Por que analistas dizem que Bolsonaro se enfraquece ao 'criar tensão recorrente entre poderes':bayern rb leipzig

Jair Bolsonaro

Crédito, Marcos Corrêa/Agência Brasil

Legenda da foto, Após repercussão negativa, presidente Bolsonaro disse que mensagens contra o Congresso foram distribuídas a 'dezenasbayern rb leipzigamigos' e que erambayern rb leipzigcunho pessoal

'Inimigos do Brasil'

Com 1 minuto e 40 segundos, o vídeo tem ao fundo o Hino Nacional tocadobayern rb leipzigsaxofone e um textobayern rb leipzigapoio ao presidente, alémbayern rb leipzigimagensbayern rb leipzigBolsonaro durante discursos e no hospital, após ter sido esfaqueado durante a campanha eleitoralbayern rb leipzig2018.

O texto diz que ele "foi chamado a lutar por nós" e "quase morreu por nós". "Dia 15/03 vamos mostrar a força família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil."

"Tem sido um modus operandi dele, um morde e assopra. Ele sempre vai testando os limites e esboçando um recuo, mas que é difícil parecer um ato sincero. Parece mais recuo táticobayern rb leipzigfunção da necessidadebayern rb leipzigquando há um movimento contrário", diz Couto, acrescentando que as demais instituições democráticas têm funcionado como ferramentasbayern rb leipzigcontenção ao presidente.

O cientista também compara a relação a um "carro descendo a serra com o pé no freio". "Você vai descer, mas ao fim da descida vai ter acabado o freio, desgasta. Esse processobayern rb leipzigficar tensionando o tempo todo é um problemabayern rb leipzigdesgaste contínuo. O desgastebayern rb leipziginstituições vai ocorrendo, os ânimos vão se exaltando. Essa tem sido a tônica do governo Bolsonaro", afirma.

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Alerta: Conteúdobayern rb leipzigterceiros pode conter publicidade

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Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria Integrada, vê na posturabayern rb leipzigBolsonaro uma reação à perdabayern rb leipzigrelevância no debate nacional criada pelo próprio presidente, que foi eleito sob o discursobayern rb leipzigque se afastaria do chamado "presidencialismobayern rb leipzigcoalizão", sem buscar uma basebayern rb leipzigapoio ao governo no Congresso.

Tal postura, segundo Cortez, acabou dando mais protagonismo ao Legislativobayern rb leipzigquestões que agora desagradam ao governo, como a divisão do Orçamento. "O presidente não se dispôs, não quis exercer o papelbayern rb leipzigliderança e coordenação política, havia uma motivaçãobayern rb leipzigrefundar a política brasileira por trás da vitória do Bolsonaro. O presidente não forma coalizão majoritária e tampouco exerce o papelbayern rb leipzigcoordenador. O resultado dessa escolha é esse fortalecimento institucional do Poder Legislativo, que acaba gerando um constrangimento no lequebayern rb leipzigescolhas para o Executivo", diz Cortez.

Cortez, no entanto, não acredita que o cenário possa evoluir para uma abreviação do mandato presidencial. "Não me parece que as respostas do Legislativo vão serbayern rb leipziggerar essa tensão no sentidobayern rb leipziggerar o que ocorreu no segundo mandato Dilma [Rousseff], quando havia uma separação entre agendas dos poderes, conflito clássico do presidencialismo".

O momento, avalia o cientista, ébayern rb leipzigtensão entre os Poderes, mas nãobayern rb leipzigruptura, porque, tanto no Executivo quanto no Legislativo, há mobilizaçãobayern rb leipziggrupos sociais e equilíbrio político.

"Não me parece que vamos caminhar para um cenáriobayern rb leipzigimpeachment ou tampoucobayern rb leipzigum cenáriobayern rb leipzigruptura institucional, nesse sentidobayern rb leipzigfortalecimento do Poder Executivo vis a vis os demais Poderes", diz. "O resultado desse processo vai ser uma tensão constante, e as eleições (presidenciaisbayern rb leipzig2022) vão ser o árbitro para balancear quais visõesbayern rb leipzigmundo têm impacto maior na sociedade."

Rodrigo Maia

Crédito, Marcelo Camargo/Agência Brasil

Legenda da foto, 'Criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir. Somos nós, autoridades, que temosbayern rb leipzigdar o exemplo', afirmou Maiabayern rb leipzigreação ao presidente

Disputa e acusaçãobayern rb leipzigchantagem

A mais recente rodadabayern rb leipzigatritos entre Congresso e Executivo começou com uma declaração do ministro do Gabinetebayern rb leipzigSegurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, na qual ele reclamoubayern rb leipzig"chantagem"bayern rb leipzigparlamentares.

Na mensagem, captada durante uma transmissão ao vivo feita pela internet, o ministro dizia que o governo "não pode aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo".

Após a repercussão negativa, Heleno se justificou. Segundo ele, diante da votação dos vetos ao Orçamento impositivo — medida que dá a deputados e senadores maior controle sobre o uso dos recursos da máquina pública —, "estava expondobayern rb leipzigvisão sobre insaciáveis reivindicaçõesbayern rb leipzigalguns parlamentares por fatias do Orçamento impositivo".

Embora esteja tentando recuperar um protagonismo que perdeubayern rb leipzigrazão das próprias escolhas políticas, Cortez diz que o presidente se torna menos relevante ao render-se a essa "'permanênciabayern rb leipzigtensão institucional", decorrente da maneira como exerce o poder.

"Me parece que,bayern rb leipzigsaída, vamos ter um Poder Executivo tendo menos influência ainda. Vai haver uma mobilização pró-presidente, mas a instituição Presidência da República é mais fraca nesse momento e a tendência ébayern rb leipzigmenor poder do Executivobayern rb leipziginfluenciar a agendabayern rb leipzigdebate. A agenda econômica do presidente segue sob risco, o Legislativo vai ter uma postura que vai prejudicar os interesses do governo no Congresso", prevê o cientista da Tendências, que destaca que, na história recente, mais democracias morrem por "corrosão interna" do que por ataques exógenos.

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que o presidente não atacou as instituições, que estão funcionando normalmente. Fotografiasbayern rb leipzigMourão também aparecem nas convocações das manifestações contra o Congresso nas redes sociais.

"Não autorizei o usobayern rb leipzigminha imagem por ninguém, mas protestos fazem parte da democracia que não precisabayern rb leipzigpescadoresbayern rb leipzigáguas turvas para defendê-la", afirmou o vice-presidente pelo Twitter nesta quarta-feira.

Democracia jovem e eventosbayern rb leipzigsérie

Carlos Melo, professor do Insper e cientista político, diz que o maior problemabayern rb leipzigrelação ao ocorrido é o fatobayern rb leipzignão ser um episódio isolado. No ano passado, por exemplo, Bolsonaro compartilhou também pelo seu WhatsApp pessoal um texto qualificando-obayern rb leipzig"leitura obrigatória" para "quem se preocupabayern rb leipzigse antecipar aos fatos".

O presidente da República Jair Bolsonaro, o ministro do GSI, Augusto Heleno e o vice-presidente, general Hamilton Mourão

Crédito, Valter Campanato/Agência Brasil

Legenda da foto, O presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro do GSI, Augusto Heleno, e o vice-presidente, general Hamilton Mourão

A mensagem dizia que era impossível governar o Brasil respeitando as instituições democráticas, especialmente o Congresso. Segundo o texto, essas instituições estão tomadas por corporações que inviabilizam a administração pública, situação que abre caminho para uma "ruptura institucional irreversível".

Melo pontua uma sériebayern rb leipzigoutros eventos preocupantes mais recentes, como os ataques do presidente à imprensa e o silêncio do Palácio do Planalto diante do motimbayern rb leipzigpoliciais militares no Ceará que,bayern rb leipzigoito dias, deixou um saldobayern rb leipzig170 assassinatos no Estado.

"Você não vê o presidente se posicionar contra. Pelo contrário, quem (se) vê à frente do movimento como esse (motim é) um vereador bolsonarista. Não se vê nenhum repúdio (do presidente)."

Por outro lado, o professor destaca que Bolsonaro se pronunciou sobre a morte do ex-oficial da Polícia Militar do Rio Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como "capitão Adriano". Tanto o presidente quanto os seus filhos disseram que existe potencialbayern rb leipzig"armação" contra eles na apuração da mortebayern rb leipzigAdriano ebayern rb leipzigseu elo com a milíciabayern rb leipzigRio das Pedras e organizaram uma ofensiva nas redes sociaisi. "Qualquer presidente que tenha compostura não se mete numa questão dessas", diz Melo.

"No mínimo, a sociedade tem que mostrar que, se tem uma parcela que apoia, existe uma grande parcela que não apoia esse tipobayern rb leipzigcoisa. Esse tipobayern rb leipzigpostura, o máximo que vai conseguir é dividir o país. Não vai unir o país, criar um climabayern rb leipzigconcórdia para que possamos resolver o problema do desemprego, da miséria absoluta, da violência, da economia", afirma Melo.

"Você vai vulgarizando a Presidência da República. A Presidência da República não é só um cargo eletivo, ela é um símbolobayern rb leipzigunidadebayern rb leipzigpoder. Quando o presidente todo diabayern rb leipzigmanhã e à tarde para no cercadinho para cumprimentar os seus e provocar os jornalistas, cada dia vem um tipobayern rb leipzigprovocação, você vaibayern rb leipzigalguma forma vulgarizando a Presidência da República. Quando o presidente fala uma coisa e desdiz, avança e depois recua, e isso começa a ser recorrente, começa a ser um hábito, a Presidência da República vai perdendo o que ela tembayern rb leipzigmais importante, que é a autoridade. Toda autoridade é crível. Então, é claro que esse tipobayern rb leipzigatitude desgasta."

"Se você olhar para a história do Brasil, esse período que nós vivemos é o maior períodobayern rb leipzigdemocracia que vivemos e estamos falandobayern rb leipzig30 e poucos anos, e olha que tivemos dois impeachments. Você não tem por definição, não há democracia pronta e acabada. Na nossa tradição a democracia é frágil e as autoridades não podem brincar com isso."

Moderação nos outros poderes

Entre os analistas ouvidos pela reportagem, é consenso que o que tem evitado uma escalada ainda maior do nívelbayern rb leipzigtensão entre os Poderes têm sido respostas moderadas como as do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Nesta quarta-feira (26/02), Maia reagiu ao compartilhamentobayern rb leipzigvídeos pelo presidente defendendo a união pelo diálogo e reafirmou o respeito às instituições democráticas. "Criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir. Somos nós, autoridades, que temosbayern rb leipzigdar o exemplobayern rb leipzigrespeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisabayern rb leipzigpaz e responsabilidade para progredir", afirmou.

Paulo Gama, analista politico da XP Investimentos, lembra que um dos efeitos depois do episódio do ano passado,bayern rb leipzigque Bolsonaro compartilhou um texto contra o Congresso, foi o aumento do protagonismobayern rb leipzigMaia à frente da reforma da Previdência.

"A resposta do Rodrigo é algo muito mais institucional, na linhabayern rb leipzigmanter a estabilidade, as instituições trabalhando. Apesar do desgaste, me parece o caminho que eles estão tentando criar, evitar um confronto público com o presidente, evitar um confronto público com as manifestações, porque fazendo isso cairíam no discurso que a própria manifestação está tendo,bayern rb leipzigque o Congresso é chantagista", diz.

Gama, no entanto, reforça que o atrito criado pelo presidente deixa o ambiente um pouco mais turvo, um pouco menos estável e com menos previsibilidade, que é algo que o mercado preza bastante. "A retomada é dependente tambémbayern rb leipzigreformas, como a tributária, que dependebayern rb leipzigaprovação do Congresso", diz.

É por isso que, na visão do analista, parece menos provável o cenáriobayern rb leipzigque um eventual pedidobayern rb leipzigimpeachment contra o presidente seja acatado pela Câmara. "Não me parece que teria chancebayern rb leipzigprosperar algum pedidobayern rb leipzigimpeachment. Ouvi juristas se manifestando no sentidobayern rb leipzigque caberia isso, partidos políticos falando isso, mas me parece que no cenário que a gente tem hoje deveriam ser analisados com cautela. Me parece que não seria a postura que o Maia está atuando nesse momento."

Línea.

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