Quem são as pessoas que moram nos EUA, mas não têm nacionalidade reconhecida por nenhum país:novibet 5 euro

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Membros da organização United Stateless, que reúne pessoas apátridas nos Estados Unidos

Mas, depoisnovibet 5 euroalguns anosnovibet 5 euroespera, o pedido foi negado e,novibet 5 euro1996, quando Clough tinha oito anosnovibet 5 euroidade, a família cruzou a fronteira com os Estados Unidos e se instalou no Estado da Pensilvânia. Seus pais obtiveram númerosnovibet 5 euroseguridade social e autorização para trabalhar e entraram com pedidonovibet 5 euroasilo político.

Quando,novibet 5 euro2001, o pedido foi recusado pela terceira vez, eles receberam ordem para deixar o país. "Fomos à embaixada ucraniana para obter documentosnovibet 5 euroviagem. E foi então que descobrimos que não éramos cidadãos da Ucrânia", relata Clough. "Apesarnovibet 5 euroeu ter uma certidãonovibet 5 euronascimento da Ucrânia na épocanovibet 5 euroque era parte da União Soviética."

Segundo o Center for Migration Studies (CMS), organização com sedenovibet 5 euroNova York que se dedica ao estudonovibet 5 euromigração internacional e políticas públicas que protejam os direitos dos migrantes, a dissolução da União Soviética (que fez com que os passaportes soviéticos perdessem validade),novibet 5 euro1991, e a implementaçãonovibet 5 euronovas leisnovibet 5 eurocidadania nos países que emergiram "criaram uma significativa população apátrida".

Em relatório inédito divulgado nesta quinta-feira, o CMS traça um perfil dessas pessoas sem pátria — vindas tanto da ex-União Soviética quantonovibet 5 eurovárias outras regiões do mundo — e das dificuldades que enfrentam nos Estados Unidos.

Faltanovibet 5 eurodados

Com basenovibet 5 eurodados do censo populacional americano enovibet 5 europedidosnovibet 5 eurorefúgio e asilo, o CMS estima que 218 mil pessoas "potencialmente apátridas ounovibet 5 eurorisconovibet 5 eurose tornarem apátridas" vivem nos Estados Unidos, espalhadas por todos os 50 Estados americanos. Entre aqueles considerados "em risconovibet 5 eurose tornarem apátridas" estão os que enfrentam dificuldadesnovibet 5 euroobter documentos que comprovemnovibet 5 euronacionalidade.

Mas os pesquisadores ressaltam que é impossível calcular o número preciso, e que algumas das pessoas incluídas nessa estimativa podem ter conseguido nacionalidadenovibet 5 euroseus paísesnovibet 5 euroorigem ounovibet 5 eurooutra nação.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Nascida na antiga União Soviética, Karina Ambartsoumian-Clough é uma das pessoas apátridas nos EUA

"Não há dados federais confiáveis sobre pessoas apátridas nos Estados Unidos", diz à BBC News Brasil o diretor-executivo do CMS, Donald Kerwin, um dos autores do documento.

São várias as causas que levam uma pessoa a se tornar apátrida. Alguns vêmnovibet 5 europaíses que deixaramnovibet 5 euroexistir, outros são refugiados. Alguns são residentes legais, mas sem garantianovibet 5 euroque conseguirão se tornar cidadãos americanos.

"É um problema muito complexo, com múltiplas causas, e muito maior do que as pessoas imaginam", afirma Kerwin. "Há necessidade urgentenovibet 5 eurocriar mecanismos específicos para permitir que pessoas apátridas possam regularizarnovibet 5 eurosituação."

Quem são

Em alguns casos, como o da famílianovibet 5 euroClough enovibet 5 eurooutros cidadãos da antiga União Soviética, leis rígidasnovibet 5 eurocidadania adotadas pelas nações que surgiram após a dissolução do paísnovibet 5 euroorigem fizeram com que muitas pessoas não conseguissem ternovibet 5 euronacionalidade reconhecida.

Problemas semelhantes foram enfrentados por muitos cidadãos da antiga Iugoslávia, ou por pessoasnovibet 5 euroorigem eritreia nascidas na Etiópia. Segundo o relatório, vários países não dão cidadania a palestinos ou pessoas do Saara Ocidental.

De acordo com o documento,novibet 5 europelo menos 25 países, as mães não podem passar a cidadania automaticamente a seus filhos, o que pode deixar crianças nascidasnovibet 5 euromãe nativa mas pai estrangeiro sem nacionalidade, especialmentenovibet 5 eurocasosnovibet 5 euroque o pai é apátrida. Em outros, é exigido que pai e mãe sejam casados para que a criança tenha nacionalidade reconhecida.

Há ainda casosnovibet 5 euroque países negam ou cancelam a nacionalidadenovibet 5 eurodeterminadas pessoas com basenovibet 5 euroetnia, religião, idioma falado ou outras características. Este é o caso dos rohingyanovibet 5 euroMianmar.

Cidadãosnovibet 5 euroalguns países perderamnovibet 5 euronacionalidade por residirem no exterior e não saberem da exigêncianovibet 5 eurose apresentar a seu consulado periodicamente. Há também casosnovibet 5 europais que não registram ou são impedidosnovibet 5 euroregistrar o nascimento dos filhosnovibet 5 euroáreas remotasnovibet 5 eurocertos países, o que impede que as crianças tenham provanovibet 5 euronacionalidade.

Em outros casos, bebês nascidos no exterior devem voltar ao país dos pais para serem registrados, o que pode ser dificultado por problemas financeiros ou medonovibet 5 europerseguição no paísnovibet 5 euroorigem. É o casonovibet 5 euromuitos filhosnovibet 5 eurorefugiados sírios nascidosnovibet 5 europaíses que não oferecem cidadania automática a crianças nascidasnovibet 5 euroseu território.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Famílianovibet 5 euroKarina Ambartsoumian-Clough (à frente, à esquerda) na épocanovibet 5 euroque deixou a União Soviética

Limbo

Mesmo sem um número preciso, o relatório lança luz sobre como é a vida entre as pessoas sem nacionalidade reconhecida que vivem nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, a maioria considera o país seu lar, e muitos têm filhos e até netos que são cidadãos americanos.

Nos Estados Unidos, não há um caminho específico para que apátridas possam regularizarnovibet 5 eurosituação. Eles devem cumprir os mesmos requisitos exigidosnovibet 5 eurooutros imigrantes. Mas diferentementenovibet 5 euroimigrantesnovibet 5 eurosituação irregular, que podem contar com a assistêncianovibet 5 euroconsulados e embaixadasnovibet 5 euroseus paísesnovibet 5 euroorigem, os apátridas não têm a quem recorrer.

Sem documentos suficientesnovibet 5 euronenhum país e sem maneirasnovibet 5 euroregularizarnovibet 5 eurosituação, essas pessoas vivem no que Clough e Kerwin descrevem como "limbo legal". Não podem regularizarnovibet 5 eurosituação nos Estados Unidos, vivendo marginalizadas e sob o estigma relacionado a seu status, e nem podem sair do país, já que não têm os documentos necessários para viajar, nem há um país que as aceite. Muitos entrevistados no relatório relatam sofrernovibet 5 euroansiedade e depressão.

Muitos vivem sob ameaçanovibet 5 eurodetenção e deportação. Como não têm para onde ser deportados, já que são considerados estrangeirosnovibet 5 euroqualquer lugar e não há país que os aceite, podem acabar passando longos períodos detidos, apenas libertados sob ordemnovibet 5 eurosupervisão, alguns com tornozeleira eletrônica, devendo se apresentar às autoridadesnovibet 5 euroimigração regularmente. Muitas vezes, dependendonovibet 5 euroonde moram, precisam viajar vários quilômetros até uma cidade onde haja escritório das autoridadesnovibet 5 euroimigração.

Aqueles libertados pelas autoridadesnovibet 5 euroimigração sob ordemnovibet 5 eurosupervisão recebem autorizaçãonovibet 5 euroemprego, mas esse documento deve ser renovado anualmente, e muitas vezes há atrasos. Para aqueles que pediram asilo, o processo pode levar anos, durante os quais vivem sem saber se serão aceitos ou detidos.

Mesmo no casonovibet 5 eurorefugiados que se tornaram residentes permanentes dos Estados Unidos, o caminho para a cidadania não é garantido, já que alguns são analfabetosnovibet 5 eurosuas próprias línguas maternas e têm conhecimento limitadonovibet 5 euroinglês, o que torna improvável que passem no testenovibet 5 eurocidadania.

Por não terem documentonovibet 5 euroidentidade, os apátridas não conseguem viajar e enfrentam dificuldadenovibet 5 euroconseguir emprego ounovibet 5 eurofrequentar a universidade. Com isso, muitos apátridas nos Estados Unidos só conseguem empregos com salários baixos ou enfrentam desemprego. Além disso, a faltanovibet 5 eurodocumentonovibet 5 euroidentidade impede que obtenham empréstimos, cartõesnovibet 5 eurocrédito ou contas bancárias e adquiram imóveis, o que dificulta o planejamento financeiro.

Dificuldades

Muitas dessas dificuldades são familiares a Clough. Aos 18 anos, ela ficou completamente sem documentos, situação que se estendeu durante seis anos, até que ela finalmente conseguiu uma carteiranovibet 5 euroidentidade americana por meio do DACA, programa criado durante o governonovibet 5 euroBarack Obama para proteger jovens que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças.

Mas o programa foi encerrado pelo governonovibet 5 euroDonald Trump, e o caso agora está sob avaliação da Suprema Corte (a mais alta instância da Justiça americana). "Caso o programa realmente acabe, vou voltar a não ter documentos", prevê.

Clough, que hoje tem 31 anos, conta que, apesarnovibet 5 euroser casada com um cidadão americano, não pode obter cidadania, porque ela e os pais entraram nos Estados Unidos sem inspeção por autoridadesnovibet 5 euroimigração. Para obter cidadania americana, ela terianovibet 5 eurosair do país e então retornar, o que não pode fazer.

"Eu nunca tive um passaporte na vida. Na época,novibet 5 euroacordo com as leis soviéticas, menoresnovibet 5 euro18 anos não tinham passaporte, seu nome era apenas escrito no passaportenovibet 5 euroseus pais", relata.

Ela lembra que, sem identidade, não podia dirigir, não podia ter um planonovibet 5 eurosaúde e várias vezes foi obrigada a trocarnovibet 5 euroemprego. "Em determinado momento eu não conseguia nem mesmo ter um telefone celular", lembra.

Há alguns anos, por meio da internet, Clough começou a entrarnovibet 5 eurocontato com outras pessoas na mesma situação que vivem nos Estados Unidos. "Até então, eu nunca havia conhecido outra pessoa apátrida fora da minha família. Há muito estigma, as pessoas não falam sobre isso, têm medo", observa.

Junto com outras pessoas apátridas, Clough fundou a organização United Stateless (referência ao nome do país e ao termo "stateless", que significa apátrida), para reunir pessoas nessa situação e chamar atenção para o problema. A organização participou da elaboração do relatório.

O diretor-executivo do CMS diz que é necessário criar alguma maneira para que essas pessoas possam regularizarnovibet 5 eurosituação e se tornar cidadãos. "É importante lembrar que esse status,novibet 5 euroapátrida, não é culpa dessas pessoas", ressalta Kerwin.

Ele diz que, por muito tempo, esse foi considerado um problema pequeno nos Estados Unidos. "Mas é maior do que pensávamos e é muito prejudicial. Não há motivo para que os Estados Unidos não consigam solucionar esse problema", afirma.

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