acha que essa situação influencia o combate brasileiro ao coronavírus?
jogos online brasil Drauzio Varella - Nós vamos saber agora. Agora é que nós vamos pagar o preço por essa desigualdade social com a qual nós convivemos por décadas e décadas, aceitando como uma coisa praticamente natural. Agora vem a conta a pagar. Porque é a primeira vez que nós vamos ter a epidemia se disseminandojogos online brasillarga escalajogos online brasilum paísjogos online brasildimensões continentais e com tanta desigualdade. Na Europa, estamos vendo os problemas que eles estão enfrentando, mas são países que têm uma estrutura social relativamente bem organizada, fica mais fácil dessa maneira.
Agora estamos tendo este iníciojogos online brasilepidemia que aconteceu entre as pessoas que introduziram o vírus ao país, que vieramjogos online brasilfora,jogos online brasilviagens internacionais, e trouxeram o vírus para cá. E aí estamos vendo o que acontece nas cidades que tiveram um afluxo maior desses brasileiros que viajaram. São Paulo, Riojogos online brasilJaneiro, Fortaleza, Manaus também, estamos tendo esse primeiro impacto.
Vamos ter, forçosamente, a disseminação dessa epidemia para as camadas sociais mais desfavorecidas. É assim que está acontecendojogos online brasilNova York hoje, onde os negros são representadosjogos online brasilmuito maior proporção nas mortes que acontecem nas cidades. Nós não sabemos ainda o que vai acontecer quando esses 13 milhõesjogos online brasilbrasileiros que vivemjogos online brasilcondições precáriasjogos online brasilhabitação e que têm condições precáriasjogos online brasilsaúde também vão se infectar. Não sabemos o que vai acontecer, vamos aprender agora a duras penas. Eu rodo muito pelo país, já graveijogos online brasilperiferiasjogos online brasilquase todas as grandes cidades brasileiras. E você entra nessas casas, é uma pobrezajogos online brasilum nível...
jogos online brasil BBC News Brasil - Não tem condiçõesjogos online brasilhigiene?
jogos online brasil Varella - Nenhuma. E você tem um cômodojogos online brasilque moram quatro adultos e três, quatro crianças. De dia aquele cômodo é a salajogos online brasilrefeições,jogos online brasilnoite a mesa vai para o canto e os colchões saem da parede e vão para o chão, e as pessoas dormem ali. Você não tem condição mínimajogos online brasilseparação. Vão dizer 'ficajogos online brasilcasa, não vão para a rua'. Como é que essas pessoas não vão para a rua?
E além do que é um níveljogos online brasilpobreza, que você vê o que está acontecendo:jogos online brasildois, três dias essas pessoas não têm o que comer. Porque a luta é sair, e conseguir passar no supermercado e levar alguma coisa para casa, diariamente. Imagina você o dinheiro que você tem não dá para aguentar dois, três dias isolada, porque não vai ter o que comer. E a ajuda do governo, lógico que é importante, mas é difícil organizar também. As pessoas falam também 'ah, mas devia ter chegado o dinheiro'. É, vai lá organizar para ver como é, não é fácil.
jogos online brasil BBC News Brasil - Alguns dos países que tiveram mais problemas com a doença tinham suas peculiaridades. Por exemplo, a Itália tinha muitos idosos. E os Estados Unidos, a faltajogos online brasilum sistema públicojogos online brasilsaúde. O senhor acha que essas questões da desigualdade e da pobreza serão as nossas principais fragilidades?
jogos online brasil Varella - Eu acho que vai ser. Acho que vai ser a grande dificuldade que o Brasil vai enfrentar. Porque o vírus é democrático, ele atinge qualquer pessoa. Então eu disse que a gente vai pagar o preço dessa desigualdade social toda porque enquanto tiver gente vivendo nessas condições, se infectando e transmitindo o vírus uns para os outros, esse vírus vai atingir todo mundo, porque as pessoas se interconectamjogos online brasiluma forma oujogos online brasiloutra, ou dividem espaços comunitáriosjogos online brasilum jeito oujogos online brasiloutro.
Enquanto tivermos essa disseminaçãojogos online brasillugares impróprios para a vida humana, como são esses, você não se livra do vírus. E é esse vírus que ameaça a todos, o tempo inteiro.
Eu, sinceramente, eu já fui otimista, sabe? Acho que no início todos nós fomos, o mundo foi otimista. E eu participei desse otimismo e me recrimino por isso hoje. Porque nós recebíamos as notícias da China e essas notícias eram muito ocasionais, e não davam ideiajogos online brasilcomo eram realmente a epidemia. Isso foi durante o fimjogos online brasildezembro, que eles relataram os primeiros casos, embora a doença já tivesse se espalhando lá. Daíjogos online brasiljaneiro, as notícias que nós tínhamos eram da mortalidade. E os dados que eles apregoavam não eram tão preocupantes.
jogos online brasil BBC News Brasil - Se falava muito, então, da baixa letalidade...
jogos online brasil Varella - Baixa letalidade. Ficava alta depois dos 80 anos, que chegava aí pertojogos online brasiluns 15%. Quando a epidemia chegou na Itália, que é um país democrático, com livre circulaçãojogos online brasilinformação, nós vimos aí pelo começojogos online brasilfevereiro, ao redor do dia 12, 15jogos online brasilfevereiro.
Aí nós tomamos consciência da gravidade do problema. E você veja que os países não tiveram tempojogos online brasilse organizar. Os Estados Unidos, com todo o dinheiro que eles têm, todos os recursos e tudo, foram pegosjogos online brasilsurpresa.
jogos online brasil BBC News Brasil - E o senhor acha que essa precariedadejogos online brasilque uma parcela muito expressiva da população vive - não estamos falandojogos online brasilum nicho - sendo uma condição muito antiga, histórica, o senhor acha que isso é contornável? Ou estamos fadados a uma tragédia social?
jogos online brasil Varella - Dá para fazer muita coisa, lógico. E acho que os governos federal, estadual, estão se movimentando para isso. Na hora que você sente a dimensão do problema, todo mundo fica assustado, todo mundo pensa que tem que fazer alguma coisa. Tenho visto a movimentaçãojogos online brasiltodos os cantos, mas o problema é que a transmissão é muito rápida. Eu acho que vai acontecer uma tragédia nacional, eu não tenho dúvida disso. Eu acho que nós vamos ter um número muito grandejogos online brasilmortes, vamos ter um impacto na economia enorme, vamos ter uma duração prolongada.
Você vê que até hoje a gente não conseguiu definir a partirjogos online brasilquanto tempo nós podemos relaxar. Quanto tempo? Dois meses? Três meses? Seis meses? Ninguém sabe. Ninguém arrisca dizer por ter responsabilidade. Nós não sabemos. Isso é um vírus novo, nunca existiu uma situação como essa.
Mas 'ah, a gripe espanhola'. Não compare, são situações diferentes, o mundo era diferente há cento e tantos anos atrás. Não sabemos, estamos aprendendo agora, vendo o que está acontecendojogos online brasildiversos países. Mas a realidade que vale para um país não vale para todos.
jogos online brasil BBC News Brasil - Quando o senhor falajogos online brasilmuitos mortos, claro que não dá para fazer uma projeção, mas quando o senhor pensa nesse cenário ruim ou provável, o que o senhor vê?
jogos online brasil Varella - Pensa como é a doença. Você pega com vírus, que se transmite com muita facilidade, isso está provado no mundo inteiro. Começa e não para mais. Ele tem uma fase que é muito tranquila, um pouquinhojogos online brasildorjogos online brasilgarganta, uma tossezinha irritativa, a pessoa perde o olfato, uma febre baixa, nada muito importante. Esse período dura mais ou menos uns cinco dias,jogos online brasilcinco a dez dias, mais ou menos. E aí você tem uma divergência. Tem gente que se recupera, tiveram sintomas mínimos, às vezes até ausentes, mínimos.
Depois desses cinco a dez dias você divide os infectadosjogos online brasildois grupos: aqueles que vão se recuperar, mais uma semana, vai melhorando aquele cansaço, passa, ficam bons. E tem aqueles que desenvolvem faltajogos online brasilar. Esses que desenvolvem faltajogos online brasilar são os que têm pneumonia associada ao coronavírus. Essa pneumonia tem várias explicações fisiopatológicas, mas enfim: aí você tem os doentes que vão parar nos hospitais. Esses que vão parar, uma parte se recupera recebendo oxigênio por máscaras. E tem os que vão para insuficiência respiratória progressiva. Esses têm que ser entubados.
Então por que se defende o isolamento? Primeiro porque ele é a única evidênciajogos online brasilmedida que reduziu o númerojogos online brasilpessoas que procuram os hospitais. A gente diz que [existe o riscojogos online brasilque] o sistemajogos online brasilsaúde entrejogos online brasilcolapso. As pessoas estão acostumadas com essa coisajogos online brasilir ao pronto socorro e demora para atender, você não é atendido às vezes, ou é mal atendido e volta para casa.
Só que agora é uma situação diferente. Você só vai para o hospital quando você tem faltajogos online brasilar. E essa faltajogos online brasilar é progressiva, você tem que ter os recursosjogos online brasilventilação mecânica à disposição. Se você não tiver esses recursos, o que vai acontecer? Não é que você volta para casa, sofre um pouco e passa. Não, faltajogos online brasilar é o pior sintoma que existe. Porque se você tem dor, toma analgésico, você tem tosse, tem jeitojogos online brasilbloquear. Agora ter faltajogos online brasilar é uma morte horrível. Horrível.
Quando você ouve dizer na Itália os médicos que têm que decidir quais são os que vão para a UTI, quem vai ter entubação ou não, quer dizer que os outros morremjogos online brasilfaltajogos online brasilar. Essa é a situação real e isso que tem que ser colocado para a população. Não é que vai morrer gente. Vai morrer gente com um enorme sofrimento. Por isso que os médicos defendem: vamos segurar, para que as pessoas não tenham que morrer desse jeito, que é um jeito inaceitável.
jogos online brasil BBC News Brasil - O isolamento, no Brasil, também tem algumas peculiaridades. Há protestos contra o isolamento, até por medo do impacto econômico, há ruído nas mensagens do governo,jogos online brasilque um fala uma coisa e o outro fala outra. O nosso níveljogos online brasilisolamento é preocupante?
jogos online brasil Varella - Em alguns lugares está indo bem. Aí voltamos à questão social. Você pega quem morajogos online brasilum cômodo com três, quatro crianças, como você mantém essas crianças? Você vê as palafitas, que são os piores lugares que eu conheci no Brasil, como você mantém aquelas criançasjogos online brasilum barracãojogos online brasilmadeira, no Norte ou Nordeste do país,jogos online brasiluma temperatura que durante o dia chega a 40 graus, 45, 50 graus lá dentro. Como é que as pessoas vão ficar lá dentro? Sem água tratada, muitas vezes, que vão buscarjogos online brasilbaldejogos online brasilalguns lugares. E a gente diz lave as mãos, olha como você lava, faz tudo direitinho. É bonito para quem tem piajogos online brasilcasa.
jogos online brasil BBC News Brasil - Desde o começo da pandemia os representantes das favelas têm batido muito na teclajogos online brasilque é preciso ter um plano específico para as favelas. E até agora eles reclamam que não houve medida direcionada a essas localidades. O senhor acha que medidas específicas são necessárias?'
jogos online brasil Varella - Eu acho que sim. Há iniciativas, o que não há são iniciativas que partamjogos online brasilórgãos governamentais direcionadas a esse público. Eu tenho confiado mais até na organização que eles estabelecem. Você vê Paraisópolis,jogos online brasilSão Paulo, que é um exemplo maravilhoso. Puseram praticamente um inspetor ou inspetorajogos online brasilcada quarteirão da favela para fazer esse monitoramento. A própria sociedade tem condiçõesjogos online brasilse articular. O que as autoridades têm que fazer é ter planos diretivos, que apontem o que a gente pretende com esse determinado plano.
Esse pessoal que diz que não, 'vamos fazer as crianças voltarem para a escola, os jovens que não vão ter doença grave podem se movimentar na cidade'. Primeiro: isso não foi feitojogos online brasillugar nenhum do mundo, esse chamado isolamento vertical: separa os mais velhos, os frágeis, e deixa os mais jovens irem ao trabalho. Não foi feitojogos online brasillugar nenhum por alguma razão, não é verdade? A Europa inteira, todos os países desenvolvidos, inclusive nos EUAjogos online brasilque o governo federaljogos online brasilinício foi contra, acabaram forçados pelas circunstâncias a adotar o isolamento.
Não há provajogos online brasilque esse isolamento funcione, e provavelmente não vai funcionar mesmo, porque você pode ser jovem mas os brasileiros são gregários, moram muito próximos, você pode pegar o vírus na rua e trazer para ajogos online brasilcasa. Nesse momento o que nós sabemos fazer é isolar. Aí as pessoas dizem: vai dar uma crise econômica. A crise econômica já está estabelecida. Quando você tem uma epidemia desse jeito, se você deixar as pessoas saírem, se infectarem pela rua, à vontade, a crise econômica vai acontecer da mesma maneira. Isso é irreversível. Nós vamos ter a crise. O que os médicos defendem, e muitos economistas defendem: a crise nós vamos enfrentarjogos online brasilqualquer jeito. Então vamos tentar reduzir o númerojogos online brasildoentes para abreviar duração da crise.
jogos online brasil BBC News Brasil - O senhor citou esse projeto do Itaú, que causou muito burburinho esta semana. O que vai dar para fazer, qual o foco desse R$ 1 bilhão?
jogos online brasil Varella - Esse projeto está na fase inicial e correndo com toda pressa do mundo porque não temos tempo para ficar fazendo grandes planejamentos, temos que adotar medidas práticas. Temos nos reunidos todos os dias, nos dividimosjogos online brasiláreas que o dia todo ficamosjogos online brasildiscussões, a parte executiva é tocada pelo doutor Maurício Ceschin (ex-diretor-presidente da Agência Nacionaljogos online brasilSaúde).
Nós estamos focandojogos online brasilalguns aspectos: o primeiro é a proteção dos profissionaisjogos online brasilsaúde. E isso não é uma coisa corporativa, ao contrário, porque sem os profissionaisjogos online brasilsaúde não temos condiçãojogos online brasildar atendimento à população. Se muitos se infectarem, não vamos ter como substituí-los. Uma coisa fundamental neste momento é que todo mundo use máscara quando está na rua.
Faltam máscaras no mundo inteiro. Estamos focandojogos online brasilum projeto conseguindo formasjogos online brasilprodução nacional por empresas brasileiras do maior númerojogos online brasilmáscaras possível. O governo tem dinheiro para isso, as secretarias estaduais têm dinheiro, mas não conseguem comprar nessa fase. Estamos buscando criar um estoque regulador nosso e ajudando as secretarias estaduais a conseguirem máscara pelo preço mais baixo possível.
O outro caminho é verificar quais são os problemas que nós temos neste momento nos hospitais e nas secretarias estaduais, criando gabinetesjogos online brasilcrise. Como são: primeiro, nas secretariasjogos online brasilsaúde ajudar a monitorar a quantidadejogos online brasilcasos locais e os recursos hospitalares. Por exemplo: você tem uma coisa na engenharia hospitalar que diz o seguinte:jogos online brasilmédia, cada hospital você consegue aumentarjogos online brasil20% o númerojogos online brasilleitos pelo simples remanejamento da estrutura hospitalar, sem construir nada. Sem investir nadajogos online brasilinstalações você consegue fazer esse aumento.
Quando a gente falajogos online brasilR$ 1 bilhão, fala nossa, é muito dinheiro. Seria muito dinheiro nas nossas vidas pessoais. Mas se pensar que o SUS investe R$ 240 bilhões por ano, é uma grande ajuda, mas não é um dinheiro ilimitado também.
jogos online brasil BBC News Brasil - O SUS é um ponto forte do Brasil, temos um sistemajogos online brasilsaúde gratuito. O que o senhor diria que são os maiores gargalos?
jogos online brasil Varella - É a desigualdade. O SUS é o maior programajogos online brasilsaúde pública do mundo. Os brasileiros desvalorizam o SUS. Quando eu vejo os ingleses, que põem aquela sigla NHS (National Health Service, sistema nacionaljogos online brasilsaúdejogos online brasiltradução livre)jogos online brasiltudo que é lugar, o NHS deles é uma brincadeira perto do SUS. Tem dinheiro, uma populaçãojogos online brasilalto nível educacional, um país com 66 milhõesjogos online brasilhabitantes. Quero ver você dar saúde gratuita para 209 milhõesjogos online brasilum país desigual e pobre como o nosso. Quero ver.
Imagina se nesse momento nós não tivéssemos o SUS. Então você tem um bom seguro saúde, te dá acesso aos melhores hospitais, ótimo, você pode ficar tranquila. Não, não pode. Por quê? Porque pode acontecerjogos online brasilo hospital maravilhoso ao qual você tem direito não tenha vaga para você. Olha o que está acontecendo nos EUA. Por que estão morrendo muito mais negros lá do que brancos? Porque os negros são mais pobres. E eles evitam ir para o hospital porque eles sabem que isso pode ser a falência da família inteira, porque não tem SUS. Você vai ter que pagar pelo menos uma parte do atendimento que ele vai receber. E ele no fim diz bom, eu vou morrer no hospital e deixar minha família endividada? Então ele segura, só vaijogos online brasilúltima consequência, como último recurso.
O SUS, na verdade, é um sistema perfeito. O problema qual foi, desde sempre? A faltajogos online brasilrecursos. O governo federal vem há anos diminuindojogos online brasilparticipação no SUS. Teoricamente teria que cobrir 50% dos gastos do SUS, os municípios 25% e o Estado outros 25%. O governo federal vem diminuindo e está dando agora cercajogos online brasil44%. E os municípios, porque o prefeito estájogos online brasilcontato com outros prefeitos, estão elevando o investimento no SUS e não têm tantos recursos. Mantivemos o SUS com problemajogos online brasilbaixo financiamento e má gestão.
Por que o Brasil chegou nessa situação? Nos últimos dez anos, nós tivemos 13 ministros da Saúde. A médiajogos online brasilpermanência no cargo foijogos online brasildez meses, porque o Ministério da Saúde foi usado como troca política, o partido tal, para apoiar o governo, quer o Ministério da Saúde, dá para ele. O que você fazjogos online brasildez mesesjogos online brasilum país desse tamanho? O ministério tem um corpo técnico muito bom, com gente preparada que é o que tem segurado nessa questão política toda. Agora temos que nos organizar muito depressa e isso é problema.
jogos online brasil BBC News Brasil - É preocupante trocar o ministro nesta altura do campeonato?
jogos online brasil Varella - É claro que é. O ministério [sob a gestãojogos online brasilLuiz Henrique Mandetta] tem se comportado muito bem, tem obedecido as orientações da Organização Mundial da Saúde, tem respeitado as medidas que foram tomadasjogos online brasiloutros países com sistemasjogos online brasilsaúde muito mais organizados que o nosso, como é o caso da Alemanha, do Reino Unido, da França.
Eu acho que nessa hora você tirar um ministro que está fazendo um bom trabalho... Porque não é um ministro, é a equipe dele inclusive. Você tirar uma equipe que está fazendo um trabalho muito bem feito, tirar por razões políticas, é muito duro isso.
jogos online brasil BBC News Brasil - O senhor está no grupojogos online brasilrisco, vivendojogos online brasilquarentena e trabalhando. Como o senhor está lidando com a ansiedade?
jogos online brasil Varella - É difícil porque eu, desde que realizei que ia acontecer uma tragédia no Brasil, eu já acordojogos online brasilmanhã com uma angústia, é uma angústia permanente. Pelo trabalhojogos online brasileducação,jogos online brasilsaúde, que eu venho realizando há muitos anos, eu me sinto responsável, sabe. Como sei lá, como se eu fosse o ministro da Saúde. Vendo que tem que fazer, o que podemos fazer para ajudar,jogos online brasilque maneira o meu trabalho pode ser mais útil para as populações.
Então me liga lá no Rio Negro, uma região que eu conheço pouco, que é São Gabriel da Cachoeira. 'Ah, o senhor faz umas mensagens para a gente, para os indígenas ficaremjogos online brasilcasa', nas comunidades. Eu não tenho como dizer não, então preparo as mensagens, leva tempo. Vem vindo as coisasjogos online brasiltodos os lugares e eu tento selecionar para ver onde a minha atuação pode ter um impacto maior. Mas é muito difícil essa situação.
Eu lembro quando a epidemiajogos online brasilAids, que a minha geração viveu bemjogos online brasilperto. Eu estava fazendo um estágiojogos online brasilum hospitaljogos online brasilNova York e percebi que isso ia acontecer no Brasil. E eu fiquei muito angustiado também.
Falei essa doença vai se espalhar pelo Brasil, na época não havia remédio, nem se sabia qual era o agente, o HIV não tinha sido descoberto ainda. E eu lembro que tive a mesma sensação. Mas ali havia um problema, porque você tinha que atacar o comportamento sexual. Que tudo bem, é dificílimo também, mas era um ponto específico. Aqui não, é um vírus que se espalha pelo ar, pode atingir todos. Eujogos online brasilfato não consigo ficar tranquilo.
jogos online brasil BBC News Brasil - O senhor tem algum cuidado com ajogos online brasilsaúde mental? Alguma rotina nesse sentido?
jogos online brasil Varella - Olha, para meditação não tenho essa sabedoria (risos). Porque se eu parar e ficar meditando eu só vou pensar nos problemas, onde está agora, estou preocupado com o Amapá, lá não tem estrutura, não tem UTI. Aí não dá certo para mim não. O que eu tento fazer é estudar, acompanhar bem o que está acontecendo.
Pela primeira vez na vida, acho que eu pareijogos online brasilestudar oncologia, que é minha especialidade, e estou estudando só a epidemia. Eu às vezes leio alguma coisinhajogos online brasiloncologia, mas não consigo manter a atenção por muito tempo. Eu procuro ler bastante, vejo tudo o que está sendo publicado nas revistas internacionais, que agora abriram, você não precisa mais ser assinante da revistajogos online brasiltudo o que se refere ao coronavírus.
E eu procuro me manter calmojogos online brasilrelação a isso, escrever um pouco nos intervalos. E agir, da forma que eu consigo interferir, isolado desse jeito.
jogos online brasil BBC News Brasil - Voltando à questão da desigualdade com que começamos a entrevista, o senhor acha que com esse problema evidenciado na quarentena, quando a pandemia passar, o senhor acha que, do pontojogos online brasilvistajogos online brasilsociedade vai mudar alguma coisa? Como isso vai influenciar a sociedade?
jogos online brasil Varella - Acho que sim, acho que vamos sair dessa experiênciajogos online brasilmaneira diferente. Acho que o sofrimento é uma pressão para o aprendizado. Todos nós vamos perder amigos, muitos vão perder pessoas da família, e isso vai nos ensinar que não é possível viver como nós vivíamos até aqui.
Você vê, anos atrás, nós decidimos sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada no Brasil. Bonito, né. Daí construímos esses elefantes brancos que hoje são um problema para os governos estaduais, que os mantêm com dificuldade. Na época a gente dizia pô, mas esse dinheiro tem que ir para saúde, educação, não tem sentido fazer estádios. E o que eles diziam? Que nós éramos parte da elite, que queria negar aos pobres as alegrias do futebol. Muito bom. Agora estamos pegando esses estádios e transformandojogos online brasilquê? Em hospitais.
Essa irresponsabilidade social que nós temos tido no decorrerjogos online brasiltantos anos está nos levando a uma situação muito difícil agora, e isso vai deixar um aprendizado. Primeiro: o SUS nunca mais vai ser o mesmo, porque nós agora estamos conscientes da importância dele. Há quanto tempo a gente escreve e fala que o SUS é fundamental. Eu sempre cito uma frase do Gonzalo Vecina Neto (ex-presidente da Anvisa), que é um sanitarista muito respeitado por todos nós, que é; sem o SUS, é o caos. Imagina agora o que seria se não tivéssemos o SUS?
Não pode ser relegado a terceiro, quarto plano nas preocupações governamentais. Ele tem que ter prioridade. A saúde tem que ter prioridade porque nós não vamos conseguir construir um país civilizado com esse desníveljogos online brasilacesso, onde alguns têm acesso à melhor tecnologia, aos melhores médicos, aos melhores hospitais, e outros ficam relegados ao que é possível dar para eles. E o que é possível dar para eles não é grande coisa, porque o investimento é pequeno e a gestão é precária. Eu acho que vamos sair disso diferentes.
jogos online brasil BBC News Brasil - Tem mais alguma coisa que o senhor gostariajogos online brasilabordar que eu não perguntei?
jogos online brasil Varella - Olha, eu acho que nesse momento a gente tem que dar uma importância muito grande às máscaras. As crianças têm que usar máscaras. porque ensinando as crianças nós vamos ensinar os adultos. Não foi assim com o cintojogos online brasilsegurança? A criança entrava no carro, puxava o cintojogos online brasilsegurança e olhava para o pai: pai, põe o cinto. O pai ficava sem graçajogos online brasilo filho pequeno estar mandando ele colocar o cinto e passou a usar o cinto Foi assim com o cigarro também, não foi? Ensina as crianças que não pode fumar, que você vai morrer, vai ter doenças graves, a criança chegavajogos online brasilcasa ô pai, você vai morrer, parajogos online brasilfumar, eu não quero ficar sem você. Um estímulo forte, uma criança que diz uma coisa dessas. A mesma coisa tem que ser com as máscaras. Nós não temos dinheiro, não encontramos máscara no mercado, fazjogos online brasilcasa.
jogos online brasil BBC News Brasil - E é uma coisa que vamos ter que usar por muito tempo?
jogos online brasil Varella - Muito tempo. Porque esse vírus vai ficar um bom tempo entre nós. Não com essas características que está tendo agora, promovendo essa mortalidade absurda, mas ele vai levar muito tempo para desaparecer do contato com a humanidade.
- COMO SE PROTEGER: O que realmente funciona
- COMO LAVAR AS MÃOS: Vídeo com o passo a passo
- SINTOMAS E RISCOS: Características da doença
- 25 PERGUNTAS E RESPOSTAS: Tudo que importa sobre o vírus
- MAPA DA DOENÇA: O alcance global do novo coronavírus
jogos online brasil Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube jogos online brasil ? Inscreva-se no nosso canal!
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosjogos online brasilautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticajogos online brasilusojogos online brasilcookies e os termosjogos online brasilprivacidade do Google YouTube antesjogos online brasilconcordar. Para acessar o conteúdo cliquejogos online brasil"aceitar e continuar".
Finaljogos online brasilYouTube post, 1
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosjogos online brasilautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticajogos online brasilusojogos online brasilcookies e os termosjogos online brasilprivacidade do Google YouTube antesjogos online brasilconcordar. Para acessar o conteúdo cliquejogos online brasil"aceitar e continuar".
Finaljogos online brasilYouTube post, 2
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosjogos online brasilautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticajogos online brasilusojogos online brasilcookies e os termosjogos online brasilprivacidade do Google YouTube antesjogos online brasilconcordar. Para acessar o conteúdo cliquejogos online brasil"aceitar e continuar".
Finaljogos online brasilYouTube post, 3
Principais notícias
Leia mais
Mais lidas
Conteúdo não disponível