Bolsonaro 'tem razão' ao exigir desculpasbrazino777 login entrarMacron, mas foi 'inábil' na crise da Amazônia, diz ex-ministrobrazino777 login entrarLula:brazino777 login entrar

Ao final da cúpulabrazino777 login entrarBiarritz, o G7 anunciou uma ofertabrazino777 login entrarUS$ 20 milhões para auxiliar no combate às queimadas. A resposta do líder brasileiro foi condicionar a aceitação a uma retratação do francês.

Rebelo concorda com a respostabrazino777 login entrarBolsonaro. "Acho que ele tá certo, acho que o Macron não tinha que se meter nessas coisas, não", afirmou Rebelobrazino777 login entrarentrevista à BBC News Brasil.

"Você não pode, como chefebrazino777 login entrarEstado, aceitar que outro país tente tratar o país que você dirige como se fosse um enclave, uma colônia. Com a Guiana Francesa ele faça o que ele quiser, com o Brasil, não", acrescentou.

Apesarbrazino777 login entrarconcordar pontualmente com a posturabrazino777 login entrarBolsonarobrazino777 login entrarrelação a Macron, Rebelo também avalia que o Palácio do Planalto agravou a situação por incapacidadebrazino777 login entrarlidar com a pressão. "Bolsonaro foi inábil ao não contornar essa circunstância."

ONGs estrangeiras

O ex-ministro, que ocupou as pastas da Secretariabrazino777 login entrarCoordenação Política e Relações Institucionais do Brasil (2004-2005), Esportes (2011-2015), Ciência e Tecnologia e Inovação (2015) e Defesa (2015-2016), fez a maior partebrazino777 login entrarsua carreira no PCdoB, mas hoje está no Solidariedade. Rebelo faz eco ao discurso que militares e Bolsonaro repetem sobre a presençabrazino777 login entrarorganizações não governamentais na região amazônica. Ao mesmo tempo, admite que a presença delas é fruto do descaso do governo.

"O Estado abandonou. Aí, quem surge no lugar do Estado? As ONGs, claro. Você vai se queixar das ONGs quando você não cumpre seu papel? Ela (ONGs) faz um papel suplementar e vai querer tutelar, vai querer se meter. Pelos melhores e pelos piores motivos."

Diz que a "liberdade"brazino777 login entraratuação das ONGs no país não existebrazino777 login entraroutros lugares do mundo e menciona um episódio extremo na história da organização: "Uma vez, eles tentaram impedir uma experiência nuclear no Atolbrazino777 login entrarMururoa e uma canhoneira francesa destruiu o barco do Greenpeace. O Brasil não fez isso".

Na verdade, não foi "uma canhoneira". Em 1985, um navio da organizaçãobrazino777 login entrardefesa do meio ambiente estava ancorado na Nova Zelândia, preparando-se para zarparbrazino777 login entrardireção a Mururoa para protestar contra um teste atômico francês. Enquanto os ativistas trabalhavam, a explosãobrazino777 login entrarduas bombas rasgou o casco e afundou a embarcação, matando um fotógrafo que estava a bordo.

O inquérito sobre o caso apontou responsabilidade do serviço secreto da França na colocação das bombas e, meses depois, a conclusão levou à demissão do ministro da Defesa francês, Charles Hernu.

Mas, voltando à Amazônia, Rebelo acredita que não seria necessário apelar para atos tão extremos, mas defende "fiscalizar" e "conter" a atuação das organizações não governamentais. "Não podemos ter territórios tutelados por organizações privadas", afirma.

'Incapacidade muito grande'

Sobre a ondabrazino777 login entrarcríticas que recaiu sobre o Brasil nas últimas semanas tendo como centro a questão amazônica, Rebelo diz que a pressão internacional sobre a região sempre existiu e um acirramento seria previsível, mas a reaçãobrazino777 login entrarBolsonaro piorou as coisas.

"O governo subestimou (a questão). É um governo com uma incapacidade muito grandebrazino777 login entrarler a situação internacional. Afastou as principais cabeças do Itamaraty, as pessoas com maior capacidadebrazino777 login entrarleitura dessa geopolítica complicada e colocou pessoas primárias. O rapaz, lá, que ele escolheu como chanceler (Ernesto Araújo) é um homem que trabalha com categorias incapazesbrazino777 login entrarfazer a leitura dessa situação."

Rebelo menciona as repetidas vezesbrazino777 login entrarque o ministro das Relações Exteriores e algunsbrazino777 login entrarseus assessores discorreram sobre um suposto conflito cultural entre Ocidente e forças contrárias. "Como eles acham que tem uma guerrabrazino777 login entrarcivilizações no mundo, eles são surpreendidos quando o coração do Ocidente, que são a França, Alemanha, os nórdicos e os ingleses, se aliam numa pressão contra eles."

Sobre os interesses que estariam guiando a pressão estrangeirabrazino777 login entrarrelação à Amazônia, o ex-ministro diz que sempre existiram e são previsíveis. "Aquilo é um terreno minado, um terreno difícil. E eles se aproveitaram da inconsequência, da inabilidade, da incapacidade do governobrazino777 login entrartomar as providências para conter esse conflito potencialbrazino777 login entrartorno da Amazônia."

O que poderia ser feito, então, pelo presidente para evitar que a crise chegasse ao atual patamar? Segundo Rebelo, Bolsonaro precisaria ter mudadobrazino777 login entrarretórica. "Demonstra que nós estamos abertos a proteger e a cooperar. Chamar os países vizinhos também. Essa era uma alternativa, ampliar a cooperação."

Outra linhabrazino777 login entraração, defende ele, é ampliar os investimentosbrazino777 login entrarprojetosbrazino777 login entrarpesquisa com universidades e institutos já existentes na região amazônica para qualificar a presença brasileira e, ainda assim, conseguir atrair cooperação estrangeira que não seja apenas interessadabrazino777 login entrarditar como o Brasil deve lidar com seu próprio território.

Números do Inpe

Sobre o debatebrazino777 login entrartorno dos dadosbrazino777 login entrardesmatamento divulgados pelo Instituto Nacionalbrazino777 login entrarPesquisas Espaciais (Inpe), Rebelo opina que os números são críveis, mas que é preciso separar o que é desmatamento legal ou ilegal. E lamenta que o governo Bolsonaro tenha decidido partir para o confronto, duvidando publicamente dos dadosbrazino777 login entraruma escaladabrazino777 login entrarenfrentamentos que culminou na demissão do então diretor do Inpe, Ricardo Galvão.

"(O governo) poderia ter chamado a diretoria do Inpe e submetido a um escrutínio, a uma sabatina. Isso o governo pode fazer, dizer 'olha, o Inpe vai explicar isso (os números)brazino777 login entrarum comitê,brazino777 login entrarum grupobrazino777 login entrartrabalho. Mas preferiram fazer pelo confronto."

'Desorientação momentânea'

Falandobrazino777 login entrarmodo mais amplo sobre a política brasileira, Rebelo atribui a eleiçãobrazino777 login entrarBolsonaro a uma "desorientação momentânea, um lapso" do país.

"Nós tivemos a campanha dura contra o PT, contra o Lula, a campanha era exatamente para afastar do poder essa corrente, esses partidos. Os erros cometidos facilitaram o caminho dos adversários, mas quando apareceu a eleição, o que sobrou foi o Bolsonaro. Acho que (o presidente) não esperava e não estava preparado para esta missão, que é uma missão muito difícil, abrazino777 login entrargovernar o Brasil."

"Nessa eleição recente", diz, "era possível ter encontrado uma alternativa que pudesse ser apoiada pelo PT, mas o PT preferiu afirmar o seu protagonismo,brazino777 login entrarpresença na cena política, ou como governo ou como líder da oposição. E o país paga o preço por isso."

Outro erro atribuído pelo ex-ministro ao partido do qual foi aliado foi obrazino777 login entrar"apostar tudo"brazino777 login entrarfazer "concessões" a setores como o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal. "Principalmente o Judiciáriobrazino777 login entrarprimeiro grau. Hoje, um juizbrazino777 login entrarprimeiro grau acha que pode mais no país do que o presidente da República. Um promotor acha que pode mandar no prefeito, no governador, no Congresso, nas Forças Armadas e no presidente da República, no Supremo."

Disputa entre Mourão e Villas Bôas

Sobre a presençabrazino777 login entrartantos militares na estrutura do governo, Rebelo, que comandou a pasta da Defesa, diz enxergar o riscobrazino777 login entrarque "as Forças Armadas se confundam com o governo". Atribui, no entanto, pretensão política apenas a determinados setores, particularmente aos militares da reserva.

A posição confronta, no entanto, com dois episódiosbrazino777 login entrarparticular. O primeiro,brazino777 login entrar2015, quando o então general da ativa Hamilton Mourão - atual vice-presidente da República - criticou a presidente Dilma Rousseff abertamente. "Foi uma coisa isolada. Não só isolada, mas completamente isolada", diz Rebelo.

Em 2018, no entanto, outro episódio envolvendo um militar da ativa marcou a crise política que se arrasta no país: o tuíte do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, na vésperabrazino777 login entrarum julgamento sobre o processo contra o ex-presidente Lula, que foi visto como uma pressão - ou ameaça, até - ao Supremo Tribunal Federal, responsável por julgar a questão.

Com bom trânsito entre os militares, Rebelo diz que o caso sempre foi "mal interpretado".

"Aquilo foi uma coisa para dentro da instituição, não foi uma coisa para fora. Havia ali uma disputa. O Mourão disputou a liderança do Exército com o Villas Bôas. Aquele atobrazino777 login entrarindisciplina dele foi um ato político, talvez já estivesse pensandobrazino777 login entrarlances futuros da política. E havia, naquele momento, o riscobrazino777 login entrarquebra da hierarquia,brazino777 login entraruma coisa muito mais grave que pudesse acontecer do que o tuíte do Villas Bôas. Foi uma antecipação para impedir que coisas mais graves pudessem acontecer. E (a interpretação dada à mensagem) é uma forma tambémbrazino777 login entrarabsolver os erros e os pecados do Supremo."

Rebelo diz não acreditar que um tuíte do general mudasse a decisão do Supremo - "estava tomada", diz. "Agora, é preferível atribuir o resultado ao tuíte do general do que à faltabrazino777 login entrarconvicção do Supremo na defesa da Constituição."

"O Judiciário brasileiro vai pagar um preço muito caro pelabrazino777 login entrarmilitância política."

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