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'Foi o pior júri da minha vida': a advogada que ajudou a condenar o assassino do marido e do filho:casas de apostas pixbet
Logo que os trâmites jurídicos do caso tiveram início, Elizabeth, ainda abalada, avisou que faria parte da acusação. A decisão da advogada preocupou amigos e parentes. "Muitas pessoas se ofereceram para que fossem assistentescasas de apostas pixbetacusaçãocasas de apostas pixbetmeu lugar, por achar que eu não conseguiria. Mas eu disse que precisava fazer aquilo, porque era o meu papel naquele momento", conta Elizabeth à BBC News Brasil. Uma pessoa interessadacasas de apostas pixbetque a justiça seja feita pode se habilitar como assistentecasas de apostas pixbetacusação e, com autorização da vítima ou da família, a Justiça define se acolhe ou não o pedido.
Enquanto analisava o processo, ela se emocionava com frequência. "Eu sempre procurava pensar que era outro cliente. Mas quando chegava a algum trecho que mencionava os nomes deles, eu não aguentava e chorava", diz. Ela lia os documentos da ação judicial sozinha, para que os parentes não a vissem chorar. "Fazia isso sempre durante a noite,casas de apostas pixbetcasa, quando ninguém estava por perto."
Carreira na advocacia
A busca por Justiça ao marido e ao filho trazem à memóriacasas de apostas pixbetElizabeth o períodocasas de apostas pixbetque ela atuou defendendo mães ou mulherescasas de apostas pixbetpresos políticos durante a ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1985. No período, a advogada conheceu históriascasas de apostas pixbetmulheres que passaram anoscasas de apostas pixbetbuscacasas de apostas pixbetdesaparecidos - muitas acabaram descobrindo que os entes queridos haviam sido assassinados pelo regime.
Ela relata que até a promulgação da Lei da Anistia,casas de apostas pixbet1979, defendia diariamente pessoas que eram vítimas da violência da ditadura.
Em um dos casos à época, conheceu Saint-Clair, que também estava defendendo presos políticos. Logo se apaixonaram, engataram um namoro e se mudaram para Brasília. O casal viveria na capital brasileiracasas de apostas pixbetgrande parte dos 45 anoscasas de apostas pixbetcasados, comemoradoscasas de apostas pixbet2016.
Na redemocratização, Elizabeth também atuou na defesacasas de apostas pixbetmilitares que eram alvos da Justiça. Em 1988, ela defendeu o então capitão do Exército Jair Bolsonaro, acusadocasas de apostas pixbetelaborar um plano terrorista para explodir bombascasas de apostas pixbetunidades militares do Riocasas de apostas pixbetJaneiro. Ele foi absolvido no Superior Tribunal Militar (STM) por nove votos a quatro. "Ninguém acreditava, mas conseguimos que ele fosse absolvido", declara.
As propriedades rurais
Enquanto a Elizabeth estava focada na carreiracasas de apostas pixbetadvogada, Saint-Clair se dividia entre o meio jurídico e uma outra paixão: as fazendas. O advogado, que durante décadas foi procurador no Distrito Federal, passou a infânciacasas de apostas pixbetuma propriedade rural e sempre se declarou apaixonado pelo campo.
Ele tinha propriedades ruraiscasas de apostas pixbetcidadescasas de apostas pixbetMinas Gerais e sonhavacasas de apostas pixbetcomprar uma fazendacasas de apostas pixbetMato Grosso, por considerar uma região próspera. Ele concretizou o sonhocasas de apostas pixbet2007, quando foi ao Estado para cuidarcasas de apostas pixbetum processo e soubecasas de apostas pixbetuma fazenda à vendacasas de apostas pixbetVila Rica.
O primeiro empregado que ele contratou para trabalhar ali foi José Bonfim Alves, indicado por um conhecido dele. "O Bonfim parecia sercasas de apostas pixbetinteira confiança e trabalhava direitinho", diz Elizabeth.
Saint-Clair administrava a fazendacasas de apostas pixbetVila Rica a distância. Ele ia para a propriedade rural,casas de apostas pixbetmédia, a cada três meses. O filho caçula, Saint-Clair Diniz, alémcasas de apostas pixbetter o mesmo nome que o pai e também ser procurador, também tinhacasas de apostas pixbetcomum o amor pelo campo. Juntos, os dois administravam a propriedade rural da famíliacasas de apostas pixbetMato Grosso.
Elizabeth e o marido têm outros dois filhos, Bruno e Raquel, hoje com 45 e 42 anos. O caçula, porém, era o mais ligado às fazendas do pai. Casado e paicasas de apostas pixbettrês filhos, Saint-Clair Diniz era procurador do Riocasas de apostas pixbetJaneiro e representava o Estadocasas de apostas pixbetBrasília, onde morava com a família.
Aposentado como procurador do Distrito Federal, Saint-Clair Martins planejava transferir toda a administração da fazendacasas de apostas pixbetVila Rica ao caçula.
O crime
No iníciocasas de apostas pixbetsetembrocasas de apostas pixbet2016, pai e filho foram à propriedade ruralcasas de apostas pixbetMato Grosso. No local, foram recebidos por Bonfim, comocasas de apostas pixbetcostume. Saint-Clair Martins e o filho iriam separar o gado da fazenda quando notaram que das maiscasas de apostas pixbetmil cabeças compradas nos últimos anos, havia menoscasas de apostas pixbet100 no local.
De acordo com denúncia do Ministério Públicocasas de apostas pixbetMato Grosso, os procuradores estranharam o sumiçocasas de apostas pixbetgrande parte do gado. "Testemunhas disseram que saíram vários caminhões com gado da fazenda, enquanto meu marido e meu filho não estavam na propriedade", diz Elizabeth. Bonfim teria ficado amedrontado com a possibilidadecasas de apostas pixbetser descoberto.
Em 9casas de apostas pixbetsetembrocasas de apostas pixbet2016, o gerente da fazenda chamou Saint-Clair Martins para um passeio a cavalo, na manhã seguinte. O principal objetivo seria mostrar que ainda havia maiscasas de apostas pixbetmil cabeçascasas de apostas pixbetgado. Bonfim e o patrão foram a cercacasas de apostas pixbet1,3 km da sede da propriedade. No local afastado, conforme a denúncia, disparou três tiros nas costas da vítima.
Bonfim retornou à sede da fazenda e chamou Saint-Clair Diniz. Ele disse ao procurador que o pai dele havia passado mal e caídocasas de apostas pixbetmeio ao mato,casas de apostas pixbetuma área afastada, e pediu ajuda para resgatar o idoso. "Quando o meu filho chegou ao local e se debruçou sobre o pai, o Bonfim deu três tiros nele. Um dos disparos atingiu a cabeça", relata Elizabeth.
As vítimas morreram no local do crime. Durante dias, o procurador aposentado,casas de apostas pixbet78 anos, e o filho, 38, foram considerados desaparecidos.
O gerente fugiu quando começaram as buscas pelos proprietários da fazenda e foi considerado suspeito pela polícia. Quatro dias após o crime, Bonfim foi localizadocasas de apostas pixbetColinas do Tocantins (TO), onde foi presocasas de apostas pixbetflagrante por porte ilegalcasas de apostas pixbetarma e confessou ter assassinado os procuradores.
"Ele confessou friamente. Estava calmamente sentado, tomando cerveja e fugindo. Disse que iria para a Bahia. Quando os policiais falaram que ele era acusadocasas de apostas pixbetdois homicídios, ele confessou friamente e disse que matou porque estava com medocasas de apostas pixbetser descoberto (sobre as vendas do gado dos patrões)", diz Elizabeth.
Até os corpos serem localizados, Elizabeth acreditava que os dois tinham sido alvoscasas de apostas pixbetsequestro e aguardava um pedidocasas de apostas pixbetresgate. A espera terminou quase uma semana depois.
"O meu filho chegou no meu escritório e me disse: 'mamãe, se prepara porque a notícia não é boa'. Ele me contou que o Bonfim matou o pai e o irmão. Eu estava sentada e desmontei. Andei pelo escritório incrédula. Não conseguia acreditar naquilo. Fiquei totalmente aérea. Dali até o enterro, não lembrocasas de apostas pixbetmais nada."
Assistentecasas de apostas pixbetacusação
Desde a descoberta do crime, a condenaçãocasas de apostas pixbetBonfim se tornou um dos principais objetivos na vidacasas de apostas pixbetElizabeth e seus familiares. Ela conta que nunca quis que o assassino fosse punido por meiocasas de apostas pixbetagressão ou outras formas que não fossem relacionadas ao sistema judiciário.
"Pedi que meus familiares entendessem que não deveríamos pensarcasas de apostas pixbetviolência contra ele. Meus filhos são muito obedientes e me respeitaram. Não são pessoas revoltadas. Sempre fomos contra a violência. Eu disse a eles que faríamos a Justiça dos homens. E deixa que Deus faz a Justiça dele depois."
Ela conta que se tornou assistentecasas de apostas pixbetacusação porque queria participar ativamente da busca por Justiça.
Viúvacasas de apostas pixbetSaint-Clair Diniz, a juíza federal Maria Cecíliacasas de apostas pixbetMarco Rocha apoiou a decisão da sogra. "A dona Beth teve e tem minha inteira confiança para o desempenho desse papel tão importante. Nesse caso específico, o amorcasas de apostas pixbetesposa ecasas de apostas pixbetmãe foi vetor da atuação dela", relata à BBC News Brasil.
Logo que recebeu o processo do caso, Elizabeth se deparou com a parte que considera uma das mais difíceis: as imagens dos corpos do marido e do filho assassinados. "Sou católica e muito ligada à religião. Preciseicasas de apostas pixbetmuita fé para ser forte nesse processo", diz.
A filha da advogada via a mãe trabalhando durante a noite e questionava se era o processo do pai e do irmão. "Eu sempre dizia que eram outros nomes. Não queria que meus filhos ou netos tivessem acesso àquilo, para que não ficassem abalados. Eu falava que o processo do meu marido e do meu filho estava no escritório", relembra.
A condenação
A luta por Justiça teve o episódio mais importante no júri popular. Quase três anos após o crime, Bonfim, hoje com 45 anos, foi julgado na comarcacasas de apostas pixbetVila Rica.
Para um timecasas de apostas pixbetsete jurados, Elizabeth defendeu a condenaçãocasas de apostas pixbetBonfim. Na plateia, parentes e amigos acompanhavam atentos ao discurso da advogada. Em muitos momentos, ela se emocionou. "Respirei fundo para não chorar diante do júri", revela.
"Esse foi o pior júri. Nada supera. Não tem comparação." Quando discursou no júri, Elizabeth procurou poupar a família das imagens dos entes queridos mortos. "Quis mostrar as fotos somente para os jurados. Não queria que a plateia, onde estavam meus filhos e minha nora, vissem no que meu marido e meu filho foram transformados."
O júri popular durou cercacasas de apostas pixbet15 horas. Bonfim chegou a pedir desculpas à família das vítimas. "Não perdoo nunca. Nem eu, nem meus filhos. Não sou tão boa assim com esse negóciocasas de apostas pixbetperdão. Se é que perdoar isso seria bondade", afirma Elizabeth.
Bonfim, que está preso desde setembrocasas de apostas pixbet2016, foi condenado a 47 anos e três mesescasas de apostas pixbetreclusão e a um ano e seis mesescasas de apostas pixbetdetenção. Conforme a legislação, a reclusão começa no regime fechado, pode evoluir para o semiaberto, e, posteriormente, aberto. Já a detenção é mais branda, começa no semiaberto e depois para o aberto.
Ao fim do júri, Elizabeth conta que teve o sentimentocasas de apostas pixbetdever cumprido. "Fiquei aliviada, mas muito triste. Não estávamos felizes, porque meu marido e o meu filho caçula não estavam ali."
Ela comenta que não planeja mais participarcasas de apostas pixbetjúri popular emcasas de apostas pixbetcarreira. "É muito pesado. Quero que esse tenha sido o último. Acho que não consigo fazer outro."
A advogada e os familiares avaliam a possibilidadecasas de apostas pixbetrecorrer da decisão, para pedir que a condenação aplicada a Bonfim seja maior. "Eu acho que poderia ser maiscasas de apostas pixbet50 anos, porque foram dois homicídios. Ainda não decidimos se vamos recorrer. A gente ainda está muito cansado", conta a advogada, que confessa chorar quase diariamentecasas de apostas pixbetsaudade do filho e do marido.
A defesacasas de apostas pixbetBonfim deve recorrer da decisão na Justiça, para tentar reduzir a pena aplicada a ele.
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