Entre novo emprego e exposição ao coronavírus: os dois lados da ofertapoker hi lovagas na saúde:poker hi lo

São instituições públicas e privadaspoker hi losaúde correndo contra o tempo na preparação para a escaladapoker hi locasospoker hi locoronavírus no país — número que já cresce a cada dia.

Ainda não há dados oficiais sobre um aparente aumento na ofertapoker hi lotrabalho para profissionais da saúde, mas entidades profissionais e empresaspoker hi lorecrutamento já veem sinais evidentes disso —poker hi loparticular para certos cargos, como aquelespoker hi loatuação nas Unidadespoker hi loTerapia Intensiva (UTI), que recebem os casos mais graves.

A pedido da BBC News Brasil, a Catho, sitepoker hi loclassificadopoker hi loempregos, constatou que, na comparação com o mesmo mêspoker hi lo2019, marçopoker hi lo2020 teve um aumentopoker hi lo281% no númeropoker hi loanúncios com novas vagas na áreapoker hi losaúde (um mesmo anúncio pode divulgar uma ou mais vagas). A empresa não divulga números absolutos, apenas porcentagens.

Por cargo, o maior avanço observado na plataforma foi para enfermeiropoker hi loUTI (718% na comparação com marçopoker hi lo2019), seguidopoker hi lotécnicopoker hi loenfermagem (708%) e enfermeiro (397%).

A Catho reconhece que, napoker hi loplataforma, a ofertapoker hi lovagas para médicos não é tão expressiva.

Além dos classificados na Catho, a corrida por profissionaispoker hi losaúde é exemplificada por anúnciospoker hi locontratações por grandes hospitais, hospitaispoker hi locampanhapoker hi loinstalação, prefeituras e governos estaduaispoker hi lotodo país.

Apenas nesta semana, foram divulgadas maispoker hi lo800 vagas temporárias na saúde pelo governo do Estado do Rio Grande do Norte; 270 pela prefeiturapoker hi loPorto Velho (RO); entre outras.

Isto fora as maispoker hi lo5 mil vagas, com contratospoker hi loum ano, anunciadas pelo governo federalpoker hi lomarço no âmbito do programa Mais Médicos, para o combate ao coronavírus.

Mais vagas para enfermeiros

O Conselho Regionalpoker hi loEnfermagempoker hi loSão Paulo (Coren-SP) — Estado que teve os primeiros registrospoker hi locoronavírus e hoje é o que tem mais casos e óbitos no país — também detectoupoker hi loseus dados um grande aumento na demanda por profissionais da área no último mês.

De 11 a 31poker hi lomarço deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, o volumepoker hi lopedidospoker hi loinscrições no conselho foi 49% maior — passandopoker hi lo4.242 para 6.316.

O númeropoker hi loinscrições emitidas pelo conselho (quando o númeropoker hi loregistro do profissional já foi emitido e ele está apto a exercer a profissão) foi 22% maior, saltandopoker hi lo3.383 para 4.132 inscrições. O conselho atende a enfermeiros, técnicos e auxiliarespoker hi loenfermagem.

Renata Pietro, presidente do Coren-SP, destaca que os profissionaispoker hi loenfermagem compõem cercapoker hi lo70% da forçapoker hi lotrabalho da saúde no país, então é esperado que sejam das funções com maiores demandas no cenário atual cenáriopoker hi lopandemia.

Diferente dos médicos,poker hi loque a contratação por prestaçãopoker hi loserviço (como autônomo ou pessoa jurídica) é frequente, Pietro diz que profissionaispoker hi loenfermagem tendem a ser contratados como celetistas — e, nas vagas emergenciais que se vê agora, há muitos contratos temporários do tipo RPA.

E, apesarpoker hi lonos últimos anos a categoria ter se destacadopoker hi lorelação a outras na ofertapoker hi lotrabalho — foi a categoriapoker hi lonível superior com mais contratações no primeiro trimestrepoker hi lo2019, segundo a plataforma Quero Bolsa com dados do Cadastro Geralpoker hi loEmpregados e Desempregados (Caged) —, isto está longepoker hi loindicar um ramo profissional sem problemas.

"Apesarpoker hi lotermos aparecido como a profissão com mais contratações nos últimos dois anos (em alguns trimestres específicos), há um subdimensionamento. As instituições tendem a trabalhar com um mínimo", diz Renata Pietro, apontando também para o crescente númeropoker hi lofaculdades e formados entrando no mercado.

"Precisamospoker hi lomais gente no mercado, e um cenário como esse (da pandemia) é uma oportunidadepoker hi lofazer esse ajuste. A pandemia também pode contribuir ao dar aos recém-formados uma primeira oportunidade — muitos contratantes não estão nem perguntando se o candidato tem experiência."

Em grupospoker hi loenfermeiros no Facebook, o mural tem ficado repletopoker hi lopostagenspoker hi loprofissionais comemorando o primeiro emprego na área, a saída do desemprego ou o enriquecimento do currículo com a conquista dessas vagas emergenciais — ao lado tambémpoker hi locomentários sobre a preocupação com a exposição à nova doença.

'Sustentar meus filhos'

Para a enfermeira Kátia Oliveira, 37 anos, contratada há uma semanapoker hi louma Unidadepoker hi loPronto Atendimento (UPA)poker hi louma cidade catarinense, a oportunidadepoker hi lotrabalho vinda com o novo coronavírus foi um a "luzpoker hi lomeio a todo esse caos".

"É uma doença muito ruim, não queríamos estar trabalhando com ela. Mas olhando pra parte do emprego, será muito bom para o currículo, vai ajudar muito as pessoas da área da saúde. Muito mesmo. Eu tiro por mim, meu Deus. Vou conseguir ajudar meus filhos, sustentar minha casa", contou a enfermeira à BBC News Brasil por telefone, "mãe e pai"poker hi loquatro filhos há quinze anos, quando ficou viúva.

"Eu não sabia na verdade como ia fazer esse mês para colocar comida dentropoker hi locasa, porque seria quase tudo (do orçamento) pro aluguel."

Formada há três anos, Kátia conta já ter vivido um iníciopoker hi loprofissãopoker hi losacrifícios. Naturalpoker hi louma cidade no interiorpoker hi loSão Paulo, ela se mudou para Santa Catarina por encontrar lá mais vagas que aceitassem recém-formados.

Até encontrar a vaga aberta na UPA por conta do coronavírus, a enfermeira estava trabalhandopoker hi louma clínica psiquiátrica — hoje, acumula os dois trabalhos, às vezes emendando turnos.

E, agora, o próximo passo do seu "sonho" é ser contratada por tempo indeterminado na UPA, onde diz estar satisfeita com o ambiente e condiçõespoker hi lotrabalho. Aliás, diferentepoker hi lorelatospoker hi looutros colegas pelo Brasil, ela diz estar recebendo Equipamentospoker hi loProteção Individual (EPIs) contra o coronavírus adequados — e conta já ter atendido pacientes com suspeita da doença.

Em São Paulo, o Coren-SP protocolou nesta semana um ofício ao Ministério Público denunciando condições inadequadaspoker hi lotrabalhopoker hi lohospitais com basepoker hi lodenúnciaspoker hi loprofissionais — que apontaram não disponibilizaçãopoker hi loEPIs para toda a equipe, carênciapoker hi lomateriais mínimospoker hi lohigienização e reutilizaçãopoker hi lomateriais descartáveis.

Apesarpoker hi loadmitir que tem medopoker hi lose contaminar, Kátia diz que não pensou duas vezespoker hi loaceitar o emprego nesta pandemia. Ela sustenta os filhos e um deles,poker hi lo20 anos, foi diagnosticado recentemente com leucemia, o que traz novos custos com transporte para exames, remédios e outros procedimentos.

Com o diagnóstico do filho e o trabalho com pacientespoker hi locoronavírus, a enfermeira também ficará afastada fisicamente dele por tempo indeterminado. Ele vive com os avós no interiorpoker hi loSão Paulo para continuar o tratamento ali iniciado.

"Ver meu filho, só depois que passar essa fase. Estou tendo exposição direto e ele está com a imunidade baixa, não posso ter contato com ele. Meus pais também são idosos. Vamos matando a saudadepoker hi lolonge, falamos todo dia no WhatsApp."

Novas vagas também para médicos

Em um mercado com divulgaçãopoker hi lovagas e tipospoker hi locontratos diferentes da enfermagem, os médicos também têm visto novas oportunidades surgirem motivadas pela prevenção ao coronavírus.

Criadora do Quero Plantão, um conjuntopoker hi logrupos no WhatsApp e Telegram para regiõespoker hi lotodo o Brasil e quepoker hi lobreve se tornará um aplicativo, a médica Ana Paula D'Artibale tem há muito tempo uma rotina frenética fazendo a ponte entre profissionais da saúde (principalmente médicos) e instituições públicas e privadas — ela conta que são cercapoker hi lo30 mil pessoas usando o Quero Plantão.

Mas, com a pandemiapoker hi locoronavírus, essa procura por profissionais ficou ainda mais intensa.

"Todo dia é um cenário novo: ontem eu tinha um pedidopoker hi loX vagas para determinado serviço; hoje eu acordopoker hi lomanhã e já tenho mensagens pedindo um número maiorpoker hi loprofissionais. Por quê? Os médicos que estava trabalhando foram afastados, porque estão com suspeitapoker hi locoronavírus, então precisamos suprir essa demanda. Essa rotatividade tem sido muito grande."

A Associação Médica Brasileira (AMB), assim como o Conselho Regionalpoker hi loEnfermagempoker hi loSão Paulo (Coren-SP), tem demonstrado preocupação com os riscos aos quais profissionais são submetidos sem condições adequadaspoker hi lotrabalho diante do coronavírus.

Em um canalpoker hi lodenúncias na internet especificamente dedicado ao assunto, a AMB recebeu até 29poker hi lomarço 2.513 denúnciaspoker hi loprofissionais sobre faltapoker hi loEquipamentospoker hi loProteção Individual (EPIs) contra o coronavírus — máscara tipo N95 ou PFF2; óculos e/ou face shield; luvas; gorro; capote impermeável e álcool gel 70%.

Com base nas reclamações, presentespoker hi lotodos os Estados, a associação calculou que falta álcoolpoker hi logelpoker hi lo35% dos estabelecimentos denunciados;poker hi lo75% deles, há faltapoker hi lopelo menos três dos EPIs;poker hi lomaispoker hi lo30% dos casos, todos os EPIs estãopoker hi lofalta.

"De um lado, você vai ter um número maiorpoker hi lopessoas prestando o atendimentopoker hi losaúde; do outro, uma grande entradapoker hi lopacientes. E no meio deles, a faltapoker hi loproteção", diz o vice-presidente da AMB, Diogo Sampaio, tendopoker hi lovista um picopoker hi locasospoker hi locoronavírus no país entre abril e maio.

"Essa faltapoker hi loequipamento é complexa porque não se trata da proteção apenas do médico. Se ele não estiver protegido e atender um pacientepoker hi locovid-19, ele provavelmente vai ficar contaminado e vai transmitir (o vírus) para outros pacientes. Transmite também para outros profissionaispoker hi losaúde e para apoker hi lofamília."

"Pior que isso: ele pode ficar doente, será testado, ficarápoker hi loisolamento e não poderá prestar atendimento à população por 14 dias."

"Na Itália, quase 6 mil profissionaispoker hi losaúde saíram da linhapoker hi loatendimento porque ficaram doentes", afirma Sampaio, destacando que o afastamentopoker hi loprofissionais adoecidos foi parte do colapso do sistemapoker hi losaúde italiano com o coronavírus, junto com a faltapoker hi loleitospoker hi loUTI e equipamentos, entre outros.

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