Coronavírus: Mandetta se mantém no cargo, mas tensão com Bolsonaro chega a ápice após duas semanas:x betano
"(Nesta segunda-feira, 06x betanoabril) rendeu muito pouco o trabalho no Ministério da Saúde. Ficou todo mundo com a cabeça meio avoada, se eu iria permanecer, se eu iria sair. Agradeço muito os que vieramx betanosolidariedade. 'Se você sair eu saio junto'. Gente aqui dentro limpando gaveta. Pegando as coisas. Até as minhas gavetas (...). Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar o nosso inimigo. O nosso inimigo tem nome e sobrenome, é o Covid-19", disse Mandetta.
A fala do ministro é uma referência ao fatox betanoque vários servidores do Ministério da Saúde deixaram o trabalho na tardex betanosegunda-feira, e caminharam para o ladox betanofora do prédio onde funciona a pasta,x betanoprotesto. Alguns traziam cartazesx betanoapoio a Mandetta.
"Médico não abandona paciente, eu não vou abandonar. Agora, as condiçõesx betanotrabalho dos médicos precisam ser para todos. Eu vou tentar trazer as melhores condições para vocês, na ponta. E a única coisa que eu estou pedindo é que nós tenhamos o melhor ambiente para trabalhar aqui no Ministério da Saúde", disse ele.
Mandetta frisou que ax betanoequipe, escolhida por ele, sairia "junta" do Ministério da Saúde. E disse que está disposto a trabalhar até que o presidente da República entenda que é horax betanochamar "outra equipe" para o Ministério da Saúde.
Ao longo do pronunciamento, o ministro também frisou várias vezes que seu trabalho é orientado por "ciência, disciplina, planejamento e foco", num claro recado ao presidente.
Bolsonaro e Mandetta divergemx betanodois assuntos principais: o uso da droga cloroquina para o tratamentox betanopacientes da covid-19; e a necessidade ou nãox betanoimpor o isolamento social, com o fechamento do comércio.
Eles se conhecem há anos — os dois foram contemporâneos na Câmara dos Deputados desde 2011, e seus gabinetes parlamentares ficavam no mesmo corredor, a poucos metros um do outro.
Mas, desde o início da crise do novo coronavírus, Bolsonaro parecia estar tentando esvaziar politicamente o ministro.
As altercações entre os dois remontam a meados do mêsx betanomarço. No dia 15, um domingo, Bolsonaro decidiu interromper o isolamento no qual se encontrava após uma viagem aos Estados Unidos, para cumprimentar manifestantes que participavamx betanoum protesto contra o Congressox betanofrente ao palácio da Alvorada — a própria realização do protesto já contrariava as orientações do Ministério da Saúde, que já desaconselhava aglomerações.
Naquele momento, Bolsonaro já dizia a auxiliares que estava incomodado com o protagonismox betanoMandetta na crise provocada pela chegada do novo coronavírus ao Brasil.
Na mesma semana, o ministro concedeu uma entrevista a jornalistas ao lado do governadorx betanoSão Paulo, João Doria (PSDB), adversário políticox betanoBolsonaro. O gesto irritou profundamente o ocupante do Planalto.
O chefe do Executivo também teria demandadox betanoMandetta que adotasse um discurso político e mais afinado com o Palácio do Planalto. A recusa do ministrox betanofazê-lo contribuiu para aumentar o descontentamentox betanoBolsonaro.
A cronologia das duas semanasx betanoembate
x betano Terça-feira, 24x betanomarço - A tensão entre o chefe da Saúde e o presidente da República escala rapidamente quando Bolsonaro usa um pronunciamentox betanorede nacionalx betanorádio e TV para dizer que a covid-19 não passavax betanouma "gripezinha ou um resfriadinho" e para reclamar das medidasx betanofechamento do comércio.
x betano Sábado, 28x betanomarço - Em entrevista a jornalistas, Mandetta volta a defender a necessidade do isolamento social, e enfatiza o assunto pelo menos três vezes. A fala representa uma mudança no discurso do ministro — dias antes, ele tinha dado declarações alinhadas ao Planalto, defendendo a políticax betanoisolamento somente para idosos e pessoas vulneráveis.
A entrevista foi precedida por uma reunião tensa no Palácio do Planalto envolvendo Mandetta, Bolsonaro e outros ministros, segundo registraram a agênciax betanonotícias Reuters e a colunista do sitex betanonotícias G1, Andreia Sadi.
No encontro, Mandetta disse a Bolsonaro que parassex betanominimizar a gravidade da epidemia, e reafirmou ao presidente que não defenderia mais o "isolamento vertical" — isto é, apenasx betanoidosos e pessoasx betanooutros gruposx betanorisco.
x betano Segunda-feira, 30x betanomarço - O governo determina que todas as entrevistas a jornalistas aconteçam no Palácio do Planalto — e não mais no Ministério da Saúde, como vinha sendo até então.
A medida é percebida por muitos na Esplanada como uma formax betanorestringir a autonomia do ministro.
Um ofício sobre o assunto é distribuído pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto, determinando que "todas as coletivasx betanoimprensa dos ministérios ou Agências Federais sobre o Covid-19 deverão ser realizadas no Salão Oeste do Palácio do Planalto".
"Toda nota à imprensa a ser divulgada pelas Ascom (assessoriasx betanocomunicação) somente poderá ser publicada após coordenação com a Secom (do Planalto) para que haja unificação da narrativa", diz ainda o ofício. O documento é divulgado pelo jornal O Globo.
x betano Quinta-feira, 02x betanoabril - Em entrevista a Augusto Nunes na rádio Jovem Pan, Bolsonaro faz a primeira crítica direta a Mandetta. O presidente da República diz que "falta humildade" ao subordinado, e frisa que "existe uma hierarquia" entre ele e o ministro.
"O Mandetta já sabe que a gente está se bicando tem algum tempo. Eu não pretendo demiti-lo no meio da crise, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa quex betanoalgum momento extrapolou. Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós", disse o presidente.
x betano Sexta-feira, 03x betanoabril - Mandetta participax betanoentrevista com jornalistas e aconselha brasileiros a seguir orientações dos governos dos Estados — no mesmo diax betanoque Bolsonaro critica as ações dos governadores no enfrentamento à crise.
"Nós recomendados que as pessoas, todas elas, atendam às recomendações dos governadores dos seus Estados, que tem os melhores números, os melhores indicadores para propor as medidas. Que cada um faça aquilo que ax betanoconsciência sobre a situação que está aí", disse Mandetta, à tarde.
Os governadores já vinham se tornando os principais antagonistasx betanoBolsonaro no debate sobre a epidemia nas redes sociais, conforme mostrou levantamento do Dapp-FGV.
x betano Sábado, 04x betanoabril - Pesquisa Datafolha mostra melhora na avaliação do trabalhox betanoMandetta, e queda nax betanoBolsonaro.
Segundo o levantamento, que foi às ruas entre 1º e 3x betanoabril, o desempenhox betanoMandetta à frente do Ministério da Saúde é apoiado por 76% dos brasileiros — um aumentox betanomaisx betano20 pontos percentuais ante os dias 18 a 20x betanomarço. Naquele momento, o desempenhox betanoMandetta era apoiado por 55%.
Já o desempenhox betanoBolsonarox betanorelação ao coronavírus era considerado ruim ou péssimo por 39% das pessoas, e ótimo ou bom por 33%.
x betano Domingo, 05x betanoabril - Bolsonaro diz que "algo subiu à cabeça"x betanoalgunsx betanoseus ministros e faz ameaça velada a Mandetta.
"A hora deles vai chegar", diz Bolsonaro a apoiadoresx betanofrente ao Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente.
"Algumas pessoas no meu governo, algo subiu a cabeça deles. Estão se achando. Eram pessoas normais, masx betanorepente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos. Tem provocações. Mas a hora deles não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles. A minha caneta funciona. Não tenho medox betanousar a caneta nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil", diz o presidente.
Pouco depois, no começo da noite, Mandetta é procurado pelo jornal O Estadox betanoS. Paulo. Ao repórter Mateus Vargas, o ministro diz que "estava dormindo" e não tinha visto as declaraçõesx betanoBolsonarox betanofrente ao palácio. "Amanhã eu vejo, tá?", diz ele.
x betano Segunda (06x betanoabril): Bolsonaro realiza almoço no Palácio do Planalto com o deputado federal e ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB-RS) — e sem a presençax betanoMandetta.
Nos últimos dias, a imprensa brasileira vinha mencionando o nomex betanoTerra como um possível substituto para Mandetta. Assim como o presidente, o deputado (que foi ministro da Cidadania até 13x betanofevereiro deste ano) também diz que medidasx betanodistanciamento social são inócuas.
Na saída do almoçox betanosegunda, Terra diz a jornalistas que não foi convidado para voltar a integrar o governo.
Alémx betanoBolsonaro e Terra, também participaram do almoço os ministros Braga Netto (Casa Civil); Ernesto Araújo (Relações Exteriores); Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência); Luiz Eduardo Ramos (Secretariax betanoGoverno) e Augusto Heleno (Gabinetex betanoSegurança Institucional).
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Os casos
O primeiro registro do coronavírus no Brasil foix betano24x betanofevereiro. Um empresáriox betano61 anos, que morax betanoSão Paulo (SP), foi infectado após retornarx betanouma viagem, entre 9 e 21x betanofevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.
De acordo com o Ministério da Saúde, o empresáriox betano61 anos tinha sintomas como febre, tosse seca, dorx betanogarganta e coriza. Parentes dele passaram a ser monitorados. Dias depois, exames apontaram que uma pessoa ligada ao paciente também estava com o novo coronavírus e transmitiu o vírus para uma terceira pessoa. Todos permaneceramx betanoquarentenax betanosuas casas, pelo período de, ao menos, 14 dias.
Após o primeiro caso, outros diversos registros passaram a ser feitos no Brasil. Muitos vieramx betanopaíses com inúmeros casos do novo coronavírus, mas depois foram registrados casosx betanotransmissão local e, por fim, comunitária.
Duas semanas depois, foi anunciado que o empresáriox betano61 anos está curado da doença provocada pelo novo coronavírus.
A primeira morte no Brasil,x betanoum idosox betano62 anos, foi confirmadax betano17x betanomarço. Ele moravax betanoSão Paulo (SP).
Cuidados
A principal recomendaçãox betanoprofissionaisx betanosaúde que acompanham o surto é simples, porém bastante eficiente: lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegarx betanocasa ou antesx betanomanipular alimentos.
O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados.
Se estiverx betanoum ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.
Também é importante manter o ambiente limpo, higienizando com soluções desinfetantes as superfícies como, por exemplo, móveis e telefones celulares.
Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metadex betanoágua e metadex betanoálcool, alémx betanoum pano limpo.
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