Consumoslot machinepaíses europeus impulsiona desmatamento no Brasil, diz especialista alemãslot machinemeio ambiente:slot machine

Isso porque, diz ela, para elevarslot machineprodução, fazendeiros acabam expandindo suas propriedades sobre áreasslot machineconservação, primeiro, para o cultivoslot machinegrãos e, posteriormente, para a pecuária.

"Se o apetite por produtos como carne e soja cresce, isso acaba impulsionando o desmatamento", diz ela à BBC News Brasil.

Por outro lado, representantes do agronegócio brasileiro defendem ser possível aumentar a produção sem desmatar.

Segundo Zell-Ziegler, o desmatamento no Brasil, que vinha crescendo, mas registrou um pico neste ano, coincidiu com um aumento das importaçõesslot machinecarne brasileira pela União Europeia -slot machine2018, as vendas do produto ao bloco bateram recorde histórico, totalizando US$ 544,3 milhões (R$ 2,3 bilhões). Em relação à soja, o bloco compra menos do que no passado, ressalva a pesquisadora.

"Essa demanda não vem apenas do mercado interno, mas é também externa. Atualmente, a maior parte da carne consumida na União Europeia vem do Brasil. Esse maior apetite leva a uma expansão das fronteiras agrícolas, gerando desmatamento. A conexão é muito clara", acrescenta.

União Europeia impulsionando desmatamento

Zell-Ziegler realizou um estudo, publicadoslot machinejulhoslot machine2017 e financiado pela ONG German Watch, que mostrou que a União Europeia foi a maior impulsionadora internacional do desmatamento no Brasil entre 2002 e 2006.

Foi nesse período que o país teve seus piores índicesslot machinedesmatamentoslot machinesua história recente.

Na pesquisa, Zell-Ziegler também quantificou as emissõesslot machineCO2 resultantes do desmatamento no Brasil. Segundo o estudo, apenasslot machine2005, 18% dessas emissões, ou 200 milhõesslot machinetoneladasslot machineCO2, foram causadas por importações da União Europeia.

Neste sentido, a pesquisadora defende uma mudança nos parâmetros internacionaisslot machinemediçãoslot machinegasesslot machineefeito estufa que, segundo a imensa maioria da comunidade científica, são os causadores do aquecimento global.

Para Zell-Ziegler, se,slot machineum lado, os países desenvolvidos vêm tomando medidas concretas para zerar suas emissões,slot machineoutro, continuam contribuindo indiretamente para a poluição do meio ambiente, ao comprar cada vez mais produtos causadores do desmatamentoslot machinepaísesslot machinedesenvolvimento.

"A Europa quer zerar suas emissõesslot machinegasesslot machineefeito estufa até 2050. Mas, ao mesmo tempo, continua não só comprando, como vem aumentando as importaçõesslot machineprodutos que estão associados ao aumento do desmatamentoslot machinepaíses menos desenvolvidos", afirma.

"É preciso que os padrõesslot machineconsumo mudem. A Alemanha, por exemplo, não pode continuar com o consumo atualslot machinecarne,slot machinemaisslot machine1 kg por pessoa por semana. Isso não é sustentável", acrescenta.

Apesarslot machinecriticar esse paradoxo, Zell-Ziegler é críticaslot machinerelação à política ambiental do governoslot machineJair Bolsonaro.

"O problema é que o presidente Jair Bolsonaro já deu declarações que sugerem uma fragilização dos mecanismosslot machinecontrole ambiental. Por exemplo, quando ele demite o diretor do Inpe (Instituto Nacionalslot machinePesquisas Espaciais), está enviando uma mensagem ruimslot machinerelação ao meio ambiente", diz ela.

"Além disso, torna mais difícil tanto para consumidores quanto importadores saberem se aqueles produtos que compram ou importam foram realmente produzidosslot machineacordos com os mais rigorosos critériosslot machinesustentabilidade. Se as regras são relaxadas, como vamos saber com certeza que a carne que compramos não foi produzidaslot machineáreas desmatadas?", questiona.

Um levantamento recente da BBC News Brasil mostrou que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) aplicou um terço a menosslot machinemultas a infratores ambientaisslot machine2019 do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do próprio órgão.

A queda no númeroslot machineautuações coincide com um aumento dos registrosslot machinedesmatamento eslot machineincêndios florestaisslot machine2019. Considerando todos os tiposslot machineinfração ambientalslot machinetodo o país, o Ibama diminuiuslot machine29,4% as autuações até a sexta-feira, dia 23slot machineagosto, quando comparado com o mesmo períodoslot machine2018.

Segundo servidores, ex-servidores, autoridades e ambientalistas, a queda no númeroslot machinemultas está ligada a sinais emitidos pelo governo federal desde o começo do ano contra supostos excessos na fiscalização e a trocasslot machineprofissionaisslot machinepostos-chave do Ibama.

Soluções

Zell-Ziegler diz que, além do rigoroso cumprimento da legislação ambiental, a redução do desmatamento no Brasil depende das transferênciasslot machinerecursos dos países mais ricos.

"Talvez o único caminho seja a partirslot machinetransferênciasslot machinerecursosslot machinepaíses mais ricos que querem combater o aquecimento global. A Amazônia é parte do Brasil e entendo que o governo não queira tomar decisões que limitem o desenvolvimento econômico para proteger o meio ambiente. Neste sentido, a ajuda internacional é bem-vinda", diz.

Neste ano, Alemanha e Noruega deixaramslot machinerepassar o equivalente a cercaslot machineR$ 300 milhões para o Fundo Amazônia, destinado a açõesslot machinepreservação ambiental e combate ao desmatamento. Os dois países são os principais financiadores do fundo, junto com o BNDES (Banco Nacionalslot machineDesenvolvimento Econômico e Social).

O congelamento dos repasses aconteceu depois que o governo brasileiro extinguiu dois comitês ligados ao fundo sem aviso prévio e após uma sérieslot machinecomentários críticos feitos pelo presidente, que afirmou que o Brasil não precisava dos recursos e que os países europeus deviam usar esse dinheiro para reflorestar seus próprios territórios.

Zell-Ziegler lembra ainda que o consumo consciente é um elemento importante no combate ao desmatamento.

"Espero que essa crise na Amazônia nos torne mais conscientes sobre quais produtos consumimos eslot machineonde eles vêm", conclui.

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