Eleição na Bolívia: resultados parciais indicam 2º turno inédito entre Evo Morales e Carlos Mesa:bet77 50 reais

Na Bolívia, para ser eleito presidente são necessários 40% dos votos e uma diferençabet77 50 reais10% para o segundo colocado, ou maisbet77 50 reais50% da votação.

Diferentebet77 50 reaispleitos anteriores, esta corrida eleitoral está mais incerta. Além da questão jurídica, podem influenciar a votação, segundo analistas, a estabilidade econômica registrada na era Evo Morales e também os incêndios recentes na fronteira com o Brasil.

A BBC News Brasil entrevistou autoridades do governo boliviano e da oposição, alémbet77 50 reaisanalistas políticos, sobre a disputa eleitoral, que tem como três principais candidatos Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS); o ex-presidente, escritor e jornalista Carlos Mesa, da chapa Comunidade Cidadã (Comunidad Ciudadana); e o senador Óscar Ortiz, da Aliança Bolívia Diz Não (Alianza Bolívia Dice No).

Principal opositorbet77 50 reaisEvo nesta eleição, Mesa questiona o processo que permitiu a candidatura do presidente. Durante a campanha, disse que os bolivianos votarão entre "o caminho autoritário" e a "democracia".

Numa visita recente a Buenos Aires, Mesa afirmou ser "preciso terminar com a concentraçãobet77 50 reaispoder e com a teoriabet77 50 reaisque a Bolívia não pode viver sem Evo". Para o opositor, Morales "já fez o que tinhabet77 50 reaisser feito", como valorizar o conceitobet77 50 reaisser indígena no país, ter administrado "razoavelmente" a economia e "não ter repetido o erro econômico da Venezuela".

No entanto, disse temer pelo seu legado e a queda na arrecadação, depois que Brasil e Argentina passaram a comprar menos gás boliviano.

Morales, porbet77 50 reaisvez, afirmou maisbet77 50 reaisuma vez que não houve manobra jurídica ou qualquer ilegalidade. O presidente defende que é candidato "porque o povo quer" que ele continue na Presidência, por saber quebet77 50 reaisvida "melhorou" embet77 50 reaisgestão.

'Direitos humanos'

Morales assumiu o poderbet77 50 reaisjaneirobet77 50 reais2006 e é o presidente boliviano que está no cargo há mais tempo na história do país.

Uma mudança constitucional aprovadabet77 50 reais2009 criou a possibilidadebet77 50 reaisreeleição presidencial para dois mandatos consecutivosbet77 50 reaiscinco anos cada, o que permitiu que ele concorressebet77 50 reais2010 e 2014.

Em 2016, os partidáriosbet77 50 reaisMorales convocaram um referendo para modificar a Constituição novamente e permitir que concorresse a um quarto mandato. Mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos eleitores por uma margem estreita: 51,3% votaram pelo "não".

Apesar disso, o Tribunal Constitucional determinoubet77 50 reaisnovembrobet77 50 reais2017 que o limitebet77 50 reaisdois mandatos era "uma violação dos direitos humanos" e autorizou a nova candidatura.

A decisão gerou acusações da oposiçãobet77 50 reaisque o governo estaria sendo favorecido pelo tribunal. Também divide analistas políticos e juristas locais,bet77 50 reaisum debate que permanece relevante na reta final desta corrida.

"Foi uma postulação inconstitucional. O governo afirmou que o Acordobet77 50 reaisDireitos Humanosbet77 50 reaisSão José da Costa Rica (também conhecido como Convenção Americana sobre Direitos Humanos) está acima da Constituição nacional. Mas a verdade é que o resultado do referendo popular não foi respeitado", disse o economista Javier Gómez, do Centrobet77 50 reaisEstudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário (Cedla, na siglabet77 50 reaisespanhol).

Para o cientista político Fernando Mayorga, professor da Universidade Públicabet77 50 reaisCochabamba, os trâmites jurídicos foram respeitados. "Está escrito na Constituição que os acordos internacionais são superiores à própria Carta magna. E o Tribunal Constitucional (a partir do acordobet77 50 reaisSão José da Costa Rica) permitiu a eleição não só para presidente, mas para todos os cargos", disse Mayorga, autorbet77 50 reaislivros sobre a políticabet77 50 reaisMorales.

Eleição mais apertada

A polêmicabet77 50 reaistorno da nova candidaturabet77 50 reaisMorales pode ter contribuído para deixar mais acirrada a disputa.

"Evo está à frente nas pesquisas, mas desta vez não está claro que vencerá no primeiro turno. Ele é um político que gera amor e ódio e várias contradições. Por exemplo, ao mesmo tempobet77 50 reaisque cercabet77 50 reais60% aprovam as obrasbet77 50 reaisinfraestrutura que realizou no país, 60% também rejeitam que seja candidato novamente", disse o analista José Luis Galvez, do Instituto Ciesmori,bet77 50 reaispesquisasbet77 50 reaisopinião pública.

Uma pequena empresáriabet77 50 reaisLa Paz, que falou sob a condição do anonimato, criticou a posturabet77 50 reaisMorales após o referendo. "Evo fez muitas coisas boas, mas mentiu ao dizer que respeitaria o resultado do 21-F (referendobet77 50 reaisfevereirobet77 50 reais2016) e que não seria candidato se o 'não' vencesse", disse ela.

"O 'não' venceu, e ele está aí agora, candidatobet77 50 reaisnovo. Nosso país precisabet77 50 reaisalternância, para o bem da democracia. Vou votar no Mesa, como muita gente, principalmente para tentar fazer com que Evo não continue."

Para o analista Roberto Lasema, do Centrobet77 50 reaisEstudos da Realidade Econômica e Social (Ceres), Morales "quebrou a promessabet77 50 reaisque não buscaria mais um mandato".

'O fator econômico'

O ministro da Economia, Luis Arce, dizbet77 50 reaisentrevista por telefone à BBC News Brasil ser natural que ocorra um desgaste da gestãobet77 50 reaisMorales, por causa do longo período na Presidência.

Ele observa, porém, que novos governantes da América do Sul, como Jair Bolsonaro, no Brasil, Mauricio Macri, na Argentina, e Sebastián Piñera, no Chile, "perderam popularidade rapidamente" —bet77 50 reaisalguns casosbet77 50 reaisforma dramática, como nobet77 50 reaisMacri.

Segundo o ministro, a economia boliviana deverá crescer novamente neste ano. Ele ressalta que a estabilidade econômica é um fator decisivo no voto dos bolivianos.

"Estamos atentos aos efeitos dos problemas mundiais, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que se somaram aos problemasbet77 50 reaisArgentina e Brasil, os quais passaram a demandar menos gás boliviano. Apesar disso, nossa economia continua sólida e crescendo", disse Arce, citando indicadores do governo como a queda na pobreza (de 38% para 15% nos anos Morales), entre outros índices registrados nos maisbet77 50 reais13 anosbet77 50 reaisgestão.

Arce afirmou ainda que, se a oposição for eleita, a Bolívia pode ter problemas econômicos semelhantes aosbet77 50 reaisseus vizinhos.

"A oposição representa um risco, assim como Macri, na Argentina, Bolsonaro, no Brasil, e Lenín Moreno, no Equador. Se eleita, a oposição vai fazer privatizações, eliminar os benefícios que distribuímos e gerar inflação. Por isso, achamos que Evo vai ganhar no primeiro turno. Os indecisos vão optar pela estabilidade econômica contra o neoliberalismo."

Segundo o ministro, Morales deve continuar para "concluir e consolidar" o que vem fazendo.

Para Mayorga, a campanha do governo, cujo lema é "Futuro Seguro", "não é uma campanha do medo". "O governo Evobet77 50 reaisfato representa a estabilidade econômica. E Mesa já foi presidente e renunciou sem tomar medidas importantes, como a nacionalização dos hidrocarbonetos realizada por Evo", disse Mayorga.

Mesa era vice do então presidente Gonzalo Sánchezbet77 50 reaisLozada, que saiu do paísbet77 50 reaismeio a protestos, e ficou menosbet77 50 reaisdois anos no cargo antesbet77 50 reaisrenunciar tambémbet77 50 reaismeio a manifestações.

Incêndios e 'votobet77 50 reaiscastigo'

Crítico ao atual governo, Javier Gómez, do Cedla, afirma que, até poucos dias antes dos incêndios registrados neste ano na Floresta Amazônica boliviana perto do Brasil, a tendência erabet77 50 reaisvitóriabet77 50 reaisEvo Morales no primeiro turno.

Nabet77 50 reaisvisão, os incêndios acabaram sendo o estopim para protestos "pelo meio ambiente, pela democracia e contra uma nova eleiçãobet77 50 reaisEvo"bet77 50 reaisvários pontos do país.

"A preocupação com o meio ambiente afetou o voto principalmente dos mais jovens, e os incêndios acabaram canalizando a insatisfação popular com as falências institucionais do governo para resolver os problemas do país. O votobet77 50 reais'castigobet77 50 reaisEvo' cresceu depois dos incêndios", diz Gómez.

Para o economista, os incêndios ocorreram por causa das mudanças climáticas, mas também por conta da medida do governo,bet77 50 reaisjulho, que ampliou a área permitida para queimadas "controladas" para aumentar o cultivobet77 50 reaisgrãos.

"Muita gente colocou fogo sem conhecer a forma apropriadabet77 50 reaisfazer isso. Foram queimados milhõesbet77 50 reaishectares, entre bosques e pastos, principalmente na fronteira com o Brasil. E isto vai afetar o votobet77 50 reaismuitos bolivianos", diz Gómez.

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